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(CDP) O PVC localizado no município de Barcarena PA às margens do rio

10 Foi pioneiro na abordagem empírica e uso da descrição matemática da natureza; o

que significou a restrição ao estudo das propriedades essenciais dos corpos materiais (formas, quantidades e movimento). (Capra, 2006, pg. 50-51).

o homem, justamente pelo caráter de ser social, mantém uma relação ativa com a natureza (não uma relação meramente fisiológica). Tal como a conhecemos, a natureza já não é original. Foi transformada pelo homem. (p.37).

Neste sentido, na concepção marxista o homem distingue-se dos animais pelos modos pelos quais produzem seus meios de existência dada às condições determinadas historicamente, ou seja, o que distingue “os indivíduos humanos é que produzem seus meios de vida, condicionados por sua organização corpórea e associados em agrupamentos” (MARX, 1998, p. 24), uma vez que:

A primeira condição de toda a história humana é naturalmente, a existência de seres humanos vivos. A primeira situação a constatar é, por tanto, a constituição corporal desses indivíduos e as relações que ela gera entre eles e o restante da natureza (MARX, 1998, p. 10).

Para este autor o homem faz parte da natureza, por isso ele via a necessidade da busca da unidade entre natureza e história, ou entre natureza e sociedade, uma vez que a natureza não pode ser concebida como algo exterior a sociedade, visto que esta relação é um produto histórico; porém nesta relação de prolongamento do homem a natureza, nem sempre ocorreu de forma harmoniosa e este acabou apontando a burguesia como predadora11

, uma vez que a destruição dos recursos naturais ocorre pela agricultura capitalista. (p.22).

Para este autor “o modo pelos quais os homens produzem seus meios de vida, depende, antes de tudo, da natureza dos meios de vida já encontrados e que tem de reproduzir” (MARX, 1977, p. 27); e, a destruição desses recursos implica na própria destruição humana; porém:

A grande indústria rasgou o véu que ocultava aos homens seu próprio processo de produção social e que transformava os diversos ramos da produção, que se haviam naturalmente particularizado, em enigmas de uns para os outros e até mesmo para o iniciado em cada ramo. Seu princípio —

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Marx foi dos primeiros a apontarem o caráter predador da burguesia, com reiteradas referências, por exemplo, à destruição dos recursos naturais pela agricultura capitalista. Sob este aspecto, merece ser considerado precursor dos modernos movimentos de defesa da ecologia em benefício da vida humana. (Marx em O Capital; p. 22).

dissolver cada processo de produção, em si e para si, e para começar sem nenhuma consideração para com a mão humana, em seus elementos constitutivos — produziu a bem moderna ciência da tecnologia. As coloridas configurações, aparentemente desconexas e ossificadas, do processo de produção social se dissolveram em aplicações conscientemente planejadas e sistematicamente particularizadas, de acordo com o efeito útil tencionado das ciências naturais. A tecnologia descobriu igualmente as poucas formas básicas do movimento, em que necessariamente ocorre todo fazer produtivo do corpo humano, apesar da diversidade dos instrumentos utilizados, assim como a Mecânica não se deixa enganar pela maior complicação da maquinaria quanto à repetição constante das potências mecânicas simples. A indústria moderna nunca encara nem trata a forma existente de um processo de produção como definitiva. (MARX, 1977, p. 114-115).

Assim, o novo modelo de produção que, substituiria a força animal pela de uma máquina a vapor, por exemplo, representaria uma concepção de realidade diferente para a comunidade, além de se estruturar em um patamar inédito em relação ao meio natural, uma vez que natureza tornar-se-ia elemento imprescindível para as indústrias.

Segundo Marx (1977), no período manufatureiro já havia sido desenvolvido os primeiros elementos científicos e técnicos da grande indústria; no exemplo citado pelo autor, a fiação com throstle de Arkwright inicialmente movida com água, apresentava dificuldade na sua força motriz, uma vez que esta não podia ser aumentada e nem sua carência corrigida. (p.12).

