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Fiscalização e Regulação dos Serviços de Saneamento Básico

6. ANÁLISE INSTITUCIONAL

6.3.2 Fiscalização e Regulação dos Serviços de Saneamento Básico

Outro aspecto do modelo institucional para gestão dos serviços de saneamento básico, de fundamental importância, refere-se à regulação, fiscalização e

 Existência de plano de saneamento básico;

 Existência de estudo comprovando a viabilidade técnica e econômico- financeira da prestação universal e integral dos serviços;

 A existência de normas de regulação que prevejam os meios para o cumprimento das diretrizes estabelecidas na Lei n.º 11.445/2.007 e seu Decreto n.º 7.217/2.010, incluindo a designação da entidade de regulação e fiscalização;

 A realização prévia de audiência e de consultas públicas sobre o edital de licitação, no caso de concessão, e sobre a minuta do contrato;

 Indicação dos respectivos prazos e metas a serem atendidas;

 Definição de metas progressivas e graduais de expansão dos serviços, de qualidade, de eficiência de uso dos recursos naturais;

 Diferença das condições de sustentabilidade e equilíbrio econômico- financeiro dos serviços incluindo: o sistema de cobrança, a composição de taxas e tarifas e a sistemática de reajustes e de revisões, e a política de subsídios, e,

 Definição dos mecanismos de controle social e as hipóteses de intervenção e de retomada dos serviços.

Destaca-se ainda que no caso em que mais de um prestador execute atividade interdependente com outra, a relação entre eles deverá ser regulada por contrato e haverá entidade única encarregada das funções de regulação, fiscalização e controle. O conteúdo mínimo desse contrato, similares às do contrato de concessão, além das garantias de pagamento recíproco, que inclui a obrigação de destacar nas contas dos usuários os valores devidos a cada prestador, e a impossibilidade de alteração e rescisão administrativa unilateral.

O exercício da função de regulação deverá atender aos seguintes princípios:

 Independência decisória, incluindo autonomia administrativa, orçamentária e financeira;

 Edição de normas relativas às dimensões técnicas, econômicas e sociais de prestação dos serviços tais como:

o Padrões e indicadores de qualidade;

o Requisitos operacionais e de manutenção dos sistemas;

o Medição, faturamento, cobrança e monitoramento dos custos, e, o Aplicação das regras relativas a estrutura, reajuste e revisão de

taxas e tarifas e de auditoria e certificação dos investimentos. Segundo a publicação Valor Econômico, de 22/08/2.012, a regulação dos serviços de saneamento alcançou 2.296 municípios em junho de 2.012, crescimento de 19% em relação ao número daqueles que possuíam regras definidas para o segmento em 2.011. Apesar do avanço, a normatização chegou a apenas 41,3% dos municípios do país, conforme dados divulgados pela Associação Brasileira de Agências de Regulação (ABAR).

A Lei 11.445/2.007 estabelece que todos os serviços de saneamento básico (abastecimento de água, esgotamento sanitário, manejo de resíduos sólidos e drenagem de águas pluviais) devem ser regulados, sob pena de terem seus contratos invalidados, de não serem autorizados a praticar reajustes ou revisões tarifárias e, até mesmo, de não terem acesso a recursos da União, uma vez que os planos municipais de saneamento básico devem ter sua execução acompanhada por agências reguladoras.

A mesma fonte revela que, os municípios também têm tido dificuldade de avançar na implementação de planos de saneamento básico, requisito obrigatório para o acesso aos recursos da União a partir de janeiro de 2.014. Dos 2.296 municípios com regulação, somente 26% dispõem de planos de saneamento.

Tabela 89 - Modelos Institucionais para a Regulação, Fiscalização e Controle dos Serviços de Saneamento Básico

(i) Abrangência Estadual--- 23 (x) (ii) Abrangência Distrital --- 01 (iii) Abrangência Municipal --- 19

(v) Consórcios--- 03

TOTAL 47

(xx) AGENERSA – Agência Reguladora de Energia e Saneamento Básico do Estado do

Rio de Janeiro – Águas de Juturnaíba (Araruama, Silva Jardim e Saquarema) e Prolagos (Armação dos Búzios, Arraial do Cabo, Cabo Frio, Iguaba Grande e São Pedro da Aldeia).

