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6.2 Pesquisa sobre Cursores 3D

6.2.4 Formato do cursor 3D

Nas principais aplicações para modelagem, cursores 3D são apresentados sob a forma de um alvo que o usuário posiciona no cenário através do clique do mouse na área de manipulação direta. A partir deste momento um objeto pode ser instanciado na cena na posição corrente do alvo. Algumas questões de interesse sobre esta forma de uso do cursor 3D. São:

• Apesar de indicar posições 3D, o cursor é um elemento 2D, tipicamente o desenho de uma cruz e um círculo. Qual o impacto de se utilizar um cursor que tenha a forma de um objeto 3D?

• O cursor não é passível de arrasto, ou seja, para modificar a sua posição, o usuário deve clicar num novo local. A movimentação do cursor pode tornar a sua utilização

• Qual o impacto gerado por interações entre o cursor 3D e objetos a sua volta, por exemplo, o registro de distância ao centro do objeto mais próximo, a visualização de sombras sobre este, etc?

Todas estas questões são merecedoras de investigações. Nesta seção é apresentada uma pesquisa que tem o propósito de inverstigar o primeiro item acima, isto é, a diferença entre usar o cursor como um objeto 2D ou 3D.

6.2.4.1

Delimitação

A pesquisa consistiu na construção de um cenário composto por uma mesa de jantar com quatro cadeiras. Este cenário foi modelado por dois grupos de usuários. O primeiro utilizando o cursor no formato 2D (alvo) e o segundo grupo utilizando cursor no formato 3D (Figura 16).

A coleta de dados foi realizada por meio de anotações do avaliador, log do software e questionário preenchido pelos participantes. A coleta de dados também seguiu o mesmo padrão adotado nas pesquisas anteriores.

6.2.4.2

Aplicação

Os usuários que participaram da pesquisa formaram dois grupos com dez voluntários cada. Estes grupos foram divididos de forma a incluir usuários com experiências equivalentes, ou seja, em cada grupo havia dois usuários que trabalham com CAD, três com design e cinco que utilizam os sistemas desta natureza para pequenas atividades pessoais e profissionais.

Visando confrontar e/ou corroborar a pesquisa anterior, foram mantidos os aspectos referentes ao ambiente de aplicação, grupo de usuários, horário de aplicação e definição dos cenários, e os usuários receberam as mesmas orientações utilizadas anteriormente (apresentação, treinamento do usuário, execução das etapas e debate).

Durante o processo de instanciação dos objetos no cenário, a FMI3D permitiu ao usuário instanciar um objeto utilizando somente o cursor 3D, sendo que para um grupo foi definido o alvo (2D) como cursor e para o outro grupo foi definido o cubo (3D), vide Figura 16, cursores 2 e 3 respectivamente. Já o ajuste do objeto poderia ser realizado através de manipulação direta ou via formulário de propriedades.

6.2.4.3

Análise dos Resultados

Foram obtidos resultados provenientes de três fontes diferentes: anotações do observador, debate e análise dos logs da FMI 3D. Por ser uma pesquisa mais pontual que a anterior, os resultados estão computados de forma conjunta e não separados por grupos de usuários, como os da pesquisa anterior.

Através da análise dos logs, se verificou qual o impacto do cursor 3D ter um formato 2D ou 3D. Isto é, a idéia foi obter resultados que demonstrassem qual o formato mais adequado para um cursor de posicionamento 3D e o quanto um cursor com formato 3D poderia interferir durante o processo de instanciação de um objeto.

A Tabela 16 apresenta os dados obtidos neste experimento. Eles foram organizados conforme o formato do cursor utilizado pelo usuário. Foram computados os números médios de mudanças de posicionamento do cursor antes da inserção do objeto no cenário, o número médio de ajustes de posicionamento (translações) realizados pelo usuário antes de considerar a posição inicial do objeto como correta e o tempo gasto durante todo o processo de instanciação. Como dados de apoio, foram geradas as médias de cada item, assim como a variação ocorrida entre o cursor 2D e o cursor 3D, tendo como referência o primeiro.

Tabela 16- Valores referentes ao log da FMI3D

Nro. médio de cliques de posicionamento

do cursor por objeto ajustes do objeto Nro. médio de instanciação de um objeto (seg) Tempo médio para a

Formato 2D 2,6 1,8 45 s

Formato 3D 4,1 2,2 55 s

Média 3,4 2,0 50 s

Variação (3D/2D) 57,7% 22,2% 22,2%

O número médio de posicionamentos do cursor 3D foi aproximadamente 57% maior para os usuários que utilizaram o cursor com formato 3D. Os usuários informaram que este formato do cursor se tornou um elemento de interferência visual, quando o objeto a ser inserido deveria estar próximo de outros objetos. Em outras palavras, o elemento 3D do cursor interfere visualmente com a manipulação dos outros elementos, apesar de ser um objeto desenhado apenas em aramado, isto é, sem texturas ou faces com cores. Estas ponderações também foram registradas nas anotações do observador.

objetos próximos). Para os primeiros elementos de uma determinada região (visualmente distante dos demais objetos), a quantidade de posicionamentos do cursor era praticamente a mesma para os dois tipos de cursores. Este valor foi aumentando conforme a quantidade de elementos próximos também aumentava.

Seguindo o mesmo raciocínio, o tempo gasto para se instanciar um objeto mostrou em média 22,2% maior para o cursor com formato 3D. Com efeito, análise prévia mostrou que se considerados somente os primeiros objetos de uma região do espaço 3D, o tempo médio de instanciação foi praticamente igual para os dois formatos de cursores, aproximadamente 2,3% de diferença, o que, dadas as diferenças individuais dos usuários que formavam cada grupo, pode ser desprezado.

Neste contexto, esta pesquisa confirmou a principal vantagem em utilizar o cursor com formato 2D, que é a pouca interferência visual gerada no cenário. O formato clássico de um alvo ajuda a informar ao usuário qual é o ponto em que o objeto será inserido. Em contrapartida, o formato 3D oclui referências visuais do usuário em relação aos objetos próximos, diminuindo os benefícios do uso do cursor 3D.