TRANSCRIÇÃO ENTREVISTA Neuza. Data: 15 de setembro de 2010.
Local: Escola Milton Gonçalves COMEÇO DA ENTREVISTA.
Míghian: eu vou só [pausa] colocar pra carregar essas pilhas aqui porque a gente nunca sabe essas pilhas recarregáveis é [pausa]
Neuza: ah não pilha é uma coisa terrível
Míghian: é eu já vim preparada porque eu não posso perder essa oportunidade de de registrar tudo
Neuza: o seu nome é
Míghian: mighian deixa deixa eu te dar essa cartinha de apresentação que eu coloquei na [pausa] naquele questionário que você respondeu
Neuza: ah tá
Míghian: [inaudível] deixa eu achar [pausa]
Neuza: nome diferente né?
Míghian: mighian danae olha cê vê
Neuza: mighian danae
Míghian: então ahn [pausa]
Neuza: aham
Míghian: eu trouxe para você uma carta de cessão vou te explicar mais ou menos o que é que é isso cê tem que me autorizar fazer essa entrevista e depois utilizar tudo que você falou claro sempre em sigilo [pausa] a pesquisa pra universidade então a gente não tem interesse em falar o nome não é uma biografia é pra gente poder analisar realmente a sua trajetória de vida enquanto professora a gente sabe que a vida pessoal tá envolvida durante a entrevista você vai poder me falar um pouco mas eu preciso que você me autorize a fazer isso e isso aqui fala um pouco disso que você me dá autorização para usar sem restrição a audição e a transcrição e é que mais que tem aqui e aí eu que vou controlar isso eu vou ser responsável pela tua fala
Neuza: entendi
Míghian: e aí te dá te dando essa garantia de que não será revelado como tem aqui
Míghian: e aí você precisa assinar isso pra mim pode dar uma lidinha e aí falando também que tanto você abdica do direito quanto seus descendentes isso aqui é uma cartinha bem que todo mundo assina
Neuza: sim não é não não
Míghian: que vai dar uma entrevista mas que a gente acha importante porque algumas pessoas não sabem esse tipo de coisa e eu acho que é legal né?
Neuza: eu acho que te dá um respaldo e [pausa] e uma [pausa] talvez uma certa questão de [pausa] da própria é [pausa] como é que eu vou dizer assim um um um um certo peso respeito pelo seu trabalho
Míghian: é
Neuza: pelo seu trabalho pelo nome da instituição entendeu
Míghian: verdade
Neuza: porque a gente na verdade sempre a gente carrega um certo nome da instituição
Míghian: é mesmo
Neuza: então eu enquanto professora eu também carrego isso
Míghian: verdade
Neuza: eu carrego o nome do Milton Gonçalves eu carrego o nome da prefeitura né
Míghian: verdade [pausa] uma escola pequena aqui né Neuza aqui tem quatro
Neuza: aqui é eu nem sei como você achou a gente [risos]
Míghian: é que eu fui em todas
Neuza: ah
Míghian: todas as EMEIs da Jangada
Neuza: ah entendi entendi
Míghian: aí assim que eu achei aqui mas é bem escondidinha
Neuza: é eu
Míghian: [risos] Cê tá aqui há muito tempo?
