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Fatores favoráveis à utilização do livro didático

No documento ANA BEATRIZ DOS SANTOS CARVALHO (páginas 92-95)

C APÍTULO III – A C OLEÇÃO NA S ALA DE A ULA: D IZERES S OBRE

A DEQUAÇÃO DA LINGUAGEM

2. Fatores favoráveis à utilização do livro didático

Ler é conhecer, daí, a importância que o livro assume para a aquisição do conhecimento. Para Foucambert

73 Trecho exertado da entrevista concedida pelo prof. Paulo, em Dezembro de 2008. 74 Trecho exertado da entrevista concedida pela profa. Vânia, em Dezembro de 2008. 75 Trecho exertado da entrevista concedida pelo prof. José, em Dezembro de 2008. 76 ibid. 3 2 1 1 0 1 2 3 4

Muito boas Boas Insuficientes Mal elaboradas ATIVIDADES DO LIVRO

“Ler significa ser questionado pelo mundo e por si mesmo, significa que certas respostas podem ser encontradas na escrita, significa poder ter acesso a essa escrita, significa construir uma resposta que integre parte das novas informações ao que já se é” (FOUCAMBERT 1994).

Alguns dos depoimentos dos professores demonstram que reputam o livro didático um“recurso indispensável na aprendizagem”77. Intuímos que o livro é utilizado como material

de apoio em pesquisa e um dos recursos que facilitam a construção do conhecimento.

Apesar de não termos considerado, nesta pesquisa, nem nos questionários e entrevistas, o papel e os usos feitos pelos professores dos livros paradidáticos, esse tema apareceu nas entrelinhas do discurso dos professores, sobretudo durante as entrevistas. Eles consideram os livros paradidáticos78 como uma das fontes em que podemos encontrar temas com abordagens contextualizadas, motivando, desta forma, o aluno para o hábito da leitura e o professor participando como um mediador no processo da aprendizagem.

Segundo (CAVALCANTE, 1999, p. 34), por meio da leitura, o sentimento de apropriação é despertado; portanto, é mais do que pertinente que o educando tenha nas mãos o instrumento para o seu conhecimento com o poder despertar nele uma consciência partilhada com sua época, sua história, enfim, sua realidade.

Quanto à aprendizagem, o livro didático ou paradidático abrem oportunidades para estarmos em contato com o mundo e com o conhecimento. Os livros nos fazem navegar e contribuem para a reconstrução da ciência, tornando-nos partícipes ativos do processo.

O professor deve ser um profissional que atualiza as suas aulas e incentiva ou estimula a cultura entre seus alunos. O livro didático não deve ser o agente determinante da estruturação e condução do processo de ensino-aprendizagem em sala de aula.

Esse processo se constitui na relação dinâmica entre professor e aluno, no contexto em que interferem as relações construídas entre os alunos, bem como a proposta político- pedagógica apresentada pela escola e seus professores, entre outros fatores que compõem a realidade. A solução dos problemas não está no livro didático utilizado isoladamente.

Ao ser perguntado sobre algum destaque que gostaria de fazer sobre o livro, o professor José citou “a retrospectiva do ano anterior, a retomada, que as autoras fazem na introdução, a partir do livro de 6o ano.

77 ibid.

78 Livros paradidáticos não são especificamente didáticos, mas se prestam ao didatismo. Segundo os PCNs, eles têm a função de disponibilizar aos professores o desenvolvimento de trabalhos voltados para valores como: bondade, amizade, respeito, honestidade, ecologia, meio ambiente, poluição, dentre outros.

Essa ideia é muito boa, porque como trabalhamos numa perspectiva cronológica, nós sempre temos que começar o ano lembrando o que foi estudado no final do ano anterior. No caso da 6a série, acho isso mais importante ainda, porque se o aluno não entende bem como se dá o fim do Império Romano ele não entende também o início do Feudalismo. (Professor José)

Nessa mesma direção, a professora Helena faz questão de enfatizar uma seção do livro:

Gosto muito, por exemplo, quando ele faz aquele trabalho com mapas históricos. Fiz aquela oficina com os meus alunos e deu certo. Selecionei alguns mapas de outros livros e dividi a turma em grupos, depois, segui os passos que a Oficina do Livro indica. Foi ótimo! Os meninos precisam ler mais mapas e os mapas históricos precisam de um olhar específico. (Professora Helena)

Ressaltamos que os professores investigados consideram relevante a elaboração de seu próprio material didático. A justificativa é que a produção dentro da escola valoriza o trabalho nela efetuado, porém

Não podemos esquecer que um trabalho apressado, sem organização, experiência e mal remunerado, tende a dar frutos pouco saborosos... Eu gosto muito de ser professor, acho importante montar apostilas, textos extras, resumos [...] mas aí eu te pergunto: a que horas do dia, ou da noite, vou poder sentar em casa para criar coisas sendo que trabalho em três escolas? (Professor José)

O professor, ao diversificar o material, deve ter rigor, pois, muitas vezes, pensa que está produzindo um material de qualidade e, no entanto, não dispõe de crítica para validá-lo. Sabemos que, junto aos livros didáticos, encontramos os problemas inerentes a eles, mesmo assim, são proveitosos no processo de ensino e aprendizagem. A criativiade para recriá-lo na realidade escolar cabe ao professor.

O manejo do conhecimento disponível encontra uma expressão importante nos livros didáticos, hoje colocados sobre severa crítica, mas que serão sempre apoio importante ao processo de aprendizagem, desde que elaborados com qualidade. (DEMO, 2003, p. 72).

O professor, como mediador do processo ensino e aprendizagem, é responsável pela escolha do livro que melhor se coaduna com sua concepção pedagógica e a de sua escola, que contribua para seu crescimento profissional, apoie a aprendizagem e a formação de seus alunos. Ao fazer a análise textual das narrativas dos professores do curso de História da E. E. Segismundo Pereira, evidenciamos a relevãncia dos critérios de escolha e do uso do livro didático.

Cabe ao professor a responsabilidade da análise e do estudo dos livros a serem adotados. Fazendo uma seleção criteriosa dos livros didáticos, o professor deverá escolher

quais usos fará de forma a desenvolver a criatividade nos alunos, a capacidade crítica e a ação argumentativa e comunicativa dos assuntos abordados.

O professor precisa ter autonomia na escolha do livro didático, pois ninguém melhor do que ele para conhecer sua realidade. Os livros devem ser abertos, flexíveis, lembrando que a História não é uma “doutrina fechada”, que se reproduz inalterada e indefinidamente, e, sim, uma atividade contínua.

No documento ANA BEATRIZ DOS SANTOS CARVALHO (páginas 92-95)