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5. RESULTADOS DA ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA

5.3 ANÁLISE FATORIAL EXPLORATÓRIA (AFE)

5.3.4 FATOR 4 – COOPERAÇÃO INTERLOCAL OU REGIONAL

O trabalho de Feiock, Steinacker e Park (2009, p. 256) alerta que “os custos associados à cooperação interlocal são influenciados pelas características demográficas das comunidades, instituições políticas locais e a natureza das redes do governo regional.” Os autores abordam os esforços de desenvolvimento econômico envolvendo a cooperação ou a colaboração entre as jurisdições de governos metropolitanos e investigam os obstáculos das transações nos acordos de cooperação, como negociação, informação, agência, fiscalização e problemas de divisão (FEIOCK; STEINACKER; PARK, 2009, p. 256).

Para os autores, “o desenvolvimento econômico é tipicamente caracterizado por um ambiente competitivo no qual as comunidades competem entre si para atrair empresas e empregos com altos salários por meio de políticas gerais de desenvolvimento ou pacotes específicos de incentivo.” (FEIOCK; STEINACKER; PARK, 2009, p. 256). Espera-se, ainda, que “as ações cooperativas surjam quando benefícios potenciais excedem os custos de transação de negociação, monitoramento e cumprimento de um acordo.” (FEIOCK; STEINACKER; PARK, 2009, p. 256).

Entre os obstáculos, podem ser citadas:

[...] a incapacidade de se chegar a um acordo sobre uma divisão “justa” dos ganhos do desenvolvimento econômico regional, a incerteza sobre a confiabilidade de outras cidades e a distribuição desigual de custos e benefícios ao longo do tempo e entre cidades são razões adicionais do desafio da cooperação no desenvolvimento econômico. Diante desses problemas, não é surpreendente que grande parte da literatura reconheça que a centralização da autoridade e a consolidação de unidades governamentais descentralizadas é necessária para uma ação eficaz. (FEIOCK; STEINACKER; PARK, 2009, p. 256).

Para os autores, quando as ações de uma jurisdição impõem custos a outras – citando, como exemplo, a aprovação de um centro de compras que aumentará o congestionamento de tráfego em uma cidade vizinha – a compensação poderia ser negociada para a jurisdição afetada (FEIOCK; STEINACKER; PARK, 2009, p. 257). Já a condição necessária para qualquer acordo cooperativo é o aumento nos benefícios, e quanto maior esse ganho, maior a probabilidade de compensar os custos de transação necessários para alcançá-lo (FEIOCK; STEINACKER; PARK, 2009, p. 258).

Os benefícios em uma região metropolitana podem levar cidades a cooperar para atrair novo crescimento, mesmo que não estejam, necessariamente, localizadas dentro de seus limites. Com grandes diferenças de poder, “é mais provável que o parceiro mais forte impulsione a maior parte dos ganhos da cooperação. O parceiro mais fraco, então, tem pouco incentivo para participar e pode se afastar do acordo.” (FEIOCK; STEINACKER; PARK, p. 259).

Como resultado da pesquisa por meio de revisão de literatura e dados qualitativos, inclusive resultados empíricos, os autores sugerem que a cooperação interlocal é um resultado viável em algumas áreas metropolitanas. Exemplificando, ter vizinhos mais diretos cria interdependências que salvaguardam a ação cooperativa e oferecem uma oportunidade maior de parceiros confiáveis para desenvolver novos empreendimentos. Já a “homogeneidade econômica entre as cidades coloca-os em posições de barganha semelhantes e faz com que uma divisão uniforme de custos seja uma solução viável para problemas de barganha.” (FEIOCK; STEINACKER; PARK, 2009, p. 267).

Com estudos sobre colaboração ou cooperação regional, Lee, Lee e Feiock (2012) destacam a competição regional pelo desenvolvimento econômico, a qual pode ser ineficiente e destrutiva, na medida em que as decisões de uma unidade governamental podem impor externalidades aos seus vizinhos. Afirmam, ainda, que a arena do desenvolvimento econômico é caracterizada pela competição.

