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2 QUADRO TEÓRICO DE REFERÊNCIA

3.3 Os sujeitos do estudo

Os sujeitos deste estudo são trinta enfermeiros que exercem suas atividades profissionais na rede extra-hospitalar de saúde, da Região Centro Sul-Fluminense - microrregião I. Esse universo representa 41,09% do total de enfermeiros que desenvolvem suas ações na rede extra-hospitalar da microrregião CS-I.

Os enfermeiros selecionados estão lotados nas seguintes Coordenações de Programas do Ministério da Saúde: Programa Saúde da Família (PSF), Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM), Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher, Criança e Adolescente (PAISMCA), Epidemiologia, Vigilância em Saúde; em unidades do PSF; CAPS I; CAPS AD e Comunidade Terapêutica.

Como critério inicial de escolha, adotou-se a inclusão de enfermeiros coordenadores de Programas, enfermeiros de unidades básicas e lotados em serviços alternativos de saúde mental. Consideram-se como amostra ideal àquela capaz de refletir a totalidade nas suas múltiplas dimensões. A amostragem tem que abranger todos os atores que compõem o programa, sendo necessário incluir os profissionais responsáveis pela aplicação das políticas públicas48.

Como segundo critério de escolha, adotou-se a disponibilidade apresentada pelos enfermeiros, agendada previamente junto às Secretarias Municipais de Saúde. Não houve recusa por parte dos enfermeiros selecionados para aceitação da entrevista.

Dos cinco municípios, três tiveram uma participação efetiva, aceitando de imediato e cooperando para que fossem viabilizadas as entrevistas, mobilizando previamente os enfermeiros, por meio das Coordenações de PSF a participarem do estudo, inclusive disponibilizando funcionários para acompanhar-me até as unidades mais afastadas a fim de que conseguisse chegar para as entrevistas.

Os municípios possuem uma área geográfica extensa, principalmente na zona rural, onde ficam diversas unidades de PSF, além dos sub-postos, de difícil acesso, de modo que seria difícil à chegada sem a cooperação das Secretarias.

É importante ressaltar, que a Região Centro Sul-Fluminense, mais precisamente a microrregião I, possui características bem diferentes dos grandes centros urbanos. Por exemplo, a área não urbana é extensa, predominando nos interiores a pecuária, sendo comum, principalmente nas sub-unidades de PSF, nos depararmos com boiada, tendo que aguardar calmamente a passagem dos animais para seguir em frente.

Muitas ruas não são asfaltadas, sendo de barro, o que nas fortes chuvas de verão se tornam esburacadas, com lama e várias valas. Houve momentos em que a enfermeira que me acompanhava com uma técnica de enfermagem as subunidades precisou conduzir o meu carro, devido ao fato de eu não conseguir dirigir, pois o barro escorregava e o carro não conseguia força para subir as ladeiras. Os horários de ônibus são escassos e várias vezes ao chegar nas unidades o enfermeiro já havia saído, porque depois não teria mais ônibus.

O último município a participar (Três Rios), abriu o campo para entrevista já no final das entrevistas, quando faltavam apenas três para concluir a amostra selecionada.

Compareci no referido município quatro vezes, sendo desmarcado pela Coordenação do PSF do município, em virtude de não ter resposta do Secretario de Saúde quanto à autorização para entrevistar os enfermeiros.

Todos os enfermeiros aceitaram prontamente serem entrevistados, mesmo aqueles que não me conheciam.

O que ajudou foi o contato prévio com os coordenadores, assim, quando eu chegava para realizar a entrevista, já havia o interesse dos enfermeiros em participar da pesquisa.

É interessante registrar que estes profissionais não enfermeiros tiveram a sua co- participação, sendo parceiros junto aos enfermeiros, levando-me até as unidades de saúde extra-hospitalares, questionando sobre o projeto, como seria o retorno da pesquisa ao município e até indicando as melhores pousadas para que pudesse pernoitar.