Neuza: aqui eu tou há dezenove anos
Míghian: ah é aqui tá falando é dezenove
Neuza: agora a minha irmã é da geociências
Míghian: ah é lá do [inaudível]
Neuza: do [inaudível]
Míghian: ela faz
Neuza: ela é bibliotecária ela é da
Neuza: é da biblioteca da geociências
Míghian: hum que legal eu tou na educação então
Neuza: é então mas de vez em quando eu sei que ela vai lá na educação pegar uns livros
Míghian: fazer alguma coisa
Neuza: não ela vai lá mesmo pra pegar alguns livros eu não sei o que que é que
Míghian: ah que sabe que precisa vai ver empréstimo
Neuza: é é é
Míghian: entre bibliotecas alguma coisa
Neuza: isso é nesse sentido e acho que algumas coisas assim é sobre alguns autores que falam sobre a questão do planeta
Míghian: ah lá na educação
Neuza: e tal alguma coisa de de de te eu acho que ela tava procurando umas coisas do júlio verne porque o júlio verne embora ele ele seja coisa de ficção essa coisa toda mas ele teve que ba
Míghian: sim verdade [risos]
Neuza: teve que se basear né? Então parece que eles tem um lá eles tem um acervo assim pra escolas assim também pra visitação de escolas então aí eles fazem esses paralelos olha cês ouviram falar nessa coisa assim assim? Mas não é bem assim
Míghian: interessante
Neuza: cês já leram tal livro assim assim né
Míghian: olha interessante
Neuza: é é
Míghian: ó então vamos fazer assim vamos começar de verdade né bem organizadinho
Neuza: com certeza
Míghian: meu nome é Mighian como eu já te falei né eu sou estudante da faculdade de educação da universidade de são paulo eu tou estudando um pouquinho sobre as professoras de educação infantil mais especificamente sobre as professoras negras de educação infantil da cidade de são paulo então é
Neuza: interessante
Míghian: é porque na verdade eu eu por ser professora de educação infantil eu percebia que havia um grande contingente de professoras negras de educação infantil mas a gente não tem isso em pesquisas não tem isso se você vai acessar isso no site da prefeitura não tem esse dado específico esse recorte étnico-racial que tem por exemplo na pesquisa que eu fiz aqui então eu mapeei as professoras negras e aí eu fui lá quero encontrá-las e conversar um pouquinho com
elas pra saber da trajetória como é que se tornaram professoras como é que estão agora depois de um tempo já na na
Neuza: na lida
Míghian: na lida né no trabalho pedagógico é um pouco descobrir quem são essas mulheres porque hoje a gente já sabe que essas mulheres não são é [pausa] não são do mesmo grupo é étnico-racial branco são mulheres que são mulheres negras eu quero ouvir como é que elas se relacionam com o mundo com o trabalho com as suas histórias de vida então a ideia era mais ou menos essa eu descobri cento e sessenta e seis professoras negras na negras e ou pardas na Jangada e aí você foi uma dessas cento e sessenta e seis escolhidas
Neuza: que lindo [olhos marejados]
Míghian: [risos] pra dar pra falar um pouquinho sobre a sua história [risos]
Neuza: [emocionada]
Míghian: [risos] porque eu gostei do seu do jeito que você respondeu pra mim era mais ou menos pra encontrar a p [pausa] as professoras que eu fiz perfil o questionário e aí depois de até porque não tem esse dado se eu quisesse procurar você por ser negra eu não ia achar isso lá no site da prefeitura teria que fazer essa primeira fase pra te achar então você jóia é uma rara mesmo [risos]
Neuza: [risos emoção]
Míghian: tá bom? Então vamo começar queria que você falasse seu nome todo
Neuza: eu sou Neuza Prestes Severino
Míghian: queria saber tua idade também
Neuza: tenho quarenta e três anos
Míghian: quarenta e três anos e queria que a gente vamo começar assim da tua infância queria você falasse um pouquinho é da sua infância onde você nasceu sua família irmão parentes o que você julga importante desse momento da tua vida
Neuza: não minha mãe é de itapeva meu pai é de é do sul de são bartolomeu e aí o que que aconteceu na minha minha vida então vamo lá que isso aí é importante assim
Míghian: aham
Neuza: é eu perdi esse meu pai com o qual eu tinha um vínculo assim e tal é [pausa] aos seis anos e meio e foi assim uma a primeira perda da minha vida porque [pigarro] minhas irmãs minhas irmã principalmente essa da USP ela já é nós temos uma lacuna de nove anos né hoje não é tão comum hoje é as lacunas são até maiores mas naquela época nove anos já era muito assim
Neuza: então minha mãe já não queria que que é isso deus me defenda que que eu vou fazer com um bebê menina maior né?
