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4 Perfil sociodemográfico e avaliação dos principais agentes que estruturam as interações espaciais do CAF as interações espaciais do CAF

5.1.4 Fontes supridoras

O projeto Cabana - Relatório de Viabilidade de 1974, elaborado pela prefeitura, tinha como principais metas: a) eliminar os pontos de estrangulamento que comprometem o potencial de desenvolvimento do setor agropecuário, criando obstáculos ao desempenho dos serviços urbanos da cidade; b) modernizar as estruturas de mercado para a comercialização dos produtos agrícolas; c) criar um espaço com infraestrutura que atendesse aos fluxos comerciais; d) implantar terminais receptores de produção que atendessem ao estágio de transição da agricultura de subsistência para comercial e eliminar os atravessadores.

Entre as várias metas contidas no Projeto Cabana, ressalta-se aquela referente à eliminação do atravessador. Dos 52 entrevistados, 21 atacadistas compram seus produtos diretamente da fonte. Desses, 12 são representados pelos atacadistas de hortaliças B (alface, cebolinha e coentro), que adquirem seus produtos com o produtor rural que os entregam no próprio CAF; os nove atacadistas restantes comercializam as hortaliças A (batata-inglesa, chuchu, repolho e tomate) vão às fontes supridoras, compram nas propriedades e levam ao CAF para serem redistribuídos com outros 27 atacadistas desse grupo de hortaliças; e quatro atacadistas compram tanto da fonte quanto dos nove atacadistas (redistribuidores)

Neste contexto, observa-se que o CAF, ao longo dos seus 31 anos, não eliminou completamente a presença do atravessador. O produtor rural de hortaliças A (batata-inglesa, chuchu, repolho e tomate) não consegue chegar a esse entreposto. Caso inverso ocorre com o produtor de hortaliças B (alface, cebolinha e coentro).

Em síntese, com base na figura 15, é possível destacar na rede de comercialização do CAF os seguintes agentes: 1º - produtor rural; 2º - atacadista; 3º proprietários de supermercados que adquirem seus produtos diretamente do CAF; e o 4º - consumidor (chega aos lares das famílias feirenses). Entretanto, deve-se ressaltar mais uma vez que, no caso das hortaliças A, a rede de comercialização se torna mais complexa pelo fato de 27 atacadistas adquirirem esses respectivos produtos de nove (colegas atacadistas) que os redistribuem para os demais no próprio entreposto.

Esta reflexão está de acordo com o pensamento de Corrêa (1997b), quando as interações espaciais articulam redes e trazem uma dimensão espacial baseada na conexão que pode ser interna ou externa à rede. No caso da Central de Abastecimento de Feira de Santana, essas duas dimensões ficam explícitas: num primeiro momento, quando os atacadistas buscam as fontes supridoras para a aquisição de hortaliças e revendem-nas aos supermercados da cidade; mas, antes de chegar aos supermercados, parte desses produtos são distribuídos internamente ao CAF, quando são repassados entre os atacadistas.

A contribuição de Dias (2005) referencia essa análise, quando afirma que a rede não constitui o sujeito da ação, mas expressa ou define a escala das ações sociais. Fazendo referência ao CAF, envolve escalas de ações sociais tanto internas como externamente.

Santos (1999) valida também essa análise quando afirma serem as redes, em seu sentido comum, ligação ou conexão de um ponto a outro, ou ainda ligações de nós. Acrescenta-se que, no caso do Centro de Abastecimento existem articulações ou conexões não só externamente como internamente.

Figura 15 - Esquema da representação do padrão espacial decorrente da produção, comercialização e consumo da rede de hortaliças do Centro de Abastecimento de

Feira de Santana – 2009

Uma dimensão a ser destacada, com base na figura 15, é a configuração espacial delineada pelos princípios de dispersão, concentração e novamente dispersão, o que caracteriza em especial as interações espaciais e suas respectivas redes de comercialização de hortaliças do CAF. Nesse contexto, as interações espaciais em redes da comercialização de hortaliças do CAF são iniciadas com o processo de produção pulverizada espacialmente em várias regiões do estado e fora dele, como será ainda evidenciado. Após esse processo, faz-se necessário concentrar essa produção, no caso de Feira de Santana no setor atacadista do CAF, para posterior redistribuição aos supermercados, até chegar aos consumidores. Neste sentido, reaparece a configuração espacial inicial, a da dispersão.