Para descrição dos sujeitos, adotou-se a utilização de quadros, para melhor visualização e compreensão. Municípios Enfermeiros existentes na Rede extra- Enfermeiros entrevistados

hospitalar

Areal 08 07

Comendador Levy Gasparian 07 03

Paraíba do Sul 23 13

Sapucaia 11 04

Três Rios 24 03

Quadro 1: Distribuição dos enfermeiros lotados na rede extra-hospitalar e dos entrevistados,

de acordo com o município onde desenvolvem suas atividades profissionais. Região CS-I, 2006.

Considerando o perfil dos municípios em relação ao número de enfermeiros lotados em unidades extra-hospitalares e de enfermeiros entrevistados pode-se dizer que a escolha do quantitativo de sujeitos por município teve um percentual significativo. O baixo percentual de Três Rios é explicado em virtude de este município só ter autorizado a abertura do campo para cenário da pesquisa, ao término do processo de coleta de dados.

Nome da Instituição Formadora Número de enfermeiros entrevistados USS / RJ 15 UFJF / MG 05 UFF / RJ 02 FUSVE / ES 01 UCP / RJ 01 UNIFOA / RJ 01 UFRJ / RJ 01 FELM / RJ 01 UNIPAC / MG 01 FESO / RJ 02 TOTAL 30

Quadro 2: Instituição de formação dos enfermeiros entrevistados da Região CS-I, 2006

Os dados indicam que 76,6% dos enfermeiros da Região Centro Sul-Fluminense-CSI são graduados por universidades e faculdades do estado do Rio de Janeiro, 6,6% por universidades de Minas Gerais e 3,3% por faculdade do Espírito Santo. O estado de Minas Gerais faz fronteira com a Região CS-I, o que justifica o número de graduados neste estado. Há um elevado número de egressos da Universidade Severino Sombra (50%) que está localizada na Região Centro Sul-Fluminense-microrregião I.

Quanto ao tempo de trabalho no atual serviço, dos trinta entrevistados, 60% possuem tempo de serviço menor ou igual há um ano. Este fato pode ser justificado em virtude do regime de contratação de contrato por prazo determinado de um ano, gerando uma rotatividade da equipe de saúde, ficando o profissional por um tempo insuficiente pra realização de um planejamento a médio e longo prazo. Os enfermeiros que estão há mais tempo, pertencem a municípios que realizaram concurso público há tempos ou são cedidos pela SES ou MS. Os profissionais novatos são inseridos na unidade sem o devido

treinamento. Geralmente há uma rotatividade entre os municípios, ou seja, acaba o contrato em um local e eles vão para outro.

SERVIÇO NÚMERO PAISM 02 CAPS I 02 CAPS AD 01 Comunidade Terapêutica 01 Epidemiologia 01 PAISMCA 01 PSF 20 Vigilância em saúde 01

Quadro 3: Lotação dos enfermeiros entrevistados em Serviços extra-hospitalares de saúde

dos entrevistados.CS-I/2006

Conforme Quadro 3, os sujeitos estão lotados em sua maioria em unidades de PSF, em virtude de ser a unidade extra- hospitalar predominante na região.

A descentralização política administrativa é uma proposta do SUS, sendo o Programa Saúde da Família a estratégia de governo a fim de garantir universalidade do acesso à população.

Com relação à idade percebeu-se uma população na maioria jovem, encontrando equivalência com a população brasileira. Também me parece que os jovens formaram-se na era PSF.

Quanto ao estado civil, que a maioria é solteira, o que nos remete a pensar que os mesmos se formam e estão em busca da sua estabilidade profissional antes de assumirem laços familiares.

A maior parte dos enfermeiros entrevistados reside no município em que trabalha, sendo assim, conhecem a área e comunidade, facilitando a inserção em sua área adstrita e na construção de vínculos.

A maioria dos enfermeiros possui mais de um emprego, o que encontra equivalência com a realidade brasileira, segundo dados estatísticos do Conselho Federal de Enfermagem49.