Míghian: [risos]
Neuza: aí minha filha perdi meu pai aos seis anos e meio e minha mãe teve que tomar as rédeas ali da da da das meninas minha irmã tava com quinze eu com seis anos e meio e ela teve que ir trabalhar aí [pigarro] ela foi porque foi assim quando meu pai faleceu mesmo ela teve um papo com ele ali no final nas últimas
Míghian: ah
Neuza: e aí ele falou assim ah eunice eu quero que você estude as meninas então ela tinha aquele compromisso entendeu e agora agora eu tou sozinha e tenho que dar um jeito nessas duas aí aí bom [risos] como tudo que principalmente nas familias né quando a coisa tá meio engripada o povo joga criança pra escola que que a gente vai fazer com essa coisinha então naquela época só entrava com sete anos mesmo minha mãe foi conversou com a diretora e tal porque eu tinha seis anos e meio ainda e eu era chorona porque eu tinha saudade do meu pai era uma uma problemáticazinha e também pré-escola eu não fiz eu entrei tchum! na primeira já tinha já tinha lá que entrar com letra cursiva e tudo
Míghian: nossa isso em que ano?
Neuza: mil novecentos e setenta e três
Míghian: nossa isso naquela época era muito [pausa] hoje em dia você já não encontra né criança imagina naquela época né?
Neuza: ai era complicado aquilo lá e eu sem assim sem preparo de nada na escola não né tinha noção nenhuma eu tchum! Aí [pausa] e aí partir desse momento a escola se tornou pra mim um habitat natural [risos] eu nunca mais saí da escola
Míghian: [risos] pois é né? Mas é é essa uma parte da sua infância pra você que você julga muito importante sua entrada na escola te mostrou um outro
Neuza: é é ele meio que se deu a isso num num teve assim aquela coisa assim ai filhinha sabe ano que vem você vai pra escola olha mamãe vai comprar uma mochilinha uma lancheirinha um isso e aquilo não eu quando eu vi tchum tinha que ta lá aí foi comprando a prestação
Míghian: Sim
Neuza: Entendeu mas num era esse planejamento
Míghian: Aham
Neuza: Era isso que eu quis dizer meu pai morreu em dezembro foi bem em dezembro então fevereiro março eu caí lá
Neuza: Não não eu nasci aqui em são paulo mesmo
Míghian: Eles se conhe se encontraram em são paulo seu pai e sua mãe?
Neuza: Eles se encontraram em são paulo porque minha mãe era pé de valsa ela tinha uma turma um grupo
Míghian: Hum
Neuza: de povo que dançava tudo no homes minha filha ela tinha
Míghian: Hum
Neuza: elas botavam é tanto que assim a grande frustração dela sou eu
Míghian: [risos] porque você não dança?
Neuza: eu não danço nada
Míghian: [risos]
Neuza: eu não sei assim [gestos como se imitando a mãe com jeito de brava] ai meu deus essa filha não sei que é isso
Míghian: olha
Neuza: cê entendeu?
Míghian: aham
Neuza: então ela tinha um grupo era umas umas umas senhoras né umas moças na época tudo e elas iam assim tipo meio que a pé menina era fogo ela iam assim porque o pessoal era ali do itaim bibi mesmo e tal
Míghian: aham
Neuza: então ali naquela época tinha a ponte que era pra atravessar e elas iam de salto agora [inaudível] como cês conseguiam uma coisa dessa
Míghian: [risos]
Neuza: essa façanha mas o fogo era demais né
Míghian: [risos] e numa dessas ela conheceu seu pai
Neuza: aí conheceu meu pai e tudo
Míghian: entendi
Neuza: meu pai meu pai já era assim na época motorista particular
Míghian: hum
Neuza: e então assim sempre engomadinho
Míghian: nossa
Neuza: bigodinho
Míghian: [risos]
Míghian: aham
Neuza: sempre cuidava de de famílias né de crianças assim de
Míghian: aham esse bailes eram freqüentados normalmente por esse grupo pessoas que trabalhavam ali naquela região assim como seu pai também trabalhava na região?
Neuza: isso
Míghian: e à noite num sábado eles se encontravam lá era esse o grupo que ia pra essas festas
Neuza: isso isso é
Míghian: ah
Neuza: então assim a minha mãe ela ia pra casa dessa amiga todas se encontravam ali
Míghian: hum
Neuza: aí lá elas se arrumavam
Míghian: entendi
Neuza: e isso elas queriam que minha mãe passasse batom isso aquilo aquilo outro ela falava não mas não eu não sei esses negócio e tal entendeu
Míghian: aham
Neuza: então era aquele grupo de mulheres ali né iam uma emprestava um treco pa outra um acessório
Míghian: [risos]
Neuza: acessório não sei o quê menina
Míghian: então na verdade sua mãe trabalhava no itam bibi ou não onde era o trabalho ela ou ela morava por aqui
Neuza: não ela não não não não nós ela é ela já se radicava ali no itaim bibi
Míghian: ah morava ali
Neuza: já morava ali
Míghian: trabalhava por ali também?