Ainda analisando o padrão espacial configurado na figura 15, percebe-se que as interações espaciais, a partir dos fluxos, são viabilizadas pelos fixos. Tais interações espaciais não poderiam ocorrer sem a presença dos mesmos: em muitos casos, é através dos fixos que se dão dialeticamente duas forças iniciais, a de concentrar e a de dispersar. Este padrão espacial possibilita a concretização e elucidação dos processos de produção, distribuição-circulação e consumo: “as etapas da produção material ocorrem de maneira simultânea, estando produção, distribuição, troca e consumo, intimamente relacionados entre si.” Marx apud (PINTAUDI, 2006, p.1)

Um dado relevante acerca da rede de comercialização de hortaliças B (alface, cebolinha e coentro) em comparação à rede de hortaliças A (batata-inglesa, chuchu, repolho e tomate) é o fato de o primeiro produtor conseguir chegar até o CAF, como não ocorre na segunda rede de hortaliças.

Com base nesse contexto, fazem-se algumas reflexões acerca dos motivos que levam o pequeno produtor de hortaliças B (alface, cebolinha e coentro) chegarem aos locais de comercialização em relação ao produtor de hortaliças A (batata-inglesa, chuchu, repolho e tomate) que tem sua produção comprada por alguns atacadistas do CAF. Um primeiro aspecto, de âmbito mais geral, a ser levado em conta é o crescimento desordenado das cidades. Segundo Andriolo (2002), o crescimento das cidades deslocou a produção de hortaliças para longe dos centros urbanos, motivada pela elevação do valor da terra. A inserção no mercado tornou-se mais complexa, aparecendo o papel do intermediário (atravessador).

Desta forma, acrescenta-se que, além do produtor arcar com perdas econômicas, o consumidor final adquire as hortaliças por preços elevados que

chegam a desestimular o consumo ou privar por completo as hortaliças da dieta alimentar, principalmente nos segmentos da população de menor poder aquisitivo, o que reforça a pobreza e suas consequências para a sociedade.

Outro aspecto, de caráter mais específico, diz respeito à perecividade das hortaliças comercializadas no CAF, no caso da alface, coentro e cebolinha por serem mais perecíveis do que a batata-inglesa, chuchu, repolho e tomate, o que influencia a produção dessas primeiras hortaliças junto ao mercado consumidor. Essa proximidade do mercado com o CAF implica baixos custos com transportes e permite que o pequeno produtor rural de hortaliças B possa se deslocar para o CAF e comercializar sua produção diretamente com o atacadista. Caso inverso ocorre com os atacadistas A.

Em consonância com Becker (1966), a valorização alcançada pelos gêneros agrícolas, em especial as hortaliças, em decorrência das mudanças dos hábitos alimentares, leva a um consumo ainda maior de produtos vegetais em mercados cada vez mais concentrados, como são os centros urbanos. As áreas rurais próximas devem integrar-se às cidades, especializando-se em determinados produtos que estão atrelados à distância e à presença dos transportes, o que já foi evidenciado há mais de um século por Von Thünen.

Nesse sentido, verifica-se um verdadeiro Cinturão Verde próximo a Feira de Santana, na sua microrregião geográfica, e no outro extremo a capital do estado: essa configuração espacial permite que a comercialização dos produtos possa ser efetivada pelo próprio produtor que se beneficia da maior parte dos dividendos econômicos dessa atividade.

A estrutura fundiária dos fornecedores de hortaliças do CAF é um dos aspectos de grande relevância social e econômica. No geral, a produção de hortaliças é típica de pequenas propriedades rurais, voltadas para o abastecimento do mercado interno. Nesse sentido, o tamanho das propriedades rurais dos fornecedores de hortaliças do CAF não foge à regra tanto no grupo A como no grupo B.

