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CAPÍTULO 2: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.6 Fatores Humanos no Trabalho

A finalidade da ergonomia é a melhoria das condições do trabalho, proporcionado bem estar ao trabalhador, evitando que o trabalho se transforme em um risco para a saúde física e

psicológica. Portanto, o trabalho deve ser não somente uma atividade agradável como também produtiva.

Dentro dos fatores humanos no trabalho o estresse, a fadiga e a motivação são aspectos que devem ser levados em consideração na análise e projeto do trabalho humano. 2.6.1 Estresse

O bom desempenho de uma empresa se alcança com seu potencial humano, e o estresse constitui o principal freio para a melhoria desse desempenho. Há, hoje, um consenso de que o estresse é um dos maiores inimigos da saúde e produtividade.

O termo estresse advém da física, é definido como o grau de deformidade que uma estrutura sofre quando é submetida a um esforço. Hans Selye, em 1936, utilizou pela primeira vez o termo estresse, o que denominou um conjunto de reações que um organismo desenvolve ao ser submetido a uma situação que exige um esforço para adaptação (Selye, 1965).

Selye (1965) afirma que quando se submete um organismo a estímulos que ameaçam sua homeostase (seu equilíbrio orgânico), ele tende a reagir com um conjunto de respostas, que constituem uma síndrome, que é desencadeada independentemente da natureza do estímulo. De acordo com Corbin e Lindsey (1994), o estresse seria uma resposta não específica (adaptação generalizada) do corpo a qualquer demanda, com o intuito de manter o equilíbrio fisiológico. Segundo Rodrigues (1999), o estresse se refere ao estado psicológico que é gerado pelo julgamento de uma pessoa às demandas (exigências) que lhe são impostas.

Para França e Rodrigues (1997), o estresse relacionado ao trabalho é definido como aquelas situações em que a pessoa percebe seu ambiente de trabalho como ameaçador, suas necessidades de realização pessoal e profissional e/ou sua saúde física ou mental, prejudicando a interação desta com o trabalho e com o ambiente de trabalho, na medida em que este ambiente contém demandas excessivas a ela, ou que ela não contém recursos adequados para enfrentar tais situações.

A palavra “estresse” em si quer dizer “pressão”, “insistência” e estar estressado significa dizer “estar sob pressão” ou esta sob a ação de estímulo insistente (Cortez, 1991).

As pressões criadas entre os trabalhadores de diversos níveis hierárquicos reduzem a eficiência do trabalho. Para Arroba e James (1989) o estresse é a resposta do indivíduo a um nível de pressão inadequado. O estresse ocorrerá tanto se a pressão for muito alta quanto muito baixa. Grandjean (1998, p.166) afirma que

“um grau de complexidade do trabalho muito baixo é um risco para o estresse. Por outro lado, um grau de complexidade muito alto pode representar exigências tão grandes que o trabalho não possa mais ser dominado, gerando um sentimento de exigência excessiva”.

À medida que o nível de pressão aumenta, também aumenta o nível de vigilância e atenção. Se o nível de pressão continua a subir as sensações de tensão aumentam e há uma espécie de luta para conviver. Quando isso acontece a pressão está muito alta e experimenta-se o estresse causado por muita exigência (Arroba e James, 1989).

Quando as exigências são poucas e a pressão baixa, os trabalhadores respondem tornando- se menos ativos. Não há motivo para ser ativo quando não há em que se empenhar (Arroba e James, 1989). Enfatiza ainda os autores que quando o trabalho não é suficientemente estimulante há pouco o que esperar e pouco para proporcionar satisfação.

Para Loehr (1999), sem pressões estimulantes e desafiadoras, a calma pode tornar-se um fator de estresse. O trabalhador que está na mais perfeita calma, porque não possui projetos à vista ou só recebe projetos que estão abaixo de suas capacidades ou expectativas torna-se estressado.

