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Fatores de risco

No documento Oraloma da peri-implante (páginas 37-40)

1.3 Peri-implantite

1.3.4 Fatores de risco

A PI apresenta origem multifatorial, onde uma resposta aberrante do hospedeiro combinada com a agress ˜ao bacteriana, pode contribuir para o desenvolvimento da destruic¸ ˜ao do tecido em torno dos implantes phantoma18 . Posto isto, apesar da sua

natureza infeciosa, esta patologia pode ser desencadeada e/ou perpetuada por fa- tores iatrog ´enicos, tais como excessos de res´ıduos de cimento, inadequado assen- tamento do abutment, sobrecontorno da pr ´otese, mau posicionamento do implante ou complicac¸ ˜oes t ´ecnicas. Para al ´em disso, a perda ´ossea induzida pelo trauma de colocac¸ ˜ao do implante no osso primitivo pode persistir quando este ultrapassa a sua capacidade de adaptac¸ ˜ao17 . Da mesma forma, existem in ´umeros fatores de

risco fortemente associados a esta patologia, nomeadamente, pacientes com higi- ene oral deficit ´aria, hist ´oria de periodontite e indiv´ıduos fumadores15 ; e ainda fatores

cuja evid ˆencia de associac¸ ˜ao ´e limitada, tais como, pacientes com diabetes mellitus descontrolada, consumo de ´alcool, fatores gen ´eticos e acabamento da superf´ıcie do implante16 .

No estudo conduzido por Derks e Schaller (2016), verificaram que pacientes com periodontite e com ≥ 4 implantes, implantes de determinadas marcas, reabilitac¸ ˜ao prot ´etica realizada por m ´edicos dentistas generalistas, bem como implantes instalados na mand´ıbula e com uma dist ˆancia inferior a ≤ 1.5 mm da margem da pr ´otese `a crista alveolar, exibiram um risco mais elevado de desenvolver PI moderada/severa.14

O estabelecimento de perfis de risco para a doenc¸a peri-implantar pode tornar mais f ´acil prever que implantes estar ˜ao em risco de desenvolver esta complicac¸ ˜ao, auxiliar na tomada de decis ˜ao cl´ınica, atrav ´es da selec¸ ˜ao do tratamento individual mais efetivo e estimar as possibilidades de sucesso18 . Assim sendo, ir ˜ao ser abordados

em particular os fatores de risco mais relevantes na literatura.

Invas ˜ao do espac¸o biol ´ogico

A manutenc¸ ˜ao de uma dist ˆancia inferior a ≤ 1.5 mm da margem da pr ´otese `a crista alveolar sugere invas ˜ao do espac¸o biol ´ogico, ou seja, indica que a coroa interferiu numa fase inicial com o selamento mucoso ao redor do implante, promovendo desta forma o aparecimento da doenc¸a.14 A espessura e qualidade dos tecidos moles no

dos tecidos18 .

Hist ´oria pr ´evia de periodontite

In ´umeros artigos t ˆem abordado esta quest ˜ao, tendo muitos deles verificado uma incid ˆencia aumentada de PI em pacientes com perda dent ´aria associada a periodon- tite22, 28–31 .

No estudo realizado por Cho-Yan Lee,32 verificou-se que implantes colocados em

pacientes periodontalmente comprometidos (PPC) que apresentavam bolsas residu- ais no follow-up, exibiram valores mais elevados de PPD e perda ´ossea, quando com- parados com implantes colocados em pacientes periodontalmente saud ´aveis (PPS) ou PPC sem evid ˆencia de bolsas residuais. Posto isto, conclu´ıram que mais do que a hist ´oria pr ´evia de periodontite, o fator determinante seria o controlo periodontal, realc¸ando a import ˆancia de uma efetiva terapia periodontal.

