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Formas de intervenção no campo

No documento Práticas e saberes psi (páginas 179-184)

Análise das práicas desenvolvidas em estágios obrigatórios do curso de Psicologia na área social

Gráico 6. Formas de intervenção no campo

Conclusão

Ao proceder à análise desses dados, icamos atentos para os de- bates que eles suscitam, mas o trabalho de nossa pesquisa não se en-

cerra aqui, ao contrário, é a parir das leituras exploratórias que nos- sa análise do conteúdo dos RFEs começa a se dirigir para as questões qualitaivas. Os números acima alimentam ainda mais nosso quesiona- mento de pesquisa, pois foram realizados 2,5 encontros insitucionais para levantamento e deinição da demanda e 7 encontros diretos para executarem uma intervenção assim deinida. Pensamos que a realidade das universidades privadas no contexto paulistano apresenta um siste- ma de avaliação que se fragmenta pela semestralidade. Isso signiica que se tem cerca de 5 meses para todo o processo de contato com a insituição concedente, levantamento das necessidades, intervenção e inalização do trabalho. Podemos supor que o entendimento da deman- da se faz de forma supericial e sem a paricipação efeiva dos membros que irão paricipar do processo de intervenção, no qual o espaço de coconstrução de saberes com a comunidade ica limitado, devido ao escasso tempo e excesso de uilitarismo para a execução do estágio no campo concedente. Como estes dados não são conclusivos, temos es- perança de que as questões supracitadas sejam discuidas no decorrer das leituras qualitaivas, o que garaniria um posicionamento críico a essa práica.

Grande parte dos RFEs que apontavam a pesquisa paricipante como de base teórico-práica, que sustentariam as intervenções de es- tágio, uilizou entrevistas e observações para levantamento da demanda insitucional/comunitária, demonstrando coerência metodológica. No entanto, o tempo uilizado para os procedimentos (entrevista e observa- ções) foi, em média, 2,5 encontros, revelando que o pouco tempo do es- tágio obrigatório também limita o desenvolvimento do olhar do alunado frente à concepção da comunidade como ator social, não apenas mais como o objeto de uma invesigação - como na concepção tradicional de ciência -, mas como lugar de produção de senido, de ciência e de trans- formação. A limitação do tempo de estágio resulta num dado concreto de restrição dos diálogos amplos para compreensão em conjunto do que se demanda naquele espaço.

Os meios de intervenção através de dinâmica, relexões, grupos e aconselhamento psicológico, conforme vimos, possibilitam uma interven- ção direta com a comunidade. Entretanto só uma análise qualitaiva des- tes espaços de intervenção poderá nos revelar se tais práicas estariam

associadas à uilização de discursos “prontos”, conservadores do status da ciência psicológica como adaptacionista, ou se essas práicas estariam associadas a uma práica de coconstrução, de dialogicidade, que organize uma lógica de ciência mais transformadora do real.

Neste senido, concordamos com Marin-Baró (1984) que airma que para fazer uma psicologia voltada para a transformação das relações de opressão do povo laino-americano, o papel que o psicólogo desem- penha não deve centrar-se tanto no onde, mas no a parir de quem, não tanto sobre o ipo de aividade que praica (clínica, escolar, industrial, comunitária), mas nas consequências históricas concretas de tal práica.

De todo modo, nossa pesquisa quanitaiva despertou-nos ques- tões que niidamente não se encerram em si. Nossa primeira aproxima- ção com os Relatórios Finais de Estágio nos despertam para um olhar complexo e dinâmico, sendo que a sua análise nos remete não só aos diversos fazeres proissionais, mas aos senidos produzidos por eles e através deles.

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