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Finalidades da Suspensão de Direitos Políticos em Decorrência de Ato de

3 A SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS E O ATO DE IMPROBIDADE

3.2 Finalidades da Suspensão de Direitos Políticos em Decorrência de Ato de

A suspensão dos direitos políticos em decorrência de atos de improbidade administrativa é uma sanção constitucional que visa a resgatar a moralidade administrativa, ao subtrair-se a capacidade cívica do cidadão, tolhendo não só a sua elegibilidade, mas também o seu direito de ascender de qualquer outra função pública e a prerrogativa de promoção de ação popular.

Possui, portanto, a suspensão de direitos políticos dos agentes públicos que cometem atos de improbidade administrativa eficácia inibitória da grande imoralidade administrativa vivenciada na Administração Pública.

Constitui-se uma restrição de direitos ou uma inabilitação temporária para o exercício da função pública, sendo variável conforme a espécie de improbidade administrativa praticada, de acordo com os incisos I a III do artigo 12 da Lei 8.429/92.

Para Wallace Paiva Martins Junior, a finalidade da suspensão dos direitos políticos, punitiva da inabilitação moral do sujeito, é suprimir por prazo certo seus direitos políticos, evitando que adquira outra ou nova função pública.20

O efeito da suspensão dos direitos políticos, como sanção civil, atinge-se com a condenação transitada em julgado na respectiva ação civil pública, não sendo necessário a jurisdição eleitoral, por força do disposto nos artigos 15, V e 37, §4° da Constituição Federal e o artigo 12 da Lei 8.429/92, pois na jurisdição civil, constitucionalmente prevista, o ato já foi considerado de improbidade administrativa e seus responsáveis punidos.

O combate à improbidade administrativa está diretamente entrelaçado à perspectiva de efetividade das sanções a ele cominadas. Quando perceptível ao agente público ímprobo que reduzidas são as chances de que sua esfera jurídica seja atingida em razão dos ilícitos que perpetrou, aumenta-se a prática de atos de improbidade administrativa.

É absolutamente inútil a cominação de severas sanções se os mecanismos de controle e de execução são ineficazes. O temor que reduzirá o ímpeto do agente para a prática do ilícito surge a partir da constatação de que uma sanção será inevitavelmente aplicada. Ao revés, não obstante a cominação legal, havendo a certeza de que a sanção não se efetivará, o temor se transmuda em estímulo, em muito enfraquecendo os meios inibitórios do agente.21

Portanto, a perspectiva de ser descoberto, detido e julgado, com a conseqüente efetividade das sanções a ele cominadas, atua como elemento inibidor da prática de atos de improbidade administrativa.

20 MARTINS JÚNIOR, Wallace Paiva. Op.cit, p. 324

Além do aspecto jurídico da sanção de suspensão de direitos políticos do agente ímprobo, o agente público, em especial os que exercem função política, prezam bastante pela reputação que ostentam e uma condenação por ato de improbidade em que terá, irremediavelmente, seus direitos políticos suspensos, modificando-se, somente, o período de suspensão, de acordo com o tipo de improbidade cometida, reduz, sensivelmente as perspectivas de êxito em um pleito futuro.

A efetividade da sanção de direitos políticos é necessária para afastar do meio político agentes já tão corrompidos pela prática de atos de improbidade, buscando-se, dessa forma, punir o mau agente que utilizou-se indevidamente do poder a ele conferido pelo povo.

Para que seja maior a efetividade de tal sanção, todavia, é necessária uma grande contribuição popular no sentido de impedir que pessoas que já provaram não ter honestidade e boa fé para lidar com o interesse público, retornem a exercer suas funções políticas, sendo reeleitos depois de cessado o período de suspensão dos direitos políticos.

