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Formação do PNFEM e sua contribuição para a integração das tecnologias

CAPÍTULO 5 – DESENVOLVIMENTO DA INVESTIGAÇÃO-AÇÃO

5.4 A Investigação-ação sob o olhar do professor – Avaliando o processo

5.4.2 Formação do PNFEM e sua contribuição para a integração das tecnologias

Os apontamentos dos professores acerca das formações do PNFEM consolidam a importância de se proporcionar a formação continuada no ambiente da escola, entre seus pares, tendo a escola como lócus de formação, contemplando momentos de estudos conduzidos por profissionais que atuam na escola e possuem experiência no exercício da docência. Reitera-se a proposta do PNFEM (BRASIL, 2014, p. 17), apoiada na Política Nacional de Formação de Profissionais do Magistério da Educação Básica, Decreto nº 6.755/2009, no seu artigo 2º, em que consta: “a formação continuada entendida como componente essencial da profissionalização docente, devendo integrar-se ao cotidiano da escola e considerar os diferentes saberes e experiência docente.”

A oportunidade de compartilhar vivências e experiências, discutir ideias e dificuldades, teorias, conceitos e abordagens metodológicas, construindo-se vínculos ancorados na coletividade fortalecem os professores, motivando-os a buscar novas possibilidades de ensinar e aprender. O grupo aprende junto e tem a possibilidade de articular os aprendizados efetuados quando da formação com a prática de sala de aula. Tais aspectos das formações são evidenciados pelas seguintes colocações:

“momento de discussão e esclarecimentos em situações que talvez, em outros momentos não conseguíssemos sanar. Além de serem momentos de trocas (materiais, aplicativos, etc.) entre colegas” (P31).

“Foi um repensar em todos os sentidos, concepções de ensinar e aprender, construindo um olhar diferente em relação ao aluno, tornando o processo de ensino-aprendizagem mais flexível, dinâmico e aberto, envolvendo os alunos” (P 7).

Neste panorama reitera-se a relevância da integração das TIC, nos estudos do PNFEM, como mediadora no ensinar e aprender, tanto nos momentos de

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formação, quanto no trabalho pedagógico com os estudantes, enquanto ferramentas e recursos que qualificam o processo ensino e aprendizagem e favorecem a inclusão digital. Assim, é possível vislumbrar o desenvolvimento de práticas a partir de diferentes abordagens, tornando as aulas mais dinâmicas e atrativas, em sintonia com o universo do aluno. É evidente que as formações contribuíram para o próprio aprendizado do professor e também para utilizar as TIC na prática pedagógica, pois, segundo estes, é preciso instigar a prática, mas oferecer subsídio é fundamental.

Temas como inovação, interdisciplinaridade, colaboração, coletividade, reflexão, aplicação prática, ampliação das oportunidades de aprendizagem pelas TIC são recorrentes nas colocações dos professores quando se trata da integração das tecnologias no currículo. A necessidade de mudanças nas formas de trabalho docente é uma assertiva indicada por todos. O processo de discussão e reflexão operado na escola ao longo dos estudos promoveu diversas retomadas:

“cada dia provocava novas inquietações à medida que questionava as práticas escolares e levava a sua reflexão” (P 7).

“estes encontros são importantes, pois o diálogo e a troca de experiências, vem suprir uma necessidade tanto do pessoal como do coletivo” (P 12).

A realização de práticas diferenciadas pela mediação das TIC ainda representa um grande desafio. Estas apoiam-se nas parcerias dentro da escola, com orientação e assessoramento, a fim de que resultem no envolvimento e produção dos alunos. Assim o encorajamento para que o professor, além de realizar tais práticas, também possa socializá-las na escola e fora desta, mereceu destaque pelo grupo.

A formação do PNFEM, ao provocar reflexões acerca das práticas pedagógicas e das concepções em relação às tecnologias na mediação do processo de ensino e aprendizagem promoveu mudanças, algumas imediatas outras ainda inquietações, as quais devem resultar em novas abordagens pedagógicas. Assim é fundamental investigar de que forma tais mudanças se efetivaram no cotidiano escolar, identificando em quais momentos as TIC se fazem presentes no trabalho docente; se na sala de aula; na sala digital; além do espaço e tempo da escola; buscando compreender como esse processo acontece e que ferramentas têm permeado as práticas dos professores nesse ato de integração das TIC no currículo.

