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Figura 3.29 – Número de amostras animais positivadas para peste, nos focos brasileiros, 1996-

No documento VIGILÂNCIA EM SAÚDE NO SUS (páginas 187-192)

NOVOS MARCOS NA HISTÓRIA DA VIGILÂNCIA, DA PREVENçãO E DOCONTROLE DE DOENçAS E AGRAVOS

As atividades permanentes de vigilância, tais como monitoramento da doença em animais e busca ativa de indícios de eventos de importância epidemiológica, e a adoção contingencial de medidas de controle, tais como tratamento precoce, medidas educativas específicas, intervenção ambiental e desinsetização, têm pos- sibilitado a manutenção e a ampliação da situação de controle da peste no Brasil. Além disso, cerca de 400 mil visitas domiciliares com o propósito de difundir in- formações sobre a doença são realizadas por ano, e em cerca de 30 mil amostras/ ano são realizados exames laboratoriais para o monitoramento da peste animal, cobrindo razoavelmente toda extensão da área endêmica. Cabe destacar que esse monitoramento tem sido aperfeiçoado com o redirecionamento para os canídeos das atividades de captura de animais, detecção e coleta de pulicídeos, uma vez que elas anteriormente focalizavam os roedores.

Ministério da Saúde apóia nova estratégia de tratamento da filariose no Recife

Nos últimos anos, o controle da filariose vem-se apoiando em uma nova estra- tégia, que consiste na administração de dietilcarbamazina (DEC) a todos os resi- dentes em áreas de foco. Pela primeira vez no Brasil essa experiência foi realizada, com o apoio do MS/SVS, em novembro de 2003, no Recife, onde também se in- tensificaram o combate ao vetor e as atividades vinculadas à educação em saúde. A administração do medicamento, de modo coletivo, atingiu, em 2003, 2004 e 2005, respectivamente, cerca de 19 mil, 39 mil e 60 mil pessoas. Além disso, nos bairros endêmicos da Região Metropolitana do Recife vêm sendo realizados, regularmente, levantamentos hemoparasitoscópicos para detecção e tratamento seletivo de por- tadores de microfilárias. Entre 2001 e 2005, foram realizados anualmente cerca de 157 mil exames, com detecção média de 1.100 parasitados, nos quais se adminis- trou o tratamento adequado.

Desde 1997, o Brasil participa do Programa de Eliminação da Filariose nas Amé- ricas, juntamente com outros seis países: Haiti, República Dominicana, Guiana, Cos- ta Rica, Trinidad-Tobago e Suriname. A endemia apresenta uma distribuição de casos nitidamente focalizada em lugares onde as condições sociais e ambientais facilitam a transmissão, como o caso já referido da Região Metropolitana do Recife (RMR), e até recentemente de áreas restritas de Maceió. Em Belém, um tradicional foco brasileiro, as avaliações realizadas permitem inferir que foi atingida a interrupção da transmis- são, pois desde 2002 não mais se detectaram microfilarêmicos, o que se constatou ao examinar 171.702 amostras de sangue de residentes em área de foco. Nas outras duas áreas, houve uma clara redução no Índice de Lâminas Positivas (ILP), que não pode ser atribuída somente a questões operacionais. Em Maceió, o ILP em 2003 foi de 0,08%, reduzindo-se em 2005 para 0,00%, e nos municípios da Região Metropolitana do Recife, com transmissão ativa de filariose linfática, como Recife, Olinda, Jaboatão

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Em outra vertente de atuação do Programa, a avaliação de focos antigos, supos- tamente extintos, também foi iniciada em Salvador-BA e está programada para ser realizada em São Luís-MA.

