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DA ESCALA DE BULLYING

2. REVISÃO DE LITERATURA 1 SOBREPESO E OBESIDADE

2.2.2. Formas de medir o bullying

O governo eletrônico pode auxiliar nessa tarefa por meio da e- participação, ou seja, a utilização da participação eletrônica por meio das tecnologias da informação e comunicação (TICs). São muitas as condições subjetivas que precisam de instrumentos capazes de determinar a extensão de seus constructos. E conforme os objetivos são propostos no interior de pesquisas que desejam tratar de algum comportamento ou habilidade, ou seja, algo que não seja possível ser diretamente medido, como é o caso do bullying, surge a necessidade de recursos viáveis com algum instrumento capaz de atendê-los.

Em princípio procura-se utilizar instrumentos já aplicados e validados que garantam a reprodutibilidade e acurácia científica. Contudo, nem sempre estão disponíveis construtos que correspondam às necessidades e acessibilidade das propostas de pesquisas, e em alguns

momentos a construção de instrumentos ou inclusão de novos itens poderia ser uma solução.

Em se tratando da inquietação para a investigação de bullying, que é um comportamento e, portanto, possui todas as características de um aspecto subjetivo, existem na literatura científica alguns instrumentos usados para a mensuração do fenômeno. Dentre eles o Questionário de Vítima/Bully de Olweus (Olweus Bully/Victim Questionnaire - OBVQ) que possui uma versão revisada do instrumento desenvolvido por Olweus (1989) que serviu de modelo e então foi adaptado por Ortega et al. (1999) e denominado Questionário sobre Bullying (OLWEUS, 1993; ORTEGA, 1999). No entanto, são observadas algumas limitações como o fato de que o mesmo foi traduzido, é extenso e com questões abertas e não é restrito ao bullying no contexto escolar.

Existe o questionário da Kidscape que foi criado em 1985 pela psicóloga Michele Elliott da instituição inglesa de mesmo nome para identificação de bullying (Kidscape: preventing bullying, protectin

children) que é considerada a primeira instituição de caridade no Reino

Unido capaz de identificar e lidar com o bullying nas escolas. O instrumento tem perguntas sobre o envolvimento de vítimas e testemunhas de bullying, com questões relativas à violência física, verbal, sexual ou moral e é atualmente um dos recursos mais consultados por pessoas interessadas no assunto. No entanto este instrumento tem como as principais limitações a tradução para o português, porém não foi validado no Brasil, e além disso não contempla questões relativas aos sintomas de vítimas de bullying/cyberbulying.

No Brasil, o pesquisador Lisboa (2005) utilizou um instrumento adaptado do Peer Assessment desenvolvido no Reino Unido em 1994 e publicado por Rubin, Bukowski, Parker em 1998, sendo possível verificar agressores, vítimas e testemunhas de bullying e a manifestação de violência física, verbal e moral na escola. Embora seja uma autoavaliação realizada pelos escolares, o instrumento tem como base a referência do professor, ou seja, seria um mecanismo para ajudar o professor a entender o andamento do curso e as habilidades cognitivas dos seus alunos. Além disso, questões de violência sexual, ciber- bullying e sintomas relacionados com bullying não fazem parte deste instrumento.

Foi identificado também o uso do Instrumento autoaplicativo de triagem para transtornos de ansiedade que é a Screen for Child Anxiety

Related Emotional Disorders (SCARED) como método análogo para

ientificar bullying. Desenvolvido por Boris Birmaher et al. em 1995 e publicado em 1999 (no Instituto Ocidental Psiquiátrica e Clínica da Universidade de Pittsburgh). Este instrumento relaciona características de

envolvidos com bullying, contudo o mesmo não foi construido para medir

bullying e sim para identificar indivíduos com transtornos de ansiedade

(BIRMAHER et al., 1997).

O questionário California Bullying Victimization Scale (CBVS) é mais um instrumento usado que contempla itens para identificar vítimas de bullying e contém seis questões para a versão básica e sete questões para a versão secundária (FELIX, 2011). O estudo de Atik e Guneri (2012) objetivou analisar a confiabilidade e a validade do CBVS em uma amostra onde participaram 313 estudantes do ensino médio da Turquia (47,9% do sexo masculino e 52,1% do sexo feminino). Para a confiabilidade do teste foi calculado o coeficiente alfa de Cronbach e o coeficiente de confiabilidade teste-reteste. Assim como foram calculados os valores de validade preditivos, e os resultados indicaram a consistência interna de 0,72 e de 0,83 para os itens de vitimização; e confiabilidade teste-reteste (de duas semanas) de 0,82, concluindo-se que os escores totais do CBVS foram positivamente correlacionados com uma medida de bullying e negativamente correlacionados com a satisfação com a vida e esperança. Observa-se neste questionário que não há itens que indiquem

bullying virtual como também não apontam sintomas relacionados ao

fenômeno.

Voltando-se para a Europa, o “Discrimination in the European

Union” surgiu de pesquisa encomendada pela Direção-Geral do Emprego,

Assuntos Sociais e Igualdade de Oportunidades da União Européia em 2006 e embora citado como um instrumento para medir bullying, na verdade foi proposto para medir a discriminação (por cor da pele/raça, idade, sexo). Este dado evidencia uma lacuna deste instrumento.

Diante do exposto, este estudo propõe usar itens que referem-se à discriminação (assimetria de poder) como uma faceta do bullying.

Pela necessidade de se investigar o bullying na qualidade de vítima, mas com itens que compreendem o ciber-bullying e também motivações que podem estar associadas, como o estigma do sobrepeso e obesidade, utilizou-se nesta pesquisa, o questionário construído com base na psicometria moderna, ou seja, avaliou-se o bullying por meio de escala fundamentada na Teoria da Resposta ao Item (TRI). O questionário foi desenvolvido seguindo os procedimentos descritos por Pasquali, (2011), de forma a garantir propriedades psicométricas em relação a validade de conteúdo. Os procedimentos para a construção do questionário obedeceram às seguintes etapas: a) Revisão da literatura para identificar os fatores e indicadores relacionados ao bullying; b) Elaboração de um modelo teórico do bullying; c) Construção de um conjunto de itens por meio das definições constitutivas e operacionais, operacionalização dos

itens e definição das categorias de resposta; d) A análise teórica dos itens (análise de juízes e análise semântica); e) Teste piloto. A análise pela TRI permitiu construir uma escala de bullying que mostra a distribuição dos itens nos diferentes níveis de vitimização com os seus respectivos aspectos e indicadores. Deste modo, este questionário contempla um conjunto de itens representativos para medir os níveis de bullying que além de ser útil para atender o propósito deste estudo, pode subsidiar outras pesquisas e se constituir num instrumento prático para a aplicação e planejamento de políticas públicas e de educação.

2.3. ASSOCIAÇÃO ENTRE SOBREPESO E OBESIDADE E

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