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3. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS E A SUSTENTABILIDADE CORPORATIVA

3.3. FONTES DE FINANCIAMENTO

3.3.1 - Títulos de renda fixa

3.3.1.1 - Green Bonds

De acordo com a International Market Association (ICMA, 2018), green bonds, ou títulos verdes, são “qualquer tipo de instrumento de título de renda fixa cujos recursos serão aplicados exclusivamente para financiar ou refinanciar, no todo ou em parte, projetos verdes elegíveis novos e/ou existentes e que estejam alinhados com os quatro componentes principais dos GBP” (Green Bonds Principles) ou Princípios de Green Bonds. Então, em suma, os títulos verdes têm a finalidade de financiar projetos com benefícios ambientais, incluindo também despesas de apoio, como pesquisa e desenvolvimento, devendo todas estarem descritas na documentação legal do título.

Pelos GBP, as áreas chave de interesse ambiental abrangidos por estes títulos percorrem categorias amplas de elegibilidade, sendo os projetos mais comuns a receber e pleitear esses títulos relacionados à:

● energias renováveis; ● eficiência energética;

42 ● prevenção e controle de poluição da água, solo e ar;

● redução de resíduos e reciclagem;

● gestão e eficiência ambiental na agricultura; ● conservação da biodiversidade;

● meios de transporte limpos e infraestrutura associada;

● gestão hídrica urbana, como tratamento de águas residuárias, drenagem urbana;

● pesquisa para desenvolvimento de produtos, tecnologias e processos de produção ecoeficientes, lançamento de produtos e embalagens ambientalmente positivos;

● edifícios verdes.

Os projetos abrangidos pelos GBP’s são portanto muito diversos e são uma importante via de captação de investimentos, em especial para investidores pessoas física ou fundos de investimentos com viés sustentável. Ser identificado como green bond assume um papel de “selo verde”, incentivando a aquisição deste tipo de título. Ainda é muito pouco difundido no Brasil, as green bonds foram responsáveis por uma captação importante para financiamento para o setor de energias renováveis. Em 2017, o BNDES fez uma captação de US$ 1 bilhão em

green bonds no mercado internacional para aplicar em projetos de energia solar e eólica, com

taxa de retorno ao investidor de 4,80% ao ano (BNDES).

3.3.1.2 - Debêntures incentivadas

Dentro de títulos de renda fixa, as debêntures incentivadas representam uma importante fonte de financiamento para projetos de infraestrutura com impacto econômico e social importante, como estradas, aeroportos, e portanto, também para projetos de energia elétrica. Estes títulos são característicos por apresentar uma espécie de selo, sinalizando ser incentivada e oferecer benefícios fiscais aos investidores pessoas físicas, com a isenção de imposto de renda sobre o rendimento da aplicação, diferente das demais que costumam ter uma incidência de 15% sobre o lucro auferido. Este tipo de título se destina à captação de recursos com a finalidade de subsidiar projetos de infraestrutura, pesquisas, desenvolvimento e inovação (2º ARTIGO DA LEI 12.431).

43 3.3.2 - Linhas de financiamento

Existem diversas linhas de financiamento voltadas ou que contemplam energias renováveis. Elas percorrem tanto o mercado de financiamento para pessoas físicas adquirirem equipamentos de autogeração, como a instalação de painéis solares nos telhados das casas, como para empresas, tanto como financiamento de empreendimentos de companhias de energia, ou para autogeração visando o abastecimento das atividades, ou projetos de eficiência energética. Ainda, muitas linhas contemplam pesquisas na área energética, investindo em desenvolvimento de novas tecnologias e aprimoramento das existentes. Para este trabalho, segue o levantamento das linhas identificadas como específicas para o setor de energias renováveis, ou que abrangem o segmento dentro de seu escopo de projetos:

• Proger Urbano Empresarial: utilizando recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador - FAT, do governo federal e proporcionando melhores taxas ao consumidor, esta linha é voltada ao financiamento de reformas, aquisições de máquinas, equipamentos e veículos automotores. O financiamento pode chegar a cobrir até 80% do projeto, o valor financiado pode chegar a um milhão de reais e é voltado para empresas com faturamento de até dez milhões. Ainda, os projetos devem gerar ou manter empregos e renda para aprovação (BB).

• BNDES Finem - Geração de energia: o Finem é um produto com linhas de financiamento com recursos alocados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para investimento em empreendimentos diversos, priorizando-se na escolha e condições por aqueles que gerem retornos positivos à sociedade de forma geral. O valor do financiamento é superior a R$10 milhões e é voltado para implantação de instalações, obras, ampliação, modernização e aquisição de novos equipamentos. A linha “geração de energia” é voltada para a implantação, expansão e modernização da infraestrutura de geração de energia a partir de fontes renováveis e termelétricas a gás natural. Podem ser financiados estudos e projetos, obras civis, montagens e instalações, máquinas e equipamentos novos e credenciados no BNDES ou importados sem similar no Brasil, dentre outros. As condições do financiamento variam com o porte da empresa solicitante e o projeto. A taxa de juros da geração de energia por fonte solar e de resíduos sólidos é mais baixa que as demais abrangidas pelo programa. O financiamento realizado diretamente com o BNDES tem taxas de juros menores que por intermédio de outras instituições financeiras credenciadas (BNDES).

