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2.2 ÉTICA NOS NEGÓCIOS E SEUS FATORES DE INFLUÊNCIA

2.2.3 Fatores individuais

Neste tópico serão apresentados os fatores de influência gênero, idade, grau de instrução e valores morais.

 Gênero

Para Luthar, Dibattista e Gautschi (1997), homens e mulheres têm diferentes pensamentos e orientações morais, sendo que, enquanto as mulheres pensam em questões morais envolvendo a empatia e compaixão no resolver uma questão ou problema, o homem já direciona para o estudo de direito, justiça e equidade. Os autores apresentam pesquisas realizadas com estudantes americanos, nas quais mulheres têm mais práticas éticas que os homens e, além disso, o homem pensa mais no dinheiro e avanço, enquanto a mulher tem um comportamento mais de comunicação - ajudar o outro por meio de um bom relacionamento. Os autores concluem que há diferença entre o homem e a mulher sobre ética, percepções e atitudes no ambiente organizacional.

Já os autores Elm, Kennedy e Lawton (2001) afirmam que os homens têm níveis significativamente diferentes de raciocínio moral em relação às mulheres. As mulheres usam uma consciência mais contínua e ética para uma tomada de decisão, enquanto o homem utiliza uma linha de raciocínio mais situacional e justa. As mulheres são mais socializadas-comunitárias, o que as leva a um comportamento e atitude diferente dos homens.

McDaniel, Schoeps e Lincourt (2001) também apresentam o resultado de uma pesquisa realizada com uma empresa americana que entrevistou 4005 funcionários, em que se pode identificar que as mulheres têm mais propensão para a ética do que os homens, além de outros comportamentos organizacionais diferentes. Segundo os autores, a pesquisa demonstra que as mulheres possuem uma percepção de sociedade mais justa que os homens, mas por outro lado, as mulheres têm mais propensão à decepção no ambiente organizacional que os homens quando se trata de atitudes éticas na tomada de decisão. Os autores concluem que homens e mulheres têm percepções e atitudes diferentes quando se trata do quesito ético nos negócios, sendo a mulher mais propensa a comportamentos éticos no ambiente organizacional.

 Idade

Para os autores Luthar, Dibattista e Gautschi (1997), a idade e o momento da carreira, quesitos relacionados à idade, têm forte relação com o comportamento ético do profissional. Ou seja, o profissional com maior idade geralmente pensa mais na questão salarial e carreira, consequentemente, tem um comportamento mais ético. Os autores ainda apresentam o resultado de uma pesquisa realizada em cursos de pós- graduação de negócios empresariais com alunos entre 21 e 50 anos e os alunos acima da faixa etária de 40 anos demonstraram ser mais éticos. Destaca-se que, além do quesito idade, outros fatores como renda, valores, crenças e culturas também interferem no comportamento ético profissional (LUTHAR; DIBATTISTA; GAUTSCHI, 1997).

Deshpande (1997) apresenta quatro pesquisas realizadas com diferentes empresas públicas sobre o comportamento ético e observa que a idade é um fator importante na avaliação ética no ambiente organizacional, em especial, na tomada de decisão. Para o autor, os indivíduos mais velhos são mais éticos em sua percepção das práticas de negócio. O autor ainda acrescenta que o nível de escolaridade pode sim afetar a percepção e tomada de decisão nas práticas de negócios antiéticas e éticas (DESHPANDE, 1997).

 Grau de instrução

Luthar, Dibattista e Gautschi (1997) consideram o grau de instrução como um fator que pode levar o indivíduo a ter um

comportamento mais ou menos ético no ambiente organizacional. Para os autores, a ética e a educação podem desempenhar um papel importante na eficácia de promover o desenvolvimento moral do indivíduo em qualquer estágio da sua vida, uma vez que muitos cursos de graduação e pós-graduação, em especial de negócios, têm a disciplina de Ética.

Para Elm, Kennedy, Lawton (2001), estudos têm demonstrado que o grau de instrução leva a um melhor nível de educação e, por consequência, um maior desenvolvimento moral, que pode levar a uma forte correlação ao comportamento ético no ambiente organizacional.

 Valores morais

Glover et al. (1997) citam como principal fator da abordagem individual a ser analisado na ética de negócios a característica da moral individual. E neste contexto, para os autores, os indivíduos diferem em seu sistema de valores morais devido às variações de experiências pessoais e culturais, o qual pode levar a fatores de avaliação sobre a honestidade, integridade, realização, justiça, preocupação com os outros.

Para Carlson, Kacmar e Wadsworth (2002), as diretrizes morais que são aplicadas para determinar o certo ou errado são, muitas vezes, utilizadas a partir do desenvolvimento cognitivo moral, a base de valor, ou filosofias morais, também utilizadas na tomada de decisão organizacional, direcionando a uma decisão ética ou não ética.

Com base em pesquisas realizadas com gestores e funcionários de algumas organizações, os autores confirmam que os componentes morais podem interferir na tomada de decisão ética no ambiente organizacional, destacando como um dos principais fatores na prática da ética nos negócios. Conforme os autores, o fato de que as avaliações utilitárias são importantes na tomada de decisão ética não é surpreendente, pois a maioria dos gestores ainda utiliza e depende somente da base utilitária moral (MAY; PAULI, 2002).

Segundo Elm e Radin (2012), a teoria do estudo moral, em especial, a ligação do raciocínio moral com o comportamento moral, tem sido muito adotada e discutida no campo da ética nos negócios. Os autores ainda destacam o modelo moral de tomada de decisão ética construído por Rest et al. em 1986, que consiste em quatro etapas: consciência moral (reconhecendo a moral – ética e missão); avaliação moral (raciocínio ou análise por meio do dilema ou emissão); intenção moral (decidir agir na tomada de decisão) e comportamento moral (o ato

em si). Ainda no mesmo estudo, os autores mencionam outra área de estudo chamada “intensidade moral”, que é composta por seis dimensões: magnitude das consequências, consenso social, a proximidade, a probabilidade de efeito, a concentração de efeito e imediatismo e temporal, descrito por Jones; Dunlap (1992). O autor apresenta modelos – quesitos – que podem interferir na tomada de decisão ética no ambiente organizacional, além de perguntar: a tomada de decisão ética é ou não diferente dos outros tipos de tomada de decisão?

Muitos estudos (SCHWARTZ, 2001; CARLSON; KACMAR; WADSWORTH, 2002; NOGUEIRA, 2007; ELM e RADIN, 2012; SCHWARTZ, 2012) descrevem que os valores morais são os principais influenciadores no comportamento ético de um individuo e que esses são formados das atitudes, juntamente dos fatores sociais e a formação.

Ainda no estudo dos valores morais, Schwartz (1987) desenvolveram um modelo teórico chamado da Teoria do Conteúdo e da Estrutura Universais dos Valores, que desde o seu início mantem a fiel convicção de que existe um conjunto de motivações universais que originam e organizam os diversos valores existentes num indivíduo. Esse modelo no decorrer da sua aplicabilidade culminou em alterações que chegou a dez tipos (poder, realização, hedonismo, estimulação, auto direção, universalismo, benevolência, tradição, conformidade e segurança) motivacionais de valores. Em conclusão, a sua teoria define valor como um conceito ou crença do indivíduo sobre uma meta que transcende às situações e expressem interesses correspondentes a um domínio motivacional (SCHWARTZ, 1994).

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