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Interações Espaciais e as Redes entre o Comércio de Hortaliças do Centro de Abastecimento e os Supermercados da Cidade de Feira de Santana-Ba

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(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

MESTRADO EM GEOGRAFIA

CLAUDIO RESSURREIÇÃO DOS SANTOS

INTERAÇÕES ESPACIAIS E AS REDES ENTRE O COMÉRCIO DE

HORTALIÇAS

DO

CENTRO

DE

ABASTECIMENTO

E

OS

SUPERMERCADOS DA CIDADE DE FEIRA DE SANTANA – BA

Salvador - Bahia

2009

(2)

CLAUDIO RESSURREIÇÃO DOS SANTOS

INTERAÇÕES ESPACIAIS E AS REDES ENTRE O COMÉRCIO DE

HORTALIÇAS

DO

CENTRO

DE

ABASTECIMENTO

E

OS

SUPERMERCADOS DA CIDADE DE FEIRA DE SANTANA – BA

Orientadora: Profª Drª. Barbara-Christine Nentwig Silva

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Geografia da Universidade Federal da Bahia – UFBA, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Geografia

Salvador - Bahia

2009

(3)

______________________________________________________

S337 Santos, Cláudio Ressurreição dos.

Interações espaciais e as redes entre o comércio de hortaliças do Centro de Abastecimento e os supermercados da cidade de Feira de Santana - BA / Cláudio Ressurreição dos Santos. _ Salvador, 2009.

206 f.: il.

Orientadora: Profª.Drª. Barbara-Christine Nentwig Silva.

Dissertação (mestrado) – Curso de Pós-Graduação em Geografia, Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia, 2009.

1. Comércio – Hortaliças – Feira de Santana (BA). 2. Abastecimento de alimentos – Feira de Santana (BA). 3. Produtos agrícolas – Comercialização. I. Silva, Barbara-Christine Nentwig. II. Universidade Federal da Bahia. Instituto de Geociências. III. Título.

CDU: 658.87.3(813.8)

______________________________________________________

Elaborada pela Biblioteca Shiguemi Fujimori, Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia.

(4)

INTERAÇÕES ESPACIAIS E AS REDES ENTRE O COMÉRCIO DE

HORTALIÇAS

DO

CENTRO

DE

ABASTECIMENTO

E

OS

SUPERMERCADOS DA CIDADE DE FEIRA DE SANTANA – BA

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Geografia, da Universidade Federal

da Bahia, como requisito parcial para a obtenção do

título de Mestre em Geografia

Aprovado em ___/___/___

Comissão Examinadora

____________________Drª. Barbara-Christine Nentwig Silva (UFBA)

____________________Drª. Rosali Braga Fernandes (UNEB)

___________________ Drª. Edinusia Moreira Carneiro Santos (UEFS)

Salvador – Bahia

2009

(5)

Agradecimentos

Esta dissertação é resultante de uma ampla e complexa rede de interações socioespaciais que envolvem familiares, uma dezena de amigos e mestres. É na terra de Sant’Ana (Feira de Santana), que se encontra o lugar objeto da pesquisa: aí são dados os primeiros passos para a construção da configuração socioespacial dessa rede de interações que culminará com a finalização desta dissertação. A princípio, agradeço os calorosos incentivos dos meus familiares, especialmente os pais, não só nas palavras como também nas ações, a exemplo da honradez e dignidade de suas trajetórias de vida. À professora aposentada Ressurreição (minha mãe), pelas ajudas financeiras nos momentos de falta de recursos para o andamento da pesquisa. Por esse mesmo motivo estendo agradecimentos aos meus irmãos, em especial às manas Carmem e Ana, sem falar da preocupação e atenção do mano Anísio, cunhada e sobrinhos. Tenho clara certeza no coração de que mesmo sem muito se expressar, o mano maior, Junior, também contribuiu bastante. Quero agradecer também à companheira Valdelice, pelo permanente e essencial apoio no processo de elaboração dessa pesquisa.

Nesse momento, as redes de interações socioespaciais vão se estendendo verticalmente nessa cidade, agora da família para a escola: quero agradecer aos mestres dos Ensinos Fundamental e Médio com total atenção à professora Maria José Ramos Moraes que, na 8ª série do Ensino Fundamental do Centro Integrado de Educação Assis Chateaubriand, uma escola pública do bairro, fez despertar em mim a curiosidade de conhecer o mundo sob o viés da espacialidade dos fenômenos sociais. Essa inquietação me levou à Geografia e a sua docência.

Com o aprofundamento ainda maior das redes supracitadas, já concluía o Ensino Médio com a convicção de que deveria prestar exames vestibulares para o curso de Geografia. Naquele momento, surgia a Universidade Estadual de Feira de Santana, à qual estendo meus agradecimentos através de todo o corpo docente daquela conceituada graduação: foi nessa instituição que surgiu a idéia de trabalhar com o Centro de Abastecimento, e onde tive a oportunidade de aprofundar também esses estudos na Especialização em Geografia do Semi-Árido. Ainda na mesma instituição, conheci a jovem Arislena, responsável pela elaboração de toda base cartográfica da presente pesquisa, a quem sou muito grato. Aproveito a oportunidade e, também agradeço à orientadora da Especialização profª. Nacelice

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Barbosa Freitas, bem como à professora Drª. Rosali, quando da banca de monografia na condição de examinadora, me recomendou: “essa pesquisa é para mestrado e doutorado, vá em frente!”.

Em Salvador, no mestrado em Geografia da Universidade Federal da Bahia, foi possível ampliar as redes de interações socioespaciais. Agradeço à coordenação do mestrado, a todo o corpo docente desse Programa de Pós-Graduação, aos seus funcionários e, em especial a minha orientadora, Drª. Barbara-Christine Nentwig Silva, pelo exemplo de profissionalismo com o qual conduziu os trabalhos acadêmicos sob sua responsabilidade, além das sugestões, críticas e incentivos dados ao desenvolvimento da pesquisa.

Saindo de Salvador rumo ao Recôncavo, ampliam-se mais uma vez as referidas redes na cidade de Cruz das Almas, especialmente na Faculdade Maria Milza (FAMAM), pelos incentivos da direção dessa instituição, como também pelo apoio e sugestões dos colegas. Agradeço especialmente a Josimare Pinheiro, pelas sugestões ao trabalho; a Carla Borges, pela sugestão e correções da Língua Portuguesa; e a Antônio Lobo, Janeide e Gustavo pelos incentivos dados. Quero estender meus agradecimentos a todos os alunos dessa instituição pelos debates e questionamentos ao longo das intervenções pedagógicas ali construídas.

A cidade de Serrinha também amplia as interações socioespaciais firmadas. Agradeço o apoio na hora certa da Direção da Escola Centro Comunitário Assistencial de Santana, na pessoa da diretora Cássia, que encaminhou em tempo hábil minha licença para a realização dessa pesquisa. Ainda nos domínios dos Sertões, na cidade de Retirolândia, um agradecimento especial a esta profissional de fibra, Drª. Edinusia, pelas sugestões dadas ao trabalho principalmente no âmbito teórico-conceitual.

Para completar essa rede, emerge a cidade do Rio de Janeiro, onde faço honrosos agradecimentos ao professor Dr. Roberto Lobato Corrêa que me agraciou com seu precioso tempo em conversas, a fim de retirar dúvidas acerca do trabalho, especialmente as que tratavam do conceito de interações espaciais, cujo trabalho é fortemente influenciado pelo pensamento lobatiano.

Com base nesse panorama, a todos vocês meus eternos agradecimentos, por consolidar em ampla e complexa rede de interações socioespaciais.