Placa bacteriana

Um grande n ´umero de esp ´ecies bacterianas formam massas de pel´ıcula viscosa (placa), constituindo o fator etiol ´ogico predominante para a progress ˜ao da doenc¸a peri- implantar18 . Esta representa um importante fator de risco para o desenvolvimento de

PI, tendo sido encontrada uma correlac¸ ˜ao positiva entre a acumulac¸ ˜ao de placa e a perda ´ossea marginal em torno dos implantes dent ´arios. Esta evid ˆencia explica a observac¸ ˜ao de que a participac¸ ˜ao num programa de manutenc¸ ˜ao de suporte resulta numa menor preval ˆencia desta patologia33 .

Diabetes

A diabetes ´e uma doenc¸a sist ´emica que resulta numa ampla gama de mecanismos que podem protelar a cicatrizac¸ ˜ao de feridas e aumentar a suscetibilidade de um pa- ciente `a infec¸ ˜ao ou perda de implante34 . Isto ocorre porque a hiperglicemia cr ´onica

prejudica o reparo tecidual e os mecanismos de defesa do hospedeiro. Al ´em disso, uma maior formac¸ ˜ao e acumulac¸ ˜ao de produtos finais de glicosilac¸ ˜ao avanc¸ada nos tecidos peri-implantares aumenta a produc¸ ˜ao de citocinas pr ´o-inflamat ´orias (IL-6, IL- 1β, IL-18) e metaloproteinases de matriz (MMP8 e MMP9) na saliva e flu´ıdo crevicular, podendo comprometer a osteointegrac¸ ˜ao e sobreviv ˆencia a longo prazo de pacientes com hiperglicemia cr ´onica35 .

Embora a associac¸ ˜ao entre diabetes e perda de implantes tenha sido abordada em an ´alises sistem ´aticas por Kotsovilis et al36 e Mombelli e Cionca,37 existe apenas um

estudo que descreve a associac¸ ˜ao entre diabetes e PI. Ferreira S.D. et al31 relataram

que pacientes com diabetes descontrolada apresentavam um maior risco de desenvol- ver PI. No entanto, ´e pertinente mencionar que um adequado controlo glic ´emico - em pacientes previamente diagnosticados com diabetes – desempenha um papel impor- tante para uma osteointegrac¸ ˜ao bem-sucedida e uma manutenc¸ ˜ao da sobreviv ˆencia dos implantes a longo prazo.35

Tabagismo

A preval ˆencia e a gravidade das doenc¸as periodontais nas suas diversas formas s ˜ao elevadas entre os fumadores, comparativamente com os n ˜ao fumadores. O trata- mento com recurso a implantes dent ´arios ´e significativamente influenciado pelo v´ıcio do tabagismo: o tabaco age ao n´ıvel das defesas do hospedeiro, da destruic¸ ˜ao da ma- triz extra-celular, do aumento da perda ´ossea e do comprometimento da capacidade de regenerac¸ ˜ao. Desta forma, surge associado a um aumento na taxa de insucesso na osteointegrac¸ ˜ao, a uma maior dificuldade na manutenc¸ ˜ao da higiene oral e a uma maior preval ˆencia de ocorr ˆencia de PI38 .

Contudo, a evid ˆencia dispon´ıvel para o h ´abito de fumar enquanto indicador de progn ´ostico para o sucesso do tratamento da PI ´e limitado e conflituante. Um ex- tenso estudo retrospetivo39 sugere que esta pr ´atica, bem como a sua dose podem

estar associados `a falha no tratamento da PI por ´em, o mesmo n ˜ao foi fundamentado nos estudos prospetivos de Serino e Turri40 e Heitz-Mayfield et al34 .

Res´ıduos de cimento

Uma abordagem convencional para a restaurac¸ ˜ao com implantes dent ´arios ´e a utilizac¸ ˜ao de pr ´oteses fixas cimentadas. No entanto, a inadequada remoc¸ ˜ao do ci- mento residual pode conduzir a PI, sendo que a sua manutenc¸ ˜ao no sulco peri-implantar tem sido associado `a inflamac¸ ˜ao dos tecidos, BOP, supurac¸ ˜ao, aumento da PPD, evid ˆencia radiogr ´afica de perda ´ossea e desconforto do paciente35 .

No documento Oraloma da peri-implante (páginas 37-40)