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Fatores negativos intervenientes na aprendizagem da

3 A COGNIÇÃO E OS PROCESSOS COGNITIVOS NA SÍNDROME DE

3.2 PROCESSOS DE LEITURA E ESCRITA PARA PESSOAS COM

3.2.2 Fatores negativos intervenientes na aprendizagem da

a. Alfabetizar com qualquer tipo de letramento (caixa alta, script ou manuscrita) dependendo dos fatores perceptivos, cognitivos e da maturação do sistema nervoso central, e com relevância no desenvolvimento da psicomotricidade fina;

b. Devolver o padrão correto na linguagem oral;

c. Escutar com atenção o discurso oral da Pessoa com SD;

d. Solicitar sempre que necessário, a repetição das palavras ditas, com mais calma e fazer uma inspiração antes de recomeçar a falar. Quando a Pessoa com SD, já interiorizou esta técnica não é necessário que o educador repita-a, só com um sinal pré-combinado pode-se resgatar o controle inspiratório e a oralidade mais adequada.

3.2.2 Fatores negativos intervenientes na aprendizagem da alfabetização de Pessoas com Síndrome de Down

a. a não aceitação da Pessoa com SD no micro e macro célula familiar; b. a falta de compreensão familiar, escolar, profissional, social, de que a

Pessoa com SD tem potencialidades e limites, em várias áreas da sua vida, como qualquer outro ser humano;

c. a indução no discurso familiar, escolar, profissional, social, de que a Pessoa com SD "não consegue fazer", "não tem possibilidades de

compreender", "não alcança esta compreensão", "são ensinados, mas esquecem tudo", "é muito difícil ensinar alguma coisa para eles", "coitadinho", "não adianta ensinar-lhes, pois não aprendem", e de formas verbais mais agressivas: "são retardados", "são mongos", "são burros" ou até mesmo articulando com o desconhecimento sobre o assunto "são loucos", "são doentes";

d. em inúmeros casos os pais, os profissionais, a sociedade em geral não demonstram interesse em buscar os conhecimentos empíricos e científicos, que a hipermídia proporciona todos os dias, inclusive omitindo-se na busca de comunicação mais abrangente e econômica de grande alcance, que é o rádio, que informa, comunica e educa significativamente parte da população brasileira;

e. a família, a escola e a sociedade mantêm uma relação de dependência mútua, quando existem possibilidades de minimizar esta simbiose, onde, em inúmeras situações, o processo de dependência está relacionado mais à própria família, à escola e à sociedade, do que à Pessoa com SD;

f. não proporcionar à Pessoa com SD o contato direto e indireto, com material letrado, com a hipermídia, se houver possibilidades, ou de formas mais acessíveis como jornais, rótulos, cartazes, revistas, etc; g. considerar erroneamente que Pessoas com SD não têm capacidade de

aprendizagem, através da percepção e da cognição, dos processos de leitura e escrita;

h. ponderar somente sobre a existência de materiais onerosos, de difícil acesso, ou construção para o processo de alfabetização;

i. julgar-se proprietário do saber acumulado em cursos, conferências, palestras, pesquisas e leituras, e, principalmente na prática cotidiana na relação educador (a) e aluno (a) com SD;

j. apegar-se a idéias erroneamente pré-concebidas ou inconclusivas sobre fatores considerados limitantes na alfabetização, tais como: idade cronológica ou mental, quociente mental, níveis de percepção, cognição, compreensão, classes econômicas e sociais, de serem advindos de famílias não letradas ou analfabetas, com SD e, por

distúrbios comportamentais concomitantemente, consideram-se que não têm possibilidades de aprender a ler e a escrever.

A figura a seguir designa os fatores intervenientes positivos e negativos concernentes aos processos de leitura e escrita nas Pessoas com SD.

