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Ferramentas e Técnicas para o Planejamento das Respostas aos Riscos

2. RISCOS E GERENCIAMENTO DE PROJETOS

2.4 Planejamento das Respostas aos Riscos

2.4.3 Ferramentas e Técnicas para o Planejamento das Respostas aos Riscos

Existem várias estratégias para responder aos riscos. A estratégia com mais chance de ser efetiva deve ser selecionada para cada risco. Então ações específicas devem ser desenvolvidas para implementar esta estratégia. Podemos selecionar estratégias primárias e de reserva (Plano B).

Pode-se citar como estratégias para os riscos adversos:

a) Evitação: Consiste em modificar o plano do projeto para eliminar a causa do risco. A

equipe do projeto jamais poderá eliminar todos os riscos, porém alguns riscos específicos podem ser evitados.

Como exemplo, um pneu esvaziado pode ter o risco evitado usando pneus à prova de furo, como os usados em veículos militares e automóveis blindados, mas é uma solução cara e que diminui o conforto.

Algumas causas de risco que surgem no início do projeto podem ser eliminadas com a clarificação das exigências, a obtenção de mais informações, a melhoria da comunicação ou a obtenção de experiência.

A redução do escopo para evitar tarefas de alto risco, a ampliação de recursos e prazos, a abordagem tradicional em vez de uma inovadora ou o uso de um subcontratante bem conhecido em vez de um desconhecido são exemplos de evitação.

As ações para evitar risco podem causar novos riscos, que são denominados riscos colaterais ou riscos secundários de menor severidade, que devem ser acrescentados à lista de riscos e analisados como foi feito com os riscos principais. Em uma analogia com os remédios contra doença, seriam os efeitos colaterais das nossas respostas. Por exemplo, a redução do escopo para eliminar certo risco pode resultar num risco colateral, cujo efeito é uma perda de qualidade do produto.

b) Transferência: É procurar transferir o impacto de um risco para terceiros, juntamente com a responsabilidade pela resposta. Transferir o risco não o elimina, mas simplesmente dá a um terceiro a responsabilidade pela sua gerência.

Tomando-se como exemplo uma hipótese de um pneu furar em uma viagem, pode- se viajar de táxi. O trabalho de trocar o pneu é transferido para o motorista. Persistem, porém, os outros efeitos, que não são transferidos: atraso na viagem, prejuízos, etc...

A transferência do risco quase sempre envolve o pagamento de um prêmio para os terceiros que assumem o risco. A transferência da responsabilidade por um risco é mais fácil tratando-se de exposição a um risco financeiro.

Há dois tipos de transferência de risco no mercado financeiro: o hedge e o seguro. No hedge elimina-se o risco de perda, abrindo mão de um eventual ganho da contrapartida. Por exemplo, caso se precise de dólares daqui a dois meses e se houver previsão que a taxa de cambio vai subir, fecha-se a compra hoje. Se o cambio subir não se terá perda, que foi transferida para o vendedor. Se o cambio baixar, a diferença não será ganha.

Nos produtos tipo seguro paga-se um prêmio para eliminar o risco de perda, mas conserva-se o potencial de ganho. São deste tipo as opções (há diversos tipos), que dá o direito (mas não a obrigação) de comprar os dólares daqui a dois meses pelo preço fixado. Se o dólar baixar não será exercida a opção e será comprado o dólar no mercado.

Contratos podem ser usados para transferir responsabilidade por riscos específicos para outra parte. Cláusulas contratuais podem ser inseridas para especificar a responsabilidade de cada parte por riscos específicos, caso eles ocorram, e por seguros, serviços e outros itens adequados.

Um contrato de preço fixo pode transferir o risco para um fornecedor se o desenho do projeto for estável. Um contrato tipo custo, mais administração deixa mais risco para o comprador, mas pode ajudar a reduzir custos se houver previsão de mudanças no meio do projeto.

Além da possibilidade de riscos colaterais ou riscos secundários causados pelas ações de transferências, há também muitas vezes o risco residual, de menor severidade, que é a parte de risco que não foi transferida. Como exemplo, pode- se citar a franquia de um seguro de automóvel. Neste caso a probabilidade é a mesma, mas o impacto é menor.

c) Mitigação: É procurar diminuir a severidade do risco para abaixo de um limiar

aceitável.

O uso do dígito de verificação introduzido pelo computador é um exemplo de resposta mitigadora. Outro exemplo é o uso das partidas dobradas na contabilidade.

Agindo cedo para impedir um risco de ocorrer é mais eficaz do que tentar consertar as consequências depois que ele ocorreu. Os custos da mitigação devem ser adequados, dado o impacto esperado e a probabilidade do risco.

A mitigação do risco pode tomar a forma de mudança do plano para reduzir a severidade, por exemplo, adotando processos menos complexos, realizando mais testes de engenharia, escolhendo um fornecedor mais confiável ou introduzindo redundância num subsistema para reduzir o efeito resultante da falha do componente original.

A mitigação pode envolver mudança de condições de modo a reduzir a probabilidade de o risco ocorrer, por exemplo, aumentando recursos e tempo no programa. A mitigação pode indicar o desenvolvimento de um protótipo para reduzir os riscos da escalada a partir de um modelo de laboratório.

Quando não é possível reduzir a probabilidade, a resposta mitigadora pode tentar reduzir o impacto do risco. Tomando novamente como exemplo o caso do pneu esvaziado, pode-se adotar pneu sem câmara, que esvazia mais lentamente e permite rodar com ele murcho em baixa velocidade. No mercado financeiro demonstra-se que a diversificação das aplicações diminui a probabilidade do risco de perda.

Como resultado da mitigação tem sempre um risco residual, com menor severidade, geralmente pela diminuição da probabilidade. Também podem surgir riscos colaterais, causados pelas respostas da equipe do projeto.

d) Aceitação: Esta resposta significa que a equipe do projeto decidiu não tomar

nenhuma providência antecipada sobre este risco, seja porque tem pequena severidade, seja porque não conseguiu identificar outra estratégia adequada de resposta.

No exemplo do pneu furado a aceitação consiste em não tomar nenhuma das providências sugeridas anteriormente. Evidentemente, a aceitação não pode causar riscos colaterais e todos os riscos aceitos são automaticamente riscos residuais.

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