Se a fiscalização popular fosse mais rigorosa no sentido de punir adequadamente aqueles que se utilizaram de um mandato eletivo para se beneficiarem e enriquecerem às custas do dinheiro público, bem maior seria a eficácia da sanção de suspensão dos direitos políticos e menores seriam as probabilidades de ocorrência de atos de improbidade, pois os agente públicos, em especial os agentes políticos, teriam a noção do imenso dano que suas condutas corruptas lhe acarretariam.

A sensação de impunidade e a falta de consciência popular são, portanto, elementos incentivadores da má conduta dos agentes públicos que, cientes de que nenhuma punição lhes será devida, praticam inescrupulosamente atos de improbidade administrativa.

É necessário, pois, inibir-se a conduta do agente ímprobo, de forma que este tenha consciência de que seus atos ilícitos serão devidamente punidos e que tal punição lhe trará repercussões, em razão do repúdio da sociedade à figura da improbidade administrativa.

Destarte, a devida implementação das sanções, em especial a suspensão de direitos políticos, terá como sucedâneo a lenta e paulatina diminuição dos próprios custos com os mecanismos de controle, já que, na medida em que se difunde a repulsa à ilicitude, diminuirá, de maneira relevante, o número de agentes públicos que intentarão aventurar-se na sua prática.

A Improbidade Administrativa é um mal que deve ser combatido com medidas eficazes para coibir o mau uso da coisa pública por pessoas que não regem suas condutas com base nos princípios administrativos e morais, tais como a boa-fé e a honestidade.

A conduta inescrupulosa dos maus agentes públicos, praticando atos de flagrante improbidade administrativa, tornou necessária uma disciplina repressiva, culminando em sanção constitucional e dando origem à Lei 8.429/92.

A suspensão dos direitos políticos é sanção aplicada a todas as espécies de improbidade administrativa, variando apenas no referente à quantidade de anos que o agente público ímpobro será privado de exercer sua cidadania.

Portanto, de acordo com o artigo 12 da Lei Federal 8.429/92, o período de suspensão dos direitos políticos do mau agente público será de oito a dez anos na hipótese de enriquecimento ilícito; de cinco a oito anos nos casos de lesão ao erário; e de três a cinco anos, na hipótese de infração aos princípios da Administração Pública (inc. III).

É finalidade crucial da suspensão dos direitos políticos, punitiva da inabilitação moral do sujeito, a supressão por prazo certo dos direitos políticos do agente ímprobo, evitando que este adquira outra ou nova função pública.

A conseqüência imediata da suspensão dos direitos políticos é a perda temporária da capacidade eleitoral ativa e passiva, estando o condenado por ato ímprobo impedido de votar e ser votado enquanto durarem os efeitos da suspensão.

É imensa a preocupação evidenciada nos dias atuais com os rumos da Administração Pública, tendo em vista a crescente corrupção dos agentes públicos, bem como a impunidade que serve de estímulo aos maus funcionários, que, cientes da falta de sanção efetiva de seus atos inescrupulosos, olvidam de cumprir com suas obrigações perante a sociedade.

O combate à improbidade administrativa está diretamente entrelaçado à perspectiva de efetividade das sanções a ele cominadas, devendo-se fazer com que os agentes públicos sintam que a prática de condutas desonestas lhes acarretará uma punição adequada e que não sairá impune.

Para que a sanção de suspensão de direitos políticos seja, de fato, efetiva e produza todos os efeitos a que se destina, todavia, é necessária uma grande contribuição popular no sentido de impedir que pessoas que já provaram não ter honestidade e boa fé para lidar com o interesse público, retornem a exercer suas funções políticas, sendo reeleitos depois de cessado o período de suspensão dos direitos políticos.

Portanto, cabe a todos os cidadãos fiscalizar a conduta dos agentes públicos, em especial, aqueles que são possuidores de mandatos eletivos, tendo em vista a responsabilidade que cada um possui de fazer com que a Administração Pública não mais seja enxergada como uma forma de se enriquecer facilmente ou de se obter vantagens ilícitas e sim, como um meio pelo qual se busca a realização do interesse público e a maior satisfação das necessidades dos cidadãos.

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