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A FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES QUE ENSINAM MATEMÁTICA PARA

No mês de maio de 2000, o Ministério da Educação remeteu, ao Conselho Nacional de Educação, a proposta de Diretrizes para a Formação de Professores da Educação Básica em cursos de nível superior. O Conselho Nacional de Educação designou uma equipe para a análise da proposta e, após vinte e uma reuniões que aconteceram entre agosto de 2000 e maio de 2001, o documento constituído foi submetido à apreciação da comunidade educacional em cinco audiências públicas regionais, uma reunião institucional, uma reunião técnica e uma audiência pública nacional.

As discussões abrangeram o cenário econômico do país, a democratização e melhoria da qualidade do ensino, a universalização do ensino, o avanço e a disseminação das tecnologias da informação e comunicação que estavam impactando as formas de convivência social, a organização do trabalho e do exercício da cidadania e o reconhecimento da importância da educação para a promoção do desenvolvimento sustentável e para a superação das desigualdades sociais.

O cenário da educação apresentou muitos desafios educacionais que, nas últimas décadas, foram objetos de pesquisa e de implementações de políticas educacionais orientadas pelo debate social e acadêmico. As pesquisas evidenciaram a formação inadequada do professor, predominantemente tradicional, que não condiziam com a atividade docente almejada.

Destarte, foi aprovada a Resolução CNP/CP 1, de 18 de fevereiro de 2002, que institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica em nível superior, curso de licenciatura de graduação plena. A Resolução determina as características da organização curricular de cada instituição, inerentes à formação para a atividade docente, No inciso VI do artigo 2º.

VI - o uso de tecnologias da informação e da comunicação e de metodologias, estratégias e materiais de apoio inovadores (BRASIL, 2002, p.1).

O preparo do futuro professor para a prática profissional deve situar-se próxima daquela na qual será inserido. Conforme o artigo 13º da Resolução CNP/CP 1, de 18 de fevereiro de 2002, a escola de formação de professores deverá promover a articulação de diferentes práticas numa perspectiva interdisciplinar. O parágrafo 2º do artigo 13 caracteriza como poderá acontecer essa promoção prática: § 2º A presença da prática profissional na formação do professor, que não prescinde da observação e ação direta, poderá ser enriquecida com tecnologias da informação, incluídos o computador e o vídeo, narrativas orais e escritas de professores, produções de alunos, situações simuladoras e estudo de casos (BRASIL, 2002, p.1).

A organização institucional de formação de professores deverá garantir recursos para garantir a promoção da qualidade na formação. O artigo 7º da Resolução CNP/CP 1, de 18 de fevereiro de 2002, introduz as normas na cláusula VI:

VI - as escolas de formação garantirão, com qualidade e quantidade, recursos pedagógicos como biblioteca, laboratórios, videoteca, entre outros, além de recursos de tecnologias da informação e da comunicação (BRASIL, 2002, p.1).

No ano de 2015, foi publicada a Resolução CNE/CP nº 2, de 1º de julho de 2015, a qual implementa as atuais diretrizes curriculares nacionais para a formação inicial em nível superior (cursos de licenciatura, cursos de formação pedagógica para graduados e cursos de segunda licenciatura) e para a formação continuada. O capítulo II da referida resolução define as normas inerentes à formação dos profissionais do magistério para a educação básica. A cláusula VI do artigo 5º remete ao uso competente das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) para o aprimoramento da prática pedagógica e a ampliação da formação cultural dos (das) professores e estudantes.

O Capítulo IV da Resolução CNE/CP nº 2, de 1º de julho de 2015, corresponde à formação inicial do magistério da educação básica em nível superior

e compreende cursos de graduação de licenciatura, cursos de formação pedagógica para graduados não licenciados e cursos de segunda licenciatura. A cláusula II, parágrafo único, artigo 10º, determina a produção e difusão do conhecimento científico-tecnológico das áreas específicas e do campo educacional e, a cláusula V do artigo 11, define que os cursos de formação pedagógica de docentes devem garantir projeto formativo que assegure aos estudantes o domínio dos conteúdos específicos da área de atuação: fundamentos, metodologias, bem como as tecnologias. A cláusula VII prevê que as instituições de formação devam ser estruturadas com recursos pedagógicos como biblioteca, laboratórios, videoteca e outros, além de recursos de tecnologia da informação e da comunicação (com qualidade e quantidade).

Mercado (1998) entende que a formação possibilita ao professor a aquisição de competências necessárias à sua situação no espaço tecnológico e para a apropriação desta nova linguagem. Ressalta ainda que cabe ao professor estar engajado no processo, consciente do seu potencial e de suas limitações para que possa selecionar e explorar as tecnologias, buscando melhoria do processo de ensino-aprendizagem e a renovação da prática pedagógica:

A formação de professores sinaliza para uma organização curricular inovadora que, ao ultrapassar a forma tradicional de organização curricular, estabelece novas relações entre a teoria e a prática. Oferece condições para a emergência do trabalho coletivo e interdisciplinar e possibilite a aquisição de uma competência técnica e política que permita ao educador se situar criticamente no novo espaço tecnológico (MERCADO, 1998, p.4).

Os futuros professores devem ser submetidos a experiências com tecnologias como tablets, computadores e lousas digitais, de modo que venham a conhecer e produzir novos materiais digitais que integrem tecnologias e conteúdo. Sobretudo se considerarmos os conteúdos matemáticos que vêm sendo trabalhados nos anos iniciais do ensino fundamental de forma tradicional, onde o professor tende a reproduzir os processos tal qual ele foi ensinado. Essas experiências podem se tornar essenciais ao professor e à reconstrução de novas possibilidades de ensinar Matemática.

Diante do exposto, podemos concluir que, desde as discussões que resultaram nas diretrizes homologadas em 2001, existe a preocupação em garantir a formação do professor de modo que as teorias venham acompanhadas da prática pedagógica e para que aconteça a efetiva formação do professor apto à realização

de um trabalho de integração das tecnologias em educação ao ingressarem na sala de aula.

2.11 SABERES DOCENTES E O PAPEL DO PROFESSOR FRENTE À ESCOLA