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O blog aparece no contexto da pesquisa como recurso para postagem/publicação no transcorrer da sensibilização. Essa informação foi passada aos sujeitos ainda na fase dos contatos iniciais, quando esclareci que eles mesmos deveriam criá-lo, gerenciá-lo e dinamizá-lo concomitantemente às oficinas e rodas de conversa, logo que a pesquisa se iniciasse. Foi-lhes dado um tempo, na primeira oficina, para pensá-lo. Primeiro tentaram encontrar um nome – entre muitas sugestões surgidas no grupo – que não se parecesse com outros e tivesse a possiblidade de despertar o interesse do internauta em visitá-lo. A cor do blog também foi objeto de discussão no grupo. As cores verde, azul e amarelo foram descartadas, pois, segundo eles, já estavam identificadas com o senso comum de que EA só trata de verde, ou seja, era preciso desfazer esse equívoco. Queriam algo diferente do que já haviam visto. Essa discussão em torno do nome e da cor foi parar no grupo do WhatsApp, onde deram continuidade ao processo, com o grupo colocando imagens da tela inicial do blog a fim de que o grupo escolhesse a melhor opção. Disseram que queriam radicalizar. Essa transgressão acabou finalmente numa cor entre vinho e vermelho escuro. (Vide Apêndice F).

No entanto o processo de colocá-lo no ar se deu diretamente na sala do Laboratório 1 de informática, na presença de todos, um pouco antes do encerramento

da segunda oficina, para que pudessem ajustar um ou outro detalhe. Quando o blog recebeu o primeiro post, convidei-lhes a fazer a divulgação presencial nas salas de aula, levando consigo o link escrito em folha de papel A4 para afixar no mural das salas de regência. Então surgiram os primeiros comentários. Eles expressavam contentamento e satisfação de ver a temática ambiental colocada em debate e, ao mesmo tempo, encorajavam os estudantes a prosseguir no trabalho de divulgação e discussão da EA. (Vide Apêndice H).

Conhecedores de redes sociais e familiarizados com tecnologia, eles alertaram que o blog não podia conter textos longos. Tinham que ser curtos, com inserção de imagens e/ou vídeos que os tornassem mais convidativos à leitura. Esses aspectos convergiam com a ideia de uma prática de EA diferenciada, não por pretender-se melhor, mas que permitisse aos atores envolvidos no processo tornarem-se criadores/produtores de textos/hipertextos. Além de motivar internautas a visitarem o blog pelo que tem atrativo para chamar mais atenção, também os estudantes ver-se- iam motivados a colocarem na rede suas criações, expandindo para além das fronteiras da escola o desejado compartilhamento de ideias entre diferentes sujeitos, uma vez que essa ferramenta tem grande alcance espacial.

Assim, juntar blog e EA foi uma tentativa aberta à experiência de dar voz na rede aos estudantes em um tema de interesse coletivo e ao mesmo tempo oferecer um meio de registro digital que resguardasse os escritos para o caso de consulta posterior.

Cada computador ligado à rede constitui-se em pólo com potenciais para publicação. Foi esse o nosso caso, em que as ideias intercambiadas no processo de troca comunicativa entre os sujeitos da pesquisa, no contexto das oficinas de sensibilização, foram parar na Web, levando a mensagem de uma EA preocupada com a vida sustentada por uma teia complexa de relações.

A gratuidade e as facilidades para o uso do blog também contribuíram para que esse dispositivo de comunicação digital fosse escolhido para repercutir EA dentro da pesquisa. Sem necessidade de conhecimento técnicos, tornou-se fácil para o grupo apropriar-se dele, lançando mão de suas habilidades e competências para lidar com esse tipo de ferramenta digital, assemelhada a outras das redes sociais de seus celulares.

O blog aparece variando entre características apontadas como favoráveis a despertar interesse do leitor/internauta e reconhecendo-o como ferramenta de

comunicação que auxilia os estudantes a exercitarem a criatividade e a autonomia discursiva, bem como possibilitou aos sujeitos se sentirem engajados pela aposta de introdução de um elemento novo para renovar a relação educativa no contexto da EA. As falas abaixo dos sujeitos nos dizem muito mais sobre o que pensam sobre o blog: SPO10 – O blog pode alcançar muitas pessoas, coisa que

se fosse escrita já seria mais restrita. A Internet ela facilita

muito.