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Resumo

Os objetos dessa pesquisa são o Centro de Abastecimento de Feira de Santana (CAF) e os supermercados da cidade de Feira de Santana – BA, na perspectiva das interações espaciais estruturadas pela rede de comercialização de hortaliças dessa central com os referidos supermercados, os quais demandam uma infinidade de fluxos que extrapolam a dimensão material como circulação de hortaliças que chegam ao CAF, pessoas, meios de transporte. Acrescentam-se os fluxos imateriais de informações como capitais e idéias entre outros. Essa geografia do movimento que envolve o CAF e os supermercados são um dos fatores da dinamicidade das relações comerciais da cidade com repercussões em escalas local, regional e até mesmo nacional. Diante do exposto, foram identificados e analisados os padrões de interações espaciais em redes da comercialização de hortaliças do CAF com os supermercados da cidade. A metodologia utilizada para atingir os objetivos propostos constou das seguintes fases: no primeiro momento, utilizaram-se fontes primárias, com a realização de trabalho de campo, no intuito de obter informações necessárias ao desenvolvimento da pesquisa, a exemplo do georreferenciamento dos pontos de localização de cada supermercado em relação ao CAF, de entrevistas e do preenchimento de formulários com atacadistas dessa central, consumidores e proprietários de supermercados. No que se refere aos dados secundários, procedeu-se o levantamento bibliográfico para a revisão da literatura sobre o tema em discussão. Esta pesquisa constatou que a rede de comercialização de hortaliças do CAF supre a quase totalidade dos supermercados com exceção dos grandes estabelecimentos, os quais possuem fontes próprias, criando uma rede paralela de comercialização de hortaliças. Constataram-se, ainda, as seguintes configurações espaciais: padrão de interações em rede solar; padrão de interações em redes influenciadas pela direção; padrão de interação em redes de múltiplos circuitos. Especificamente para os supermercados, verificaram-se padrões em rede axial e a partir de eixos de adensamentos. Verificou-se que as redes de hortaliças do tipo batata-inglesa, chuchu, repolho e tomate demandam interações espaciais mais longínquas, com fontes produtoras da região de Jaguaquara e, recentemente, da Região da Chapada Diamantina. Isto eliminou, em parte, a dependência do CAF em relação às fontes supridoras de fora do estado, como: São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e Goiás. No que tange às fontes supridoras de alface, coentro e cebolinha, estas se localizam no próprio município, a exemplo do distrito de Humildes, ou em cidades vizinhas a Feira de Santana, como Conceição do Jacuípe e Santo Estêvão.

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Abstract

The object of this research is to analyze the spatial interactions, which are structured by a vegetables net trade, that take place among the main street market (CAF) and the supermarkets in Feira de Santana, in the State of Bahia, Brazil. This net demands several flows which go beyond the material dimension such as people, means of transportation, and vegetables that reach CAF. Besides, it is observed an immaterial flow of data in the form of capitals, ideas, and so on. This geographic movement which involves CAF and supermarkets is one of the factors of the commercial dynamics in the city, bringing regional, local, and even national consequences. Hence, this paper aimed: to identify and analyze vegetables trade nets among CAF and the supermarkets, and spatial interaction standards. The methodology used comprehended the following phases: first, primary sources were used in the field work as a means of getting enough data to develop the research, such as georeference of the locality of each supermarket in relation to CAF, interviews with wholesalers, consumers, and supermarket owners. As to the secondary data, a literary review of the subject of this paper was carried out, through a comprehensive bibliography. We concluded that CAF vegetables trade nets supplies almost all supermarket needs, except the larger ones which have their own suppliers. This gives rise to a parallel trade net. Moreover, we noticed the following spatial configurations: a solar net interaction standard; an axial interaction standard, and a multiple circuit interaction standard. As for the supermarkets, we noticed specific standards, e.g., in axial nets, and coming from supermarket concentrations. It was also observed that vegetables nets such as potatoes, chayotes, cabbages, and tomatoes are produced from farther sources, coming from the region of Jaguaquara and, recently, from the region of Chapada Diamantina. As a consequence, CAF became partially independent of suppliers from São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, and Goiás. Lettuce, cilantro, and small onion suppliers are located in the very city of Feira de Santana (e.g. Humildes district), or in surrounding towns, such as Conceição do Jacuípe and Santo Estêvão.

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Lista de Figuras

Figura 1

Localização do Centro de Abastecimento de Feira de Santana (CAF) – 2008... 22

Figura 2 Localização de Feira de Santana no contexto baiano - 2008... 55

Figura 3 Localização do Centro de Abastecimento de Feira de Santana -

2009... 60

Figura 4 Principais vias de penetração na cidade de Feira de Santana do Anel

de Contorno para o Centro de Abastecimento – 2009 ... 65

Figura 5 Representação do espaço físico do Centro de Abastecimento de Feira

de Santana – 2009... 72

Figura 6 Feira de Santana: espacialização dos supermercados e os eixos de

adensamento – 2009... 80

Figura 7 Feira de Santana: espacialização dos supermercados nos bairros –

2009... 88

Figura 8 Naturalidade dos atacadistas do Centro de Abastecimento de Feira de

Santana que comercializam hortaliças – 2009... 93 Figura 9 Naturalidade dos proprietários de supermercados da cidade de Feira

de Santana – 2009... 100 Figura 10 Naturalidade dos consumidores varejistas de hortaliças do Centro de

Abastecimento de Feira de Santana – 2009... 105

Figura 11 Local de residência dos consumidores varejistas de hortaliças do

Centro de Abastecimento de Feira de Santana – 2009... 107 Figura 12 Sugestão de localização da CEASA e centro atacadista de alimentos

de Feira de Santana – 2009... 117

Figura 13 Dimensão temporal com base nos dias da semana na aquisição de

hortaliças pelos atacadistas do Centro de Abastecimento de Feira de Santana - 2008... 133

Figura 14

Representação das interações espaciais impulsionadas a partir da aquisição de hortaliças segundo os atacadistas do Centro de Abastecimento de Feira de Santana com base nos dias da semana -2008 ... 134

Figura 15 Esquema da representação do padrão espacial decorrente da

produção, comercialização e consumo da rede de hortaliças Centro de Abastecimento de Feira de Santana – 2009... 136

(10)

Figura 16 Principais municípios baianos produtores e fornecedores de hortaliças para o Centro de Abastecimento de Feira de Santana – 2009... 140

Figura 17

Representação esquemática das interações espaciais da rede de comercialização de hortaliças do grupo A (batata inglesa, chuchu, repolho e tomate) no Centro de Abastecimento de Feira de Santana – 2009... 145

Figura 18 Representação esquemática das interações espaciais da rede de

comercialização de hortaliças do grupo B (alface, cebolinha e coentro) no Centro de Abastecimento de Feira de Santana – 2009 ... 146

Figura 19 Representação esquemática dos padrões espaciais da produção e

aquisição de hortaliças articuladas em redes pelo Centro de Abastecimento de Feira de Santana - 2009 ... 147

Figura 20 Temporalidade na aquisição de hortaliças dos supermercados no

Centro de Abastecimento na cidade de Feira de Santana – 2008... 158

Figura 21 Padrão de interação espacial da comercialização das hortaliças A

(batata-inglesa-chuchu-repolho) entre o Centro de Abastecimento e os supermercados na cidade de Feira de Santana – 2009... 163

Figura 22

Padrão de interação espacial da comercialização das hortaliças B (alface,cebolinha,e coentro) entre o Centro de Abastecimento e os supermercados na cidade de Feira de Santana – 2009... 164

Figura 23

Representação esquemática: síntese dos padrões de interações espaciais das hortaliças do grupo B (alface, coentro e cebolinha) do CAF com os supermercados da cidade de Feira de Santana – 2009...

