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2 A INTERVENÇÃO HUMANA E TECNOLÓGICA NA SAÚDE DAS

2.3 INTERVENÇÃO TECNOLÓGICA

2.3.1 Quanto segura é a Nano Tecnologia?

Em artigo traduzido da Revista New Scienctist (29/03/2003, p. 15-16) o qual esclarece:

Os estudos de Kurt Kleiner e Jenny Hogan (2003, p. 15-16), afirmam que laboratórios do mundo todo estão produzindo diferentes nanopartículas em série, o beneficio potencial desses objetos minúsculos está sendo pesquisado como jamais visto. Contudo entre todos os comentários, a nano tecnologia está atraindo um número crescente de críticos. Eles têm medo da “nanopoluição“ devido ao carbono, nanotubos e outras partículas que podem ter um impacto direto na saúde e no ambiente. Com os resultados, sugerindo que os nanotubos podem ser perigosos para o tecido pulmonar saudável, seus medos se justificam?

O possível perigo da nano tecnologia foi levantado muito antes de ser possível construir objetos de escala molecular. Alguns dos piores medos foram

sugeridos em 1986 no livro Engines of Creation pelo visionário da nano tecnologia, Eric Drexler. Ele previu uma vez, quando robôs replicariam o nano em escala, jogassem num recipiente com matéria prima e fossem deixados para reproduzir antes de colocar junto, independente do que eles fossem programados para fazer. Oponentes temiam que se cada dispositivo de replicação fosse sempre realizado, eles perderiam o controle, e teriam conseqüências devastadoras.

Muito do que é relatado, é ficção cientifica. Mas há mais razões concretas de interesse. O modo das nanopartículas interagirem com outros materiais, incluindo os tecidos do corpo, não está bem esclarecido. Em 2002, a US Environmental Protection Agency (EPA) foi contatada pelos pesquisadores do Center for Biological and Environmental Nanotechnology (CBEN) no Rice University in Houston, Texas, para apresentar seus interesses. O encontro gerou interesses dos reguladores e, conduzidos às chamadas do ETC, um grupo ambientalista de Winnipeg, proibiram a fabricação de nanotubos até que os riscos para a saúde e meio ambiente fossem esclarecidos.

Por que alguns cientistas estão tão preocupados agora? Afinal de contas, nós usamos as partículas de nanoescala de carbono durante décadas na forma de carbono preto, um filtro para pneus de carros. “Eu não acho que isto é fundamentalmente novo, coisas bizarras”, diz Christine Peterson, Presidente da Foresight Institute. “Eles são carbonos. Este é o produto que nós negociamos. Nós estamos basicamente falando de fuligem.”

Mas isso não é tão simples. Muitos materiais que são seguros e tem protuberâncias, são mais perigosos do que as partículas finas, diz Vicky Colvin, Diretora do CBEN. Quartzo por exemplo, é perfeitamente seguro em volume, mas minerais, rochas e areia, que estão expostos ao pó de quartzo estão sob o risco de silicoses, potencialmente fatal ao tecido pulmonar por inalação.

Partículas finas podem causar problemas de saúde também em outras partes do corpo. Mesmo substituição de joelho e quadril são feitos de materiais que são bem tolerados pelo corpo, eles podem verter partículas finas dentro dos tecidos, causando inflamação e nos piores casos, perda do implante, o qual pode então ser substituído.

Pesquisas apresentadas no Encontro da Sociedade Americana de Química em New Orleans sugeriram que há bons motivos para se ter cuidado sobre a

fabricação de nanopartículas. “Este encontro é algo em um momento crítico”, diz Kevin Ausman, diretor executivo de operações da CBEN. “Isto mostra que a comunidade está falando da questão seriamente”.

Chiu-Wing Lam, que estuda a toxicidade dos nanotubos nos Laboratórios Wyle do Centro Espacial Johnson da NASA em Houston, e Robert Hunter, um toxicologista da Universidade do Texas – Centro de Ciência e Saúde de Houston relataram os resultados de seus estudos onde os nanotubos podem ser perigosos, para os tecidos dos pulmões. Eles fizeram uma suspensão de nanotubos e colocaram pequenas gotas, equivalente a 0.1 mg e 0.5 mg de nanotubos diretamente nos pulmões de ratos. Isto permitiu aos pesquisadores controlar cuidadosamente as quantidades de nanotubos que entraram em cada pulmão dos animais, o qual não teria sido possível se os ratos simplesmente inalassem um aerossol de nanotubos.

