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Os termos “pasta de coca” ou “pasta de coca bruta” e “pasta base” assemelham-se quando a presença do principio ativo, mas diferem no que tange aos resíduos químicos empregados na extração da cocaína das folhas. Enquanto a “pasta de coca” ainda possui diversos resíduos, a “pasta base” advém do processo de retirada desses resíduos. Esses

termos, no entanto, são utilizados indistintamente pelos próprios agricultores de coca e pelos fabricantes das pastas. Na Argentina o termo “paco” é utilizado para denominar a pasta de coca quando fumada (RIBEIRO et al., 2012).

A cocaína é mais frequentemente encontrada como pó cristalino, COC, obtido através do tratamento da pasta base com ácido clorídrico (HCl). Sob esta forma, não se presta a ser fumada, pois não se volatiliza e se decompõe com o aumento de temperatura. Comumente é auto-administrada por aspiração nasal, “cafungar”, por via oral ou intravenosamente, sendo absorvida na corrente sanguínea através da mucosa nasal (CHASIN & SILVA, 2003). O COC recebe diferentes denominações como “pó”, “brilho”, “coca”, “farinha”, etc. No entanto todos se referem a droga como sendo um pó branco, empedrado e brilhante, que, após triturado com a ajuda de uma lâmina de barbear ou de um cartão de plástico, poder ser aspirado ou dissolvido em água e aplicado intravenosamente. A prática de injetar a cocaína é vulgarmente conhecida como “pico” ou “baque” (RIBEIRO et al., 2012).

A pasta base é consumida fumada, sendo o primeiro relato do uso da droga nesta forma de apresentação foi no Peru no início dos anos 1970, espalhando-se para os outros países produtores no decorrer da mesma década. Posteriormente, alcançou os demais países da América do Sul, incluindo regiões fronteiriças do Brasil com os países produtores. Por ser fumada causa efeitos intensos de euforia com curta duração. Quando fumada isoladamente recebe o nome de “basuco”, já quando associada com tabaco ou maconha é denominada de “grimmie” (CHASIN & SILVA, 2003).

O freebasing é um produto derivado da cocaína e consiste na conversão do COC em cristais de cocaína na forma de base livre. Para isso a forma de sal é tratada com uma base líquida como NH4OH ou NaHCO3, para remover o HCl, o que requer a utilização de um meio aquoso sob aquecimento. Esses cristais originados são, então, esmagados e fumados em um tubo de vidro. Esse tipo de apresentação normalmente é fabricado em pequena escala, geralmente para uso próprio. O padrão compulsivo relacionado ao seu uso é percebido devido ser consumida em grandes quantidades, por vários dias, até chegar a exaustão física. Devido o uso de éter dietílico no processo de refino da cocaína, com o aquecimento para a produção do

freebasing, ocorriam acidentes por explosão, colocando em risco a vida de quem fabricava a

droga, levando a um desuso dessa forma de apresentação (RIBEIRO et al., 2012).

O crack pode ser obtido do freebasing a partir da retirada do éter dietílico e adicionando-se NH4OH, NaHCO3 e água com aquecimento moderado. Nessas condições, a cocaína se desprende de sua combinação salina e precipita, convertendo-se em cristais de cocaína quase pura, com posterior evaporação do solvente. A obtenção do crack também pode

ser a partir do COC, da pasta de coca ou da pasta base. No primeiro caso, há adição de água quente NH4OH ou NaHCO3, com remoção da camada de diluentes no final do processo, originando um produto mais limpo, similar ao freebasing. No segundo, a pasta de coca ou a pasta base é aquecida diretamente com NaHCO3, sem a remoção final dos diluentes, resultando em uma droga menos concentrada e mais “suja”. O nome crack provém do ruído de crepitação que a droga produz quando aquecida. A droga é fumada em cachimbos improvisados, misturado à maconha (mesclado) ou ao tabaco (pitilho) (RIBEIRO et al., 2012).

A merla é o produto resultante do preparo da pasta de coca ou da pasta base com barrilha (Na2CO3) e H2SO4, dissolvidos em solução aquosa aquecida e acrescida de querosene. A concentração de cocaína é variada, sobretudo devido a presença de outras substâncias utilizadas na produção ou como diluentes como, por exemplo: NaHCO3, pó de mármore, ácido bórico (H3BO3), anestésicos e outras substâncias. A merla é fumada comumente misturada ao tabaco ou à maconha (RIBEIRO et al., 2012).

O oxi é obtido pelo tratamento da pasta de coca com CaO ou cimento, H2SO4, querosene, gasolina, entre outras substâncias. A droga é fumada com cigarros de tabaco ou por meio de cachimbos improvisados. O termo “oxi” ou “oxidado” surgiu pela suspeita do uso de agentes oxidantes como forma de remover as impurezas no processo inicial de fabricação da droga. Parece haver uma sobreposição entre o oxi e o crack em relação ao uso, contudo cujos desdobramentos continuam desconhecidos (RIBEIRO et al., 2012).

O virado ou pó virado consiste em transformar a pedra de crack em um pó e adicionar de H3BO3. Essa mistura é então aquecida para auxiliar na mistura e posteriormente resfriada e transformada em pó o qual é aspirado de forma similar a cocaína em pó. O virado é a cocaína na sua forma se sal borato de cocaína o qual é absorvido pela mucosa nasal. Os usuários reportam uma duração de efeito maior com menores níveis de fissura e paranoia. O uso aspirado pode causar danos na mucosa e no septo devido a abrasão e as propriedades vasoconstritoras da droga (NAPPO, et al. 2012).

Independente da apresentação a cocaína por ser produzida de forma ilegal é considerada uma “droga de rua” devido a adição de diversas substâncias utilizadas como diluentes ou adulterantes (CHASIN & SILVA, 2003). Os adulterantes são substâncias com efeito farmacológico, que podem potencializar ou mimetizar algum dos efeitos da cocaína no usuário. Já os diluentes são substâncias sem atividade farmacológica, adicionados apenas para diluir a cocaína e aumentar a massa do produto a ser comercializado. Qualquer substância química que seja semelhante à cocaína, principalmente em relação à coloração esbranquiçada,

propriedade anestésica local, estimulantes e sabor amargo, pode ser utilizada e dificulta a percepção dos usuários em identificá-la (MALDANER & BOLTELHO, 2012). As principais categorias de adulterantes consistem em: anestésicos locais, estimulantes e anti-inflamatórios não esteroidais. As categorias de diluentes mais comumente relatadas são: carboidratos (mono, di e polissacarídeos), sais e produtos em pó em geral (leite em pó, farinhas em geral, etc) (COLE et al., 2010).