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Como parte de sua responsabilidade para salvaguardar a saúde pública, o bem- estar e a segurança, os governos locais administram o código de obras que estabelece os padrões mínimos de construção (Parsons, 1984).

A Lei Complementar n. 060/ 2000 – Código de Obras e Edificações de Florianópolis - tem como um de seus objetivos “assegurar a observância e promover a melhoria dos padrões mínimos de segurança, higiene, salubridade e conforto das edificações de interesse para a comunidade” (www.pmf.sc.gov.br).

O projeto arquitetônico (ou projeto legal) deverá constar, no mínimo, segundo o Código de Obras e Edificações de Florianópolis (2000), de: planta de situação do terreno, planta de locação, plantas baixas, cortes e elevações, quadro de áreas do terreno e da construção e memorial descritivo dos revestimentos.

Quanto à iluminação e ventilação dos compartimentos, o Código de Obras e Edificações de Florianópolis (op. cit.) diz o seguinte:

-“ Todo e qualquer compartimento deverá ter comunicação com o exterior através de vãos ou dutos, pelos quais se fará a iluminação e ventilação ou só a ventilação do mesmo;

- a soma total das áreas dos vãos de iluminação e ventilação dos compartimentos deverá corresponder, no mínimo, a:

a) 1/6 da área dos compartimentos classificados nos “Grupos A e B”; b) 1/8 da área dos compartimentos classificados no “Grupo C”;

c) 1/10 da área dos compartimentos classificados no “Grupo D”, quando não forem adotados dispositivos mecânicos e artificiais de iluminação e ventilação;

d) ¼ da área dos compartimentos classificados no “Grupo E”, quando não forem adotados dispositivos mecânicos e artificiais de iluminação e ventilação” (op. cit.,p.32)

(Por “Grupo A” entenda-se compartimentos destinados ao repouso, em edificações destinadas a uso residencial ou de prestação de serviços de saúde e de educação; estar e estudo, em edificações de uso residencial.

Por “Grupo B” entenda-se compartimentos destinados à estudo, em edificações destinadas a prestação de serviços de educação; trabalho, reunião, comércio, prestação de serviços e prática de exercício físico ou esporte, em edificações em geral.

Por “Grupo C” entenda-se os compartimentos destinados à cozinhas, copas, despensas, lavanderias e áreas de serviço.

Por “Grupo D” entenda-se os compartimentos destinados a ambientes que possam ser iluminados e/ou ventilados por meios artificiais, como instalações sanitárias, vestiários, casas de máquinas, áreas de circulação, depósitos, e todo e qualquer

compartimento que, pela natureza da atividade ali exercida, deva dispor de meios mecânicos e artificiais de iluminação e/ou ventilação.

Por “Grupo E” entenda-se os locais de reunião em geral, como estádios, garagens comerciais, shopping-centers, galerias comerciais e similares que apresentem compartimentos de grande dimensionamento e condições especiais de iluminação e ventilação (op. cit., p.30-31).

- quando a iluminação e/ou ventilação de um ou mais compartimentos forem feitas através de outro, o dimensionamento da abertura voltada para o exterior será proporcional ao somatório das áreas dos compartimentos;

- a metade da área dos vãos deverá ser destinada à ventilação do compartimento e a sua totalidade à iluminação do mesmo;

- nenhum vão será considerado como iluminado e/ou ventilando pontos de compartimento que dele distem mais de quatro vezes o valor do pé-direito desse compartimento (...);

- poderão ser aceitas, excepcionalmente, soluções alternativas de iluminação e/ou ventilação das edificações não destinadas ao uso residencial, desde que comprovada, através de elementos gráficos e elucidativos, a garantia de desempenho no mínimo similar ao obtido quando atendidas as disposições desta lei” (op. cit., p.32).

Estes são os aspectos ditados pelo Código. Entretanto, há considerações a serem feitas à respeito deste.

Amaral e Pereira (1999), em um de seus artigos, propõem a definição de parâmetros para o dimensionamento de janelas, levando em consideração o aproveitamento da luz natural. Através de uma simulação computacional, o Código de obras de Florianópolis é revisto, avaliando-se os dispositivos que regulamentam a admissão de luz natural por uma abertura lateral. Estes autores identificam o tipo de céu predominante na localidade e formulam recomendações, baseadas em parâmetros que não foram considerados pelo Código de Obras, tais como a refletância das superfícies internas, a influência de obstruções externas e a relação do edifício com o meio ambiente (fatores geográficos e climáticos).

Segundo Amaral & Pereira (1999, p.2), “entre os inúmeros fatores que influenciam o desempenho de um ambiente, no que diz respeito às questões de conforto ambiental, encontra-se a distribuição, no tempo e no espaço, dos níveis internos de iluminação natural. As aberturas, tendo como função principal a admissão de luz natural no interior do ambiente, constituem-se num dos principais elementos de projeto que pode contribuir para a produção de um espaço construído de qualidade”.

Os municípios brasileiros, para garantia de qualidade dos ambientes aos cidadãos, utilizam-se do Código de Obras e Edificações, o qual permite exercer o controle e a fiscalização do espaço construído, através de relações que orientam a sua produção formal (op. cit.).

Segundo Valadares (apud op. cit., p.2) “dentre estas relações, as mais utilizadas são: a relação entre a área de janela pela área de piso no dimensionamento de aberturas e a limitação da profundidade de penetração da luz natural com base na altura do ambiente. Estas relações institucionalizadas nos Códigos de Obras brasileiros, são baseadas em suposições simplificadas, e não consideram as questões relativas ao conforto ambiental e de conservação de energia, uma vez que não expressam as componentes básicas da luz natural que atingem o interior do ambiente e nem a relação do edifício com o entorno.

O uso, no Código de Obras, de parâmetros empíricos no cálculo da profundidade do ambiente, sem considerar as refletâncias das superfícies internas, resulta em espaços muito profundos em relação à altura da janela, levando à sensação de desconforto causado pelo contraste excessivo entre o fundo muito escuro e as áreas muito brilhantes próximas à abertura (op. cit.).

Diante de todo o referencial teórico exposto, segue no próximo capítulo a análise de todo o assunto abordado, servindo esta como base fundamental para a proposta da tese, a qual consta no capítulo 9.

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