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As principais fontes primárias disponíveis para consulta sobre o período colonial são as Atas da Câmara Municipal da Cidade de São Paulo que no presente estudo foram utilizadas complementarmente a outras fontes. As Atas registram a obrigatoriedade da Câmara em realizar, financiar ou mesmo controlar as festas. Estas, juntamente com algumas poucas

fontes primárias22 consultadas no Arquivo Histórico de São Paulo para a compreensão das festas e sua relação com a vida urbana, com a política urbana e com a legislação urbanística da São Paulo colonial. Embora tenha sido um desafio entrever as “práticas sociais” através das “representações oficiais”, essas fontes primárias demonstram como o poder público municipal se estruturava e como atuava sobre a cidade no que tange à produção e apropriação do espaço público, em especial sobre a ocorrência das festas e suas intercorrências. Tivemos muita cautela em sua utilização, pois sendo fontes oficiais, tais documentos fornecem uma “representação” que obedecia a certos processos de construção e a regras estabelecidas, por vezes explícitas, mas na maioria das vezes implícitas. Tais Atas foram imprescindíveis para recuperarmos parte da memória oficial da vida da cidade e de seus habitantes e para adquirirmos um conhecimento consistente sobre as festas paulistanas desde o período colonial e nos possibilitaram dar início à realização do inventário das festas que no passado ocorriam em São Paulo, deixando-nos entrever quem eram os responsáveis pelo seu planejamento, realização e custeio, assim como a forma como ocorriam.

No Arquivo Histórico de São Paulo também estão outros documentos referentes à administração de São Paulo. Inúmeros deles foram consultados, dentre os quais os documentos avulsos pertencentes ao Fundo Câmara Municipal de São Paulo. Esses documentos apresentam-se divididos em diversos grupos, subdivididos em séries e subséries e estão alocados de forma bastante dispersa, dispostos em diversas caixas sem nenhum tipo de tratamento especial ou mesmo arquivamento que facilitasse sua consulta. Dentre essas caixas, encontramos algumas referentes ao Grupo Conselho de Vereadores, da Série

Correspondência, que se apresenta dividida em diversas Subséries, das quais as

denominadas “Festejos” (que abrange o período 1795 – 1875) e “Festividades Religiosas” (que abrange o período 1773-1874) nos interessaram particularmente. Essas subséries reúnem vinte e cinco cartas, que foram por nós inventariadas e se referem basicamente às Procissões da Bula da Santa Cruzada (177323, 1775, 1776, 1777, 1778, 1779, 1780, 178124, 1782, 1789, 1793, 1794, 1796, 1798 e 1814), à Procissão de Nossa Senhora da Penha (1794, 1798, 1869 e 1874), Festa do Corpo de Deus (1826), à Festa pelo nascimento de um príncipe herdeiro de Portugal (com festa real e procissão) (1795), à Festa para render a Deus Graças pela vinda do Exmo. Prelado (1797), aos Festejos da vinda da S. M. Imperador a esta Província (1845),

22 A publicação dessas Atas da Câmara Municipal da Cidade de São Paulo (anteriormente Atas da Câmara

da Vila de São Paulo) cobrindo o período entre 1560 e 1826 ocorria semanal (ou quinzenalmente) e se iniciou

apenas na administração de Washington Luís na Prefeitura22. A série completa encontra-se disponível no

Arquivo Histórico de São Paulo - AHSP (antigo Arquivo Histórico Municipal Washington Luís – AHMWL).

23 Foram encontradas duas cartas referentes a tal festividade. 24 Foram encontradas duas cartas referentes a tal festividade.

Maria Cristina Caponero

e às Festividades para o Imperador (187525). Todos esses documentos foram de suma importância para a presente tese, pois permitiram entrever “práticas” e “representações” reconstituindo alguns aspectos inerentes às festas paulistanas, mostrando o elevado ônus que as mesmas representavam para a Câmara e a relação dessas com as pessoas indicadas para pagá-las ou organizá-las. Cabe ressaltar que essa série, dado ao seu caráter oficial, abrange apenas as festas reais, de realização obrigatória, que acarretavam grandes preocupações à municipalidade.

Ainda no AHSP, também dentre os documentos pertencentes ao Fundo Câmara

Municipal de São Paulo, mas no Grupo Procuradoria26, encontra-se a Série Receitas e

Despesas, que abarca despesas de todos os tipos e se apresenta subdividida em diversas

subséries classificadas por assunto, dentre elas: as Festas Reais (que abrange o período de 1794 a 1845) e as Festividades Religiosas (que abrange o período de 1788 a 1822). Ao todo, foram encontrados treze documentos, que se referem basicamente à prestação de contas ao procurador da Câmara dos gastos efetuados com as “festas reais” (não especificadas) ocorridas entre 1792 e 1795, o que inclusive demonstra falha no arquivamento, pois equivale a um período inferior ao especificado na precária classificação.

