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2.2 ÉTICA NOS NEGÓCIOS E SEUS FATORES DE INFLUÊNCIA

2.2.4 Fatores organizacionais

Neste tópico são apresentados os fatores organizacionais que influenciam a ética nos negócios, destacando o clima ético da organização; código de ética e estrutura do capital.

 Clima ético da organização

Para Deshpande (1996), o principal fator que influencia a ética no ambiente organizacional corresponde ao clima organizacional e às práticas de sucesso dos gestores dentro da organização. O autor realizou

uma pesquisa com aproximadamente 200 organizações sem fins lucrativos e grande parte dos pesquisados citaram a ética como o principal motivo de sucesso do clima organizacional e dos negócios. Muitos pesquisados relacionaram o otimismo ético e o clima ético ao sucesso da organização, quesito que direcionam como responsabilidade dos gestores da organização.

Conforme Frietzsche (2000), a década de 1980 marcou o início de estudos acadêmicos e, principalmente, interesse das organizações na prática da ética de negócios, destacando o estudo do clima ético na organização como importante fator na tomada de decisão do indivíduo no ambiente organizacional. O autor ainda acrescenta que as organizações podem ter tipos e mais de uma linha-pensamento de climas e estender a teoria clima ético para incluir a dimensão ética na tomada de decisão.

Sobre o clima ético nas organizações, Peterson (2002) menciona que muitos estudiosos têm proposto que existe uma relação entre o clima da organização e o comportamento ético dos indivíduos que nela compõem. Para o autor, o clima ético nas organizações pode ser classificado como padrões éticos (egoísmo, benevolência e princípio) e o grupo (pessoas – funcionários da organização) que servem como fonte de raciocínio moral.

Hoivik (2002) chama atenção para a inter-relação entre ética profissional e ética organizacional, quando valores organizacionais e valores profissionais são desafiados para a tomada decisão, incluindo o compromisso com os princípios morais integrados aos elementos do ativo da organização - seus valores. O autor ainda cita que para o sucesso da ética nos negócios, é necessário os gestores incentivarem seus funcionários a participar da construção e execução da cultura, valores, missão, visão, assim como do clima ético da organização.

Segundo Shin (2012), pesquisas recentes têm demonstrado que o clima ético no ambiente organizacional é associado a uma série de fatores, tais como: satisfação no trabalho, compromisso da organização para com seus stakeholders, intenções – volume de negócios, comportamento dos gestores, atitudes e comportamentos na organização, entre outras que depende da cultura do país, da organização. O autor ainda destaca que na pesquisa realizada com empresas da Coreia do Sul, foi registrado que o clima organizacional corresponde a um dos principais fatores da prática da ética nos negócios, sendo o líder-gestor o principal exemplo para os demais atores desenvolverem a ética no ambiente organizacional. A liderança ética melhora o comportamento de aprendizagem em grupo e por seguinte a

conduta ética do grupo e o clima organizacional (WALUMBWA; HARTNELL; MISATI, 2017).

 Código de ética

Para Weber (1993), o código de ética pode direcionar a institucionalização da ética na organização, método importante para refletir o sentido da responsabilidade da organização perante seus stakeholders.

Wotruba, Chonko e Loe (2001) mencionam a utilidade do código de ética pelos gestores como uma ferramenta para orientar a tomada de decisão, assim como para orientar o comportamento dos indivíduos da empresa. Por outro lado, os autores salientam em suas pesquisas que a familiaridade com o código de ética pode levar o indivíduo ter um comportamento mais ético, mas o quesito fundamental para esse comportamento ainda é o clima ético da organização. O estudo demonstra que o código de ética pode, sim, ser uma ferramenta importante para melhores comportamentos e atitudes éticas na organização, mas que, sozinho, sem um direcionamento ao clima ético, pode não ter resultados satisfatórios.

Segundo Schwartz (2001), a preocupação das organizações, em especial as empresas, por comportamentos e atitudes corretas perante o mercado e seus stakeholders têm levado empresas a adotarem o código de ética, também chamado código de conduta, códigos de prática, credos corporativos, declarações de missão ou declarações de valores. Para o autor, o código de ética é considerado uma escrita formal documentada que consiste em padrões morais utilizados para orientar o funcionário, gestores e demais atores da organização ao comportamento empresarial. O código de ética pode ser o primeiro passo para o incentivo ao comportamento ético nas organizações.

Conforme Long e Driscoll (2008), é importante que a organização tenha a ética institucionalizada e isso pode ocorrer por meio da concepção e implementação de um código de ética, que os autores denominam de “Código de Ética Corporativa”, mas o que é frequentemente esquecido neste processo é a criação de uma cultura organizacional que estimule a ética. Assim, os autores sugerem que as empresas realmente institucionalizem em seus códigos de ética a obrigação do indivíduo se comportar de forma ética, independente das ocorrências do ambiente no qual está inserido e seus valores e regras morais.

Já para Singh (2011), um código de ética corporativo é parte de um programa de ética organizacional, o qual deve ser complementado por outras ações, como a ética no treinamento, comitê de ética e área de apoio para denunciantes. Com base na pesquisa realizada com 5065 funcionários dos EUA de organizações que empregam mais de 200 funcionários, o autor considera que o direcionamento para comportamentos e condutas éticas é muito eficaz. As empresas que possuem um programa ou código de ética geralmente têm clima ético saudável, menores resultados de má conduta, baixos números em desvios de conduta, pessoas mais motivadas e capacitadas para práticas. Além disso, a pesquisa indica que somente o código de ética na organização não é o suficiente para promover a ética nos negócios, devem ser implementadas outras ações, como já mencionado.

 Estrutura do capital

Na visão de Brower e Shrader (2011), o tipo de organização (Primeiro, Segundo e Terceiro Setor), assim como a estrutura - porte (pequeno, médio e grande) e cultura organizacional - podem interferir nas diretrizes de atitudes, comportamentos e tomada de decisão no ambiente organizacional. As organizações do Terceiro Setor (organizações sem fins lucrativos), em geral, não remuneram seus voluntários, grande parte dos participantes e, por consequência, a questão dinheiro não é fator que os mantêm na organização, e sim a causa que buscam ajudar ou contribuir. Isso é diferente do que ocorre nas organizações privadas e primeiro setor, pois na grande maioria é o fator financeiro (salário) que os mantêm na organização. Neste contexto, os autores descrevem que a estrutura e capital pode interferir na ética organizacional, direcionando a comportamentos e atitudes mais ou menos éticas e morais.

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