Ações mantêm oncocercose sob controle

O Brasil participa, juntamente com outros cinco países (México, Guatemala, Equador, Colômbia e Venezuela), do Programa de Eliminação da Oncocercose nas Américas. A ocorrência dessa doença no país está restrita à área Yanomami, loca- lizada nos Estados de Roraima e Amazonas. Em inquéritos epidemiológicos rea- lizados pelo Ministério da Saúde no período entre 1993 e 1997 nessa área, foi en- contrada uma taxa média de infecção de 29,12% (1.247 positivos dentre os 4.283 examinados, quase todos indígenas). Em 1995, foram iniciadas as atividades de controle mediante tratamentos coletivos, semestrais, com o medicamento ivermec- tina, beneficiando mais de 6 mil indivíduos da área endêmica. Desde 2001, vêm sendo atingidas coberturas satisfatórias de tratamento (90% em média), o que tem repercutido muito favoravelmente nos indicadores de avaliação utilizados (parasi- tológicos, oftalmológicos e entomológicos), permitindo antever, a médio prazo, o completo controle da endemia.

3.4 GRANDES INVESTIMENTOS NA VIGILÂNCIA, NA PREVENÇÃO E

NO CONTROLE DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS REEMERGENTES

OU EM SITUAÇÃO DE PERSISTêNCIA

Acréscimo de R$ 6 milhões no Teto Financeiro de Vigilância em Saúde beneficia nove capitais com maior risco para transmissão de dengue

O primeiro surto de dengue registrado no Brasil com comprovação laboratorial ocorreu em 1981, na cidade de Boa Vista, Roraima, quando foram isolados os sorotipos DEN 1 e DEN 4, com sua transmissão restrita a esta cidade. Epidemias de dengue fo- ram registradas somente cinco anos depois, com a introdução do DEN 1 em grandes centros urbanos, como a cidade do Rio de Janeiro e algumas capitais do Nordeste. Entre 1986 e na metade dos anos 1990, a transmissão de dengue no Brasil foi caracteri- zada pela ocorrência de ondas epidêmicas localizadas, mas ainda durante essa década começou a haver um aumento significativo da incidência, decorrente da dispersão do Aedes aegypti e da co-circulação dos sorotipos virais 1 e 2 em diversos estados.

A introdução do sorotipo 3 causou, em 2002, a maior epidemia de dengue no país, cujo epicentro foi o município do Rio de Janeiro, onde foram notificados 794.219 casos de dengue associados a uma maior ocorrência de formas hemorrági- cas (2.714 casos de FHD) e 150 óbitos.

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A atual situação epidemiológica caracteriza-se pela circulação simultânea de três sorotipos virais, pela existência de um grande número de municípios com a presença do Aedes aegypti (3.929) e pela ocorrência da doença em níveis endêmico- epidêmico em todas as regiões do país. Esse padrão atual destaca-se também pelo aumento na notificação dos casos hemorrágicos e pelo surgimento de formas gra- ves, com características que se diferenciam do antigo perfil, tais como ocorrência de febre hemorrágica em faixas etárias mais jovens, a exemplo dos 58 casos notifi- cados em 2001 no surto de Manaus, e o aglomerado atípico de 41 casos de encefalo- mielite pós-infecção por DEN 3 em 2004 no Estado de Rondônia.

Diante da existência de condições propícias para a ocorrência de epidemias de dengue e do aumento dos casos de febre hemorrágica da dengue (FHD), o Mi- nistério da Saúde, em parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde, reali- zou dois seminários internacionais, cujo objetivo principal foi a construção de um consenso internacional sobre as principais medidas para o controle da dengue, considerando as evidências, a curto ou a médio prazos, da impossibilidade de erra- dicação do Aedes aegypti.

Essas discussões subsidiaram a elaboração em 2002 do Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD), que procura incorporar as lições das experiências nacionais e internacionais de controle da doença, enfatizando a necessidade de mudança nos modelos anteriores, fundamentalmente em alguns aspectos essen- ciais, como, por exemplo:

elaboração de programas permanentes, uma vez que não existe qualquer evi- dência técnica de que, a curto prazo, a erradicação do mosquito seja possível; desenvolvimento de campanhas de informação e de mobilização das pessoas, no intuito de criar uma maior responsabilização de cada família para manter o ambiente doméstico livre de potenciais criadouros do vetor;

fortalecimento das vigilâncias epidemiológica e entomológica para ampliar a ca- pacidade de predição e de detecção precoce de surtos da doença;