166

(11)

Lista de Fotos

Foto 1 Dinâmica do comércio de artigos populares em direção ao Centro de Abastecimento de Feira de Santana – 2009 ... 59

Foto 2 Complexo de viadutos da cidade de Feira de Santana interligando o Anel de Contorno com a BR-116 Norte no bairro da Cidade Nova – 2009... 63

Foto 3 Viaduto na cidade de Feira de Santana ligando a Avenida Getúlio Vargas ao Anel de Contorno – 2009... 63

Foto 4

Vista do Terminal Norte do Sistema Integrado de Transporte Coletivo de Feira de Santana - 2009 ... 67

Foto 5 Vista do Terminal Sul do Sistema Integrado de Transporte Coletivo de

Feira de Santana – 2009 ... 67

Foto 6 Vista do Terminal Central do Sistema Integrado de Transporte

Coletivo de Feira de Santana – 2009 ... 68

Foto 7 Centro de Abastecimento de Feira de Santana: escadarias de acesso

interno – 2009 ... 70

Foto 8 Vista aérea do Centro de Abastecimento de Feira de Santana –

2009... 71

Foto 9 Posto do Banco Itaú no Galpão de Cereais do Centro de

Abastecimento na cidade de Feira de Santana – 2009 ... 73

Foto 10 Quiosque do Banco do Brasil na área externa do galpão de carne verde e laticínios do Centro de Abastecimento de Feira de Santana – 2009 ... 74

Foto 11 Fachada do Centro de Saúde, do Posto do Juizado de Menores e do

Sicoob Subaé no setor de artesanato do Centro de Abastecimento de Feira de Santana – 2009 ... 75

Foto 12 Restaurante popular no Centro de Abastecimento de Feira de

Santana – 2009 ... 76 Foto 13 Setor C1 antes da reforma no Centro de Abastecimento de Feira de

Santana – 2009 ... 77

Foto 14 Setor C1 depois da reforma no Centro de Abastecimento de Feira de

(12)

Foto 15 Mercantil Rodrigues do Grupo Chileno Cencosud, atua no atacado e varejo na cidade de Feira de Santana – 2009 ... 82

Foto 16 Atacadão, do grupo Carrefour, atua no atacado e varejo na cidade de

Feira de Santana – 2009... 83

Foto 17 Área do estacionamento “invadido” pelos atacadistas de hortaliças no

Centro de Abastecimento de Feira de Santana – 2009... 115 Foto 18 Área de bares e lanchonetes do galpão de cereais no Centro de

Abastecimento de Feira de Santana – 2009... 170

(13)

Lista de Fluxogramas

Fluxograma 1 Problema, questões norteadoras e objetivos... 24

Fluxograma 2 Percurso metodológico ... 31 Fluxograma 3 Síntese do referencial teórico-conceitual... 47

Fluxograma 4 Síntese da espacialização do CAF e os supermercados da cidade

de Feira de Santana – 2009 ... 90

Fluxograma 5

Síntese do perfil sociodemográfico e avaliação dos agentes que estruturam as interações espaciais do Centro de Abastecimento de Feira de Santana – 2009 ... 124

(14)

Lista de Quadros

Quadro 1 Padrões de interações espaciais - espaço-temporal... 35

Quadro 2 Dimensões de análise das redes geográficas ... 42

Quadro 3 Padrões de interações espaciais em rede... 44

Quadro 4 Apropriação dos autores e conceitos... 48

Quadro 5 Síntese dos padrões espaciais em eixos de adensamento dos supermercados de Feira de Santana – 2008 ... 84

Quadro 6 Dimensão organizacional das interações espaciais em redes geográficas do CAF com os supermercados da cidade de Feira de Santana – 2009 ... 175

Quadro 7 Dimensão temporal das interações espaciais em redes geográficas do CAF com os supermercados da cidade de Feira de Santana – 2009 ... 176

Quadro 8 Dimensão espacial das interações espaciais em redes geográficas do CAF com os supermercados da cidade de Feira de Santana – 2009 ... 177

Quadro 9 Dimensões tipológicas das interações espaciais em redes geográficas do CAF com os supermercados da cidade de Feira de Santana – 2009 ... 178

(15)

Lista de Tabelas

Tabela 1 Amostra utilizada na coleta de dados – Feira de Santana – 2009... 29

Tabela 2 População segundo os distritos do município de Feira de Santana –

2000 ... 57

Tabela 3 População e PIB per capita dos 13 maiores municípios não capitais

do Brasil – 2009... 58

Tabela 4 Classificação dos supermercados de Feira de Santana que

comercializam hortaliças segundo o porte – 2008 ... 81

Tabela 5 Principais bairros da cidade de Feira de Santana com maior

população absoluta e densidade demográfica – 2000... 85

Tabela 6 Comparação da população dos municípios da Microrregião

Geográfica de Feira de Santana com os bairros da cidade de Feira de Santana - 2000... 87

Tabela 7 Grau de escolaridade dos atacadistas do Centro de Abastecimento

de Feira de Santana – 2008... 92

Tabela 8 Naturalidade dos atacadistas do Centro de Abastecimento de Feira

de Santana – 2008... 94

Tabela 9 Local de residência dos atacadistas do Centro de Abastecimento de

Feira de Santana – 2008... 95

Tabela 10 Gênero dos atacadistas do Centro de Abastecimento de Feira de

Santana – 2008... 97

Tabela 11 Grau de escolaridade dos proprietários de supermercados da cidade

de Feira de Santana – 2008... 98

Tabela 12 Sintese: escalas de interações espaciais da naturalidade dos

proprietários de supermercados da cidade de Feira de Santana – 2008... 101

Tabela 13 Escolaridade dos consumidores varejistas de hortaliças no Centro de

Abastecimento ao longo da semana – 2008... 102

Tabela 14 Renda familiar dos consumidores varejistas do setor de hortaliças no

Centro de Abastecimento de Feira de Santana ao longo da semana – 2008... 103

Tabela 15 Síntese: Escala de interação espacial da naturalidade dos

consumidores varejistas de hortaliças do Centro de Abastecimento da cidade de Feira de Santana – 2008... 106

(16)

Tabela 16

Síntese: Escala de interações espaciais do local de residência dos consumidores varejistas do setor de hortaliças do Centro de Abastecimento de Feira de Santana – 2008... 108

Tabela 17 Gênero dos consumidores do Centro de Abastecimento de Feira de

Santana – 2008... 109

Tabela 18 Equipamentos utilizados pelos atacadistas do Centro de

Abastecimento de Feira de Santana – 2008... 111

Tabela 19 Opinião dos atacadistas do Centro de Abastecimento e Feira de

Santana acerca da estrutura física – 2008... 112

Tabela 20 Intervenções na estrutura física do Centro de Abastecimento de Feira

de Santana, segundo os atacadistas – 2008... 113

Tabela 21 Aquisição do ponto de comercialização dos atacadistas do Centro de

Abastecimento de Feira de Santana – 2008... 114

Tabela 22 Avaliação dos proprietários de supermercados acerca da estrutura

física do Centro de Abastecimento de Feira de Santana para a comercialização de hortaliças – 2008... 118

Tabela 23 Avaliação dos proprietários de supermercados acerca da qualidade

das hortaliças comercializadas no Centro de Abastecimento de Feira de Santana – 2008 ... 119

Tabela 24 Opinião dos consumidores varejistas sobre comprarem hortaliças no

Centro de Abastecimento de Feia de Santana - 2008... 119

Tabela 25 Preços (em Real) das hortaliças no Centro de Abastecimento e nas

principais lojas de supermercado da cidade de Feira de Santana – 2009... 121

Tabela 26 Pontos negativos do Centro de Abastecimento de Feira de Santana,

segundo proprietários dos supermercados da cidade – 2008... 122

Tabela 27 Empregos gerados pelos atacadistas no Centro de Abastecimento de

Feira de Santana – 2008... 126

Tabela 28 Renda gerada pelos atacadistas no Centro de Abastecimento de

Feira de Santana – 2008 ... 128

Tabela 29 Tipos de transportes utilizados pelos atacadistas no Centro de

Abastecimento de Feira de Santana – 2008 ... 129

Tabela 30 Meio de comunicação utilizado pelos atacadistas no Centro de

(17)