Marx (1977) diz que em meados do século XVIII, o inglês James Watt – conhecido como o inventor da máquina moderna, insere nos contextos das fábricas a máquina a vapor, intensificando a produção de bens de consumo; a partir de sua segunda máquina a vapor foi encontrado o primeiro motor que produziria sua própria força motriz; porém além da necessidade da água para seu funcionamento a máquina foi inserida o carvão.

Isto significou uma modificação quanto à potência energética da máquina e, esta ficaria totalmente sob controle humano; uma vez que a máquina a vapor era de fácil deslocamento e, “um meio de locomoção urbano e não, como a roda-d’água rural, permitindo a concentração da produção em cidades ao invés de, como a roda-d’água, dispersá-la pelo interior, universal

em sua aplicação tecnológica, dependendo sua localização relativamente pouco de condições locais”. (MARX, 1977. p.13).

Neste exemplo, citado por Marx (1977), podemos perceber o carvão, um recurso mineral sendo utilizado para gerar energia para a máquina a vapor; são as grandes descobertas que mais tarde como o ferro, o petróleo e seus derivados e, as utilizações de novas tecnologias iriam redimensionar, não somente as bases de produção, como toda uma concepção de natureza.

Vitor Paro (2012) diz que o homem, no início da civilização apresentava conhecimentos sobre a natureza de forma incipiente, bem como as técnicas que estes utilizavam e que a modificava para atender suas necessidades; porém com o passar do tempo, este homem, a partir da intensificação de sua ação sobre a natureza e observação da mesma, conhecimentos foram acumulados bem como as técnicas que aos poucos o possibilitou um “domínio cada vez mais efetivo sobre a natureza” (p.28).

A partir deste posicionamento de dominar a natureza, a utilização dos recursos naturais se intensificou em diversos países, a exemplo, na Grã Bretanha, final do século XVIII – este país passou a liderar a produção de carvão em 90% da produção mundial; o que representava 10 milhões de toneladas/ano. (Carvalho, 2000).

A utilização do carvão, segundo Carvalho (2000), tanto para fins domésticos e comerciais gerou enormes quantidades de resíduos; onde: o smog inglês (mistura de nevoeiro e fumaça) tornou-se a marca registrada das grandes transformações sociais e ambientais desencadeadas pelo modo de produção industrial (p.54).

Com a revolução no modo de produção da indústria e da agricultura, conforme Marx (1977) ocorreu mudanças no processo de produção social, ou seja, nos meios de comunicação e transporte, pois, a continuidade dos meios de transportes e de comunicação, oriundos do período manufatureiro logo se transformariam em entraves para a grande indústria, uma vez que estes não acompanhariam a velocidade/capacidade/escoamento que os novos produtos produzidos pelas fábricas exigiriam para a chegada em seu destino final.

A construção de navios a vela totalmente revolucionado, o sistema de comunicação e transporte foi, pouco a pouco, ajustado, mediante um sistema de navios fluviais a vapor, ferrovias, transatlânticos a vapor e telégrafos, ao modo de produção da grande indústria. Mas as terríveis massas de ferro que precisavam ser forjadas, soldadas, cortadas, furadas e moldadas exigiam, por sua vez, máquinas ciclópicas, cuja criação não era possível à construção manufatureira de máquinas. (MARX, 1977, p,19).

Para a época isto resultou em mudanças profundas na própria adequação do homem/trabalhador para exercer suas funções; aumento populacional em determinadas cidades industriais; diminuição de postos de trabalho e o aumento da degradação ambiental. Carvalho (2000) afirma que: “enquanto a nova disciplina do trabalho nas fábricas marcava o ritmo de formação da classe operária, as condições de vida no ambiente fabril e nas cidades tornavam-se insuportáveis” (p. 55). É a contra face da revolução no modo de produção.

