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3. METODOLOGIA

3.5 FERRAMENTA DE PESQUISA – QUESTIONÁRIOS

O questionário é um instrumento de pesquisa que é constituído por algumas questões sobre um determinado tema, que é apresentado aos participantes da pesquisa, chamados de respondentes (VIEIRA, 2009). É um procedimento complexo que envolve muitas considerações. O questionário compartilha muitas outras considerações do projeto de pesquisa, em adição às preocupações que são inerentes a qualquer forma escrita ou oral de comunicação (MCBURNEY; WHITE, 2009).

A primeira questão antes de aplicar um questionário é, responder qual é o principal propósito da pesquisa “o que espero alcançar?”. Frequentemente, pesquisadores utilizam questionário já existentes, em vez de montarem um novo. Assim, pesquisadores evitam redesenhar a roda além de que, podem comparar os seus resultados com os de estudos anteriores usando o mesmo instrumento. (MCBURNEY; WHITE, 2009).

Um questionário bem elaborado produz informações valiosas para os pesquisadores. No entanto, esta metodologia enfrenta algumas dificuldades no momento da aplicação. Em alguns casos há hesitação das pessoas em responder – ou, até mesmo, resistem em responder algumas perguntas. Os questionários tomam tempo e exigem reflexão para serem respondidos. Em outros casos, os respondentes temem que as respostas dadas ao pesquisador possam ser usadas contra elas próprias (VIEIRA, 2009)

3.5.1 Formas de Aplicação do Questionário

Questionários devem ser desenvolvidos de forma que sejam fáceis de serem compreendidos, e serem escritos de forma a evitar má interpretação (VIEIRA, 2009), devendo-se tomar cuidado de limitar o questionário em sua extensão e finalidade, a fim de que possa ser respondido em um período curto de tempo, de no máximo 30 minutos (PÁDUA, 2007). Os questionários podem ter vários formatos, dependendo do tipo de questão que se quer abordar.

A maneira escolhida para aplicação do questionário é importante para que se obtenham bons resultados. Os questionários que são entregues para que os próprios respondentes preencham são denominados questionários de auto aplicação, e podem ser enviados por meios eletrônicos (muito utilizados atualmente) ou pessoalmente. A maior desvantagem desta forma, é a incerteza que a pessoa que respondeu o questionário é realmente a pessoa que foi destinada, também há um número significativo de pessoas que não respondem.

O questionário de auto aplicação também apresenta uma restrição (VIEIRA, 2009), todos os respondentes devem ter a capacidade de ler, entender e responder às questões escritas, portanto não devem ser aplicadas em pessoas com baixa escolaridade.

Outra forma de aplicação de questionário é face a face. Segundo Vieira (2009), a vantagem dos questionários feitos por meio de entrevistas, em relação aos questionários de auto aplicação, é o fato de o pesquisador poder explicar as questões mais complexas (difíceis) para o respondente. No entanto, a forma de aplicação do questionário deve ser analisada de acordo com a população, com os objetivos da pesquisa, com a amostra que será pesquisada, com o tempo disponível para coleta dos dados e com os recursos financeiros (VIEIRA 2009).

Nesta pesquisa, foram utilizados a forma de auto aplicação do questionário e a aplicação face a face. A justificativa para utilizar os dois métodos foi abranger trabalhadores com baixa escolaridade, que são um número significativo e que não se desejaria excluir estes respondentes, até por considerá-los importantes na composição do resultado final da pesquisa. No entanto, todo o processo foi acompanhado, mesmo para os questionários auto aplicados. Foram selecionados nas empresas grupos de trabalhadores (média de 5 por etapa) para responder as perguntas, para cada etapa obedeceu-se aos seguintes passos:

Identificação do pesquisador (com os respectivos documentos de identificação);

Esclarecimentos de confidencialidade;

Esclarecimento sobre os objetivos da pesquisa e expectativa dos resultados que contemplam a melhoria das condições de trabalho ao colaborador;

Ao explicar todos os itens, passou-se para a identificação inicial do questionário, o qual para a empresa foi designada uma letra de identificação e para o trabalhador um número, para garantir o sigilo das informações para que desta forma o respondente se sentisse à vontade para responder com sinceridade todos os itens levantados pelo questionário.