Neuza: não ela trabalhava pra o lado do centro da cidade
Míghian: hum entendi
Neuza: entendeu era mais tipo acho que bela sintra assim e tal
Míghian: aham
Neuza: porque tinha né tinha que trabalhar por tinha né
Míghian: é porque hoje o itaim bibi é que eu não conheço muito bem eu não sou de são paulo
Neuza: sim
Míghian: é um bairro mais é caro
Míghian: naquela época era mais
Neuza: naquela época ele era um bairro normal assim
Míghian: sim nem tão
Neuza: não tinha num era o point da coisa
Míghian: é mesmo?
Neuza: não não
Míghian: hoje se tornou
Neuza: o point era um pouquinho mais pra frente era a cidade jardim pra frente que era os jardins
Míghian: ah
Neuza: né onde mora lá os malufs e martas da vida
Míghian: aham [risos]
Neuza: ali que não era muito longe não é longe
Míghian: não é longe é
Neuza: e o que é o maluf fez ele abriu a juscelino então ele fez esse acesso
Míghian: ah
Neuza: que foi aí que a coisa [inaudível]
Míghian: entendi
Neuza: que ficou muito próximo shopping iguatemi e as imediações ali dos jardins aí
Míghian: mas aí quando você nasce seu pai e sua mãe tão morando aonde casaram e foram morar
Neuza: nós moravamos ali eu morava numa rua chamada minas de prata
Míghian: hum tá
Neuza: era uma uma um como é que eu vou dizer era uma ruazinha assim uma travessa da eduardo souza aranha que agora a eduardo souza aranha ela fica bem no finalzão assim da
Míghian: aham
Neuza: da da juscelino ali quando ele vai entrar pro túnel né e a avenida santo amaro entendeu
Míghian: entendi e você
Neuza: então era tudo aí o que que aconteceu meu pai teve esse já devia óbvio ter problema de coração
Míghian: aham
Neuza: mas o engenheiro ele chegou e falou pro meu pai olha o senhor vai ter que sair com sua família daqui aí meu pai falou mas porque que eu tenho que sair daqui né ele falou porque
vai passar uma avenida muito grande que não era era eduardo souza aranha né ia se tornar juscelino kubistcheck
Míghian: ah
Neuza: iam ampliar né ia a até porque assim era mais ou menos próximo à camargo correia então essa instituição né a camargo correia e mais algumas outras firmas queriam mais é né um acesso
Míghian: aham
Neuza: né pra eles né aí meu pai falou não não é possível e ficou aquele bochicho na minha família não magina isso não vai acontecer meus tios vinham pra dar um consolo lá pro meu pai não benedito para com isso isso que nada mas o homem falou [inaudível] o homem falou né
Míghian: hum
Neuza: só que a coisa aconteceu aí nós tivemos aí quando nós mudamos só que assim meu pai meu pai era de touro sabe então assim o pessoal taurino e homem principalmente é pessoa que eles são assim muito é resistentes
Míghian: hum entendi
Neuza: então aquilo deu um choque pra ele tanto que meu pai faleceu ele tinha quarenta e sete anos
Míghian: nossa super jovem
Neuza: então isso deu um um um choque mesmo
Míghian: deram alguns dias pra vocês como é que funcionou
Neuza: isso aí na época eu não me lembro bem porque eu era bem
Míghian: bem pequenininha
Neuza: mas sei lá devem ter dado uns três meses né um tempinho assim aí nós mudamos eu me lembro que nós mudamos de lá e fomos pra rua chillon que aí era uma casa assim nós ali na minas de prata era uma casa já independentezinha sabe
Míghian: aham
Neuza: mas aí nós saímos de lá e na chillon esse trezentos e cinquenta e dois não era era uma casa assim tipo tipo cortiço vamos assim dizer né então tinham casas assim na frente
Míghian: aham
Neuza SANTO: Se a nossa já era lá no fundo então até o povo chegar na nossa casa
