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Parte I – ESTADO DA ARTE/ENQUADRAMENTO TEÓRICO

Capítulo 3 – A utilização das TIC na Educação

3.4. As bibliotecas e as TIC

3.4.2. Ferramentas e instrumentos TIC úteis para o bibliotecário

De acordo com Freitas, Gouveia e Regedor (2012, p. 128):

Dada a existência da enorme massa documental existente, e ser essencial a recuperação dessa informação, o seu armazenamento terá de ser feito com o auxílio de um conjunto de procedimentos ao nível do tratamento técnico que viabilizam essa mesma recuperação e que dá eficácia e eficiência ao sistema.

A catalogação, a partir de recursos eletrónicos, foi, desde cedo, uma das maiores preocupações dos bibliotecários no que concerne a formação na área da informática. As primeiras aplicações de catalogação operavam em ambientes de redes locais, nalguns casos, não podíamos falar de verdadeiros Sistemas de Gestão de Bases de Dados, mas de sistemas de

partilha de ficheiros. As aplicações mais atuais são verdadeiros SGBD que operam, na sua maioria, para além das redes locais, ou seja, na rede de área alargada que se estende à totalidade do globo e é vulgarmente conhecida por internet. Com o aumento das velocidades das redes de computadores, melhorias no hardware e no software, a existência de catálogos online consignou uma evolução natural, que acompanha a atual linha de desenvolvimento que tem vindo a registar um aumento exponencial de serviços locais e físicos, os quais transitaram para o mundo virtual da internet.

Aplicações como o Koha, Biblionline, Porbase, entre outros, permitem o funcionamento online, onde os utilizadores e administradores dos sistemas, para usar o serviço, apenas necessitam de um equipamento com acesso à internet e que execute um explorador da mesma. Esta nova filosofia de trabalho permite que as Bases de Dados e as respetivas aplicações sejam geridas remotamente, pelo que não necessitam estar sitiadas no mesmo local da organização. A título de exemplo, em São Brás de Alportel, catálogos de várias bibliotecas do concelho estarão disponíveis a partir de uma solução tecnológica que se encontra implementada na infraestrutura informática da Câmara Municipal. Este tipo de soluções liberta recursos e permite que o bibliotecário se foque na indexação e atualização do catálogo dispensando os detalhes mais técnicos, como é o caso da manutenção de software, equipamentos e execução de backups regulares.

Para além da gestão de um catálogo online, o bibliotecário deverá conhecer soluções de aluguer digital e estar capacitado para efetuar a gestão deste tipo de aplicações que estão a aparecer no mercado. Usualmente, as soluções de aluguer digital requerem que os utilizadores instalem um leitor nos seus tablets, smartphones ou computadores, a partir dos quais poderão aceder aos livros, durante um determinado período de tempo. Nos Estados Unidos a Overdrive detém cerca de 90% de cota de mercado e nota-se alguma falta de concorrência num mercado em clara expansão. Embora alguns gigantes, como a Amazon, estejam a fornecer serviços de aluguer digital no mercado Norte-americano, na Europa e Portugal, em particular, com colaboração da Biblioteca Nacional, já disponibilizam este tipo de serviços através das plataformas www.ileio.com e www.euebooks.com. A título de exemplo, a aplicação CopySafe PDF Protector permite a disponibilização de títulos no formato de ficheiro pdf, sem que os utilizadores consigam efetuar cópias não autorizadas. De facto, existem algumas soluções no mercado que podem e devem ser exploradas, no sentido de prover um serviço que vai ao encontro de um novo perfil de utilizadores, também conhecidos na gíria por cibernautas, que dificilmente se deslocarão a uma biblioteca física, mas que

facilmente recorrerão ao aluguer digital. Embora se trate de um processo algo impessoal e com implicações sociais, uma biblioteca do séc. XXI deverá atender a todos os nichos de mercado.

Paralelamente, podemos pensar nos serviços online, aqui mencionados, como oportunidades de negócio; analogamente, poderemos ver esta transição como a loja física que passou a comercializar os seus produtos e serviços online, alargando, assim, a sua abrangência e a capacidade de captar novos clientes.

Bibliotecas de grande dimensão, normalmente, para manutenção do parque tecnológico, contam com a prestação de serviços de empresas do ramo informático ou outro tipo de soluções de outsourcing dedicado. Este projeto visou pequenas bibliotecas que integram os agrupamentos escolares que, na maioria dos casos, não contam com recursos humanos especializados ou, quando os possuem, a manutenção dos serviços electrónicos da biblioteca escolar ficam delegados para segundo plano. Nesta perspetiva, para o professor bibliotecário em particular, será útil conseguir dar uma resposta à manutenção de equipamentos eletrónicos e à preservação de informação digital. Há imensos provedores de serviços de nuvem1 no mercado a fornecer serviços de alojamento de dados que podem ser pagos ou não; temos ainda soluções locais que fazem recurso a equipamentos do tipo Network Attached Service, a partir dos quais podemos fornecer os nossos próprios serviços de nuvem. A importância deste tipo de funcionalidades prende-se com a necessidade de manter sistemas de informação redundantes e à prova de falhas. Uma base de dados de uma biblioteca é sinónimo de milhares de horas despendidas na introdução e respetiva atualização dos dados e não podemos, inadvertidamente, sujeitar-nos à perda desses dados. Mesmo que o bibliotecário não saiba implementar este tipo de serviços convém que esteja a par e reconheça a necessidade de ter na sua biblioteca implementados estes mecanismos redundantes de preservação de informação, pelo que esta temática foi uma das ofertas formativas que surgiu como proposta, de várias hipóteses, no questionário previamente aplicado aos professores de informática e professores bibliotecários que viriam a frequentar as ações de formação.

Uma biblioteca, como qualquer outra organização, necessita de se autopromover e até reinventar, sempre que se revele necessário. As TIC fornecem excelentes instrumentos para promover estes espaços do conhecimento... De que forma? São várias as formas, mas algumas das que estão atualmente em destaque são: apresentações multimédia online e interativas (a

1 Os serviços de nuvem reportam-se a alojamento e a aplicações que estão disponíveis a partir de

ferramenta Prezi serve perfeitamente este propósito), a produção e edição de vídeos que promovem e dão visibilidade às atividades que se desenvolvem na biblioteca, concretização de projetos tecnológicos no espaço da biblioteca, como é o caso da robótica ou da criação de histórias interativas (exploração de kits Lego NXT Mindstorm, Arduino e Scratch). Este tipo de atividades atrairá um novo tipo de público que se verá compelido a usar os recursos da biblioteca para atingir as metas dos projetos em que os indivíduos estarão envolvidos.