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Formação Académica e Profissional dos Comandantes de PUME

3. As Pequenas Unidades Militares do Exército como Organizações

3.4 Formação Académica e Profissional dos Comandantes de PUME

Do EMFAR relativamente ao ensino e formação nas FFAA compreende-se que estes “visam a preparação dos militares para o desempenho de cargos e exercícios de funções de cada categoria e quadro especial” (art.º 75.º), sendo que as FFAA proporcionam a formação adequada às suas necessidades e ao desenvolvimento do militar. A formação militar deve possuir uma base de índole científica, cultural e profissional, uma base comportamental de sólida educação moral e cívica, uma base específica visando competências e capacidades de atuar em situações de risco e uma base física e militar, capaz de conferir desembaraço físico e prontidão imprescindível ao cumprimento de missões militares. Segundo Popenta (2011: 52), o líder militar deve ser, saber e fazer, interiorizando uma responsabilidade moral e conduta ética superiores, assim como uma capacidade de aceitar riscos e promover coragem moral.

Para o desempenho da função de Cmdt de PUME interessa-nos avaliar o ensino superior militar, sendo que este se consubstancia na “realização de cursos e ciclos de estudos, conducentes ou não à obtenção de graus académicos” (art.º 77.º do EMFAR).

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Para o ingresso na categoria de oficiais é exigida a habilitação de mestre ou licenciado, conferida por estabelecimento de ensino superior militar ou conferida por outros estabelecimentos de ensino superior, em áreas com interesse para as FFAA, desde que complementados com curso, tirocínio ou estágio.

No entanto também existe formação de nível não superior, ministrada nas FFAA, que prepara os militares para o desempenho de funções de Cmd de PUME, nomeadamente na prestação de serviço RV/RC. Nestes regimes os “Cursos de Formação de Oficiais RV/RC”, com duração variável conforme a especialidade a que se destinam, também habilitam os formados, na maioria dos casos, ao desempenho de funções de Cmd em UEP, como oficiais subalternos (Alf e Ten).2 Existem também cursos de especialização, atualização e aperfeiçoamento, com duração variável, que permitem adquirir competências adicionais para o exercício do Cmd. São exemplos os cursos de Formação Pedagógica de Formadores, de Para Militar, de Tiro, de Ligação e Observação Militar, de Cmds, de OEsp, etc.

No caso dos oficiais do QP a sua formação inicial começa normalmente com o ingresso na AM, atualmente nos mestrados integrados em Ciências Militares.3 Durante esta formação inicial os cadetes-alunos irão ser confrontados com a escolha da AASS que desejam servir, desde que reúnam condições para tal e haja vaga. Em qualquer AASS existe possibilidade de, como oficial, vir a comandar uma PUME durante o tempo em que se mantiver nos postos de oficial subalterno, Cap ou oficial superior até TCor.

Para além da formação inicial existem outros ciclos de estudos que habilitam à ascensão ao posto superior e consequentemente à possibilidade de comandar uma PUME no escalão imediato, são os chamados cursos de promoção. É o caso do “Curso de Promoção a Cap”, ministrado na Escola das Armas ou na Escola dos Serviços aos Ten com pelo menos três anos no posto, que permite a ascensão ao posto superior. Os Capitães com pelo menos cinco anos no posto são nomeados para a frequência do “Curso de Promoção a Oficial Superior”, ministrado no Instituto Universitário Militar, que permite a ascensão ao posto de Maj e seguintes. Nos países aliados e amigos a

2 Na falta de oficiais de posto Cap, ou outros subalternos mais antigos do QP, os oficiais em RV/RC poderão excecionalmente comandar UEC.

3 Já houve no passado outras formas de aceder ao QP como oficial através de outros estabelecimentos de ensino ou outras formas de prestação de serviço. A mais comum era na Escola Superior Politécnica do Exército agora extinta, mas decorrem neste momento estudos para definir alternativas à AM, para outras especialidades que não as AASS disponíveis neste estabelecimento de ensino superior.

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situação é análoga. No caso dos EUA o Officer Education System é composto pelos cursos de formação inicial como o Reserve Officer Training Corps, o Officer Candidate School e o Basic Officer Leader Course orientados para o Cmd de UEP, enquanto o Captains Career Course prepara os Cap para o Cmd de UEC. Ainda o “Command and General Staff Officer Course prepares majors for battalion command as well as staff officer positions at field grade level” (Kirchhoff, 2013: 34).

Ilustração 3.2 Áreas de estudo dos diversos Mestrados Integrados da AM.

Fonte: Estrutura curricular e plano de estudos dos Mestrados Integrados da AM (retirado de:

http://academiamilitar.pt/ensino/mestrados-integrados.html [consultado em 20 de julho de 2017]). Das Ciências Militares interessa compreender que “são um corpo de conhecimentos de natureza multidisciplinar, relativos à edificação e emprego de capacidades militares” (Academia Militar, 2017a) que executam missões das FFAA. As suas áreas de conhecimento são, entre outras, o estudo dos conflitos armados, as operações militares e o comportamento humano. Os cursos formação de oficiais do QP da AM têm uma componente de formação científica de base técnica e tecnológica, uma componente de formação comportamental e uma componente de desenvolvimento de capacidade de raciocínio, análise e espírito crítico. Fazendo uma análise à sua estrutura curricular verifica-se a natureza multidisciplinar da formação académica dos cadetes- alunos, assentes nas várias ciências formais, naturais e sociais, acrescentando as

Ciências

Naturais: Química Física Geologia Topografia Formais: Matemática Desenho Programação Electrónica Militares: Armamento Tática Estratégia Logística Sociais: Direito Geografia História Ética

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específicas da componente militar. Uma análise mais aprofundada revela que, na área relacionada com a gestão, os diversos cursos integram UC tais como: metodologia da comunicação, introdução à gestão, gestão da comunicação, GRH, teoria geral da estratégia, ética e liderança, administração e finanças públicas, economia, história económica e social, psicossociologia das organizações, contabilidade financeira e gestão estratégica, por exemplo.