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Os dados coletados mostram que as tecnologias estão presentes na escola nos espaços de sala de aula e sala digital através de imagens, vídeos, slides, músicas, fotografia digital, acesso à internet, etc. Mas também além da escola, nas redes sociais, blog, e WhatsApp13. Sendo os recursos da internet a principal ferramenta em rede para realizar, apoiar e viabilizar as atividades elencadas. As tecnologias integram-se ao cotidiano do professor desde o seu planejamento até a aplicação das atividades em sala de aula.

As ferramentas elencadas e os diferentes usos das TIC estão diretamente relacionados com a área de conhecimento de cada disciplina e suas características, bem como a visão do professor acerca da contribuição das tecnologias para o desenvolvimento dos seus conteúdos. Uma vez que algumas áreas desenvolvem propostas com atividades de cunho prático outras são mais teóricas e conceituais. Ocorre então, uma diferenciação significativa na inserção das TIC no currículo, como se pode identificar pelas seguintes considerações dos professores sobre como aplicam as TIC nas suas práticas:

“acontece mais nas redes sociais fora da sala de aula, pois minha prática é direcionada para atividades práticas em Artes, pois o tempo é muito restrito” (P 24).

“Em sala de aula, celulares smartphones, tablets e notebooks possibilitaram o acesso a informações, imagens, postagens e produções textuais” (P 6).

A indicação das tecnologias móveis, especialmente smarphones, é um elemento de extrema relevância quanto ao uso das tecnologias em sala de aula, uma vez que é o local em que menos tem se investido para garantir o acesso à rede. Os professores relatam o apoio do celular de forma produtiva em várias atividades, demonstrando que o seu uso tem impactado as práticas pedagógicas na sala de aula. Nesse cenário Moran (2011, p. 30) coloca que “a chegada das tecnologias móveis à sala de aula traz tensões, novas possibilidades e grandes desafios”, e questiona: como conciliar mobilidade e sala de aula que consiste em um espaço e tempo previsíveis? Mesmo assim, alunos e professores apresentam possibilidades de construção do conhecimento e aprendizagem quanto ao uso do celular em sala de aula, um tema ainda muito discutido no contexto escolar.

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É um aplicativo de mensagens multiplataforma que permite trocar mensagens pelo celular sem pagar por SMS. É possível conversar em grupo, compartilhar imagens, áudios e fotos. http://www.whatsapp.com/.

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As ferramentas e recursos apontados foram agrupados por espaços físicos e digitais e podem ser verificados a partir da Figura 18.

Figura 18 – Mapa conceitual com recursos e ferramentas utilizadas pelos professores nas suas práticas pedagógicas

Fonte: Elaborado pela autora.

A presença das tecnologias móveis na escola, em especial na sala de aula, tem sido amplamente abordada por professores, alunos e pesquisadores. Sua importância na educação é apontada por Almeida (2007, p. 5) e Baranauskas (2013) que destacam suas características de imersão, interação, mobilidade e ubiquidade.

Trata-se das novas formas que se configuram as tecnologias para produção e comunicação no contexto atual, e que tem provocado impactos no ensinar e aprender. Ilustra-se tal realidade a partir dos dados apresentados pela pesquisa TIC

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Educação (2013), realizada pelo CGI, que aponta uma crescente tendência à mobilidade na escola. Sendo que o número de professores de escolas públicas que acessam a rede pelo celular cresceu de 22% em 2012 para 36% em 2013; com relação aos alunos esse índice é ainda maior, de 54% em 2012 para 73% em 2013 (CGI, 2013 p. 166). Assim as tecnologias móveis adentram na sala de aula através de celulares, smartphones e tablets, e, ao mesmo tempo em que transformam as relações no ensinar e aprender impõem novos desafios ao fazer pedagógico.

5.4.3 O Portal do Professor como apoio à construção de práticas que integrando as