Hunter observou os tecidos pulmonares ao redor dos locais onde os nanotubos estavam primeiro após uma semana e então após 90 dias. Ele encontrou que após, um tempo os nanotubos tendem a se agrupar dentro de “embrulhos”, e estes “embrulhos” foram invariavelmente cercados por macrófagos e células imunológicas recrutadas para expulsar o material do corpo. Isto é chamado de resposta a um corpo estranho, que deixa cicatrizes, as quais prejudicam o tecido pulmonar original. Os pesquisadores repetiram os testes com nanotubos feitos por vários métodos diferentes. Cada um produziu uma reação diferente. Hunter diz que é claro, “as pessoas devem realmente tomar precauções. Nanotubos podem ser altamente tóxicos”, afirma ele. “Há variação entre diferentes nanotubos, e sabe-se muito pouco sobre isso”.

David Wartheit no DuPont´s Haskell Laboratory em Newark, Delaware, relatou um estudo similar no qual ele também encontrou células imunológicas protegendo ao redor de “embrulhos” de nanotubos nos pulmões de ratos. Na mais alta dose, de 5mg por kg de peso do corpo, 15% dos ratos morreram, embora não pelo efeito tóxico. Em vez disso, os nanotubos se agruparam o suficiente para obstruir os brônquios, sufocando os ratos. Tanto Hunter quanto Wartheit são chamados para estudos para verificar se a inalação real em seus experimentos causam riscos similares.

Até agora, as únicas pessoas com risco de inalação de nanotubos são aquelas que fabricam ou trabalham com este material, porém poucos laboratórios têm medido a exposição. Mas, porque muitos estudos da nanotecnologia são apontados eventualmente usando partículas de tamanho nano no corpo, muita das pesquisas que relatam em como elas são seguras, estão gerando estas aplicações. David Allen no Texas Tech University em Amarillo, que também explanou na conferência, está procurando um meio de usar as nanopartículas como alvo para as drogas no cérebro. Outro grupo também está ansioso para usar as nanopartículas para a distribuição das drogas.

Ao lado das preocupações sobre as implicações diretas à saúde, há o interesse sobre como eles podem comportar-se no meio. “Com algumas tecnologias emergindo, é quase certo que haverá alguns efeitos negativos no meio ambiente”, diz Mark Wiesner, um engenheiro ambiental do CBEN. “Nós precisamos conduzir duas diligências nas áreas que haveria nanomateriais. Para onde eles irão? Quais são seus efeitos potenciais?”

Wiesner (2003, p. 16) quer ver quão longe os nanotubos podem se propagar. Ele está particularmente interessado em ver se eles podem ajudar a propagar outros poluentes que normalmente não vão longe. Nanotubos de carbono tem uma área de superfície tão grande quanto outras moléculas. Se cada nanotubo escolher um pouco de moléculas de um poluente, não poderá piorar a contaminação existente pela propagação. Inversamente, ligando nanotubos, podem-se neutralizar poluentes, reduzindo o dano que eles causam.

O EPA está falando do prospecto dos danos da nanopoluição. “Há uma necessidade urgente em avaliar a eficácia das técnicas de tratamento da água e do ar para remover a poluição potencial por nanoescala”, diz Tina Mascianglioli, colaboradora do EPA. A agência irá introduzir na próxima semana, propostas para estudos em algum efeito colateral potencialmente danoso pela nanotecnologia, e estará sendo oferecido um fundo de cinco milhões de dólares para as pesquisas.

Pat Mooney do ETC argumenta que até que haja mais resultados, a produção comercial de nanotubos deve ser interrompida. “Nós esperamos que os benefícios potenciais existam. Mas com grandes benefícios você também tem altos riscos”, ele afirma. Mooney teme que os nano materiais vão além do uso comercial, simplesmente porque as partículas maiores do mesmo material são seguras.

Poucos concordam com a suspensão da nanotecnologia. “Ninguém está dizendo que nós não devemos ver os problemas potenciais”, diz Peterson, do Foresight Institute.

Colvin (CBEN) também sente que a suspensão não é boa idéia, mas ela reflete que alguns pesquisadores são movidos tão rapidamente com suas pesquisas, e que o entusiasmo pela nanotecnologia pode fazer com que prestem pouca atenção nos riscos. Como com algumas novas tecnologias, ela adverte, cedo ou tarde haverá problemas.