Tabela 34 - Tamanho da propriedade dos fornecedores de hortaliças, segundo os atacadistas do Centro de Abastecimento de Feira de Santana - 2008

Porte das Propriedades Produto

Pequeno Médio Grande

Total de propriedades Tomate 15 1 2 18 Batata-inglesa 1 0 7 8 Repolho 13 3 3 19 Chuchu 15 1 1 17 Alface 12 0 0 12 Cebolinha 12 0 0 12 Coentro 12 0 0 12 Total 80 5 13 98

Fonte: Claudio Ressurreição dos Santos, 2008

Com base na tabela 34, do total de 18 propriedades que fornecem tomate para o CAF, 15 são de pequeno porte. No que se refere à batata-inglesa, do total de oito propriedades, (uma é de pequeno porte, não foi encontrada nenhuma de médio porte), e sete são de grande porte; no caso do repolho, das 19 propriedades, 13 são de pequeno porte, (três, de médio porte, e três de grande porte) com base no chuchu, 15 são de pequeno porte, (um, de médio porte e um, de grande porte). Todas as propriedades de hortaliças B (alface, cebolinha e coentro) são cultivadas em pequenas propriedades rurais.

Assim, constata-se que, do total de hortaliças comercializadas no CAF, 80 delas originam-se da pequena propriedade, 13 de grandes propriedades rurais e apenas cinco de médias propriedades. Destaca-se que, entre os vários tipos de hortaliças trabalhadas nessa pesquisa, a única que foi considerada pelos atacadistas como de origem de grandes propriedades rurais foi a batata-inglesa. Caso inverso ocorre com o tomate, chuchu e repolho, típicos da pequena propriedade rural.

Com base nesse panorama, as interações espaciais do Centro de Abastecimento são responsáveis por implicações socioeconômicas na vida dos pequenos agricultores que sobrevivem dessas atividades e encontram no CAF o local por excelência de escoamento da produção.

As interações espaciais do CAF com suas fontes supridoras revelam o processo de intensificação das áreas ocupadas por pastagens, em função do processo de repecuarização, segundo Silva; Silva (1985). A repecuarização na região próxima à Feira de Santana gerou uma dependência do mercado urbano

frente aos produtos agrícolas que têm origem em regiões distantes do estado e até mesmo de fora dele. A figura 16 evidencia as áreas produtoras de hortaliças para o CAF, com destaque à região tradicional de Jaguaquara e, recentemente, as áreas da região da Chapada Diamantina.

Figura 16 - Principais municípios baianos produtores e fornecedores de hortaliças para o Centro de Abastecimento de Feira de Santana - 2009

As idéias expostas são comprovadas com os dados de múltiplas escolhas das tabelas 35, 36 e 37. No que se refere à batata-inglesa, como comprova a tabela 35, há uma multiplicidade de escalas de interações espaciais no intuito de regular o fluxo desse produto no mercado. A maioria, ou seja, 16 (43,2%) adquirem a batata- inglesa no próprio CAF. Os outros compram na Chapada Diamantina, no estado de Goiás e em Minas Gerais.

Tabela 35 - Local de aquisição da batata-inglesa segundo atacadistas do Centro de Abastecimento de Feira de Santana - 2008

Escalas de interações Local Frequência %

Intralocal CAF 16 43,2 Subtotal 16 43,2 Mucugê 9 24,3 Regional Cafarnaum 1 2,7 Subtotal 10 27,0 Cristalina - GO 7 18,9 Nacional Ipiuna - MG 4 10,8 Subtotal 11 29,7 Total 37 100,0

Fonte: Claudio Ressurreição dos Santos, 2008

No que se refere especialmente ao abastecimento do repolho (Tabela 36), as interações espaciais do CAF constituem redes em diversas escalas: intralocal, quando 16 atacadistas, ou seja, 55,2% adquirem esse produto diretamente do CAF, em decorrência dos atacadistas que se deslocam até as fontes supridoras para aquisição desse produto. No estado da Bahia, configuram-se Jaguaquara, Mucugê e Cafarnaum, e no âmbito nacional destaque a Santa Maria do Jequitibá, no estado do Espírito Santo.