Tabela 31 Período de atuação dos atacadistas do Centro de Abastecimento de Feira de Santana – 2008... 131

Tabela 32 Quantidades de hortaliças comercializadas semanalmente pelos

atacadistas no Centro de Abastecimento de Feia de Santana – 2008.. 132

Tabela 33 Temporalidade da aquisição de hortaliças no Centro de

Abastecimento de Feia de Santana – 2008... 132

Tabela 34 Tamanho da propriedade dos fornecedores de hortaliças, segundo os

atacadistas do Centro de Abastecimento de Feia de Santana - 2008... 139

Tabela 35 Local de aquisição da batata-inglesa, segundo atacadistas do Centro

de Abastecimento de Feia de Santana – 2008... 141 Tabela 36 Local de aquisição do repolho, segundo atacadistas do Centro de

Abastecimento de Feia de Santana – 2008 ... 142

Tabela 37 Local de aquisição do chuchu, segundo atacadistas do CAF –

2008... 142

Tabela 38 Local de aquisição do tomate segundo atacadistas do Centro de

Abastecimento de Feia de Santana – 2008... 143

Tabela 39 Procedências semanais da batata-inglesa, chuchu, repolho e tomate

(em %) – 1985 ... 144

Tabela 40 Intensidade e locais de aquisição de hortaliças B (alface, cebolinha e

coentro) para o Centro de Abastecimento de Feira de Santana – 2008... 114

Tabela 41 Porte, quantidade e empregos gerados pelas redes de

supermercados em Feira de Santana – 2008... 149

Tabela 42 Predomínio da mão-de-obra empregada na rede de supermercados

em Feira de Santana – 2008 ... 150

Tabela 43 Faixa de remuneração dos funcionários dos supermercados em Feira

de Santana – 2008 ... 150

Tabela 44 Período de atuação dos proprietários de supermercados em Feira de

Santana – 2008 ... 151

Tabela 45 Formas de pagamento utilizadas pelos clientes da rede de

(18)

Tabela 46 Meios de comunicação utilizados pelos proprietários de supermercados da cidade de Feira de Santana para aquisição de hortaliças no Centro de Abastecimento - 2008 ... 154

Tabela 47 Transportes utilizados pelos supermercados para aquisição de

hortaliças no Centro de Abastecimento – 2008 ... 156

Tabela 48 Dias da semana de aquisição de hortaliças A (batata-inglesa,

chuchu, repolho e tomate) pelos supermercados da cidade no Centro de Abastecimento de Feira de Santana – 2008... 158

Tabela 49

Dias da semana de aquisição de hortaliças B (alface, cebolinha e

coentro) pelos supermercados da cidade no Centro de

Abastecimento de Feira de Santana – 2008 ... 159

Tabela 50 Local de aquisição de hortaliças B (alface, cebolinha e coentro) pelos

supermercados da cidade de Feira de Santana – 2008 ... 161

Tabela 51 Local de aquisição de hortaliças B (alface, cebolinha e coentro) pelos

supermercados que não compram no Centro de Abastecimento de Feira de Santana – 2008 ... 164

Tabela 52 Escalas de interações espaciais a partir do local de aquisição de hortaliças B (alface, cebolinha e coentro) pelos supermercados que

não compram no CAF na cidade de Feira de Santana – 2008 ... 165

Tabela 53 Serviços utilizados no Centro de Abastecimento de Feira de Santana

pelos consumidores varejistas de hortaliças – 2008 ... 169

Tabela 54 Produtos mais comprados pelos consumidores, além das hortaliças

no Centro de Abastecimento de Feira de Santana – 2008 ... 171

Tabela 55 Aquisição de hortaliças pelos consumidores do Centro de

(19)

Lista de Siglas

ABRAS – Associação Brasileira de Supermercados

AGERBA - Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia

CAF – Centro de Abastecimento de Feira de Santana CDL – Câmara de Dirigentes Lojistas

CEASA - Central de Abastecimento S/A CREDAMIGO – Crédito Amigo

CIS – Centro Industrial do Subaé

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística MAP – Mercado de Arte Popular

PIB – Produto Interno Bruto

SICOOB – Sistema de Cooperativa do Banco Cooperativo do Brasil SIT – Sistema Integrado de Transporte Coletivo

UBS – Unidade Básica de Saúde

(20)

Sumário

1 Introdução 22

2 Interações espaciais e redes... 32

2.1 Interações espaciais... 32

2.2 Redes Geográficas... 38

2.3 Síntese: interações espaciais e redes... 46

3 O Centro de Abastecimento e os supermercados da cidade de Feira de Santana... 52

3.1 Em busca de uma: conceituação CAF e os supermercados... 52

3.2 CAF e as dimensões locacionais... 53

3.3 CAF e as questões estruturais... 70

3.4 Espacialização dos supermercados na cidade... 79

4 Perfil sociodemográfico e avaliação dos principais agentes que estruturam as interações espaciais do CAF... 91

4.1 Perfil dos atacadistas do CAF... 91

4.2 Perfil dos proprietários de supermercados... 98

4.3 Perfil dos consumidores varejistas do CAF... 102

4.4 Dimensões estruturais do CAF e avaliação segundo os agentes sociais ... 110

4.4.1 Avaliação do CAF, segundo os atacadistas... 110

4.4.2 Avaliação do CAF, segundo os proprietários de supermercados 118 4.4.3 Avaliação do CAF, segundo os consumidores varejistas... 119

5 A dimensão socioespacial da rede de comercialização do CAF estruturada pelos agentes sociais... 125

5.1 Atacadistas e as implicações socioespaciais... 125

5.1.1 Dimensão socioeconômica da rede... 125

5.1.2 Tipos de transporte e meios de comunicação... 128

5.1.3 Volumes e temporalidades na redes de comercialização... 131

5.1.4 Fontes supridoras... 135

5.1.5 Padrões de interações espaciais em redes... 147

5.2 Proprietários de supermercados e as implicações socioespaciais... 148

5.2.1 Dimensão socioeconômica da rede... 148

5.2.2 Tipos de transporte e meios de comunicação... 154

5.2.3 Volumes e temporalidades na redes de comercialização... 157

5.2.4 Fontes supridoras... 160

5.2.5 Padrões de interações espaciais em redes... 162

(21)

5.3.1 Transportes, serviços, produtos, e temporalidades da rede ... 167

5.3.2 Preferências dos consumidores varejistas entre o CAF e os supermercados... 172

6 Conclusão... 180

Referências... 186

(22)

1 Introdução

As interações espaciais e as redes de comercialização de hortaliças promovidas pelo Centro de Abastecimento de Feira de Santana (CAF) e os supermercados da cidade constituem o tema abordado nesta pesquisa. A análise permite ampliar os conhecimentos acerca da organização do espaço da cidade, uma vez que as atividades comerciais da antiga feira-livre deram origem, diretamente, aos processos espaciais responsáveis pelo surgimento do CAF e, indiretamente, pelo aparecimento dos primeiros supermercados na cidade. A figura 1 mostra a localização do CAF na cidade e município de Feira de Santana.

