• Nenhum resultado encontrado

1 INTRODUÇÃO

1.4 Causas do AVC

1.4.2 Fatores de Risco Modificáveis para AVCi

Entre os fatores modificáveis para o aparecimento do AVC, podemos citar: hipertensão arterial sistêmica, doenças cardíacas, diabetes mellitus, dislipidemias, tabagismo, etilismo, consumo de drogas ilícitas, obesidade e sedentarismo.

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é o fator de risco modificável mais importante (SACCO et al., 1997; RUNDEK & SACCO, 2008; GAGLIARDI, 2009). Segundo as V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2007), indivíduos são considerados hipertensos com pressão sistólica ≥149mmHg ou diastólica ≥130mmHg. O AVC é associado com o pico de pressão, uma vez que a

intervenção neste pico pode reduzir o risco relativo de AVC de 35% a 44% (NADRUZ JUNIOR, 2009). Além disso, o aumento nas chances de desenvolver um AVC se deve ao fato de que a hipertensão acelera o desenvolvimento de arteriosclerose, levando ao aumento do número de evento arteriotrombótico (SACCO et al., 2006).

É importante ressaltar que, além das medicações utilizadas para o tratamento da HAS, existem diversas ações não medicamentosas que podem ser adotadas para que os níveis da pressão arterial sejam controlados, tais como: restrição do consumo de sal, atividade física aeróbia e redução do peso corporal (NADRUZ JUNIOR, 2009; FRIZZELL, 2005; UCHIYAMA et al., 2010; LIU et al., 2010; AHA, 2007).

As doenças cardíacas também são importantes causas de AVCi. Entre as mais comuns, a Fibrilação Arterial (FA) é o maior precursor de AVCi. Com o aumento da idade, há maiores chances da incidência do AVCi e o aumento do prevalência da FA sugere a um aumento das taxas de morbidade e mortalidade (SACCO et al., 1997). As chances de se ter um AVC são entre três e cinco vezes maiores quando se tem FA (WOLF, et al., 1991). Grysiewicz et al. (2008) explicam que a FA causa estagnação do sangue, levando a formação de trombos e êmbolos.

Diabetes mellitus também é considerado um importante fator de risco modificável para o AVC (FRIZZELL, 2005; NADRUZ JUNIOR, 2009; UCHIYAMA et al., 2010; LIU et al., 2010; AHA, 2007). Sacco et al. (1997) afirmam que pacientes que tem diabetes possuem maiores chances da suscetibilidade à arteriosclerose (BURCHFIEL et al., 1994). Kissela et al. (2005) estimam que 40% dos casos de AVCi podem ser atribuídos aos efeitos do diabetes, sozinhos ou em combinação com a hipertensão. As chances para se ter um AVC aumentam em 1,8 vezes em homens e 2,2 em mulheres (SACCO et al., 1997).

A dislipidemia é um fator de risco, associada com doença coronariana e também com incidência de AVC. Heiss et al. (1991) e Nadruz Junior (2009) afirmam que há relação entre os níveis de colesterol total e de LDL com o

aumento da incidência do AVC. Ao contrário, existe uma relação protetora do colesterol HDL com relação à aterosclerose de carótida, podendo ser um fator protetor para o AVCi.

O tabagismo é considerado como fator de risco modificável importante para incidência de AVC (FRIZZELL, 2005; UCHIYAMA et al., 2010; LIU et al., 2010; AHA, 2007). Fumar aumenta o risco de um AVC em 2 vezes (SHINTON e BEEVERS, 1989). Além disso, deixar de fumar diminui consideravelmente o risco de AVC entre 2 e 4 anos (WOLF et al., 1988; KAWACHI et al., 1993). Porém, é importante ressaltar que as chances de uma pessoa tabagista ser acometida por um AVC continuam maiores, quando comparada com uma pessoa que nunca fumou (SHINTON & BEEVERS, 1989).

Com relação ao consumo de álcool e incidência de AVC, existe uma relação que depende da quantidade deste consumo. O consumo de álcool de forma moderada e habitual aumenta a incidência de AVC (EASTON, 1995). Assim, o consumo de 40 g de álcool pode desencadear embolismo cardiogenético, aumentando o risco de AVC (HU et al., 2007).

Quanto ao consumo de drogas ilícitas, a cocaína está mais associada ao acometimento pelo AVC (KELLY et al., 1992). Sacco et al. (1997) afirmam que a maioria dos dados referentes ao AVC e uso de drogas são provenientes apenas de estudos de casos. Além disso, os relatos de casos muitas vezes são confundidos por múltiplas drogas utilizadas. Assim, não existem dados epidemiológicos concretos quanto ao uso de drogas e incidência do AVC.

A obesidade é outro fator de risco modificável muito estudado no AVC. Como fator de risco, está associada com altos níveis de pressão sanguínea, glicose e alterações lipídicas, que também são fatores de risco para o AVC para homens e mulheres (KURTH et al., 2002; REXRODE et al., 1997). Um estudo realizado na cidade de Framingham, na Inglaterra (HUBERT et al., 1983), mostrou que pacientes mulheres que tiveram 30% a mais de peso, tiveram aumento em 4 vezes incidência de AVC. Além disso, a relação entre a obesidade e a arteroesclerose também é um fator de risco. Nadruz Junior (2009) afirma que ser

obeso dobra as chances de se ter um AVC. Com relação ao Índice de Massa Corporal (IMC), Rexrode et al. (1997) apontam números interessantes: pessoas com IMC entre 27 e 28,9 (consideradas sobrepeso), as chances são de 1,75; já as pessoas com entre 29 e 31,9 (consideradas obesidade grau I), as chances aumentam em 1,9 vezes e as pessoas com IMC acima de 32(obesidade grau II e III), há um risco aumentado em 2,37 vezes.

Com relação ao sedentarismo, Chaves (2000) e Lee et al. (2003) afirmam que a baixa atividade física e o sedentarismo possuem correlação com o acometimento pelo AVC. Isso porque a atividade física exerce uma influência benéfica sobre fatores de risco já mencionados anteriormente, para doença aterosclerótica, entre os quais podemos destacar: redução da pressão arterial, do peso e da frequência cardíaca; aumento do colesterol HDL e diminuição do colesterol LDL; diminuição da agregabilidade de plaquetas; aumento da sensibilidade à insulina e melhora da tolerância à glicose; promoção de um estilo de vida propício à mudança de dieta e à cessação do tabagismo (SACCO et al., 1997; EVERSON et al., 1999).

Além disso, Costa e Duarte (2002) afirmam que, por conta da estabilização do quadro clínico e após o processo clínico e fisioterápico, o paciente retorna para casa e permanece sedentário, o que provavelmente ocasionou o AVC do paciente, e o que provavelmente irá contribuir para uma recorrência.

O uso de anticoncepcionais orais, também é considerado um fator de risco para o AVCi (XU et al., 2015). Além disso, quanto associado ao tabagismo, hipertensão, histórico de enxaqueca ou com idade maior que 35 anos o risco é ainda maior (XU, 2015). A utilização de contraceptivos associados com outro fator de risco tem efeito acumulativo na incidência do AVC. A OMS (1996) estima que o uso de contraceptivo oral com o tabagismo aumenta 2,7 vezes a chance da ocorrência do AVC.

Documentos relacionados