Tabela 36 - Local de aquisição do repolho, segundo atacadistas do Centro de Abastecimento de Feira de Santana - 2008

Escalas de interações Local Frequência %

Intralocal CAF 16 55,2 Subtotal 16 55,2 Jaguaquara 6 3,4 Mucugê 4 20,7 Regional Cafarnaum 1 13,8 Subtotal 11 37,9

Nacional Santa Maria Jequitibá - ES 2 6,9

Subtotal 2 6,9

TOTAL 29 100,0

Fonte: Claudio Ressurreição dos Santos, 2008

Quando analisada a tabela 37, acerca do local de aquisição do chuchu, verifica-se a ausência de interações espaciais em redes no âmbito da escala nacional, com destaque para a escala local. Assim, 16 atacadistas, o que equivale a 69,6%, adquirem seus produtos do próprio Centro de Abastecimento. No âmbito regional, figuram somente os municípios de Jaguaquara e Cafarnaum.

Tabela 37- Local de aquisição do chuchu, segundo atacadistas Centro de Abastecimento de Feira de Santana – 2008

Escalas de interações Local Frequência %

Intralocal CAF 16 69,6 Subtotal 16 69,6 Jaquaquara 6 26,1 Regional Cafarnaum 1 4,3 Subtotal 7 30,4 Total 23 100,0

Fonte: Claudio Ressurreição dos Santos, 2008

Os dados expostos na tabela 38 acerca do local de aquisição do tomate revelam uma maior espacialidada, envolvendo escalas no âmbito intralocal, com 16 atacadistas (45,7%) adquirindo esse produto do próprio CAF. No contexto regional, destaque para Jaguaquara e a região da Chapada Diamantina; além do estado de Goiás.

Tabela 38 - Local de aquisição do tomate, segundo atacadistas do Centro de Abastecimento de Feira de Santana – 2008

Escalas de interações Local Frequência %

Intralocal CAF 16 45,7 Subtotal 16 45,7 Irecê 5 14,3 Jaguaquara 4 11,4 Morro do Chapéu 2 5,7 Mucugê 2 5,7 Seabra 2 5,7 Utinga 1 2,9 Vagner 1 2,9 Regional Itaberaba 1 2,9 Subtotal 18 51,4

Nacional Cristalina -GO 1 2,9

Subtotal 1 2,9

TOTAL 35 100,0

Fonte: Claudio Ressurreição dos Santos, 2008

Destaca-se, nesse contexto, o papel da região da Chapada Diamantina que desponta como um dos maiores pólos de hortaliças do estado da Bahia. Em termos absolutos, destaque para Jaguaquara, no cenário regional, como maior fornecedor de tomate para o CAF. Entretanto, ao se levar em conta os municípios inseridos na região da Chapada, eles chegam a mais de 40% do fornecimento dessa hortaliça para o entreposto de Feira de Santana.

Comparando os dados expostos nessa pesquisa acerca dos locais de aquisição da batata-inglesa, chuchu, repolho e tomate (Tabelas 35, 36, 37 e 38) com a tabela 39, pesquisa realizada por Silva; Silva; Leão (1985), ficam evidentes as transformações no âmbito das áreas produtoras, o que reflete no aprofundamento das interações espaciais entre o CAF e a região da Chapada Diamantina em relação à totalidade das hortaliças comercializadas, que eram quase inexistentes na década de 1980 e, ao mesmo tempo, o afrouxamento dessas interações com Jaguaquara, no âmbito regional.

No plano nacional, a pesquisa revela que o estado de São Paulo não supriu mais o CAF no tocante à batata-inglesa e tomate, enquanto o estado de Minas Gerais teve sua participação minimizada no que se refere à batata-inglesa.