Figura 1 – Localização do Centro de Abastecimento de Feira de Santana (CAF) – 2008

(23)

A idéia de desenvolver uma pesquisa sobre o setor de hortaliças do Centro de Abastecimento e os supermercados da cidade teve como ponto de partida observações feitas, principalmente, nos dias de maior movimento do setor atacadista daquela central (quartas e quintas-feiras), e varejista (segundas-feiras e sábados). Nos referidos dias, é grande o fluxo de pessoas e de automóveis carregando e descarregando mercadorias dos mais variados locais do estado e do país. Como também há grande fluxo de pessoas advindas de supermercados da cidade e região que convergem para o setor atacadista daquele entreposto comercial para aquisição de hortaliças. Nesse momento, a paisagem do CAF diversifica-se, juntamente com a do centro da cidade, em decorrência do aprofundamento das interações espaciais pela procura de bens e serviços. Desta forma, este estudo buscou responder ao seguinte problema: Quais os padrões de interações espaciais em redes configuradas na comercialização de hortaliças do CAF com os supermercados da cidade?

Para responder a esse problema propõem-se algumas questões norteadoras, ou seja, questões que direcionaram as discussões efetivadas como: quais são e onde se localizam as maiores fontes fornecedoras de hortaliças do CAF, as quais são revendidas para os supermercados da cidade? Quais são os principais problemas estruturais do CAF, que comprometem a rede de comercialização de hortaliças dessa central com os supermercados da cidade? Quais as implicações sócioespaciais das interações espaciais do CAF com os supermercados da cidade? Qual o comportamento dos consumidores de hortaliças em relação ao CAF e aos supermercados? Quais os meios de transporte e comunicação que estruturam os padrões de interações espaciais em redes entre o CAF, suas fontes fornecedoras e os supermercados? (Fluxograma 1)

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Fluxograma 1 - Problema, questões norteadoras e objetivos

Elaboração: Claudio Ressurreição dos Santos, 2009

Diante do exposto, a presente pesquisa teve como objetivo geral analisar as redes de comercialização de hortaliças do CAF com os supermercados da cidade e os padrões de interações espaciais resultantes das mesmas. No que se refere aos objetivos específicos, são destacados os seguintes: analisar as dimensões estruturais do CAF e dos supermercados da cidade a partir das questões locacionais; identificar os principais meios de transporte e comunicação que consolidam as interações espaciais do CAF com os supermercados da cidade; identificar e analisar o perfil dos agentes responsáveis pela rede de comercialização do CAF; analisar a dimensão socioespacial do CAF com os supermercados da cidade, consumidores e fontes supridoras.

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socioespaciais impulsionadas a partir do Centro de Abastecimento e os supermercados da cidade torna-se relevante por diversos fatores: o CAF concentra um número considerável de pessoas no mercado formal e informal da economia, alargando as fronteiras do mercado de trabalho e de consumo, principalmente para o migrante da zona rural, servindo de fonte de abastecimento para feirantes, ambulantes, camelôs, lanchonetes, mercearias, restaurantes e servindo de regulador de preços para Feira de Santana e região.

No que se refere aos supermercados, o estudo torna-se relevante, a princípio, pelos aspectos quantitativo e qualitativo. Os aspectos quantitativos revelam um número superior a 310 supermercados existentes na cidade de Feira de Santana, segundo pesquisa de campo (2007), sendo responsáveis por uma parcela significativa de empregos gerados no comércio varejista na cidade. Além disso, destacam-se no abastecimento não só de gêneros alimentícios, como também dos mais variados bens de consumo, a exemplo de: vestuário, cama, mesa, banho, calçados, produtos eletrônicos - computadores, notebook, aparelhos de som, eletrodomésticos, entre outros. Os supermercados são responsáveis pela criação de um novo padrão de consumo, principalmente com a introdução de novas variedades de hortículas na dieta alimentar da população em geral e que antes não eram encontradas nas feiras-livres, nem tampouco no CAF. Entre as novas hortaliças, destacam-se: acelga, rúcula, brócolis, aipa, entre outros.

Com base nos aspectos qualitativos, os supermercados da cidade de Feira de Santana apresentam um fenômeno de grande complexidade: o primeiro aspecto diz respeito ao porte desses supermercados, que varia do pequeno supermercado de vizinhança, com pouca variedade de produtos, até grandes redes de supermercados, com uma diversidade muito grande de produtos que criam verdadeiras centralidades independentes da cidade, gerando interações espaciais de pessoas, mercadorias e capitais dos diversos pontos da cidade, como também de outros municípios do estado e, até mesmo, interações espaciais de diversos pontos do globo, como o setor de importados encontrados nessas grandes redes de supermercados.

A importância do estudo acerca deste tema centra-se também na possibilidade de ampliação do mesmo, criando alternativas que futuramente poderão ser utilizadas pelos órgãos públicos na ampliação de projetos no âmbito municipal que tentem minimizar os problemas enfrentados pelo CAF e os supermercados no

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que se refere à comercialização de produtos hortículas.

Neste contexto, a proposta de trabalho é reforçada com base em levantamentos bibliográficos e meios eletrônicos, visto que há uma carência em pesquisas de cunho acadêmico publicadas acerca do CAF e os supermercados da cidade, fazendo com que seja preenchida uma lacuna no que diz respeito à ampliação dos estudos geográficos sobre Feira de Santana.

Entre os poucos trabalhos sobre o Centro de Abastecimento, destaca-se Silva; Silva; Leão (1985), com o livro intitulado. O Subsistema Urbano-regional de

Feira de Santana, especialmente o capítulo que aborda a respeito do Centro de

Abastecimento e as relações campo-cidade, em que são analisados os produtos comercializados pelo CAF, buscando a origem de suas fontes de abastecimento e consumo, além dos impactos do CAF para a centralidade urbana da cidade no contexto regional.

Ressalta-se também a contribuição de Moreira (1996) que desenvolve um trabalho denominado Memória da Feira-Livre de Feira de Santana, publicado pela revista SITIENTIBUS, da Universidade Estadual de Feira de Santana, de caráter sociopolítico e antropológico, em que são discutidos os impactos da modernidade que chega a Feira de Santana nas décadas de 60 e 70, contribuindo para o processo de relocação da feira-livre para o CAF. Não aponta, porém, discussões específicas acerca do Centro de Abastecimento.

Em se tratando dos trabalhos específicos acerca do CAF, destacam-se as pesquisas realizadas na Especialização em Geografia do Semi-Árido Brasileiro da Universidade Estadual de Feira de Santana, que resultaram em duas monografias. A primeira, de própria autoria, intitulada Interações Espaciais do Centro de

Abastecimento de Feira de Santana – CAF (2003), que dá ênfase às interações

espaciais do CAF com as feiras-livres existentes na cidade, de forma que já se parte de uma construção empírica e conceitual sobre essa realidade para a referida pesquisa do mestrado enfatizando, agora, uma abordagem do CAF com os supermercados. A segunda monografia, de autoria de Araújo (2003), intitulada

Redes e Centralidade em Feira de Santana-BA: um pólo comercial de abastecimento e o comércio do feijão, serviu de base empírica e conceitual para um

maior aprofundamento da sua dissertação de mestrado (defendida recentemente), com o título Redes e Centralidades em Feira de Santana – BA: o Centro de

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comercialização do feijão e sua contribuição para a organização do espaço urbano, apontando a relevância da cidade enquanto centralidade.

No que se refere à dinâmica dos supermercados em Feira de Santana, não há, até o momento, nenhuma publicação de caráter específico. Os trabalhos existentes referem-se à redes de supermercados principalmente do sul do país, a exemplo do trabalho de dissertação de mestrado da geógrafa Silvana Pintaudi (1981), com o título: Supermercado na grande São Paulo – contribuição ao estudo

da transformação do comércio varejista nas grandes metrópoles. Nesse trabalho são

resgatados os motivos que levaram às primeiras territorialidades dos supermercados na cidade de São Paulo e à configuração do padrão espacial delineado.

Outra abordagem que merece destaque é a dissertação de mestrado do engenheiro agrônomo Wilder (2003), intitulado: Mudanças no setor supermercadista

e a formação de Associações de pequenos supermercados, que faz uma

interessante conceituação dos supermercados no Brasil e analisa as estratégias criadas pelos pequenos e médios supermercados para fazerem frente aos grandes oligopólios desse ramo de atividade.