Para os respondentes com limitações na compreensão do questionário na parte de identificação pessoal (o qual há informação requerida sobre escolaridade), o questionário foi aplicado face a face, de modo que o respondente escolhesse apenas a opção proposta, neste caso a Escala de Likert, para que o pesquisador não exercesse nenhum tipo de influência nas respostas.

3.5.2 Questionários Utilizados na Pesquisa

Foram utilizados dois questionários para coleta de dados da pesquisa. Um questionário desenvolvido para investigar os Programas de Conservação Auditiva nas empresas e seus métodos para proteção da audição dos trabalhadores. As questões foram montadas de acordo com o suporte da literatura e será apresentado no quadro inserido nos anexos do trabalho.

As 50 (cinquenta) questões do questionário 1 – aplicado às empresas abrangem tanto práticas mais básicas quanto à conservação auditiva até práticas de prevenção mais sólidas e planejadas, o conjunto de questões permitiu avaliar as práticas adotadas pelas empresas pesquisadas sobre o PCA, e através das respostas categorizar cada empresa dentro de um nível de maturidade de PCA, com objetivo de diferenciá-las e para que posteriormente fossem analisados os resultados de forma comparativa.

A estrutura do questionário utilizado é apresentada no quadro 9: QUESTIONÁRIO 1 Percepção Individual Identificação Individual Percepção Individual do Risco Fontes de Risco

Conhecimento sobre o ruído

Percepção da auto eficácia

Percepção da proteção Outros fatores cognitivos

Percepção dos Efeitos

Cultura de Segurança Ambiente de trabalho Motivação Individual Carga física Comportamento de Risco

Quadro 11: Estrutura do Questionário aplicado ao colaborador

Fonte: Adaptado de Arezes (2002, p. 104)

Para coleta de dados que buscou a análise da percepção do trabalhador, foi utilizado o modelo desenvolvido por Arezes (2002). O questionário 2 – aplicado ao trabalhador é composto por 10 questões distribuídas entre 66 itens. No entanto, foi considerado alguns fatores sobre o questionário já existente: Ano que foi desenvolvido e aplicado; população que participou da pesquisa (Portugal); e tipo de empresas que

participaram do estudo. Desta forma, considerou-se que poderia haver necessidade de adaptação do questionário proposto.

Foi realizada uma pesquisa piloto em três empresas que aceitaram participar da pesquisa. Foram selecionados aleatoriamente setores com incidência de ruído superior a 85 dB (A) e aplicado o questionário a 42 funcionários. Foi analisado o potencial de compreensão das questões e posteriormente a análise de confiabilidade das questões.

A primeira parte do questionário está relacionada com as questões de identificação individual do trabalhador. Os aspectos relacionam-se com a idade e estado civil, setor e função que exerce na empresa, o tempo que trabalha no setor, o nível de escolaridade e o tipo de protetor que utiliza.

No preenchimento do questionário, a identificação da empresa é atribuída através de letras, e o campo para identificação do funcionário é expressa com números. Desta forma, cada questionário possui uma letra e um número de identificação, para que seja possível fazer a identificação e posterior associação com as respostas dos vários questionários.

A coleta dos dados sobre a identificação individual teve como objetivo caracterizar a amostra. Em primeiro momento, averiguar os respondentes incapazes de preencher o questionário sem auxílio. Outros fatores como: setor e função, permitiu a informação do nível de exposição ao ruído do respondente e o tempo que está exposto (em anos de trabalho). A idade é um fator importante neste estudo, pois pode influenciar a percepção do trabalhador em relação as questões propostas.

O questionário apresentou valores da análise de confiabilidade através do Alfa de Cronbach inferiores aos obtidos por Arezes (2002) em algumas questões. O questionário foi adaptado conforme alguns dados da análise de confiabilidade e segundo a facilidade de compreensão dos respondentes. O questionário original e o questionário adaptado estão inseridos nos anexos deste trabalho.

O questionário pretende avaliar qual a percepção individual do trabalhador, na percepção individual do risco, na percepção individual dos aspectos relativos à proteção auditiva, na cultura de segurança e fatores organizacionais e no comportamento de risco.