Ainda no AHSP, também encontramos diversos documentos pertencentes ao Fundo

Câmara Municipal de São Paulo, no Grupo Intendência Municipal (INTDM), Série Assuntos Diversos que abrange o período de 1598-1855. Dentre os documentos que se

referiam ao nosso recorte temporal, encontramos sete que se correspondem à prestação de contas dos gastos efetuados com a realização da Festa do Corpo de Deus (1788, 1818 e 1829), com a Festa de São Jorge (1794) e com a Festa de São Sebastião (1795, 1796 e 1798). Esses documentos inéditos, acreditamos, são importantíssimos, pois são fontes primárias essenciais para reconstituição de um quadro social perdido no tempo. Como dissemos anteriormente, é preciso muita cautela no seu trato, pois não podemos nos esquecer de que se trata de “representações”. Tendo em vista uma noção de conjunto, essa documentação não só comprova a realização das festas e a importância que lhes era atribuída pela Câmara como possibilita abstrair diversas “práticas” da sociedade da época, tais como as formas de controle e de poder exercidos pela Câmara sobre as mesmas (observados através das correspondências), o critério de seleção ao indicar determinadas pessoas para pagarem

25 Foram encontradas duas cartas referentes a tal festividade.

26 Cabe destacar que houve uma mudança no arquivamento dos documentos. Os documentos referentes ao

período colonial e imperial encontram-se no Fundo Câmara Municipal de São Paulo, divididos em grupos. O Grupo Conselho de Vereadores foi dividido em séries e subséries. O Grupo Procuradoria foi dividido em série e assuntos.

parte das festas – o que levava a pessoa indicada a se manifestar junto à Câmara ou em agradecimento ou em pedido de substituição – e a grande e clara preocupação com os gastos efetuados pela Câmara para realizar e manter as festas. Os diversos recibos preservados, assim como as prestações de contas à Coroa das despesas efetuadas com as mesmas, nos permitem constatar o elevado ônus que passaram a representar para a Câmara. Observando detalhadamente a listagem dos gastos efetuados com a realização das festas, foi possível realizar um inventário das que ocorriam na cidade de São Paulo, registrando inclusive a data de sua ocorrência, e inclusive reconstituindo algumas práticas intrínsecas a elas como, por exemplo, queima de fogos, alimentação, cavalhadas, mascaradas, entre outras. Especificamente essas três séries de documentação do AHSP referem-se às festas reais e às oficiais e abrangem:

Procissões da Bula da Santa Cruzada (1773,1775, 1776, 1777, 1778, 1779, 1780, 1781, 1782, 1789, 1793, 1794, 1796, 1798 e 1814) – em geral constam da Série Correspondência, composta por ofícios e cartas, dada à necessidade de a Câmara ser comunicada sobre sua realização. Essa preocupação talvez se fundamentasse no controle sobre a arrecadação monetária advinda da “venda de indulgências”;

Festas e Procissões da Trasladação da Imagem de Nossa Senhora da Penha (1794, 1798, 1869 e 1874) – festas esporádicas e pontuais que ocorriam apenas em momentos de calamidades públicas, como doenças, enchentes ou secas. Elas necessitavam de aprovação prévia, cabendo à Câmara indicar uma comissão responsável pela sua realização, o que deu origem à uma série de pedidos;

Festas do Corpo de Deus (Festas de Corpus Christi) (1788, 1818, 1822 e 1826, 1829) – “festas reais” que não precisavam de aprovação porque possuíam dupla obrigatoriedade – tanto por parte da Igreja quanto da Coroa, sendo obrigatórias a sua realização e a presença dos moradores. Ocorriam anualmente e faziam parte do calendário litúrgico. A Câmara indicava quem e como deveria colaborar com a festa. O não cumprimento dessa determinação levava à necessidade de justificação junto à Câmara, o que deu origem à série dos cartas de moradores, ora agradecendo pela sua indicação, ora solicitando sua substituição por outra pessoa. Pelo fato de caber à Câmara a responsabilidade de arcar financeiramente com a “festa real”, foram encontrados diversos recibos referentes aos pagamentos por ela efetuados com essa festa;

Maria Cristina Caponero

Festas reais (não especificadas) (1792, 1794, 1795 e 1799) que, assim como as festas de representação não precisavam de autorização, mas sua realização obrigatória gerava uma preocupação financeira pela diversidade de práticas envolvidas;

Festa de São Sebastião (1795, 1796 e 1798), posteriormente considerada festa real de realização obrigatória que, portanto, não necessitava de autorização para sua realização;

Festas de Representação, ou seja, festas que envolviam fatos ocorridos na vida dos membros da Coroa Portuguesa, tais como: Festa pelo nascimento de um príncipe herdeiro de Portugal (com festa real e procissão) (1795), Festa para render a Deus Graças (1797), Festejos da vinda da S. M. Imperador a esta Província (1845) e as Festividades para o Imperador (1875). Essas festas não necessitavam de aprovação, mas assim como as demais, a grande preocupação girava em torno dos seus elevados custos.