A metodologia escolhida para atingir os objetivos propostos constou das seguintes fases: num primeiro momento, utilizou-se como método de abordagem a análise indutiva, por tratar-se de estudo de caso da rede de comercialização de hortaliças do Centro de Abastecimento com os supermercados da cidade de Feira de Santana. Utilizaram-se também dos métodos de procedimentos: classificatório, estatístico-comparativo, estatístico-cartográfico e de forma secundária histórico-comparativo. (Fluxograma 2)

Num segundo momento, utilizaram-se de fontes secundárias, como o levantamento bibliográfico para a revisão da literatura sobre o tema em discussão, que permeou todas as fases de construção da pesquisa. Nesse contexto, foi utilizado o livro Horticultura, do agrônomo Murayama (1983), que divide, classifica e define como verduras, às hortaliças cujas partes comestíveis são folhas, flores, botões ou hastes. Nesse grupo, elegeu-se para estudo a comercialização do repolho e da alface. Já dos legumes - hortaliças cujas partes utilizadas na alimentação são frutos, sementes ou partes subterrâneas – considerou-se nesse trabalho a comercialização da batata-inglesa, chuchu e tomate. Os condimentares, que são as hortaliças que têm a finalidade de melhorar o paladar, são aqui representados pela cebolinha e coentro.

(28)

Paralelamente ao levantamento bibliográfico, realizou-se um levantamento dos documentos cartográficos, conforme sugerem Gerardi e Silva (1981), não só através de mapas e cartas, mas também de imagens e fotografias, a fim de permear todo o período de desenvolvimento da pesquisa, com o intuito de melhor compreender as espacialidades das redes de comercialização do CAF com os supermercados.

Em um terceiro momento, foram utilizadas fontes primárias, através da coleta de observação no campo pela mensuração direta, através de formulários, objetivando obter informação acerca dos diversos agentes que formam os sujeitos de interesse da pesquisa, como os atacadistas, proprietários e gerentes dos supermercados e consumidores varejistas de hortaliças do CAF.

Em decorrência da falta de dados acerca do número de atacadistas de hortaliças pela administração do Centro de Abastecimento e da ausência de dados no âmbito municipal sobre o número de supermercados existentes foi feito, nos meses de agosto a dezembro de 2007, um pré-campo, com o intuito de quantificar o número de atacadistas do CAF e dos supermercados existentes na cidade, para que pudesse ser construída a amostra da pesquisa.

Após o levantamento quantitativo dos atacadistas do CAF e dos supermercados existentes na cidade, foi feito um georreferenciamento dos pontos de localização de cada supermercado em relação ao CAF, no intuito de melhor compreender a espacialização que envolve essas formas de comércio.

A especificidade na comercialização dos produtos pelos atacadistas permitiu subdividi-los em: atacadistas A, que comercializam (batata-inglesa, chuchu, repolho e tomate), com um total de 40; e aqueles atacadistas B, que negociam (alface, coentro e cebolinha), em número de 12, totalizando 52 atacadistas, aos quais foram aplicados formulários em 100% (Tabela 1).

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Tabela 1- Amostra utilizada na coleta de dados – Feira de Santana – 2009

Agentes Total Entrevistados %

Atacadistas 52 52 100,0 Proprietários de supermercados 312 225 72,1 Consumidores 120 120 100,0

Fonte: Pesquisa de Campo, 2008

Um dos aspectos para a escolha das referidas hortaliças é o caráter perene desses produtos que estão disponíveis à comercialização durante todo o ano naquela central, uma vez que são gêneros agrícolas que fazem parte da dieta alimentar cotidiana da população baiana.

A pertinência da escolha dessas hortaliças justifica-se também pelo papel desses produtos na dieta alimentar da população resultante das descobertas recentes da medicina, apontando a prevalência das hortaliças na alimentação como uma condição favorável à minimização da subnutrição da população brasileira e, em especial, da população baiana, contribuindo, assim, para o aumento da expectativa de vida.

Durante as observações feitas em campo, constatou-se que, de forma inicial, a comercialização de hortaliças entre os supermercados e o CAF sofre mudanças em relação à localização desses primeiros na cidade. Em decorrência desse fato, utiliza-se a divisão da cidade em bairros elaborada pela Prefeitura, através da lei municipal complementar n° 018, de 08 de julho de 2004, que atualiza os seus limites urbanos, adequando-os aos setores censitários do IBGE. Disponível:<http://www.feiradesantana.ba.gov.br> acesso em 8 de mar. 2009.

Foram aplicados formulários em 72,1% dos proprietários de

supermercados do total de 312 identificados na cidade, setenta e dois supermercados não comercializam hortaliças, o que totalizou 240 supermercados comercializando esses produtos. Em quinze destes, por motivos diversos, não foram aplicados formulários, restando um total de 225 supermercados. Assim, levando em conta o total de supermercados que comercializam hortaliças, foram aplicados 93,75% de formulários aos proprietários dos supermercados.

Devido à diversidade de tamanho dos mesmos, foi criada uma tipologia para classificá-los quanto ao porte. Para isso, foram utilizados alguns critérios estabelecidos pela Associação Brasileira de Supermercados – ABRAS (1993), como o auto-serviço, representado pelas lojas que expõem seus produtos de maneira

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acessível para os consumidores se auto-servirem, além de disponibilizarem aos clientes cestas, carrinhos e, principalmente, a presença do check-out à caixa registradora.

Nesse contexto, com base nos números de máquinas registradoras, auto-serviços com cestas e carrinhos de compras, foram agrupados os supermercados em: pequeno porte - aqueles que disponibilizam até três caixas registradoras; médio porte - aqueles que possuem mais de três e menos de seis caixas; e os supermercados de grande porte, que apresentam mais de seis caixas.

Os consumidores varejistas do CAF completam os agentes relevantes dessa pesquisa. Fora aplicado um total de 120 formulários, sendo 20 formulários a cada dia da semana com exceção do domingo, quando o CAF não funciona para o público, com o objetivo de conhecer as preferências desses consumidores em relação ao CAF e aos supermercados.

Esta dissertação está estruturada em seis capítulos. O primeiro expõe o problema de pesquisa conjuntamente com os procedimentos metodológicos. O segundo, os principais marcos teóricos e conceituais. O terceiro analisa as questões estruturais e locacionais do CAF e dos supermercados da cidade. O quarto capítulo identifica o perfil dos principais agentes da rede de comercialização de hortaliças do CAF, bem como a avaliação desse entreposto. O quinto capitulo reúne as análises acerca da dimensão socioespacial da rede de comercialização de hortaliças do CAF estruturada pelos seus agentes sociais. Por fim, a conclusão, que reúne os principais pontos discutidos nos capítulos anteriores, onde são sintetizadas as idéias lançadas nesta pesquisa.

Como forma de destacar os passos metodológicos são apresentados, retomados, descritos mais uma vez. (Fluxograma 2)

(31)
(32)

2 Interações espaciais e redes

A construção de conceitos é uma habilidade fundamental para categorizar o real, classificá-lo e fazer generalizações. Com base em Coll Salvador (apud CAVALCANTI, 2002, p.36), “os conceitos são importantes mediadores da relação das pessoas com a realidade; eles nos libertam da escuridão particular”. É nesse contexto que se resgatam alguns conceitos que servirão para uma melhor compreensão deste trabalho, tais como: interações espaciais e redes.

2.1 Interações espaciais

A discussão acerca das interações espaciais será baseada,

principalmente, em Corrêa (1997a). Para ele, estas interações criam formas específicas de organização espacial e são também responsáveis pela estruturação das redes geográficas, dando-lhes suportes técnicos para a sua concretização. Outro aspecto de grande relevância desse referido autor é que ele mostra em sua reflexão teórica o caráter indissociável entre interações espaciais e redes.