Neuza: [inaudível] e o povo né falava sabe aquelas coisas mas era assim era um uma casa com um quarto uma cozinha é uma cozinha um quarto e a sala então minha irmã e eu dormíamos na sala e os meus pais no quarto tal era assim
Míghian: e quanto tempo quando seu pai faleceu vocês continuaram morando lá até que idade você ficou ne ali nas imediações
Neuza: é aí quando meu pai faleceu minha mãe ficou muito tristinha e tal aquela coisa toda e a irmã dela foi pra lá vem morar comigo pega essas menina então minha mãe pagava aluguel e ia foi fomos morar acho que três meses lá com a tal da irmã dela lá em são joão climaco
Míghian: aham
Neuza: então moramos lá esses três meses aí brigado né minha tia maria ai chega você suas filha [risos]
Míghian: [risos]
Neuza: aí tudo bem e eu tinha assim muita febre à noite era assim meio conturbado tal vai lá aí a irmã minha outra tia irmã do meu pai falou assim ah não então vem pra cá [risos] aí fomos pras perdizes então onde eu comecei a minha escolaridade foi no pedro segundo que chama é bem
Míghian: aham
Neuza: tem a igreja são geraldo na pracinha e logo assim já é o minhocão sabe tem
Míghian: hum sim
Neuza: o minhocão esqueci o nome elevado costa e silva
Míghian: elevado costa e silva
Neuza: e tal e porque eu me lembro que a minha irmã ia no final de semana pro assistir o silvio santos lá na porta porque a a a rede globo na época era ali sabe
Míghian: olha
Neuza: era era ali embaixo do do do do do minhocão lá e tal
Míghian: aham
Neuza: aí o silvio santos silvio santos não era outro silvio fazia lá o o o programa de domingo e tal não sei quê não sei quê lá então as duas iam né porque elas também meio pé de valsa minha ir minha prima gostava de dançar no palmeiras eita minha filha
Míghian: [risos]
Neuza: [inaudível] e aí e e e mas no domingo elas iam pra lá
Míghian: aham
Neuza: sabe e tal [inaudível] engraçado assim aí eu comecei lá
Neuza: aí depois aí depois desses seis meses nós retornamos pro itam aí continuamos [inaudível]
Míghian: aí isso você ficou na pedro segundo estudando até que idade
Neuza: fiquei não fiquei ali alguns meses
Míghian: ah
Neuza: aí nós já saímos de lá e eu já fui pro siciliano josé [inaudível] uma escola estadual na juscelino kubistchek aí eu fiz todo o meu fundamental nessa escola ela só
Míghian: hum
Neuza: ela só existe hoje
Míghian: ela existe?
Neuza: existe o nome eu voto inclusive o nome né porque o prédio onde eu estudei
Míghian: olha
Neuza: foi implodido porque quando o maluf abriu a juscelino né tinha que varrer um monte de coisa aí foi-se embora a unidade onde né o prédio onde eu estudei mas ela existe
Míghian: a escola foi transferida então ela continua
Neuza: é aí eles fizeram um prédio novo na rua cojuba entendeu?
Míghian: hum entendi agora você como é que era a sua relação com a sua mãe com as pessoas mais velhas da sua família essas tias a sua vó
Neuza: todo mundo era véi né? [risos]
Míghian: [risos] é na sua tinha seis anos e meio né quanto dez oito mas como era essa relação com as mais velhas que a sua mãe sua avó vô
Neuza: não não
Míghian: você tinha eram vivos
Neuza: não não a eu acho assim que a segunda frustração da minha vida primeiro foi ter perdido
Míghian: seu pai
Neuza: meu pai né e eu não ti quando eu vi já não tinha ninguém não tinha vó não tinha ninguém e eu sempre quis ter avó puta meu eu queria ter avó ah eu queria ter avó
Míghian: sua avó mãe do seu pai tava em são bartolomeu ou não moravam em são paulo
Neuza: não não eles tinham eles tinham vindo pra cá né mas acontece que
Míghian: aham
Neuza: num tinha mais ninguém entendeu essa minha vó o que eu conheço dela principalmente essa mãe do meu pai ela de uma foto