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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 ESTADO DA ARTE

4.1.6 Formação inicial e continuada de professores

O estudo de Moura e Teixeira (2010) discute a relevância do LC na formação inicial no curso de Ciências Biológicas, evidenciando que este é um dos elementos primordiais para o empoderamento dos sujeitos em suas práticas sociais. A pesquisa mostra uma reflexão e posterior discussão de dados obtidos, sob a percepção do referencial teórico escolhido, e das possibilidades de debate do LC nas questões atuais do ensino de Biologia.

Vieira et al. (2011) apresentaram uma produção que sugere mudanças através de variadas ferramentas metodológicas que pudessem ser testadas na disciplina de Genética, no Ensino Superior, em favor de uma avaliação com caráter formativo. Contudo, ao analisar os relatos da vivência, concluíram que a experiência não foi o bastante para afirmar se as ferramentas viabilizaram um aprendizado significativo, ou que substituíram as concepções prévias dos conceitos propostos.

Goulart e Maia (2012) em seu artigo buscaram conhecer as percepções dos professores de ensino médio acerca da biotecnologia por meio de um estudo exploratório realizado em quatro escolas em Paty do Alferes e Miguel Pereira, cidades do estado do Rio de Janeiro. Os temas foram trabalhados de modo a possibilitar o LC objetivando preparar o aluno/cidadão no contexto biotecnológico. Esse estudo possibilitou obter um panorama do conhecimento dos

professores sobre o assunto, como se dá a abordagem em sala de aula e a importância dada ao tema.

Fraiha-Martins e Gonçalves (2013) apresentaram uma produção que faz parte de uma pesquisa-ação, enquadrada na modalidade narrativa, e é baseada nas experiências vividas por estudantes de graduação, em processo de formação para o letramento cientifico digital (LCD). A análise dos resultados mostra que os licenciandos desenvolveram significações que se referem ao trabalho coletivo e a forma de usar as tecnologias digitais no ensino visando posteriormente a futura docência.

O trabalho de Gomes e Almeida (2017) investiga as habilidades de LC e o perfil metacognitivo de grupos de professores de educação básica e estudantes de cursos de licenciatura, utilizando dois instrumentos recentemente produzidos: o Teste de Habilidades de Letramento Científico – TOSLS, abreviatura em inglês de Test of Scientific Literacy Skills e o Inventário de Consciência Metacognitiva – MAI – abreviatura em inglês de Metacognitive

Awareness Inventory. Os resultados oriundos da aplicação dos instrumentos em um grupo de

vinte três licenciandos e vinte professores em exercício indicam que 74% desse total não possuem um nível satisfatório de LC, apesar de declararem que utilizam estratégias metacognitivas para estudar e planejar aulas.

Fraiha-Martins e Gonçalves (2017) em seu artigo objetivam compreender qual significado que os estudantes de um curso da área de Educação em Ciências e Matemática constroem sobre a utilização de WebQuest em processos de LCD. Os resultados revelam a potencialidade do uso de WebQuest para a mobilização e construção de conhecimentos científicos e digitais com o intuito de desenvolver sua própria aprendizagem dos licenciandos ao longo da graduação.

O estudo de Davel (2017) apresenta discussões a respeito de como a compreensão do conceito de LC pode ajudar as pessoas que realizam pesquisas na área de educação cientifica a elaborarem propostas para o ensino de ciências sob o enfoque CTS. Este trabalho se propõe a despertar a percepção e os questionamentos a respeito do desenvolvimento da ciência não somente como solução para todos os problemas da humanidade, mas também questionar os impactos e consequências que esse avanço pode acarretar.

A produção de Pereira et al. (2017) traz uma abordagem acerca de LC e CTS no 3º ano do ensino médio e nos três primeiros períodos do curso de licenciatura em Física. A pesquisa indicou que cerca de 13% dos estudantes do ensino médio tinham alguma ideia sobre o tema enquanto que 87% deles nunca tinham sequer ouvido falar desses termos. Já no que se refere

aos alunos do 1º, 2º e 3º períodos do curso de licenciatura em Física do Campus VII da UEPB, cerca de 99% dos alunos estavam diante de temas nunca vistos antes e nem durante a graduação. Os trabalhos apresentados em eventos que englobam as diversas áreas da educação básica que vão desde o ensino fundamental, passando pelo ensino médio e EJA, são os mais numerosos nesse levantamento, 13 no total. Os trabalhos de Goulart (2012), Moura e Teixeira (2010), Fraiha-Martins e Gonçalves (2013, 2017) e Gomes e Almeida (2017) focam nos estudantes das licenciaturas e professores que já estão em exercício. O estudo de Pereira et al. envolve alunos concluintes do ensino médio e licenciandos dos primeiros períodos do curso de Física. As produções de Pereira e Teixeira (2015), Queiroz et al. (2015), Rodrigues (2015), Perlingeiro e Galieta (2016), Gourlart e Maia (2013), Sampaio et al. (2013) e Oliveira e Rosa (2015) propõem práticas com o objetivo de se construir o estado de LC.

Percebe-se que há uma grande diversidade de trabalhos voltados para a temática escolhida, abordando aspectos metodológicos, tecnológicos, científicos e curriculares, entre outros. Essas publicações exploram todos os segmentos do ensino básico e o ensino superior, o que se constitui num desafio para quem pretende contribuir neste campo de estudo.

Conforme foi demonstrado ao longo deste estado da arte, os estudos realizados sobre as temáticas exploradas nos últimos dez anos abrangem as mais variadas perspectivas teórico- metodológicas, mas deixam lacunas especificamente no que diz respeito ao estudo do letramento científico no ensino médio integrado no âmbito da educação profissional. Como não foi encontrada nenhuma produção que explorasse essa temática, pode-se afirmar que essa pesquisa terá certo grau de ineditismo e será relevante para a academia e também para a sociedade, pois quando se discute o letramento científico os benefícios se estendem além dos muros das escolas.

4.2 ANÁLISE DOS DOCUMENTOS OFICIAIS DO IFRN