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Fibra em Detergente Neutro

No documento FERNANDO HENRIQUE TEIXEIRA GOMES (páginas 36-40)

4.2. Degradabilidade in situ

4.2.2. Fibra em Detergente Neutro

Na Tabela 5 podem ser vistos os parâmetros de degradação ruminal da fibra em detergente neutro.

TABELA 5 - Parâmetros de degradação ruminal da fibra em detergente neutro (FDN) incubadas no rúmen da torta de mamona tostada (TMT), torta de mamona cozida (TMC), farelo de mamona (FM), farelo de mamona destoxicado (FMD), casca de mamona (CM), casca de pinhão-manso (CP) e semente de pinhão-manso (SP) Co-produtos Parâmetros R2 D I C FM 75,79 34,58 0,0403 97,26 CM 89,41 3,22 0,0101 97,86 CP 67,85 23,52 0,0258 99,37

D – fração potencialmente degradável; I – fração não degradável; c – taxa de degradação; R2 – coeficiente

de determinação.

A CM apresentou fração potencialmente degradável superior (89,41%) aos demais co-produtos e fração não degradável inferior (3,22%) em relação aos mesmos, como apresentado na Tabela 5, podendo-se atribuir esse resultado ao menor teor de lignina e de celulose da CM em relação à CP e do menor teor de lignina da CP quando comparado ao FM (Tabela 1). O menor valor verificado de fração não degradável da FDN da CM tem importância, já que o consumo máximo de matéria seca digestível é afetado mais pela proporção de fibra indigestível e taxa de passagem do que pela taxa de digestão da fibra. Assim, a embora CM, tenha apresentado taxa de degradação de 0,0101/h, sendo inferior à CP de 0,0258/h, é um alimento que pode restringir menos o consumo de matéria seca que a CP. A taxa de degradação da FDN da CP foi superior à CM, comportamento semelhante à taxa de degradação da MS, mostrando, assim, a

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íntima relação entre a degradação da MS e da FDN para co-produtos fibrosos neste estudo.

Para a taxa de degradação e para a DE (Tabela 6), foram observados que o FM apresentou maior valor, com taxa de 0,0403/h, com DE de 50,65, 33,82 e 25,39, para 2, 5 e 8%/h. Analisando a composição deste alimento, verifica-se que as cascas apresentaram valores de FDN, FDA, hemicelulose e celulose superiores ao do FM, embora o FM tivesse apresentado teor de lignina e de PB mais elevados. Portanto, o maior valor da fração não degradável do farelo de mamona pode estar associado ao seu alto teor de lignina, embora, como observado, tenha apresentado melhor degradação. Chizzotti et al. (2005) trabalhando com degradabilidade in situ da FDN da casca

de algodão encontraram taxa de degradação de 0,0146/h, fração indigestível de 14,55% e fração potencialmente degradável de 68,46%. A CP apresentou fração D semelhante, com maior fração indigestível (23,52%) e uma maior taxa de degradação (0,0258/h).

A determinação das frações de FDN, potencialmente degradável e não- degradável auxiliam na estimativa do teor de nutrientes digestíveis totais (NDT) que conforme NRC (2001) é função, principalmente, do teor de FDN do alimento e das suas frações (D e I).

Os coeficientes de determinação (R2) das equações para a degradabilidade da fibra em detergente neutro foram superiores a 97,0%, como mostrado na Tabela 5, indicando um bom ajuste dos dados do desaparecimento desse componente no tempo para os co-produtos testados.

Na Tabela 6 pode ser visto a degradabilidade potencial e efetiva da fibra em detergente neutro dos co-produtos da mamona e do pinhão-manso.

Observou-se incremento da DE da FDN com a diminuição da taxa de passagem, sendo semelhante à DE da MS, mostrando que ambas são positivamente correlacionados, conforme já discutido a Tabela 3. Também foi verificado que o FM apresenta DE superior aos demais co-produtos, considerando todas as taxas de passagem, mostrando que a FDN do FM possui degradação no rúmen superior do que a FDN da CM e CP. Quando se comparou a CP com a CM, observou-se que a primeira obteve DE superior à segunda para todas as taxas de passagens.