S

SÍÍNDROME DE DOWNNDROME DE DOWN

LEITURA

LEITURA ––

ESCRITA ESCRITA

ALFABETIZAÇÃO LETRAMENTO  CAIXA ALTA  Script 

Manuscrita

ORALIDADE  Olhar  Atenção  Padrão correto  Estímulos  Repetição  Respiração  Mímicas  Códigos Família/ Profissionais/ Sociedade/ Coesão Ambiente estimulador Materiais estimulantes Exercícios psicomotores Material letrado Fatores Intervenientes Positivos DISCURSOS “NÃO” ACEITAÇÃO “NÃO” COMPREENSÃO “NÃO” CONSEGUEM “NÃO” APRENDEM “NÃO” COMPREENDEM “ESQUECEM TUDO” “ENSINO MUITO DIFÍCIL” “COITADINHOS” “RETARDADOS/MONGOS” “LOUCOS/DOENTES” “NÃO” MATERIAL ESTIMULADOR MATERIAIS ONEROSOS “PROPRIETÁRIOS DO SABER” IDÉIAS “PRÉ-CONCEBIDAS” IDADE CRONOLÓGICA/ MENTAL QUOCIENTE INTELECTUAL NÍVEIS COGNITIVOS CLASSES SÓCIO/ECONÔMICAS FAMÍLIA ANALFABETA DISTÚRBIOS COMPORTAMENTAIS Fatores Intervenientes Negativos

Fonte: Profª. Ms. Deisy Mohr Bäuml

FIGURA 5 – SINDROME DE DOWN – LEITURA – ESCRITA Fonte: Arquivo pessoal

As figuras abaixo ressaltam as características sindrômicos no bebê com SD e em seguida, após três décadas de estimulações bio-psico-sociais e tecnológicas,

desde o quinto dia de vida, a mesma pessoa na fase adulta. Ao lado, texto de sua autoria escrito e digitado pelo mesmo indivíduo.

FIGURA 6 - BEBÊ COM SÍNDROME DE DOWN Fonte: Arquivo pessoal A.B.O.

FIGURA 7 - A MESMA PESSOA NA FASE ADULTA

Fonte: Arquivo pessoal de A.B.O.

FESTA NA CASA DO MEU PAI

NO SÁBADO EU FUI PARA SÃO FRANCISCO DO SUL, VISITAR MEU PAI, A LAURA, OS AMIGOS DE

MARINGÁ, OS LOPES TAMBÉM

ESTAVAM LÁ NA CASA DO MEU PAI.

NÓS FOMOS JANTAR NA

CHURRASCARIA E DEPOIS

VIAJAMOS PARA CASA, OS LOPES FIZERAM UM SHOW, CANTARAM MUITAS MÚSICAS DE TODOS OS TIPOS, EU CANTEI E DANCEI VÁRIAS MÚSICAS, A NOITE TODA NÓS FICAMOS FELIZES.

EU GOSTO MUITO DE PASSEAR NA CASA DO MEU PAI, SE DEUS QUISER, FICAREI O MÊS DE JANEIRO NA CASA DO MEU PAI.

TEXTO ESCRITO/DIGITADO POR A.B.O.

Na sociedade dos homens, uma das significativas discriminações se refere àqueles que não dominam a escrita e, como não dominam este código são considerados incapazes.

A escrita ocupa apenas há pouco tempo um lugar de importância nas sociedades humanas quando se toma a história da humanidade como parâmetro.

A tradição oral, que valoriza a memorização, está presente entre grandes segmentos da humanidade. Aí, onde impera a oralidade, a comunicação verbal acontece sempre em presença daqueles que estão se comunicando face a face. Esta comunicação é verbal, gestual, e tridimensional.

Nas sociedades onde impera a oralidade, a escrita é tida como acessório. A informação por ela veiculada é desprestigiada, sendo considerada pouco confiável e até falsificável.

A passagem de sociedades de tradição oral para sociedades com tradição lingüística escrita é um processo complexo que abrange a totalidade das relações sociais. No contexto do capitalismo, a escrita e a escola vão ser percebidas como reflexo do civilizado.