Outra abordagem que norteará as discussões acerca das interações espaciais é a de Santos (1988) que, apesar de não trabalhar o conceito de interações espaciais, contribui indiretamente para o entendimento desse conceito, quando explica o papel dos fixos e dos fluxos, de grande relevância para a compreensão da organização espacial, à medida que os fixos se materializam no espaço e, através destes, dinamizam os diversos fluxos de informações, capitais, mercadorias, pessoas, entre outros.

No que se refere às interações espaciais, ohomem já praticava, desde o

início das primeiras civilizações, sendo seu avanço diretamente proporcional ao desenvolvimento das técnicas. Porém, o marco mais recente que causou grandes mudanças foi, sem sombra de dúvidas, a I Revolução Industrial, no final do século XVIII e início do século XIX. E seus respectivos desdobramentos, como a II e III Revoluções Industriais. Corrêa (1997a) afirma que estas Revoluções Tecnológicas podem ser caracterizadas pelo desenvolvimento dos meios de transporte e

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comunicação, com a modernização e construção das ferrovias, estradas, portos e aeroportos, substituindo as trilhas e os caminhos. Isto, consequentemente, intensifica o volume de bens e mercadorias em circulação, passando a ter grandes implicações na intensificação das interações espaciais.

No campo das comunicações, os adventos do telégrafo, telefone e, mais recentemente, da teleinformática fizeram acelerar os fluxos imateriais de informações ou informacionais, os fluxos de capitais monetários e financeiros, rompendo as barreiras espaciais e aprofundando as interações espaciais ente os lugares.

As interações espaciais constituem um amplo e complexo conjunto de deslocamentos de pessoas, mercadorias, capitais e informações sobre o espaço geográfico. Podem apresentar maior ou menor intensidade, variar segundo a freqüência de ocorrência e, conforme a distância e direção caracterizam-se por diversos propósitos e se realizar através de diversos

meios e velocidades(CORRÊA, 1997a, p. 279).

Desta forma, percebe-se que as interações espaciais estão fortemente imbricadas com a densidade do aparato técnico materializado na organização espacial de tal forma que, quanto maior for esta densidade técnica incorporada no mesmo, mais tenderá a dar complexidade às interações espaciais.

As migrações em suas diversas formas (definitivas, sazonais, pendulares etc.), as exportações e importações entre países, circulação de mercadorias entre fábricas e lojas, o deslocamento de consumidores aos centros de compras, a visita a parentes e amigos, a ida ao culto religioso, praias ou cinema, o fluir de informações destinadas ao consumo de massa ou entre unidades de uma mesma empresa são, entre tantos outros, exemplos correntes de interações espaciais em que, de uma forma ou de outra, estamos todos envolvidos (CORRÊA, 1997a, p. 279).

Neste sentido, as interações espaciais não devem ser entendidas apenas como deslocamentos ou meras ligações ou conexões, mas como algo mais complexo, pois o próprio termo “interações” dá idéia de um fenômeno em constante movimento de ir e vir, seja ele material ou imaterial, que parta de um ponto para outro, promovendo materializações no espaço geográfico significativas para a organização do mesmo.

Analisando as interações espaciais e contrapondo-as à análise dos fixos e fluxos, verifica-se uma forte imbricação entre ambos, o que contribui para o melhor entendimento desse conceito.

(34)

A análise dos fluxos é as vezes difícil, pela ausência de dados. Mas o estudo dos fixos permite uma abordagem mais cômoda, através dos objetos localizados: agências de correio, sucursais bancárias, escolas, hospitais, fábricas. Cada tipo de fixo surge com suas características, que são técnicas e organizacionais. E desse modo a cada tipo de fixo corresponde uma tipologia de fluxos, Um objeto geográfico, um fixo, é um objeto técnico, mas também um objeto social. Graças aos fluxos. Fixos e fluxos interagem e se alteram mutuamente (SANTOS, 1988, p. 77-78).

As interações espaciais não poderiam ocorrer sem a presença dos fixos, pois é através destes que se concretizam o movimento, a circulação e os fluxos, fornecendo elementos para a elucidação dos processos de produção, distribuição e consumo. Sendo assim, é neste contexto que os fixos e fluxos de complementam entre si.

Em tempos passados, as interações espaciais eram caracterizadas pela sua lentidão espaço-temporal e pequena abrangência de suas espacialidades. Elementos que influenciaram essa lentidão das interações foram as deficiências dos meios de transporte e comunicação, o que dava à produção uma posição privilegiada dentro do processo produtivo em contextos espaciais de pequena fluidez.

Levando-se em conta o meio técnico-científico e informacional, Santos (1994) declara que a ciência é cada vez mais utilizada para produzir técnicas da informação que passaram a exercer um papel de elo entre as demais técnicas, unindo-as e permitindo tirar partido do espaço global. Esses avanços do meio técnico criam novos objetos chamados de fixos que geram fluxos, caracterizados pela aceleração na escala espaço-temporal. No processo produtivo da sociedade capitalista não basta produzir, é necessário dotar a produção de mobilidade, tornando cada vez mais complexa as interações espaciais.

Neste sentido, as interações espaciais intensificam-se horizontalmente e verticalmente, passando a ter um rebatimento planetário, abrangendo as diversas escalas de análises do espaço, como: o local, passando pelo regional, nacional e global, sem que haja necessariamente, segundo Castro (1995), rigidez de relevância na hierarquia das escalas, pois se deve partir de uma visão transescalar tendo como base o fenômeno a ser investigado, ou seja, a questão é articular as escalas.

Dessa forma, verifica-se que todas as interações espaciais possuem uma ou várias escalas de análises no espaço, além da indissociabilidade espaço-tempo. É nesse sentido que Corrêa (1997a) classifica as interações espaciais nos seguintes

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aspectos. (Quadro 1)

Quadro 1 - Padrões de interações espaciais - espaço-temporal

Fonte: CORRÊA, 1997a, adaptado por Claudio Ressurreição dos Santos, 2009

Interações espaciais fortemente regionais - são típicas de áreas relativamente integradas internamente e muito pouco articuladas externamente; interações espaciais fortemente extra-regionais - são características de áreas onde, via de regra, os deslocamentos se fazem a longa distância, envolvendo fluxos associados a especializações funcionais, sejam do setor de serviços ou do setor produtivo; interações espaciais fortemente influenciadas pela direção - são características de centros que têm uma posição geográfica de contato entre regiões distintas, em termo de densidade demográfica, características socioeconômicas e

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padrões culturais; interações espaciais descontínuas no tempo envolvem várias escalas temporais. Ainda para Corrêa (1997a). Essas interações descontínuas no tempo são encontradas nas diversas áreas, sendo que a variação temporal pode ser de alguns séculos, entre duas estações chuvosas, entre duas datas em anos subsequentes, ou até entre um determinado dia, a cada semana ou ainda no

intervalo entre algumas horas. Observa-se que T1 é constituído por diferentes fluxos

com destaque em ordem de magnitude aos fluxos i, j, k; enquanto em T2

apresentam-se apenas 3 fluxos - q configura um novo fluxo e de grande magnitude, p de pequena intensidade porém um novo fluxo e j um fluxo já existente, agora com menor intensidade. Os fluxos j, k, l, m, e n desaparecem.

Nas sociedades de um modo geral e especificamente aquelas sobre a lógica do capital, os diversos tipos de fluxos dão origem às interações espaciais. Logo, estas devem ser vistas:

(...) como parte integrante da existência (e reprodução) e do processo de transformação social e não como puro e simples deslocamento de pessoas, mercadorias, capital e informações no espaço. No que se refere à existência e reprodução social, as interações espaciais refletem as diferenças de lugares face às necessidades historicamente identificadas. No que concerne

às transformações, as interações espaciais caracterizam-se,

preponderadamente, por uma assimetria, isto é, por relações que tendem a favorecer um lugar em detrimento de outro, ampliando as diferenças já existentes, isto é, transformando os lugares (...) (CORRÊA, 1997a, p. 280).