Além das fontes municipais supracitadas, também a legislação foi fundamental para se entrever “práticas sociais” em meio a “representações”. Para o estudo do período imperial, a série de Posturas Municipais, requerimentos e documentos, que em geral envolviam os camaristas e outros segmentos sociais, e a série de correspondências entre os diversos membros das instâncias do poder permitiram constatar, dentre outras coisas, que nesse período continuava sob responsabilidade da Câmara estabelecer os feriados e obrigatoriamente planejar, organizar e realizar as festas cívicas e até mesmo algumas festas religiosas, das quais a população deveria obrigatoriamente participar e até mesmo custear, em alguns casos. As Posturas Municipais, publicadas pelo Conselho Geral da Província de São Paulo, tiveram início em 8 de fevereiro de 1830 e foram consolidadas no Código de Posturas que passou a vigorar a partir da Resolução nº 62, de 31 de maio de 1875 (vindo a sofrer alterações posteriores, em 1886), ainda no governo do Presidente da Província João Theodoro (1872-1875). As Posturas Municipais foram fontes primárias importantes no que tange à legislação urbanística, pois visavam a regulamentar o uso do espaço urbano marcado por novas preocupações urbanísticas. Trata-se de fontes oficiais (assim como os demais supracitados) também comprometidas com os interesses do Estado. Nelas, as “normas oficiais” referem-se ao comportamento dos moradores da cidade, sobretudo das camadas menos privilegiadas, sendo raramente são explicitados o seu grau de aceitação ou mesmo de rebeldia. Nas entrelinhas dessa documentação pudemos constatar que as festas, mesmo impostas e obrigatórias, não conseguiam a adesão unânime de todos os moradores da cidade

de São Paulo, uma vez que eram frequentes as aplicações de multas e penas de prisão por desobediência às normas vigentes.

Igualmente incontornáveis para o estudo da cidade de São Paulo no Império foram os relatos dos viajantes estrangeiros, que aqui estiveram a partir de 1808. Esses viajantes narraram traços marcantes da sociedade brasileira, construindo nos seus relatos certa visão do cotidiano das cidades brasileiras, e dos diversos “territórios” da sua população, fruto da presença de atores diversos que se apropriavam do espaço urbano de forma heterogênea e também aspectos da cidade. Embora nenhum deles tenha tido como objetivo principal o registro das festas que ocorriam em São Paulo (e nem mesmo no Brasil) entre o final do período colonial e início do Império o tema não lhes passou despercebido, aparecendo nas entrelinhas de seus discursos (entendido como representações) referentes ao cotidiano da época. Apesar de esses registros serem carregados de estereótipos bastante controversos, eles revelam pormenores preciosos sobre as formas da vida social, fornecendo excelentes detalhes sobre os comportamentos, valores, atitudes e, em alguns casos, até mesmo preconceitos da época.

Especificamente para o caso de São Paulo27, destacamos o botânico francês Auguste

François César Prouvençal de Saint-Hilaire (Viagem à Província de São Paulo, [1851]28 e Segunda Viagem a São Paulo e Quadro Histórico da Província de São Paulo, [1887]29 que permaneceu na cidade entre outubro e dezembro de 1816 e em abril de 1822; o geólogo inglês, comerciante de minérios e pedras preciosas John Mawe (Viagens no Interior do Brasil [Travels in the Interior of Brazil], 1812) entre 1807 e 1808; o comerciante inglês

William Henry May (Diário de uma Viagem da Baía de Botafogo à Cidade de São Paulo,

1810) entre 18 e 29 de abril de 1810; o médico sueco Gustavo Beyer (Viagem a São Paulo no Verão de 1813, 1814) entre 19 e 25 de março e entre 5 e 13 de junho de 1813; James

Henderson (História do Brasil, 1821) esteve no Brasil em 1821, período em que visitou São

Paulo; Jean Baptiste Debret (Voyage Pittoresque et Historique au Brésil, 1834-1839), integrante da Missão Artística Francesa e um dos mais famosos pintores viajantes, que teve uma importância fundamental para a iconografia da cidade de São Paulo; o zoólogo Johann

Baptiste von Spix e o botânico Karl Friedrich Philipp von Martius (Reise in Brasilien in

den Jahren 1817-1820, 1823-1831), integrantes da Missão Austríaca, que permaneceram em

27 Fraya Frehse (2011), Pedro Corrêa do Lago ([1958] 2003) e outros autores fizeram um extenso levantamento

dos viajantes que passaram dias ou até mesmo meses em São Paulo.