Marx (1988) em O Capital, no capítulo XXIII fala sobre a influência que o crescimento do capital exerce sobre o destino da classe trabalhadora e de que forma ocorre a composição do capital e as modificações que essa composição sofre no decorrer do processo acumulativo (p.245); para tanto, ele cita a Inglaterra no período 1846 a 1866 e diz ser ela o melhor exemplo clássico, uma vez que, no mercado mundial ocupava o primeiro lugar “porque só aqui o modo de produção capitalista está plenamente desenvolvido” (p.277); seguindo sua exposição sobre a Inglaterra ele observou todo o crescimento de riqueza; os rendimentos sujeitos a imposto de renda; O acréscimo dos lucros tributáveis; etc. E ressaltou: “Por mais rápido que tenha crescido a população, ela não acompanhou o progresso da indústria e da riqueza”. (p. 280).

Neste contexto, podemos perceber que com o desenvolvimento do capitalismo, e mais precisamente com o surgimento da Revolução Industrial essas ideias da “necessidade de controlar socialmente uma força natural, de administrá-la, começando por apropriá-la ou dominá-la mediante obras feitas pela mão do homem, desempenha papel decisivo na história da indústria”. (MARX, 1988, p.142).

Percebemos o fortalecimento de tal pensamento, nos modos de produção como: o Taylorismo12

, Fordismo13

e Toyotismo14

, que movidos pelos “objetivos puramente monetários quantitativo e unidimensional” do capitalismo de mercado, buscavam (e continua a busca dos modos de produção vigente - Toyotismo) incessantemente a eficiência produtiva, mesmo as custas de uma ineficiência social ou ambiental. (RAMPAZZO, 1997).

[...] o solo mais fértil é o mais apropriado para o crescimento do modo de produção capitalista. Este supõe o domínio do homem sobre a Natureza. Uma Natureza demasiado pródiga “segura o homem pela mão como uma criança em andadeiras”. Ela não faz de seu próprio desenvolvimento uma necessidade natural. Não é o clima tropical com sua exuberante vegetação, mas a zona temperada, a pátria do capital. Não é a fertilidade absoluta do solo, mas sim sua diferenciação, a multiplicidade de seus produtos naturais, que constitui a base natural da divisão social do trabalho e estimula o homem, pela mudança das condições naturais, dentro das quais ele reside, à multiplicação de suas próprias necessidades, capacidades, meios de trabalho e modos de trabalho. (MARX, 1967, p.11) As consequências desse modo de produção capitalista têm ocasionado diversos problemas ambientais. Dentre eles à poluição atmosférica. Exemplos ocorridos em 1930, na Bélgica – Vale do Mosela, e em 1952, na Inglaterra, chocaram o mundo; as emissões de gases poluentes no ar - com concentração, principalmente de enxofre, através da inversão térmica15

12“Tempo é dinheiro”, esta é a máxima que melhor define o Taylorismo, um método de

racionalização do trabalho criado por F.W. Taylor, no final do século passado. O objetivo era sistematizar a produção, aumentar a produtividade, economizar o tempo o tempo e suprimir gastos desnecessários no interior do processo produtivo. Este modelo fez muito sucesso entre os patrões da época e não se restringiu ao interior das fábricas.

13 Conjunto de princípios desenvolvidos pelo empresário norte-americano Henry Ford,

em sua fábrica de automóveis, com o objetivo de racionalizar e aumentar a produção. Em 1909, Ford introduz a linha de montagem – uma inovação tecnológica revolucionária.

14 O toyotismo é um modo de organização da produção capitalista que se desenvolveu

a partir da globalização do capitalismo na década de 1950. Surgiu na fábrica da Toyota no Japão após a II Guerra Mundial, e foi elaborado por Taiichi Ohno, mas só a partir da crise capitalista da década de 1970 é que foi caracterizado como filosofia orgânica da produção industrial (modelo japonês), adquirindo uma projeção global.