O estresse pode ser um recurso importante e útil para uma pessoa fazer frente as diferentes situações de vida que ela enfrenta em seu quotidiano. França e Rodrigues (1999), diz que a vida

sem estresse seria chata, monótona e sem graça, não haveria desenvolvimento pessoal ou científico. Segundo Loehr (1999), um pouco de estresse é saudável, na verdade, é a fonte de estímulo mais poderosa. De acordo com Franks (1994), o estresse é como a gordura, ou seja, muito pouco ou o excesso podem ter efeitos negativos.

Para Mclellan et al (1988, p.15), “nem todo estresse é ruim. Na realidade pode ser positivo e até benéfico”. Segundo França e Rodrigues (1997), o indivíduo pode dar duas respostas frente ao estressor (qualquer estímulo capaz de provocar o aparecimento de um conjunto de respostas orgânicas e/ou comportamentais relacionadas com mudanças fisiológicas). Se esta resposta é negativa, ou seja, desencadeia uma resposta adaptativa inadequada podendo gerar inclusive doença, é chamada de distress. No entanto, se o indivíduo reage bem à demanda, aparece o eutress. “Este tipo de estresse positivo segundo Mclellan et al (1988, p.15) estimula para a ação, tornando o indivíduo mais produtivo”. No eutress (estresse positivo), o esforço de adaptação gera sensação de realização pessoal, bem-estar e satisfação das necessidades, mesmo que decorrente de esforços inesperados. É um esforço sadio na garantia da sobrevivência (França e Rodrigues, 1997).

O estresse acompanha toda atividade humana, seja física, intelectual, emocional ou social sendo o principal foco de várias psicoterapias.

Segundo Grandjean (1998), o estresse por tempo longo e sempre se repetindo conduz a manifestações doentias; elas se exteriorizam principalmente por perturbações dos órgãos da digestão ou do sistema cardiocirculatório. Estas perturbações, enfatiza o autor, são de natureza funcional (alterações da regulação); elas podem, depois de algum tempo, transformarem-se em manifestações orgânicas como úlceras do estômago e intestinos, ou doenças do coração ou circulatórias.

Distúrbios gastrointestinais, como azia e gastrite, não são comuns no indivíduo normal e, quando não há causa visível, servem de pano de fundo para doenças psicossomáticas, como o estresse ( Regis Filho, 1998).

Segundo Nashas (apud Alvarez, 1996), os sinais de alerta para os sintomas de estresse, podem ser classificados em dois tipos:

• Físicos: aumento da freqüência cardíaca, palidez, tensão muscular, alteração do sono, mudança de peso, alteração digestiva, queda de cabelo.

• Psicológicos: tendência para o autoritarismo, tendência a se sentir perseguido, aumento do consumo de cigarros, álcool, drogas, desmotivação, depressão, sensação de incompetência.

Davis et al (1996, p.10), afirmam:

“as pessoas que sofrem de distúrbios relacionados ao estresse tendem a demonstrar uma hiperatividade em determinado “sistema preferido”, como o esquelético-muscular, o cardiovascular ou o gastrointestinal. A perda de insulina durante a resposta de estresse pode contribuir para o início da diabetes. O estresse suspende a renovação dos tecidos que, por sua vez, provoca descalcificação dos ossos, osteoporose e suscetibilidade a fraturas. Além disso, o estresse está relacionado a outras queixas como dores de cabeça, tensão muscular, fadiga e artrite”.

A rotina profissional possui fatores que aumentam o grau de estresse e, certamente, contribuem para agravar suas conseqüências. Segundo Gaudêncio (1997), a exigência de certas competências sem trabalho de equipe e infra-estrutura, prazos exíguos, falta de treinamento para mudanças organizacionais, ambientes mal-iluminados e sem boa ventilação e móveis e cadeiras desconfortáveis são fatores responsáveis pelo aumento do grau de estresse.

Para Grandjean (1998, p.166), “o ambiente físico determinado pelo ruído, insuficiente iluminação, clima inadequado ou salas muito pequenas de trabalho, podem ser um fator de estresse”.

De acordo com Limongi (1997), os principais fatores que provocam o estresse são os seguintes: c

adeiras desconfortáveis, iluminação inadequada, ar

condicionado, trabalhar sem interrupção, falta de confiança entre

as pessoas, rejeição, falta de capacitação, desqualificação do

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