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TABELA 6 - Degradabilidade potencial (DP) e degradabilidade efetiva (DE) da fibra em detergente neutro (FDN) torta de mamona tostada (TMT), torta de mamona cozida (TMC), farelo de mamona (FM), farelo de mamona destoxicado (FMD), casca de mamona (CM), casca de pinhão-manso (CP) e semente de pinhão-manso (SP). Co-produtos DP (%) DE (%) 2 5 8 FM 75,79 50,65 33,82 25,39 CM 89,41 30,00 15,02 10,02 CP 67,85 38,22 23,09 16,54

Na Figura 3 pode ser visto o resíduo de incubação dos co-produtos da mamona e do pinhão-manso.

FM = 75,79e-0,0403t + 34,58, R2 = 97,26%; CM = 89,41e-0,0101t + 3,22, R2 = 97,86%

CP = 67,85e-0,0258t + 23,52, R2 = 99,37%

FIGURA 3 - Resíduo de incubação da FDN do farelo de mamona (FM), casca de mamona (CM) e casca de pinhão-manso (CP).

Com relação à curva do resíduo de FDN, observou-se que, simultaneamente ao aumento do tempo de incubação, ocorreu diminuição do resíduo, aumentando, assim, o desaparecimento da FDN. A curva referente ao comportamento do desaparecimento da CP mostra que o mesmo ocorre numa velocidade de desaparecimento maior que a CM, embora no último período de incubação o desaparecimento seja semelhante entre os mesmos.

Na Tabela 7, pode ser visto o resíduo de incubação ruminal da FDN nos períodos de incubação dos co-produtos da mamona e do pinhão-manso.

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TABELA 7 - Resíduo de incubação ruminal da FDN nos períodos de incubação torta de mamona tostada (TMT), torta de mamona cozida (TMC), farelo de mamona (FM), farelo de mamona destoxicado (FMD), casca de mamona (CM), casca de pinhão-manso (CP) e semente de pinhão-manso (SP)

Alim. Tempos de Incubação (h)

0 6 12 18 24 36 48 72 96 120 144 FM 110,37 94,09 81,31 71,27 63,39 52,35 45,54 38,75

CM 92,63 87,37 82,42 77,77 73,38 65,37 58,28 46,43 37,13 29,83 24,10 CP 91,37 81,64 73,31 66,17 60,05 50,32 43,19 34,11 29,22 26,59 25,17

De acordo com o resíduo da FDN ao longo dos tempos de incubação (Tabela 7), observou-se diminuição da FDN com a elevação do período de incubação, atingindo no FM resíduo máximo no tempo 72 h, de 38,75%, que corresponde a um desaparecimento de 61,25%. A CP apresentou velocidade de desaparecimento da FDN da CP foi maior que a CM, embora tenham atingido desaparecimento final semelhante, com a CM atingindo 24,1% e a CP chegando a 25,17%. A CM apresentou diminuição no resíduo de incubação até o tempo 120 h, quando atingiu resíduo de 29,83%, tendendo a estabilização do resíduo a 24,10%, cessando o desaparecimento. Quanto à CP, foi observado que a partir do período 96 h o resíduo permaneceu praticamente o mesmo até o último período (29,22%).

Pode ser observado que o FM não demonstrou maior desaparecimento no tempo 72 h que a CP, sendo superior que a CM (Tabela 7). Se o FM apresenta teor de PB mais elevado que as CM e CP, por outro lado tem maior teor de lignina que as cascas, o que contribuiu para seu desaparecimento não ter sido consideravelmente superior.

O valor observado do resíduo da FDN no tempo zero para o FM, quando o saco com a amostra é apenas lavado, foi superior a 100%, podendo ser devido à contaminação com lauril sulfato da solução de detergente neutro. Para as CM e CP verificou-se um pequeno escape de partículas no período zero, tendo em vista que a FDN possui fração solúvel insignificante.

As CM e CP, embora possuam elevados teores de fibra, apresentaram níveis de degradação satisfatórios, o que possibilita o seu uso na alimentação de ruminantes. Os co-produtos mais fibrosos devem ter atenção quando adicionados à dieta pela possibilidade de limitação da capacidade de enchimento do rúmen e diminuição no consumo de MS. Outros autores estudaram também a possibilidade de inclusão de alimentos fibrosos em rações em substituição aos ingredientes comumente utilizados como casca de café, casca de algodão, subprodutos da acerola etc.

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No documento FERNANDO HENRIQUE TEIXEIRA GOMES (páginas 36-40)

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