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3. OBJETIVOS

5.3.3. Figura-Fundo da Leiter-R

Primeiramente são apresentados na Tabela 38 os valores de Kolmogorov-Smirnov e Teste de Levene para o subteste Figura-Fundo (FF) de acordo com os grupos etários. Valores de significância para Kolmogorov-Smirnov indicam a normalidade da distribuição dos dados em todas as faixas etárias no que tange ao desempenho no subteste FF. Já a significância obtida pelo Teste de Levene mostra que não há homogeneidade nas variâncias.

Tabela 38. Valores de Kolmogorov-Smirnov Z e Levene de acordo com grupos etários para o subteste Figura-Fundo.

Idades Kolmogorov-Smirnov Z (p) Levene (p)

3 1,091 0,185

4 0,951 0,326

5 1,208 0,108

6 0,704 0,705

2,982 0,032

Nas estatísticas descritivas apresentadas na Tabela 39, pode ser observado que há um aumento na média obtida no FF conforme aumento das idades. Entretanto, foram observadas as mesmas variações na pontuação para crianças de 4 e 5 anos de idade. Além disso, crianças com 5 anos de idade apresentaram valor alto para o desvio padrão indicando maior heterogeneidade de desempenho nesta faixa etária em relação às outras. Tabela 39: Estatísticas descritivas para o subteste Figura-Fundo de acordo com os grupos etários.

Idades N Média DP Mínimo Máximo Porcentagem

de acertos

3 33 8,97 1,91 5 13 28,93

4 72 10,90 3,01 6 19 35,16

5 84 13,86 12,85 6 19 44,70

6 51 14,98 3,31 7 21 48,32

Devido a não homogeneidade das variâncias revelada pelo Teste de Levene, optou- se pela análise de variância Kruskal-Wallis para verificar a diferença entre os grupos etários no subteste FF. A Tabela 40 apresenta os valores obtidos pela análise de variância Kruskal-Wallis no FF em função das idades. Os Postos Médios obtidos pela análise Kruskal-Wallis indicam crescimento dos pontos em função da idade, exceto para crianças de 5 anos. Assim, crianças de 5 anos obtiveram Posto Médio de 10 pontos acima do valor do Posto Médio das crianças de 6 anos, que foi de 136,80.

Tabela 40: Teste de Kruskal-Wallis para efeito da idade no subteste Figura-Fundo.

Idades Posto Médio X2 gl p

3 48,91 95,502 3 0,000

4 78,72

5 147,49

6 136,80

Com relação às séries escolares, primeiramente são apresentados na Tabela 41 os valores de Kolmogorov-Smirnov e Teste de Levene para o subteste Figura-Fundo (FF) de acordo com as séries escolares. De acordo com os valores obtidos nestas duas condições pode-se observar que os pressupostos subjacentes a utilização de testes paramétricos só formam preenchidos para os 2º e 3º estágios, não havendo distribuição normal dos dados no 1º estágio. Da mesma forma, o Teste de Levene não apontou para homogeneidade das variâncias.

Tabela 41: Valores de Kolmogorov-Smirnov Z e Levene de acordo com as séries escolares para o subteste Figura-Fundo.

Série Kolmogorov-Smirnov Z (p) Levene (p)

1 1,440 0,032

2 1,265 0,081

3 1,040 0,229

5,354 0,005

Na Tabela 42 são apresentadas as estatísticas descritivas para o desempenho no FF de acordo com as séries escolares.

Tabela 42: Estatísticas descritivas para o subteste Figura-Fundo em função das séries escolares.

Série

(estágio) N Média DP Mínimo Máximo Porcentagem de acertos

1 58 9,64 2,10 6 14 31,09

2 87 11,89 3,07 6 19 38,35

3 90 14,92 2,99 7 21 48,12

A fim de verificar a variância estatística dos desempenhos obtidos em função das séries escolares, foi realizado o teste de Kruskal-Wallis. Tais dados são apresentados na Tabela 43. A análise de Kruskal-Wallis revelou diferença significativa de desempenho no subteste FF com a progressão das séries escolares.

Tabela 43: Teste de Kruskal-Wallis para efeito da série no subteste Figura-Fundo.

Série Posto Médio X2 gl p

1 60,39 87,259 2 0,000

2 107,90

3 164,89

A porcentagem de acertos com relação à idade mostra que as crianças mais novas foram capazes de responder apenas aos itens mais simples em que não há interferência de estímulos distratores, tais como figuras semelhantes, que possam confundir o reconhecimento adequado da figura alvo. Desta forma, tendências desenvolvimentais são corroboradas pela significância estatística observada, indicando que os grupos possuem desempenhos diferentes em função da idade no que concerne a: habilidades de discriminação, reconhecimento, interferência visual.

Juntamente com as habilidades relacionadas ao processamento visual (Gv) descritas nos modelos de Carroll e Gustafsson, o subteste FF também avalia a capacidade de controle inibitório relacionadas às funções executivas. Nesta tarefa especificamente, uma capacidade de controle inibitório adequada impede que a criança aponte estímulos aleatoriamente ou até mesmo inibir respostas referentes a estímulos distratores (Roid e Miller, 1997). Neste sentido, estudos têm apontado evidências para tendências no desenvolvimento desta habilidade conforme progressão da idade. Seu curso de

desenvolvimento começa no início da infância e continua até a adolescência sendo que em indivíduos aos 12 anos de idade já é possível verificar um desempenho próximo ao adulto (Williams e cols., 1999; Huizinga, Dolan e Molen, 2006; Dias, 2009).

As médias de desempenho observadas também mostraram aumento com a progressão das séries escolares em FF de forma semelhante ao que ocorreu em função da progressão das idades. Essa progressão pode ser observada ao longo dos três estágios, indicando que habilidades de busca, reconhecimento, discriminação e interferência visual bem como controle inibitório podem se desenvolver em função da estimulação formal fornecida ao longo da escolaridade.

Neste sentido, os dados corroboram estudos que mostram melhores desempenhos com aumento da série escolar na capacidade de inibir estímulos irrelevantes em função de uma resposta mais adequada. Trevisan e colaboradores (2010) avaliaram a habilidade de controle inibitório de 133 crianças pertencentes ao 1º e 2º estágios do Ensino Infantil e 1º ano do Ensino Fundamental através do Teste de Geração Semântica. Nesta tarefa são apresentadas figuras correspondentes a substantivos e o objetivo é gerar um verbo semanticamente relacionado a cada figura. Há figuras de baixa e alta seleção dependendo do número de ações que podem ser evocadas. Foram calculadas medidas de tempo de reação nos itens de baixa e alta seleção, bem como o efeito de interferência, ou seja, a média do tempo de reação dos itens de alta seleção menos a média do tempo de reação dos itens de baixa seleção. Análise de variância entre as séries controlando o efeito da inteligência revelou diferenças significativas no tempo de reação conforme a progressão dos níveis escolares sugerindo que a escolaridade é uma variável relevante no que tange ao controle inibitório.

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