Tabela 39 - Procedências semanais da batata-inglesa, chuchu, repolho e tomate (em %) - 1985

Produtos Jaguaquara Jacobina Morro do

Chapéu São Paulo

Minas Gerais Total Batata-inglesa 0 0 0 56 44 100 Chuchu 100 0 0 0 0 100 Repolho 100 0 0 0 0 100 Tomate 58 15 0 27 0 100

Fonte: Silva; Silva; Leão, 1985, p. 282, 284

Os dados da tabela 40 indicam mudanças no processo de produção agrícola no campo, na região de Feira de Santana, quando hortaliças como a alface, coentro e cebolinha são produzidas pelo próprio município (caso de Humildes), ou sendo provenientes de municípios vizinhos a Feira de Santana, como é o caso de Conceição da Feira e Santo Estêvão. A espacialização das redes de comercialização e a intensidade no fornecimento de hortaliças (B) para o CAF se configuram da seguinte forma: é forte o fornecimento da alface de Santo Estêvão e coentro e cebolinha respectivamente de Conceição do Jacuípe; média é a intensidade do fornecimento da alface em Humildes, distrito de Feira de Santana; coentro e cebolinha em Conceição do Jacuípe; é fraca a intensidade do fornecimento da alface em Conceição do Jacuípe e do coentro e cebolinha em Santo Estêvão.

Tabela 40 – Intensidade e locais de aquisição de hortaliças B (alface, cebolinha e coentro) para o Centro de Abastecimento de Feira de Santana - 2008

Intensidade Alface Coentro Cebolinha

Forte Santo Estêvão Conceição do Jacuípe Conceição do Jacuípe

Médio Humildes - Distrito Humildes - Distrito Humildes - Distrito

Fraco Conceição do Jacuípe Santo Estêvão Santo Estêvão

Fonte: Claudio Ressurreição dos Santos, 2008

Com base nos dados expostos, pode-se inferir que as interações espaciais configuradas pela rede de comercialização de hortaliças do CAF envolvem uma multiplicidade de escalas de interações espaciais, perpassando pelos âmbitos local, regional e nacional, como sendo resultado da demanda de produtos agrícolas pela cidade de Feira de Santana e região, e da incapacidade de sua zona rural de suprir o CAF nesses produtos. Confrontando os dados das tabelas 35,36,37 e 38

com as figuras 17 e 18 é verificada a espacialização das interações locais e regionais da rede de comercialização dessas hortaliças.

Figura 17 - Representação esquemática das interações espaciais da rede de comercialização de hortaliças do grupo A (batata-inglesa, chuchu, repolho e tomate)

no Centro de Abastecimento de Feira de Santana - 2009

Figura 18 - Representação esquemática das interações espaciais da rede de comercialização de hortaliças do grupo B (alface, cebolinha e coentro) no Centro de

Abastecimento de Feira de Santana - 2009

5.1.5 Padrões de interações espaciais em redes

As interações espaciais que se originam dos locais de produção e aquisição de hortaliças (fluxos de mercadorias), analisados nesse trabalho, resultam também em um conjunto de padrões de interações espaciais articulados em rede. Nessa perspectiva, os principais padrões de interações espaciais desses fluxos de hortaliças são visualizados na figura 19.

Figura 19 - Representação esquemática dos padrões espaciais da produção e aquisição de hortaliças articuladas em redes pelo Centro de Abastecimento

de Feira de Santana - 2009

Fonte: Corrêa, 1997a, adaptado por Claudio Ressurreição dos Santos, 2009

No que se refere à aquisição das hortaliças B (alface, cebolinha e coentro), 100% se dão no próprio entreposto, quando os produtores se deslocam das áreas de produção, como o distrito de Humildes e cidades da região como Santo Estêvão e Conceição do Jacuípe. Nesse sentido, as interações se dão no âmbito da produção nas escalas local e regional, e sua aquisição pelos atacadistas apenas na escala local, pois não foi verificado nenhum atacadista desses produtos que os adquira no local da produção.

No que diz respeito à produção e aquisição das hortaliças A (batata- inglesa, chuchu, repolho e tomate), esses compreendem interações regionais e expressam os atacadistas que os adquirem diretamente das fontes produtoras. Destaque para o tomate, com 51,4% (Tabela 38), seguido do repolho com 37,9%

(Tabela 36). Logo após, o chuchu, com 30,4% (Tabela 37), e a batata-inglesa, com apenas 27% (Tabela 35).