6.3.3 Inter-relação Poder Concedente/Prestadores de

Serviços/Regulador

No estudo comparativo entre Limeira (SP), Niterói (RJ) e a Prolagos (RJ), VARGAS, 2.004, tece algumas considerações sobre o modelo de concessão na escala microrregional, que julga-se de grande importância para o estabelecimento dos debates que irão advir quando das consultas e audiências públicas a serem realizadas na Região dos Lagos, orientando a busca de propostas de arranjos institucionais para a gestão do saneamento básico na Região.

Segundo VARGAS, 2.004, a concessão envolvendo a companhia Prolagos apresenta diversos aspectos originais e relevantes para o tema da privatização/regulação do setor de saneamento, a começar pelas características da então concessionária: tratava-se de empresa controlada 100% pelo grupo Águas de Portugal, que se caracterizava como um conglomerado de “empresas privadas de capital público” controlado pelo Estado português. Por outro lado, era uma das únicas concessões multi- municipais do país na qual o poder concedente foi compartilhado entre os cinco municípios envolvidos (Arraial do Cabo, Armação dos Búzios, Cabo Frio, Iguaba Grande e São Pedro da Aldeia) e o Estado do Rio de Janeiro, revelando que o conflito sobre a titularidade dos serviços de saneamento em áreas urbanas interdependentes (regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões) pode ser equacionado através de soluções negociadas e cooperação intergovernamental. Enfim, a concessão é regulada e fiscalizada por uma agência reguladora estadual multi-setorial, a ASEP, hoje a AGENERSA, dotada de um elevado grau de autonomia financeira e decisória,

além de independência em relação aos poderes concedentes e às concessionárias.

A concessão da Prolagos e da Águas de Juturnaíba – CAJ, faz parte de um processo mais amplo de privatização do saneamento na Região dos Lagos, que envolveu oito municípios previamente atendidos pela concessionária estadual do Rio de Janeiro, a CEDAE, através de um sistema integrado de abastecimento de água, tendo a represa de Juturnaíba como manancial único. É uma região turística cuja população residente totalizava pouco mais de 400 mil habitantes em 2.000, de acordo com o censo do IBGE, mas cuja demanda de água quase triplicava no verão dado o elevado afluxo de turistas e de pessoas domiciliadas em outros municípios que aí possuem residências secundárias.

Diante de vários fatores administrativos operacionais e financeiros da então operadora CEDAE, os oito municípios, juntamente com o Estado, firmaram em meados de 1.996 um convênio para preparar a concessão dos serviços de saneamento à iniciativa privada, com apoio da própria CEDAE. Conforme o convênio, posteriormente reforçado pela criação da microrregião dos Lagos, coube ao Estado preparar o edital e conduzir o processo licitatório, com participação assegurada aos municípios em todas as etapas. A região foi dividida em duas áreas de concessão: a área 1, que viria a ser atendida pela Prolagos, abrangendo os cinco municípios mencionados, cuja população atingia quase 250 mil habitantes em 2.000; e a área 2, envolvendo os municípios de Araruama, Saquarema e Silva Jardim, com pouco mais de 150 mil habitantes no mesmo período, cujos serviços foram concedidos em 1.998, Aguas de Juturnaíba(CAJ).

Através de contrato firmado em abril de 1.998 entre a Prolagos, o governo estadual e os municípios envolvidos, a empresa assumiu a concessão dos serviços de produção e distribuição de água, coleta e tratamento de esgotos da área urbana de Armação dos Búzios, Cabo Frio, Iguaba Grande, São Pedro da Aldeia e Arraial do Cabo (somente água) por um período de 25 anos. Tratando-

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