• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO II – CONTEXTUALIZAÇÃO DA PROBLEMÁTICA DA SATISFAÇÃO

1. Enquadramento do Conceito de Satisfação no Trabalho

1.2 Fatores Determinantes da Satisfação no Trabalho

O indivíduo atinge diferentes estados emocionais como resultado dos padrões comportamentais dos indivíduos através dos valores e crenças de cada um, para avaliar o trabalho que desempenha. Se o trabalhador avaliar o seu trabalho de forma positiva estará satisfeito pelo trabalho desenvolvido por si, mas se avaliar a sua performance de forma negativa estará insatisfeito (Locke, 1976). Desta forma, estamos perante um determinante de natureza afetiva.

Segundo Cunha e colaboradores (2007), existem três determinantes que podem influenciar a satisfação no trabalho que são: o trabalho; o indivíduo; a interação entre ambos. Da interação destas características individuais resultam,

(…) Determinadas características individuais tendem a funcionar como predisposições para níveis de satisfação superiores, independentemente do tipo de trabalho desenvolvido; determinadas funções tendem a provocar níveis de satisfação superiores naqueles que as executam, independentemente das características individuais dos seus executantes; a principal fonte de satisfação no trabalho é o grau de ajustamento entre as características do indivíduo e as do trabalho. (p. 181)

Para estes autores (2007), os referidos determinantes podem categorizar-se em:

políticas e práticas organizacionais – política salarial, chefia e processo de decisão; caraterísticas da função – variedade, significado, autonomia dada e reconhecimento, e de caraterísticas individuais – autoestima, necessidade de controlo, ambição, etc.

Atualmente, o interesse dos investigadores envolvidos na área da satisfação reside, essencialmente, em saber se os fatores influenciadores da satisfação provêm da função em si (variáveis alheias ao colaborador), das caraterísticas e personalidade do funcionário ou da relação entre estes dois. Cunha e colaboradores (2007) dividem os determinantes para a satisfação no trabalho em dois grupos: no primeiro grupo apresentamos os determinantes pessoais – como fatores demográficos (idade, sexo, tempo de serviço, habilitações académicas, etc.) e as diferenças individuais (como fatores relacionados com afeto positivo e locus de controlo); no segundo grupo, apresenta-nos os determinantes organizacionais (como o trabalho, perspetivas de carreira, tipo de chefia, colegas de trabalho e condições físicas laborais).

Já para Freire (1993), um fator que poderá ter consequências na satisfação no trabalho é o salário – é uma quantia monetária que é previamente estabelecida

A satisfação dos colaboradores com a Certificação da Qualidade: O caso da CMA

……….

juridicamente, através de um contrato de trabalho realizado entre duas partes, o empregador e o empregado e que – é pago ao trabalhador mediante a execução de diversas funções acordadas (Freire, 1993).

Uma outra variável que poderá afetar o nível de satisfação é o ritmo laboral. Este é um fator que, segundo Francès (1982), é determinante para a autonomia no trabalho – o colaborador é suscetível de estar mais satisfeito quanto maior for a sensação de autonomia, especialmente a relativa à liberdade que tem para escolher e pôr em prática as suas próprias metodologias de trabalho. Para o autor (1982), e em linha com o que foi mencionado anteriormente, para a satisfação profissional contribui também o envolvimento do trabalhador no processo de tomada de decisão e quanto maior for a integração do trabalhador na tomada de decisão, na organização, maior será a sua satisfação nos seguintes atributos de desempenho de trabalho: remuneração; cargo; chefia; colegas e progressão de carreira. Quanto menos satisfeitos estiverem os trabalhadores nos aspetos mencionados, menos satisfeitos estarão relativamente ao seu emprego.

Ainda para Francès (1982), o trabalhador sente-se mais satisfeito com o seu trabalho quanto menor relevância lhe der, ou seja, quando este não está satisfeito com o seu trabalho, o seu estado emocional é tanto mais positivo quanto menor for a importância atribuída ao trabalho.

A saúde física e a psicológica, são dois determinantes que segundo Alcobia (2011) também influenciam o grau de satisfação profissional. Porém, de acordo com Maslach e Jackson (1981), existem casos extremos de fadiga psicológica ou emocional denominado de Bournout que conduzem também à falta de produtividade (citados em Alcobia, 2011).

A satisfação no trabalho, segundo Navarro, Llinares e Montañana (2010), pode ainda ser diferenciada em duas categorias relativamente às origens dos determinantes, como se verifica no quadro seguinte:

Quadro 3

Categorias de satisfação e as suas caraterísticas de acordo com Navarro e colaboradores (2010)

Categorias de Satisfação Caraterísticas Associadas

Satisfação intrínseca

 variedade da tarefa;  interesse para o indivíduo;  sensação de autonomia;

A satisfação dos colaboradores com a Certificação da Qualidade: O caso da CMA

……….

Categorias de Satisfação Caraterísticas Associadas

Satisfação extrínseca

 relacionamento com os supervisores e os restantes colaboradores;  remuneração;

 horário de trabalho;  segurança no trabalho;  reconhecimento obtido.

Nota. As origens dos determinantes da satisfação no trabalho podem ser – intrínseca, relacionada

ao trabalho ou à tarefa em si, e extrínseca, no que diz respeito a fontes externas ao colaborador. Adaptado de “Factores de satisfacción laboral evocados por los profesionales de la construcción en la comunidad valenciana (España)”, por E. Navarro, C. Llinares, & A. Montañana, 2010, Revista

de la Construcción, 9 (1), 4-16.

É possível dizermos que não existem fatores da satisfação que se sobrepõem em relação a outros, uma vez que estes podem variar de acordo com o ambiente laboral, as condições de trabalho e a avaliação e pontos de vista do colaborador. Tendo tudo isto em conta, é necessário que haja uma continuação do desenvolvimento de estudos acerca desta temática, uma vez que há ainda muito para estudar e analisar.

Como verificamos, embora os fatores influenciadores da satisfação não tenham, ao longo dos tempos, evoluído consideravelmente, a verdade é que foram (e ainda são) diversas as formas de classificação e diferenciação dos mesmos.

Explanados os determinantes, resta-nos, no que toca à satisfação, analisar os fatores que contribuem para uma situação de insatisfação no trabalho. Será que a insatisfação no trabalho pode ter efeitos negativos não só no espetro profissional mas também no espetro pessoal? No próximo subponto será abordada esta e outras questões.