Para atrair novas empresas e garantir a permanência dos negócios já existentes, os governos locais oferecem subsídios, incentivos, isenções de impostos, investimentos em infraestrutura, entre outros, lembrando que os custos e benefícios econômicos dos esforços bem-sucedidos de desenvolvimento da cidade também afetam outras jurisdições da região (LEE; LEE; FEIOCK, 2012, p. 547-548).

Em outra observação relevante dos autores, há evidências claras de que a escolha da localização de empresas é baseada na região mais do que propriamente em uma jurisdição específica, com interferências de transporte regional, trabalhadores qualificados, pesquisa e tecnologia e sistemas de educação, de cultura e sociais (LEE; LEE; FEIOCK, 2012, p. 548).

Quanto às alianças como uma nova forma de cooperação inteorganizacional, Gulati e Gargiulo (1999, p. 1440) indicam que “são uma nova forma de cooperação interorganizacional voluntária que envolve significativa troca, compartilhamento ou

codesenvolvimento e, portanto, resulta em alguma forma de compromisso duradouro entre os parceiros.”

Os autores utilizaram dados longitudinais sobre aliança estratégica inteorganizacional em uma amostra de organizações empresariais americanas, europeias e japonesas em três setores diferentes ao longo de um período de 20 anos, com coleta de dados quantitativos e análises empíricas precedidas de entrevistas com gerentes envolvidos em decisões de alianças em diversas organizações. A pesquisa desenvolveu um modelo especificando os mecanismos através dos quais a rede de alianças existente permite que as organizações decidam com quem construir novas alianças e discutir como os laços recém-criados podem aumentar o conteúdo informativo da mesma rede de alianças, melhorando seu potencial para moldar futuras parcerias. Revela, ainda, que a formação de uma nova estrutura de rede interorganizacional resulta de uma dinâmica longitudinal na qual ação e estrutura estão intimamente interligadas, sendo que as alianças influenciam cada vez mais a ação organizacional (GULATI; GARGIULO, 1999, p. 1475).

Os autores propõem que, “para reduzir os custos de busca e para aliviar o risco de oportunismo associado a alianças estratégicas, as organizações tendem a criar relacionamentos estáveis e preferenciais, caracterizados pela confiança e rica troca de informações com parceiros específicos.” (GULAT; GARGIULO, 1999, p. 1440). As redes interorganizacionais são, por conseguinte, “produtos evolutivos de ação organizacional incorporada em que novas alianças são cada vez mais incorporadas.” GULATI; GARGIULO, 1999, p. 1441). E as alianças estratégicas “são um exemplo de cooperação voluntária em que organizações combinam recursos para lidar com a incerteza criada pelas forças ambientais além de seu controle direto.” (GULATI; GARGIULO, 1999, p. 1441).

De acordo com os autores, as

[...] organizações constroem laços cooperativos para acessar capacidades e recursos que são essenciais para perseguir seus objetivos, mas que são, pelo menos em parte, controle de outras organizações em seu ambiente. A cooperação interorganizacional é, portanto, um meio pelo qual as organizações gerenciam sua dependência de outras organizações em seu ambiente e tentam mitigar a incerteza gerada por essa dependência. (GULATI; GARGIULO, 1999, p. 1443)

O fator 4 – cooperação interlocal ou regional – trata da cooperação ou colaboração entre jurisdições de governos metropolitanos, com esforços para promoção e fomento do desenvolvimento econômico local e regional. As cooperações possuem desafios em razão dos obstáculos da competitividade, confiabilidade e custos. A cooperação interlocal, as alianças estratégicas e uma rede interorganizacional refletem positivamente nas ações organizacionais e no desenvolvimento dos governos locais quando há benefícios a todos (ganha-ganha).

Figura 13 – Matriz em que os mecanismos de cooperação interlocal e regional em redes interorganizacionais e alianças estratégicas estão intimamente ligados aos obstáculos, elemento confiança e aos resultados desses esforços, conforme fator 4

Fonte: Elaborada pelo próprio autor.

Resultados: Desenvolvimento econômico Ganha-ganha Mecanismos: Cooperação interlocal e regional em Redes inter- organizacionais Alianças estratégicas Obstáculos: Negociação Custos Competitividade Confiabilidade Fiscalização Informação Elemento: Confiança