melhoria da qualidade do trabalho de campo no combate ao vetor;

inserção das ações de controle da dengue na rotina dos serviços de atenção bási- ca, como o Programa de Agentes Comunitários de Saúde e o Programa de Saúde da Família;

utilização de instrumentos legais que facilitem o trabalho do poder público na eliminação de criadouros em imóveis comerciais, casas abandonadas, etc.; atuação multissetorial por meio do fomento à destinação adequada de resíduos sólidos e à utilização de recipientes seguros para armazenagem de água; e desenvolvimento de instrumentos mais eficazes de acompanhamento e supervi- são das ações desenvolvidas pelo Ministério da Saúde, estados e municípios.

Desde a implantação do PNCD, estão sendo desenvolvidas estratégias que bus-

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33,3 mil profissionais e aproximadamente 67 mil agentes comunitários de saúde capacitados em estados e municípios;

realização, em parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde, do Curso Internacional de Gestão Integrada para Prevenção e Controle da Dengue, desti- nado aos responsáveis pelos programas de controle da dengue dos estados e dos municípios;

27 LACEN estaduais e, de forma descentralizada, 92 em municípios de referên- cia ou pólos com diagnóstico sorológico implantado;

13 laboratórios de referência estadual para isolamento viral implantados; recursos da ordem de R$ 55 milhões adicionais liberados anualmente para a con- tratação e o pagamento a cerca de 9,3 mil agentes de campo em 587 municípios prioritários;

Teto Financeiro de Vigilância em Saúde (TFVS) readequado, com um acréscimo de R$ 6 milhões, beneficiando nove capitais com maior risco para ocorrência de transmissão de dengue;

4.319 municípios com sistemas de informação sobre as atividades de campo de combate ao vetor, implantados, com produção de indicadores entomológicos; instrumento de acompanhamento desenvolvido, PNCD implantado nos muni- cípios prioritários e contratação de consultores, disponibilizados para as SES, viabilizada pelo Ministério da Saúde;

realização em outubro de 2005 do Levantamento Rápido de Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa) em 170 municípios, método que permite o mapea- mento das áreas de maior risco de proliferação do mosquito transmissor da den- gue nos municípios prioritários, provendo as prefeituras com informações para a adoção de medidas capazes de reduzir a população do mosquito antes do período mais crítico (Fig. 3.30);

instituição do Dia Nacional de Mobilização contra a Dengue, o Dia D da Dengue, para intensificar a mobilização da sociedade;

criação do Comitê Nacional de Mobilização contra a Dengue, com participação de cin- qüenta entidades da sociedade que desenvolvem atividades específicas no Dia D; realização do Seminário Desafios para Vigilância, Prevenção e Controle da Den- gue em Grandes Centros Urbanos, que definiu as diretrizes para a elaboração de estratégias para o controle da dengue em grandes regiões metropolitanas; elaboração do instrumento legal para apoiar os municípios nas atividades de campo nas quais se verifiquem problemas operacionais, do tipo: casa fechada ou recusa da visita pelo morador;

realização de estudos para avaliação de formulações alternativas de inseticidas e definição de parâmetros para uso nas atividades de controle do vetor.

Como resultado deste esforço, entre 2002 e 2003 ocorreu uma redução de 57,2% no número de casos de dengue, assim como no número de casos de febre hemor- rágica, que passou de 2.714 em 2002 para 709 em 2003, e no número de óbitos, que

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foi reduzido de 150 para 38. Em 2004, o total de casos de dengue caiu 66,05% em re- lação a 2003, com reduções em todas as regiões, e também foi registrada queda no número de casos de febre hemorrágica, com 103 registros em 2004. Em 2005, foram notificados 246.862 casos, que representam um aumento de 110,06% em relação ao mesmo período de 2004. As prováveis causas desse aumento estão relacionadas à dispersão do sorotipo DEN 3 para outros estados e à descontinuidade das atividades de controle em virtude do processo eleitoral nos municípios.

Figura 3.30 – Levantamento de Índices Rápidos de Infestação por Aedes

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