28 Não foi possível precisar qual a data da primeira edição. Acredita-se que tenha sido em 1851 ou 1899. No

Brasil, a primeira edição é de 1979.

29 Não foi possível precisar a data da primeira edição. Acredita-se que tenha sido em 1887. No Brasil a primeira

Maria Cristina Caponero

São Paulo entre 31 de dezembro de 1817 e 9 de janeiro de 1818 (apenas 10 dias) e registraram os costumes e características da população negra; Thomas Ender, em São Paulo de 31 de dezembro de 1817 a 9 de janeiro de 1818; Arnaud Julien Pallière em 1821 que nos deixou dois importantes prospectos da cidade com sua feição material; Thomas Marie Hippolyte

Taunay (Le Brésil, ou Histoire, Moeurs, Usages et Costumes des Habitants de ce Royaume,

1822), filho de Nicolas Antoine Taunay e irmão de Aimé-Adrien Taunay, que residiu no Brasil entre 1816 e 1821, período em que visitou São Paulo; Edmund Pink que chegou à Província de São Paulo em 6 de junho de 1823 e permaneceu por aqui apenas vinte dias;

Aimé-Adrien Taunay, filho de Nicolas Taunay e integrante da Expedição Langsdorff, que

esteve em São Paulo em 1825 deixando registros sobre os habitantes da cidade; Hercule

Florence, também integrante da Expedição Langsdorff que chegou aqui em 1825; Charles Landseer que veio ao Brasil com William John Burchell, em 1825, no âmbito de uma

Expedição Inglesa e que estiveram em São Paulo por um período prolongado (provavelmente seis meses), deixando desenhos valiosíssimos para a iconografia paulistana; Noël Aimé Pissis esteve em São Paulo em julho de 1839 e partiu em 18 de fevereiro de 1840 deixando uma única vista de São Paulo; o pastor metodista norte-americano Daniel Parish Kidder (Sketches of a Residence and Travels in Brazil, 2 vols., 1845) aqui presente entre fins de janeiro e a primeira metade de fevereiro de 1839; Carl von Koseritz (Imagens do Brasil, 1883) que veio para São Paulo em 1840, mas sua obra é bastante questionável, pois a escreveu apenas em 1883; Eduard Hildebrandt que permaneceu no Brasil por quatro meses, entre abril e julho de 1844, e na capital paulista fez um curto itinerário, deixando belos desenhos e vistas panorâmicas da cidade e dos costumes paulistanos; a austríaca Ida Pfeiffer (A Woman’s Voyage Around the World, 1851) aqui presente entre 15 e 17 de dezembro de 1846; Samuel Greene Arnold (Viaje por America del Sur, 1847-1848) aqui presente nos últimos dias de 1847; o pastor norte-americano James Cooley Fletcher (Brazil and the Brazilians, 1857) aqui presente no final de junho de 1855; Robert Avé-Lallemant (Viagens pelas Províncias de Santa Catarina, Paraná e São Paulo, 1858-1859) aqui presente entre 24 e 28 de setembro de 1858; o emissário do governo suíço Johann Jacob von Tschudi (Reisen durch Süd-Amerika, 4 vols., 1866) aqui presente entre 25 de julho e 1 de agosto de 1860; o jornalista português naturalizado brasileiro Augusto Emilio Zaluar (Peregrinação pela Província de São Paulo 1860-1861, s/d [1862]) que esteve na capital em um momento indefinido de sua viagem pela Província de São Paulo e no capítulo sobre a capital forneceu dados importantes referentes a 1860; e Frédéric Houssay (De Rio-de-Janeiro à S. Paulo, 1877) que passou uma curta temporada em São Paulo em agosto de 1862. Todos estes

viajantes, além de alguns outros, passaram por São Paulo no final do período colonial e no Brasil-Império e deixaram preciosos registros escritos ou iconográficos sobre as formas de sociabilidade na cidade.

Abrangendo um período mais longo, a fim de possibilitar tecer comparações e analisar mudanças e permanências, tratamos da Primeira República e da organização do Poder Executivo Municipal. No que diz respeito a esse período, a historiografia raramente enfrentou a questão das festas do ponto de vista administrativo do espaço urbano público, obrigando-nos a recorrer às fontes primárias para tanto.

Dentre as fontes primárias referentes à Primeira República foram consultados também no Arquivo Histórico de São Paulo (AHSP) os documentos administrativos produzidos após a criação do cargo de Prefeito (em 1898), que se apresentam agrupados em diversas séries documentais, dentre elas uma preciosa série da Câmara Municipal de São

Paulo inédita, dividida em Fundos e ainda carente de tratamento arquivístico. Dentre os

documentos descobertos, nos interessou particularmente o Fundo da Secretaria Geral da

Prefeitura30, que se apresenta dividido em Grupos, Subgrupos e respectivas Séries e