• Nenhum resultado encontrado

A FIXAÇÃO DO QUANTUM INDENIZATÓRIO NO JEC DO RS

2 O CONCEITO DE DANO MORAL E SUA QUANTIFICAÇÃO

2.3 A FIXAÇÃO DO QUANTUM INDENIZATÓRIO NO JEC DO RS

Como visto, apesar da regra do sistema jurídico nacional ser o do arbitramento judicial, no sistema dos Juizados Especiais do Estado do Rio Grande do Sul, tem-se utilizado o sistema do tarifamento judicial, sendo os seguintes os parâmetros máximos adotados pelas Turmas Recursais, segundo dispôs Maria Augusta Dall’Agnol (2012):

R$20.400,00, para danos com lesões corporais graves e para danos em que ofensas a graves a outros direitos da personalidade é levado a conhecimento de significativo número de pessoas.

R$5.100,00, é o valor de regra adotado para danos morais correspondentes a negativações indevidas de crédito e ofensas com repercussão grave. R$7.650,00 para danos que tenham comprovação de consequências mais graves da negativação ou pela reiterada conduta.

R$2.550,00, para danos causados quando o ofensor possuí reduzida capacidade econômica ou houver contribuição do ofendido para a ocorrência do dano, bem como quando houver a manutenção indevida da restrição ao crédito.

A mesma autora também acrescenta que estes são valores máximos, pois numa análise na jurisprudência pátria, mais precisamente junto as Turmas Recursais do RS, a quantificação dos danos morais, a qual ocorre com base no tarifamento judicial, é outra, esclarecendo que não se recomenda a fixação em salários mínimos para se evitar recurso extraordinário. Assim:

R$1.500,00 ou menos – Quando houver reduzida capacidade econômica do ofensor, ou contribuição do ofendido para ocorrência do dano.

R$3.000,00 – valor de regra adotado para danos correspondentes a negativações indevidas de crédito e ofensas sem repercussão grave. R$6.000,00 – majoração de indenizações por condições especiais das partes ou pela reiterada conduta.

R$12.000,00 – lesões corporais graves(de regra, as partes não optam pelo JEC para lesões gravíssimas); ofensas graves a outros direitos da personalidade, levadas a conhecimento de significativo número de pessoas e/ou com consequências desastrosas para o ofendido.

Como se verifica, a média dos valores fixados pela justiça comum é muito superior ao estabelecido pelo sistema do JEC, razão pela qual deve-se analisar

muito bem onde ajuizar sua ação de indenização por danos morais, em que pese ser o mesmo mais célere e gratuito.

CONCLUSÃO

Ao final do trabalho podemos concluir que os critérios para quantificação do dano moral na justiça brasileira, de certa forma, são eficazes, mas ainda é necessária uma atualização e modificação da forma de fixação de indenizações, pois os sistemas atuais deixam a desejar quando se trata de igualdade, ainda existindo muita disparidade em condenações.

A fixação dos danos morais é de difícil precisão, pois há necessidade de se analisar caso a caso, e em muitas situações existem casos análogos com condenações diferentes, deixando a desejar quanto à credibilidade dos nossos julgadores. Mas temos de reconhecer a dificuldade em verificar a igualdade de casos.

Então, necessitamos de uma revolução quanto à forma de julgar os casos de indenizações com condenações em dano moral, para que a “justiça seja justa”, porém, o nosso país caminha a passos lentos nesse sentido, visto que existem muitas discussões, projetos e ideias, mas não se acha a forma mais adequada, pois todos os prós contam os contras.

Entretanto, o Juizado Especial Cível foi uma grande realização da nossa Constituição Federativa da República de 1988, pois através do procedimento sumaríssimo conseguimos desafogar a justiça comum com processos de pequenos valores e de menor complexidade, que acabavam “rolando” por anos e anos sem uma devida conclusão, restando o Poder Judiciário lento e moroso.

O procedimento célere do Juizado Especial, juntamente com a sua simplicidade, fez com que a população de menos posses econômicas, aderisse ao sistema, devido ao fácil acesso e a gratuidade, bem como a sua eficiência.

Não obstante, a qualidade das nossas decisões do Juizado Especial Cível, principalmente por passar por crivo de magistrados togados, acaba por ser de igual qualidade da justiça comum, nos levando a crer que o JEC é uma enorme criação, primando pela busca pela justiça.

Mesmo com as disparidades em condenações em danos morais, e com a qualidade do serviço judiciário através dos juizados especiais cíveis, a justiça brasileira tem sido satisfatória, porém, é necessária uma modificação constante para acompanhar a globalização e a busca pela eficácia plena das resoluções dos nossos conflitos.

REFERÊNCIAS

ALVIM, J. E. Carreira. Juizados especiais cíveis estaduais: lei 9.099/95. 5. ed. Curitiba: Juruá, 2010.

AMARANTE, Aparecida. Responsabilidade civil por dano à honra. 2. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 1994.

ANTUNES, Julia Cauby de Azevedo. A previsibilidade nas condenações por

danos morais: uma reflexão a partir das decisões do STJ sobre relações de

consumo bancárias. 18/03/2008. Revista Direito GV 9. Acesso em 09/09/2012.

BAROUCHE, Tonia de Oliveira. A competência do juizado especial e a

problemática do valor da causa como parâmetro de complexidade: restrição ao

acesso à justiça. Acesso em 11/10/2012.

