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V. Apresentação e Discussão do Processo de Intervenção/Investigação

5.2. As necessidades de formação

5.2.3. Formação oferecida pela empresa

Com o intuito de se perceber a participação dos funcionários em formação e se a empresa em estudo tem realizado formação, questionou-se os funcionários acerca de quando tinha ocorrido a última formação que os funcionários frequentaram e de quem foi a iniciativa da formação, se do próprio funcionário ou da empresa.

As respostas obtidas foram as seguintes: dois funcionários referiram que a última formação decorreu há seis meses. Um dos funcionários referiu que a iniciativa foi mista, no sentido em que tanto foi uma solicitação do funcionário como uma necessidade sentida da própria administração. O outro

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funcionário referiu que quando entrou na empresa lhe foi ministrada formação na área do ERP Primavera, porém esta não era a área de atuação do funcionário na empresa. Este funcionário não teve mais formação, apenas deu uma formação interna e que já foi há mais de seis meses.

Três funcionários referiram nas entrevistas que as formações que frequentaram tinham decorrido nessa semana ou na semana anterior à realização das entrevistas e que a iniciativa tinha sido da empresa em ministrar as formações. Por fim, um funcionário referiu que a última formação em que participou tinha decorrido no mês de Dezembro e de iniciativa da empresa e o outro funcionário referiu que a última formação foi há um mês, também iniciativa da empresa.

Os responsáveis pela avaliação de desempenho também foram questionados e referiram que a próxima formação ainda iria decorrer e que antes desta decorreram formações de “Windows Azure em Lisboa, também foi 1 dia de formação, mas foi há uns 4/5 meses (…) há 2 meses atrás também tivemos uma no Porto onde fomos fazer formação de reciclagem” (E10), a par destas sessões de formações externas, referiram que vão sendo realizadas ao longo do tempo “sessões de formação interna frequentes para abordar pontos / problemas / dificuldades concretas e focadas” (E11). Verifica-se que a informação recolhida em ambos os grupos está muito similar.

Quisemos, também, perceber se as formações que foram proporcionadas pela empresa aos funcionários contribuíram para a melhoria dos seus desempenhos. Todos os funcionários referiram que a empresa lhes proporcionou formação e que melhoraram o desempenho uma vez que foram retiradas dúvidas no decorrer da formação e que ajudou a resolverem os problemas mais rapidamente, contribuindo para aumentar o conhecimento nas ferramentas utilizadas na empresa. Apenas um funcionário referiu que a formação que recebeu não contribuiu muito para a melhoria do seu desempenho.

Questionados os funcionários, seis referiram que a formação realizada pela empresa estava apenas orientada para o desenvolvimento de competências e para a melhoria do desempenho. Apenas um funcionário referiu que a formação que frequentou estava direcionada para o seu desenvolvimento pessoal e emancipação uma vez que a formação não estava diretamente relacionada com a função que desempenha na empresa, mas que teve consequências no seu dia-a-dia de trabalho nomeadamente ao nível da comunicação.

Através das respostas obtidas podemos tirar a conclusão de que a formação oferecida pela empresa está voltada para a lógica da formação estratégica orientada para a resolução de problemas, onde a formação é concebida com o intuito de os funcionários adquirirem conhecimentos e competências

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que serão importantes para as suas funções dentro da empresa, ou seja, a aplicabilidade da formação ao nível do trabalho, sendo que muitas formações são internas e ministradas por funcionários ou responsáveis da empresa.

Para complementar as respostas obtidas de que na maioria a formação está orientada para o desenvolvimento de competências e para a melhoria do desempenho, assim como para complementar a conclusão retirada, foi questionado aos funcionários que objetivo, na opinião deles, a empresa privilegia na formação que oferece, tentando-se, através desta questão, perceber qual a lógica formativa praticada pela empresa na opinião dos funcionários.

Mais uma vez as respostas passam pela melhoria de conhecimentos técnicos, eficiência nas funções que executam, aperfeiçoamento na utilização das ferramentas de trabalho, tornar o funcionário mais produtivo, partilha de conhecimentos entre os colegas para a resolução de problemas, mais competência e melhor performance do funcionário.

Para consolidar esta informação tornou-se importante questionar os responsáveis pela avaliação de desempenho e perceber quais os objetivos que privilegiam quando oferecem formação. Os funcionários têm uma perceção daquilo com que têm contacto no dia-a-dia da empresa, mas a fonte mais fidedigna nesta questão serão os próprios responsáveis.

Assim, para os responsáveis os objetivos privilegiados passam pelo enriquecimento dos funcionários, pessoas mais produtivas e pelos conhecimentos técnicos e profissionais abordados nas formações. Um dos responsáveis referiu que se algum funcionário

“manifestar interesse em formação numa área que não esteja diretamente relacionada com o seu desempenho profissional, mas que possa fazer a pessoa mais feliz, que fique mais motivada e a empresa o tiver oportunidade de o fazer, também pode fazer porque vai ter um benefício indireto que é o colaborador mais satisfeito, mais motivado e de certa forma mais rico intelectualmente” (E9).

Todavia, realça que irão favorecer sempre em primeiro lugar as formações que contribuem para a estratégia da empresa e para uma melhor preparação dos funcionários para continuarem a perseguir essa estratégia.

Tendo em conta estas respostas, consideramos que a lógica de formação mais evidente é a lógica da formação estratégica orientada para a resolução de problemas, não estando tão evidente a lógica do modelo escolarizado e utilitarista da formação e a lógica da formação para o desenvolvimento pessoal e social.

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Na lógica do modelo escolarizado e utilitarista da formação é pretendido domesticar os trabalhadores em atos mecanizados, sendo que nesta área de atividade da empresa não é possível haverem atos mecanizados uma vez que cada projeto onde estão inseridos tem as suas especificidades.

No que toca à lógica da formação para o desenvolvimento pessoal e social a formação aqui pensada, assim como os conteúdos, contribuem para que os funcionários aumentem as suas competências, mas tem a particularidade de inserirem conteúdos ou atividades que preparem o funcionário para a vida tendo em conta valores ligados à cultura, à saúde, entre outros. Esta particularidade da lógica da formação para o desenvolvimento pessoal e social não se verificou nos testemunhos recolhidos, pelo que não consideramos que seja a lógica dominante.