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4. PACTO NACIONAL PELA ALFABETIZAÇÃO NA IDADE CERTA: A POLÍTICA CURRICULAR E FORMAÇÃO CONTINUADA PARA A ALFABETIZAÇÃO NOS

5.3. A FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES E O PACTO NACIONAL PELA ALFABETIZAÇÃO NA IDADE CERTA

No Brasil, a formação continuada docente tem sido amplamente discutida como uma das formas de melhoria da qualidade de ensino. Diante disso, muitos estudos vêm sendo desenvolvidos, no sentido de favorecer a construção de políticas públicas de formação continuada que colaborem com a melhoria do desempenho dos estudantes.

De forma geral, cabe ao governo a responsabilidade de estabelecer metas e criar estratégias que deverão nortear as ações políticas voltadas para o desenvolvimento e melhoria da educação, e isso acontece através da promulgação de leis, portarias, decretos e fixação de diretrizes que regulamentam as políticas públicas voltadas à educação.

É importante apresentar algumas das normativas que tratam da educação no país. A LDB 9.394/1996, que norteia a educação brasileira, tem como um dos seus princípios a igualdade de acesso e permanência à escola e estabelece, em seu artigo 9º, inciso IV, que a União, em colaboração com os Estados, Distrito Federal e os Municípios, estabelecerá competências e diretrizes para a Educação Básica.

Desta forma, foram estabelecidas as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica, através do Parecer CNE/CEB nº 7/2010 e Resolução CNE/CEB nº 4/2010. Em consonância a essas orientações, criou-se a Resolução CNE/CEB nº 7/2010, que fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental, a qual atende os marcos legais que a precedem, inclusive a Lei nº 11.274/2006, que alterou o artigo 32º da LDB, ampliando o Ensino Fundamental para nove anos e permitindo o ingresso de estudantes com seis anos de idade no Ensino Fundamental.

A ampliação do Ensino Fundamental para nove anos e a matrícula obrigatória de crianças a partir dos seis anos de idade provocou muitas dúvidas aos docentes e fez com que esses sentissem a necessidade de estudos referentes às características das crianças de seis anos, bem como a compreensão sobre o processo de alfabetização nessa faixa etária. (LEÃO, 2011)

Em decorrência da mudança, o Governo Federal investiu na criação de políticas públicas que teve como foco a formação continuada dos docentes da Educação Básica. Um exemplo é programa que se destaca neste trabalho: o PNAIC.

Para cumprir o compromisso firmado em parceria com o Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (PARFOR), Fóruns Estaduais Permanentes de Apoio à Formação Docente, Secretarias Distrital, Estaduais e Municipais, o Governo Federal criou o Programa de Formação Continuada de Professores Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) como uma das principais estratégias para o alcance da meta de elevar o percentual de crianças alfabetizadas até os oito anos de idade, conforme metas dos PNE21s 2001-2011 e 2014-2024. (GELOCHA; DALLA CORTE, 2016, p.109).

A Portaria nº 867, de 4 de julho de 2012, institui o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa – PNAIC, destaca essa política pública e prevê como uma de suas ações a formação continuada, voltada aos docentes que atuam no ciclo de alfabetização do Ensino Fundamental, reafirmando o compromisso do Governo Federal, do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios, de garantir condições para “alfabetizar as crianças até, no máximo, os oito anos de idade, ao final do 3º ano do ensino fundamental, aferindo os resultados por exame periódico específico, que abrange a alfabetização em língua portuguesa e matemática” (BRASIL, 2012).

21 O Plano Nacional de Educação (PNE) determina diretrizes, metas e estratégias para a política educacional. Esse está divido em três grupos de metas, o primeiro refere-se a garantia do direito a educação básica com qualidade, o segundo a redução das desigualdades e valorização da diversidade, objetivando a equidade e o terceiro bloco trata da valorização dos profissionais da educação.

A estrutura da formação continuada de professores prevista para o PNAIC propôs a articulação entre as Instituições de Ensino Superior, das Secretarias de educação e das escolas, para garantir o processo formativo dos professores alfabetizadores atuantes nas salas dos três primeiros anos do Ensino Fundamental. Segundo o material, essa estrutura é composta da seguinte forma:

(...) inicialmente, por dois grupos de professores: formadores e orientadores de estudo. A ação destes incide sobre um terceiro grupo, o dos Professores Alfabetizadores, que trabalha diretamente com as crianças que são o objetivo maior do programa. (BRASIL, 2012, p.1).

Torna-se evidente que os “Professores Formadores”, os quais foram selecionados pela Instituições de Ensino Superior, deveriam realizar formações com os professores denominados “Orientadores de Estudo”, que atuaram na formação dos “Professores Alfabetizadores.”

Isso demonstra que a formação continuada deveria ocorrer a partir de uma perspectiva multiplicadora, onde as Instituições de Ensino Superior eram responsáveis em preparar os profissionais que em momentos presenciais orientariam as reflexões formativas do Programa, junto aos orientadores de estudo, tendo como referência os Cadernos de Formação.

Os professores formadores, conforme orienta os cadernos do MEC, eram descritos como profissionais que, além de serem responsáveis por ministrar a formação dos orientadores, também deveriam acompanhar o trabalho desses junto à formação dos Professores Alfabetizadores, e aos Orientadores de Estudo cabia a tarefa de acompanhar os professores durante a formação em seu próprio município. (BRASIL, 2012).

Os cadernos que orientam o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa deixam claro que a formação continuada que orienta as ações do PNAIC segue os princípios de “práticas reflexivas”, “construção de identidade profissional”, “socialização das ações educativas”, “engajamento” e “colaboração”, e ainda os define da seguinte forma:

A prática da reflexividade: pautada na ação prática/teoria/prática, operacionalizada na análise de práticas de salas de aulas, aliadas à reflexão teórica e reelaboração das práticas. A constituição da identidade profissional: efetivada em momentos de reflexão sobre as memórias do professor enquanto sujeito de um processo mais amplo, procurando auxiliá- lo a perceber-se em constante processo de formação. A socialização: operacionalizada na criação e fortalecimento de grupos de estudo durante as formações que, espera-se, transcenda o momento presencial, diminuindo o

isolamento profissional, intrínseco à profissão de professores, que, em geral, mantém conato com pais, estudantes e diretores, mas não com seus pares. O engajamento: privilegiar o gosto em continuar a aprender é uma das metas primordiais da formação continuada e certamente faz parte da melhoria de atuação em qualquer profissão. A colaboração: para além da socialização, trata-se de um elemento fundamental no processo de formação. Através da colaboração, busca-se a formação de uma rede que visa ao aprendizado coletivo, por meio do qual os professores exercitem a participação, o respeito, a solidariedade, a apropriação e o pertencimento. (BRASIL, 2014, p.11).

Diante disso, compreende-se que o PNAIC oportunizou momentos de debate sobre a docência, que podem ter colaborado com a melhoria do ensino e da aprendizagem, pois o mesmo apresentou uma proposta de contribuir com o processo de formação docente por meio de debates e reflexões sobre sua prática, oportunizando a construção de ferramentas teórico-metodológicas, as quais podem auxiliá-los a interpretar, a auto avaliar, a compartilhar, a compreender, a documentar, a refletir sobre o ensino e suas atuações pedagógicas. (FERREIRA; NÖRNBERG; ALVES, 2017).

5.4 PACTO NACIONAL PELA ALFABETIZAÇÃO NA IDADE CERTA NO RIO