______. Os danos morais e o judiciário: a problemática do quantum indenizatório.

Disponível em <http://www.ambito-

juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=9563&revista_caderno =7>. Acesso em 25/06/2012.

BRASIL. ADI n. 4403. Supremo Tribunal Federal. 14 de abril de 2010. ______. Lei 9.099/95. 26 de Setembro de 1995

______. Lei 10.406/2002. Código Civil Brasileiro. 10 de Janeiro de 2002. ______. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. ______. Brasil Resp 255.056/RJ.

______. Brasil Resp 575.023/RS.

______. Enunciados do FONAJE (Forum Nacional de Juizados Especiais). ______. Lei Complementar 123/2006.

CAHALI, Yussef Said. Dano moral. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1998. CARVALHO, Tomas de Lima. Quantificação do dano moral. Disponível em:

<http://www.elcioreis.com.br/publicacoes/dano_moral.pdf>. Acesso em 22/04/2012. CHIMENTI; Ricardo Cunha. Sinopses jurídicas: juizados especiais cíveis e criminais: federais e estaduais. 15 Tomo II. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.

COORDENADORIA DE EDITORIA E IMPRESA. STJ busca parâmetros para

uniformizar os valores de danos morais. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=936 79>. Acesso em 25/09/2012.

DALL’AGNOL, Maria Augusta. Palestra proferida na UNIJUI aula inaugural do

curso de graduação em Direito. Março 2012.

DOS SANTOS, Danielle Parada. O dano moral e a problemática que envolve sua

quantificação. 02/01/2012. Acesso em 10/10/2012.

DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. FERRAZ, Leslie Shérida. Acesso à justiça. Uma análise dos Juizados Especiais Cíveis no Brasil. Rio de Janeiro: FGV, 2010.

FONTES, Simone Roberta. A empresa de pequeno porte e os juizados especiais

cíveis. 22 abril de 2010. Disponível em:

<http://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/2161002/a-empresa-de-pequeno-porte-e-os- juizados-especiais-civeis-simone-roberta-fontes>. Acesso em 15/09/2012.

GASPARIN, Tais. STJ e o valor da indenização por danos morais. Outubro de 2004. Disponível em: <http://www.oabsp.org.br/comissoes2010/direito-propriedade- imaterial/artigos/o-stj-e-o-valor-da-indenizacao-por-danos-

morais?searchterm=stj+e+o+>. Acesso em 20/10/2012.

MINISTÉRIO DA JUSTIÇA. SECRETARIA DE REFORMA DO JUDICIÁRIO.

Juizados especiais cíveis: estudo. Disponível em:

<http://portal.mj.gov.br/reforma/main.asp?ViewID=%7B65097B8F%2D6402%2D469 6%2DA98F%2D70E8EA365F15%7D&params=itemID=%7B115EF290%2DCD8A%2 D4E96%2DB12B%2D092CAE1F9D2C%7D;&UIPartUID=%7B2218FAF9%2D5230% 2D431C%2DA9E3%2DE780D3E67DFE%7D>. Acesso em 20/04/2012.

NALIN, Paulo Roberto Ribeiro. Responsabilidade civil: descumprimento do contrato e dano extrapatrimonial. Curitiba: Juruá, 1996.

REIS, Clayton. Avaliação do dano moral. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2000. ______. Dano moral. Rio de Janeiro: Forense, 1991.

REIS, Roberto Henrique. Curso de direito processual civil: juizados especiais cíveis. 2. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2008.

REVISTA dos juizados especiais: doutrina e jurisprudência. Dezembro 2003. Porto

RODRIGUES, Decio Luiz Jose. Lei dos juizados especiais cíveis: comentada. São Paulo: Lemos & Cruz, 2007.

SADEK, Maria Tereza. Juizados especiais: da concepção à pratica. <http://np3.brainternp.com.br/upload/ihb/arquivo/Maria Tereza Sadek.doc>. Acesso em 15/05/2012.

SANTIN, Janaina Rigo. Juizados especiais cíveis e criminais: um estudo das leis 9.099/1995 e 10.259/2001. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2007.

SANTOS, Ana Claudia Schwenck dos. Quantificação do dano moral no direito

civil brasileiro: critérios e princípios. Disponível em: <http://www.lfg.com.br>. 16 de

dezembro de 2008. Acesso em 12/06/2012.

SEVERO, Sérgio. Os danos extrapatrimoniais. São Paulo: Saraiva, 1996.

SILVA, Antônio Cassemiro da. A fixação do quantum indenizatório nas ações por danos morais. Jus navigandi, Teresina, ano 5, n. 44, 1 ago. 2000. Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/670>. Acesso em 25/07/2012.

VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: responsabilidade civil. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

ZANETTI, Robson. Como avaliar o dano moral de forma objetiva (1). Universo Jurídico, Juiz de Fora, ano XI, 29 de mar. de 2007. Disponível em: <http://uj.novaprolink.com.br/doutrina/3517/COMO_AVALIAR_O_DANO_MORAL_D E_FORMA_OBJETIVA_1>. Acesso em 20/09/2012.

ZEFERINO, Fernando Henrique dos Santos. A utilização dos critérios pertinentes

a valoração do dano moral. ed. 130. Cód de publicação 674. Curitiba. 20/06/2005.

Disponível em: <http://www.boletimjuridico.com.br/doutrina/texto.asp?id=674>. Acesso em 25/08/2012.

ZENUN, Augusto. Dano moral e sua reparação. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1998.

Documentos relacionados