44 • FNE Sol: com recursos do FNE (Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste) , esta linha de crédito ofertada pelo Banco do Nordeste, BNB, visa o financiamento de pequenos sistemas de geração distribuída de energia para consumo próprio por fontes renováveis para produtores rurais, empresas de todos os portes neste setor, como agroindustriais, comerciais, prestação de serviços, cooperativas e associações e pessoas físicas. Para empresas e produtores rurais, podem ser financiados componentes de energia solar fotovoltaica, eólica, de biomassa ou pequenas centrais hidroelétricas e o prazo de pagamento é de até 12 anos. Para pessoas físicas apenas componentes para energia solar e eólica, o valor limite do financiável é de R$100 mil e o prazo é de 8 anos (BNB).

• FCO Empresarial: o Fundo Constitucional de Financiamento do Centro Oeste (FCO), trata-se de uma linha de crédito para financiamento de projetos na região centro oeste. Possui prazos, limites e encargos diferenciados, voltado para empresas de todos os portes com atividades nos setores industrial, agroindustrial, mineral, infraestrutura, comércio e serviços. Com esta linha, a depender de cada caso, é possível financiar até 100% dos bens adquiridos, com prazos de até 20 anos e bônus de adimplência de 15% sobre os juros. Para elegibilidade ao financiamento, deve-se cumprir normas divulgadas na Programação do FCO pela Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco) (BB).

• PRONAF Bioeconomia: linha voltada para produtores rurais familiares (pessoa física), com a finalidade de financiar a implantação, ampliação e modernização da produção, beneficiamento, industrialização e de serviços para práticas sustentáveis em negócios rurais. Isso inclui uso de tecnologias de energia renovável, armazenamento hídrico, projetos de adequação ambiental, florestamento e reflorestamento, dentre outras. Para pleitear esta linha, é necessário que o agricultor apresente a Declaração de Aptidão ao Pronaf, com exceção aos enquadrados nos grupos A, A/C e B, com o financiamento podendo chegar a R$165 mil. Para “projetos eco”, como implantação de energias renováveis, pequenos aproveitamentos hidroenergéticos, energias renováveis, miniusinas de combustíveis, pequenas estações de tratamento de água e efluentes, etc, a taxa de juros são de até 2,75 a.a. O valor máximo a ser financiado é de R$ 165 mil por ano agrícola e o prazo é de até 10 anos para projetos eco e 12 anos para projetos de silvicultura, incluídos o tempo máximo de carência (BNDES);

45 • Fundo Clima - Subprograma Energias Renováveis: com recursos do Fundo Clima, esta divisão para energias renováveis, esta linha é voltada para financiamento de projetos de desenvolvimento tecnológico e implantação de energia solar, eólica, biomassa (geração e conversão energética a partir do uso da biomassa, como produção e utilização do biogás para fins energéticos) e dos oceanos. Para gerações a partir de energia eólica e hidráulica, deve ter uma geração até 1MW, apenas em sistemas isolados. O valor mínimo a ser financiado é de R$3 milhões e o máximo é de R$30 milhões, a cada 12 meses. O prazo é de 16 anos, incluindo o tempo de carência de 8 anos (BNDES); • BNDES FINAME - Energia Renovável: esta linha de financiamento é voltada para a

aquisição e implantação de sistemas de geração de energia renovável, como geradores fotovoltaicos de até 375kw, aerogeradores de até 100kw para geração de energia eólica, aquecedores/coletores solares para aquecimento de água, bem como serviços de instalação dos mesmos e capital de giro associado, neste caso apenas para micro, pequenas e médias empresas, limitando-se a 30% do valor financiado. Os possíveis beneficiários desta linha incluem empresas de qualquer porte sediadas no Brasil, empresas públicas, empresários individuais e microempreendedores, produtores rurais, fundações, associações e cooperativas sediadas no País, condomínios, entre outros.O valor mínimo a ser financiado é de R$3 milhões e o máximo é de R$30 milhões, a cada 12 meses. O prazo é de 16 anos, incluindo o tempo de carência de 8 anos (BNDES); • Fundo Clima - Subprograma Projetos inovadores: esta linha de financiamento

contempla projetos inovadores em áreas como energias renováveis, resíduos sólidos, mobilidade urbana, entre outros que relacionados a subprogramas do Fundo Clima. O valor mínimo financiado é de R$3 milhões, o máximo é de R$30 milhões a cada 12 meses e o prazo é de 12 anos, incluindo o período de carência (BNDES);

• Plano Inova Energia: esta linha de tem por objetivo fomentar o desenvolvimento de tecnologia nos setores de energia que estejam incluídos em linhas temáticas abrangidas pelo plano, são elas: redes elétricas inteligentes, veículos híbridos e eficiência energética veicular e geração de energia através de fontes alternativas. Na frente de geração de energia por fontes alternativas, há interesse por projetos de soluções em energia fotovoltaica, abrangendo tecnologias para produção de silício purificado em grau solar, células fotovoltaicas de materiais específicos, produção de inversores entre outros. No segmento de energia heliotérmica, há incentivos para projetos de aproveitamento energético para geração de energia elétrica. Para segmento de energia eólica, busca-se

46 o desenvolvimento e estruturação de projetos, aerogeradores e seus componentes. Para participar do processo de seleção, é necessário que as empresas participantes tenham projetos aderentes às linhas temáticas e planejem produzir e comercializar os produtos e serviços resultantes dessa atividade (BNDES).

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