• Nenhum resultado encontrado

Os números de focos de incêndio variam de acordo com as mesorregiões e os meses observados. Para as regiões Sudeste e Sudoeste as maiores incidências de focos de incêndios aconteceram nos meses de agosto e setembro, respectivamente (Figura 16), justamente no período mais seco para esta região e quando se inicia as chuvas (Figura 15 B e C). Já nas mesorregiões Baixo Amazonas, Marajó e Nordeste as maiores incidências de focos de incêndios observadas foram nos meses de outubro e novembro para o mesmo ano, sendo que nos meses de junho e julho apenas na Nordeste e Sudeste foram observadas focos de incêndio, principalmente no mês de julho (Figura 16), indo de encontro com os períodos de menor precipitação nestas regiões (Figura 15).

Para fins de monitoramento de queimadas e incêndios florestais, os órgãos ambientais utilizam os denominados “satélites de referência”, ou seja, satélite cujos dados diários de focos detectados são usados para compor a série temporal ao longo dos anos e, assim, permitir a análise de tendências nos números de focos, para mesmas regiões em períodos de interesse. Mesmo indicando uma fração do número real de focos (de queimadas e incêndios florestais), por usarem o mesmo método e o mesmo horário de imageamento ao longo dos anos, os resultados do “satélite de referência” permitem analisar as tendências espaciais e temporais dos focos (INPE/CPTEC, 2014).

94

Figura 16– Focos de fogo acumulados mensais registrados pelo satélite de referência AQUA_M-T, na região do Pará. A figura (A) refere-se ao número de focos de fogo para o mês de junho, (B) para julho, (C) agosto, (D) setembro, (E) outubro e, a (F) para novembro do ano de 2010. A legenda refere-se ao número de focos existentes em cada frente de fogo detectada.

95

96

Fonte: INPE/CPTEC (2015).

97

A distribuição espacial e temporal (mensal) dos focos de queima da biomassa vegetal no estado do Pará, detectados pelo satélite de referência AQUA_MT, e demonstrada pela Figura 16, indicou aumentos progressivos no número e na extensão de queimadas do mês de junho até o mês de setembro, quando em agosto atingiu o máximo de focos. No mês de setembro houve uma significativa queda no número de queimadas, em relação a agosto e, em outubro em relação a setembro, devido à diminuição das práticas de queimadas na região do estado do Pará, mais intensas durante os meses de agosto e setembro (INPE, 201013) e ao aumento no índice pluviométrico nessas regiões à exceção do mês de outubro, no qual apresentou a região central do Estado com baixos índices pluviométricos (Figura 15E).

As mesorregiões Nordeste, Sudeste e Sudoeste do Estado destacaram-se como as mais afetadas pela queima da biomassa vegetal, no período analisado, sendo que estas regiões caracterizaram-se por apresentar, pelo menos três meses de índice pluviométrico abaixo de 150 mm.mês-1(Figura 15).

Curioso observar que, mesmo com a chegada das chuvas no mês de novembro, houve um aumento no número de queimadas, em relação a outubro, porém com um perfil diferenciado dos demais meses anteriores, ocorrendo maiores números de focos de calor ao norte das mesorregiões Sudeste e Sudoeste e parte inferior da Marajó Paraense (região denominada Xingu). Estes focos de incêndio são devidos ao uso das queimadas na agricultura e agropecuária para limpeza , plantio e recuperação da área de pasto, as quais são mais intensas, nestas regiões, no final do período seco, ou seja, no período de transição entre o período seco e o chuvoso.

As queimadas são fontes de origem de emissões atmosféricas classificadas como antropogênicas, estacionárias e múltiplas e, dentre as concentrações de gases traço e de material particulado emitidas por estas fontes, o CO e o material particulado com diâmetro aerodinâmico menor do que 2,5 μm, são objetos deste estudo.

A título de comparação com a Figura 16A até F, apresenta-se na Tabela 8, o número de focos de calor e as imagens destes focos constantes do Banco de Dados de Queimadas (BDQUEIMADAS14) do INPE/CPTEC que considerou a base de dados registrados pelos satélites polares NOAA 15, NOAA 16 e NOAA 17, as imagens dos

13 Entrevista concedida pelo meteorologista do INPE, Raffi Agop, para o globo.g1 notícias, em 14/08/2010,

disponível em http://g1.globo.com/brasil/noticia/2010/08/inpe-aponta-novas-areas-de-queimadas-no- brasil.html.

14

98

satélites geoestacionários GOES-12 e MSG-2 (INPE, 2010) e as imagens, MODIS dos satélites polares NASA, TERRA e, inclusive do AQUA.

Tabela 8– Focos de calor ocorridos no estado do Pará, em 2010. Banco de Dados de Queimadas (BDQUEIMADAS ) do INPE/CPTEC, registrados pelos satélites polares NOAA 15, NOAA 16 e NOAA 17, as imagens dos satélites geoestacionários GOES-12 e MSG-2.

Meses Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro

Focos de

Calor 615 5.338 70.648 58.109 21.406 16.281

Fonte: Elaborado pela autora.

Similarmente aos dados detectados, somente pelo satélite AQUA_MT (Figura 16), observou-se que as maiores incidências de focos de queimadas ocorreram no período de agosto a setembro, merecendo destaque o mês de agosto com o máximo detectado pelo sensoriamento remoto (70.648 focos de queimadas). Este período é considerado crítico em termos de intensificação da prática de queima nas áreas agrícolas e de pastagens, existentes no Estado. É importante esclarecer que a diferença nos números de focos de calor apresentados pela Figura 16, em relação à Tabela 8 e Figura 17, se deve ao banco de dados utilizados para obtenção dos dados: a primeira tem como base os focos de calor detectados pelo satélite de referência e, a segunda, satélites polares, geoestacionários e imagens MODIS de satélites polares. De acordo com o INPE (2010), tal metodologia confere uma grande diferença na quantidade de focos de calor, uma vez que os focos detectados por todos os satélites podem apresentar muitas repetições para o mesmo evento.

99

Fonte: INPE (2010).

OBS: A figura (A) refere-se ao número de focos para o mês de junho, a (B) para julho, a (C) agosto, a (D) setembro, a (E) outubro e, finalmente, a (F) para novembro do ano de 2010. As cores dos símbolos constantes das imagens referem-se aos diferentes satélites utilizados para detecção dos focos de fogo e o tom mais escuro, em preto, a um

(BDQUEIMADAS), no estado do Pará.

(A) (B) (C)

100