Com esse raciocínio, as interações espaciais não significam apenas fluidez de pessoas e mercadorias. Estas passam a ser uma condição para o futuro da sociedade, no momento em que impõem um papel relevante na valorização produtiva e reprodutiva do capital nos diferentes lugares, necessitando de novos objetos técnicos no espaço, como também, segundo Silva; Silva (2003), faz-se necessária uma nova capacidade organizacional de definir ações inovadoras para inserir esses lugares nos diversos fluxos de interações espaciais. Sendo assim, alteram-se, modificando a organização do espaço.

Analisando as interações espaciais e correlacionando com a idéia de centralidade, verifica-se uma forte imbricação entre ambos, o que facilita para a melhor compreensão das interações espaciais impulsionados a partir do CAF com os supermercados da cidade.

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O estudo de centrais de abastecimento e supermercados enquanto forma de comércio demandam centralidades. Nesse contexto, ressalta a clássica Teoria das Localidades Centrais, de Christaller (1933), por ser uma contribuição importante para os estudos das atividades comerciais e de serviços.

Com base em vários estudos Silva (1976), Corrêa (1997) e Sposito (2004), uma localidade se torna central quando sua oferta de bens e serviços ultrapassa a das localidades vizinhas e estas, por sua vez, suprem suas demandas a partir daquela. Para Berry e Horton In Sposito (2004), o termo lugar central significa centro urbano.

Uma outra análise que ressignifica a teoria de Christaller (1933), é a contribuição de Tourinho (2006). Para se discutir centralidade, cabe aqui diferenciar centralidade de centro. Segundo Tourinho (2006), até a década de 1980, a centralidade era entendida como atributo exclusivo do centro urbano, ou seja, o centro era o lugar da centralidade. A partir da década de 1990, novos elementos no espaço urbano passaram a questionar essa perspectiva e começou uma discussão em torno das “novas centralidades”.

Contudo, nas últimas décadas, o Centro perdeu centralidade para as chamadas “novas centralidades”, uma vez que não consegue continuar comandando, ele só, o complexo processo da construção metropolitana, sendo obrigado a entrar na arena competitiva com outras áreas da cidade. Dessa forma, a centralidade tornou-se independente do Centro, distanciou-se dele, conceitual e fisicamente falando. Nesse sentido, a centralidade, como qualidade do que é central, tornou-se ela própria medida, passando a identificar a aptidão que certos elementos urbanos têm para promover e impulsionar fluxos de intercâmbio (TOURINHO, 2006, p. 290).

Assim, a centralidade deixou de ser exclusiva do centro e passou a caracterizar-se como qualidade do que é central, sendo atributo de espaços capazes de promover, atrair e impulsionar fluxos.

É interessante notar que, no pensamento de Tourinho, a centralidade torna-se independente do centro, ou seja, ainda que um espaço não seja o centro, ele pode possuir ou exercer centralidade, num tempo determinado. A centralidade pode estar até mesmo distante do centro, porque ela é identificada pela capacidade de os elementos urbanos se tornarem nós de uma rede de fluxos.

Portanto, centralidade está atrelada também às interações espaciais. Assim sendo, “o deslocamento de consumidores aos centros de compras”

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(CORRÊA, 1997a, p. 279) é um exemplo de interação espacial. E esses “centros de compras” são as localidades centrais.

Esta discussão teórica é de fundamental importância, pois atende aos

objetivos e perspectiva desta pesquisa, no que se refere à compreensão das

espacialidades do CAF. As discussões e abordagens de Corrêa (1997a) e Santos (1988) sérvio de suporte teórico para analisar o CAF, enquanto fixo que apresenta características administrativas, técnicas, como sua estrutura física, equipamentos, que são responsáveis por tipos de fluxos que concretizam suas interações espaciais e as redes geográficas.

A discussão teórica acerca das interações espaciais torna-se mais inteligível quando estas são analisadas conjuntamente com os fixos e fluxos, o que facilita a compreensão e análise das questões e objetivos propostos nesta pesquisa.

2.2 Redes geográficas

Como parte do referencial teórico-conceitual desta pesquisa, reconhece-se a necessidade de analisar as redes geográficas, por reprereconhece-sentarem o suporte estrutural que permite um maior dinamismo das interações espaciais. Ressalta-se que as interações espaciais ocorrem independentemente das redes, pois apenas a conexão entre dois pontos já permite que haja interações espaciais. Entretanto, para que haja redes, tem de haver conexão de pontos formando um conjunto de linhas, interconectando esses pontos, articulando-os em redes. Neste sentido, como afirma Santos (1999), nem tudo são redes.

O tema acerca das redes é do interesse de diversas áreas do conhecimento científico, como economia, sociologia, urbanismo, administração, etc. Porém, a ênfase teórica será dada numa perspectiva da geografia, visando as especificidades das redes geográficas. Não se fará uma discussão exaustiva, apenas serão pontuados alguns aspectos deste conceito fundamental para o desenvolvimento deste trabalho.

Elegeu-se Santos (1999) para dar a visão das redes na perspectiva contemporânea das técnicas, resgatando as dimensões temporais e espaciais, assim como os impactos na organização espacial da mesma. Corrêa (1997a, 1997b

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e 1999) foi escolhido por analisar redes geográficas não só nas dimensões espaciais e temporais, como também na dimensão organizacional, que influencia a natureza e tipologia dos fluxos dessas redes.

A abordagem de Dias (1995 e 2005) dá suporte teórico para discutir a relevância da temática das redes nas últimas décadas do século XX, analisando a gênese do conceito atrelada à etimologia da palavra. A partir de então, apresenta o conceito moderno das redes e as relações entre fluxos de informação e dinâmica espacial, em torno das quais se trava um debate sobre o papel das modernas redes telemáticas nas transformações da organização espacial.

A proposta de Raffestin (1993) demonstra as diversas formas de manifestação do poder, as quais não são restritas apenas ao Estado, mas estendem-se a grupos sociais, que se apropriam das redes enquanto instâncias do poder para o controle do espaço.

Pode-se observar que há vários conceitos de redes, dependendo da especificidade das mesmas. Para Santos (1999), o instrumento teórico que deu origem ao conceito parte do princípio de que as redes são a ciência da ligação e comunicação das substâncias, ou seja, no seu sentido comum, ligação ou conexão de um ponto a outro, ou ainda, ligação de nós. Desta forma, a discussão se torna ampla no campo das ciências.

Apesar da multiplicidade de conceituações sobre as redes, podemos agrupá-las em duas grandes matrizes: a primeira, que leva em conta o seu aspecto material, e uma outra, a da dinâmica social. As redes são consideradas como:

Toda infra-estrutura, permitindo o transporte de matéria, de energia ou de informação, e que se inscreve sobre o território onde se caracteriza pela topologia dos seus pontos de acesso ou pontos terminais, seus arcos, de transmissão, seus nós de bifurcação ou de comunicação.

Mas a rede é também social e política, pelas pessoas, mensagens, valores que a frequentam. Sem isso, e a despeito da materialidade com que se impõem aos nossos sentidos, a rede é, na verdade, uma mera abstração (...) (SANTOS, 1999, p. 208-209).

De acordo com esta abordagem, faz-se necessário considerar as duas matrizes para uma melhor compreensão das redes, no âmbito da geografia, no momento em que a primeira refere-se aos aspectos físicos ou mecânicos das redes, não levando em conta o conteúdo social. Quando este se faz presente, surge uma nova matriz, cujo princípio dinâmico é a sociedade, sendo ambas diferentes, porém

Referências

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