SPO3 – A tecnologia [blog] pode oferecer coisas mais

impactantes, que são bem mais atrativas e chamar mais atenção, informar mais.

SPO4 – A tecnologia é um dos grandes motivos hoje para a degradação do ambiente. Se a gente puder utilizar a

tecnologia [...] para poder colocar a favor do ambiente, vai ser muito melhor. O blog vai ser uma boa ideia.

SPO3 – [Fazer] algo interativo que dê pra todo mundo olhar

e se identificar com o que tá vendo.

SPO10 – Pra chamar mais atenção, a gente deveria tentar

fazer algo mais dinâmico, mais criativo. Não tornar tão

maçante.

SPO5 – [Blog sobre] meio ambiente muitas pessoas já

conhecem. A gente precisa fazer coisa mais atrativa. Já

pensou entrar num blog que está escrito meio ambiente. Isso aqui de novo!

SPO6 – As cores também são sempre as mesmas: verde,

azul, amarelo. Colocar vídeo, texto...

As publicações/posts, baseados nas temáticas eu, outro, mundo, começaram a ser produzidos concomitantemente à realização das oficinas e das rodas de conversa, já referido anteriormente. Elas pontuam a complexidade da relação que há entre as três dimensões, com o assunto de um texto ligando-se a outro pelo processo de retroação e complementariedade. Ao falar do eu, emerge o outro, ao falar do outro emerge o eu e ao falar do mundo emerge os dois.

As produções procuraram seguir os objetivos e as estratégias planejadas para cada oficina. Os títulos eram pensados em grupo como forma de sintetizar a ideia central da oficina e permitir que houvesse mais compreensão para a produção do texto. Desse modo os textos conseguiram transpor para o registro escrito, auxiliado

por vídeos e imagens, a essência das discussões, fazendo emergir as categorias elencadas. As discussões em algumas oficinas permitiram que produzissem mais de um texto para a mesma temática.

Quando o texto não era inteiramente concluído durante a oficina, usavam o WhatsApp para dar prosseguimento a construção do texto, quando trocavam informações e ofereciam contribuições escritas e sugestões de imagens e/ou vídeos para serem inseridos na postagem. Embora não estivesse previsto como ferramenta a ser usada, o WhatsApp transformou-se em uma espécie de tecnologia de apoio, porquanto era por ele, acessado facilmente pelo aplicativo do celular, que os sujeitos mantinham contato entre si e com o pesquisador. Seguem abaixo exemplos de títulos de posts do blog. (Vide Apêndice G com o conteúdo dessas postagens).

01 – COMO ME SINTO E VEJO O DIA-A-DIA AMBIENTAL? 02 – QUEM SOU EU NO MUNDO?

03 – JUNTOS COM CONSCIÊNCIA PODEMOS MAIS 04 – VOCÊ SE ORGULHA DA DETERIORAÇÃO AMBIENTAL?

05 – A INDIFERENÇA HUMANA

06 – NOVAS FORMAS DE AÇÃO INDIVIDUAL EM BENEFÍCIO DO COLETIVO 07 – AS CARÊNCIAS E O POTENCIAL DO OUTRO PARA PENSARMOS UM MEIO

AMBIENTE MELHOR

08 – UM OLHAR HUMANO SOBRE O OUTRO E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA O TRABALHO COLETIVO EM FAVOR DO AMBIENTE

09 – O RESPEITO/RESPONSABILIDADE PELO OUTRO E PELO MEIO AMBIENTE DE TODOS

10 – A RELAÇÃO HUMANA NADA FAVORÁVEL COM O PLANETA TERRA 11 – O PLANETA TERRA: NOSSA MORADA COMUM PEDE MAIS ATENÇÃO DE

TODOS

12 – CADA HUMANO É SÓ UMA PARTE DO TODO, MAS PODE SE TORNAR SIGNIFICANTE PARA O PLANETA TERRA

13 – UMA VERDADE: O PLANETA TERRA DOA MAIS DO QUE RECEBE DE SEUS(SUAS) FILHO(AS)