Com base em interações espaciais extra-regionais, ou seja, fora do estado, os dados revelam que entre as hortaliças comercializadas no CAF, a batata- inglesa é a hortaliça que mais depende de áreas fora do estado (31,4%), seguida do repolho (6,9%).

Devido à incapacidade dos produtores chegarem ao CAF, como também de grande parte dos atacadistas não terem condições de se deslocarem para as fontes de produção, uma parcela significativa dos atacadistas do CAF adquire seus produtos no próprio CAF, intensificando interações locais internas ao entreposto. Destaque para o chuchu com 69,6% (Tabela 37), em seguida o repolho com 55,2% (Tabela 36), tomate, com 45,7% (Tabela 38), e a batata-inglesa com 43,2% (Tabela 27).

5.2 Proprietários de supermercados e implicações socioespaciais

Neste subitem, selecionaram-se os dados referentes a: 1º. Dimensão socioeconômica da rede, como: quantidade de empregos; predomínio da mão-de- obra empregada; faixa salarial; período de atuação e formas de pagamento; 2º. Tipos de transporte e meios de comunicação; 3º. Volume e temporalidades nas redes de comercialização; 4º. Fontes supridoras e 5º. Padrões de interações espaciais em redes.

5.2.1 Dimensão socioeconômica da rede

Com base nos dados expostos na tabela 41, 42,6% dos empregos gerados, ou seja, 977 empregos são oriundos dos supermercados de pequeno porte; 6,3% dos empregos gerados, o que equivale a 144 empregos, são oriundos dos supermercados de médio porte; e 51,1%, ou seja, 1.170 empregos são gerados pelos supermercados de grande porte. Com base nos dados, observa-se certo

equilíbrio na quantidade de postos de trabalho criados entre os supermercados de pequeno e os de grande porte.

Tabela 41 - Porte, quantidade e empregos gerados pelas redes de supermercados em Feira de Santana - 2008

Supermercados Quantidade Nº de empregos gerados %

Pequeno porte 205 977 91,1

Médio porte 9 144 4,0

Grande porte 11 1.170 4,9

Total 225 2.291 100,0

Fonte: Claudio Ressurreição dos Santos, 2008

Entretanto, quando analisada a quantidade desses supermercados por porte, levando-se em conta a geração de emprego, defronta-se com um desequilíbrio muito grande, quando um total de 11 supermercados de grande porte chega a superar na criação de postos de trabalho os 205 supermercados de pequeno porte. Acrescenta-se, ainda, a quantidade pequena de supermercados considerados de médio porte e o reduzido número de empregos por eles gerados, o que evidencia ainda mais a concentração de renda nas mãos dos grandes proprietários de supermercados que atuam na cidade.

Um outro aspecto destacado em Feira de Santana é a instalação de cinco novos supermercados de grande porte na cidade em um curto espaço de tempo. Este fato, acompanhado no período de campo da pesquisa (2008), tem gerado, principalmente nos locais de instalação desses novos estabelecimentos, o fechamento de parte dos pequenos supermercados existentes nas proximidades, os quais são integrantes da rede de hortaliças do CAF. Ao longo da pesquisa, já foi quantificado o fechamento de oito supermercados de pequeno e médio porte.

Com base na tabela 42, verifica-se que 86 empregos gerados, ou seja, 38,2% são ocupados por mão-de-obra de origem familiar; 139 postos de trabalho, o que equivale a 61,8%, são ocupados por mão-de-obra contratada, de origem não familiar. No que se refere à mão-de-obra familiar, com base no trabalho de campo, a totalidade é oriunda dos pequenos supermercados, o que evidencia um relevante papel socioeconômico a ser cumprido por esses supermercados, garantindo a sobrevivência da família e sua reprodução.

Tabela 42 - Predomínio da mão-de-obra empregada na rede de supermercados em

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