As pesquisas de Doman e Delacato (1980) refletem na obra “Como ensinar o seu bebê a ler”, que a aprendizagem ocorre através dos estímulos, onde são aprimoradas as conexões neurais em determinadas regiões cerebrais.

Um novo método que abrange desde a estimulação precoce (antes dos três anos) “começam a ler crianças que não sabem falar” – leitura e escrita se ensinam separadamente – 1º lugar “ler e depois escrever” – crianças com SD – ler quando (oito a nove anos) a compreensão da leitura desde o início até progresso como leitor. Para progresso eficaz e rápido. Importância da experiência educativa é um método gradual que ensina paulatina a prática com inumeráveis e curtos passos que são necessários para a leitura e a escrita. Com a descrição dos detalhes através da observação e da análise as seqüências que tem que seguir e os erros que tem que ser evitados. Adaptando-se circunstâncias e características de seu filho ou aluno; haverão de criar novos modos e maneiras de apresentar a tarefa. Leitura e escrita, ambas são linguagem escrita; mas desenvolver-se de modo distinto tanto programação cerebral como na execução, dadas às dificuldades expressas na escrita e demorada duração da aquisição pode ser útil para ensinar a ler e escrever outros alunos com ou sem Deficiência Mental. Educação para toda vida.

Mannoni (1985) alerta para a necessidade de observamos e ouvirmos as pessoas, pois na maioria das vezes esquecemos que antes de tudo, ali temos uma pessoa, um ser humano e não um objeto a ser exaustivamente explorado.

Certamente não podemos ignorar o déficit, mas devemos lembrar que mesmo estando presente um fator orgânico determinante do quadro patológico não pode subestimar o papel dos fatores psicológicos e sociais na evolução da Pessoa com Deficiência como nos explica Ferreira (1993).

Os estudos de Troncoso e Cerro (1998) designam que em princípio todas as pessoas têm capacidade de ler e escrever de forma compreensiva e, sobretudo, são capazes de desfrutar com estes êxitos. A aquisição de tais habilidades, negadas até bem poucos anos, constitui outro item em seu progresso educativo e seu desenvolvimento geral.

Ressalta-se que o referido Projeto Sexualidade – Alfabetização – Informática para Pessoas com Deficiência, incluídas com SD apesar de seguir as orientações baseadas nas Leis, supra citadas, as quais vêm sendo desenvolvidas há mais de duas décadas, em vários Estados brasileiros e no exterior, nos Sistemas Educacionais: Regular, Inclusivo e Especial, têm a aprovação da Direção, do Colegiado e das famílias das Pessoas com Deficiência, pertinentes à Escola Municipal de Educação Especial Helena W. Antipoff, mas ainda assim sofre severas críticas de agentes da Educação, que por desconhecimento dos direitos dos educandos, por inibição pessoal, pelo descumprimento legal ou talvez pela hipocrisia vigente na sociedade ideologicamente vista no Brasil, como de “1º Mundo” ocorrem cotidianamente sérias problemáticas relativas à Sexualidade, para este contingente de educandos, afetados por quaisquer deficiências.

A prática educacional tem demonstrando a participação dos (as) alunos (as) no Projeto, inclusive evitando possíveis distúrbios comportamentais e verifica-se um alto nível de participação e/ou conscientização, com significativos resultados positivos comprovados de construção dos processos de leitura e escrita, na busca de maximizar os processos de aprendizagem e minimizar os atos de falta de respeito e/ou violência Sexual e Social, em relação às Pessoas com Deficiência.

O referido projeto Sexualidade Alfabetização-Informática, desenvolve-se concomitantemente à utilização do computador como ferramenta indispensável aos processos de construção do letramento, sílabas, palavras, frases, textos simples e complexos, complementa-se com os processos de leitura individual e coletiva e, insere-se no contexto das Inteligências Múltiplas, baseadas nos estudos de Antunes (2002, p. 51) interrelacionadas às múltiplas variáveis da linguagem.