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2.4 RELAÇÃO ENTRE GOVERNANÇA CORPORATIVA E COOPERATIVAS DE

2.4.2 Fortalecimento da Governança Corporativa no Brasil (2015)

O projeto do Banco Central do Brasil sobre a governança corporativa é um trabalho gradual efetuado durante os anos desde 2006. O trabalho do BACEN (2009) é considerado como um alicerce para os seguintes projetos elaborados sobre o tema, esse trabalho que é dirigido pelo Departamento de Organização do Sistema Financeiro (Deorf) que de acordo com BACEN (2014, p 7) o projeto representou uma “quebra de paradigma quanto ao aprofundamento e construções de bases teóricas para o avanço do nível de governança das cooperativas de crédito”.

Dessa primeira publicação de 2009, o Banco Central do Brasil esquematizou grupos de trabalhos para dar outra abordagem a análise sobre o tema e são compostos por departamentos do BACEN, assim como órgãos da esfera privada como: Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto – Observatório do Cooperativismo (FEA-RP), e até instituição estrangeira como a Deutscher Genossenschafts

und Raiffeisenverband (Confederação Alemã de Cooperativas). Essas organizações, juntamente com o BACEN realizaram reuniões técnicas durante 2013 e 2014, visando reavaliar o questionário aplicado anteriormente, para se verificar a real situação da governança corporativa entre as cooperativas de crédito (BACEN, 2015).

Ainda em relação a reavaliação do primeiro projeto do BACEN (2009), as recomendações foram implementadas de forma gradativa nas cooperativas de crédito e percebeu-se ser imprescindível reavaliar a efetividade das ações acatadas, assim como verificar a necessidade de adoção de novas medidas aliadas entre o órgão regulador, os entes do sistema cooperativo e outros agentes relacionados ao cooperativismo (BACEN, 2015, p.

8).

A replicação desse trabalho por si só já traz o benefício da atualização da base de dados sobre a governança corporativa junto as cooperativas de crédito. O questionário foi reestruturado em questões com respostas binárias. Essa nova pesquisa conseguiu um retorno de 90% das cooperativas de crédito nacionais, representando um total de 1004 cooperativas de crédito singulares em um trabalho de coleta que levou aproximadamente doze meses. Já em 2012 ocorreram as primeiras revisões e adequações do questionário e no início de 2013 já ocorreram reuniões objetivando uma nova profundidade de discussões sobre o panorama de governança entre as cooperativas de crédito (BACEN, 2015, p. 10), ainda executou a revisão do questionário visando a adequação final para as respostas de caráter binário e inserir novos conceitos que se mostraram relevantes a questão da governança nesse setor.

A aplicação desse novo questionário foi realizada em etapas, sendo enviado via BC Correio, e contato por e-mail e ligação telefônica. Vale destacar aqui que as cooperativas atreladas aos sistemas SICREDI, UNICREDI e SICOOB participaram da pesquisa obtendo um índice de participação de 100%.

De acordo com os dados obtidos, observou-se evidências de progresso em relação a se disseminar as questões de governança corporativa nas cooperativas de crédito (BACEN, 2015). Ainda com os dados coletados pode-se dar mais corpo a base de dados referente as cooperativas de crédito, permitindo a partir disso partir para novos trabalhos, citando inclusive a relação entre esses dados e variáveis de desempenho, como se propõe essa dissertação.

BACEN (2014) apresentou como resultados de forma sintética, destacando:

Baixa participação em cooperativas sem delegação. As que apresentam regime de delegação apresentam nível mais alto de participação em Assembleias Gerais.

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Há pouca participação por parte dos cooperados para elaboração das pautas das Assembleias, assim como é incipiente questões como educação cooperativa, sustentabilidade, formação de lideranças, políticas de sucessão, políticas de remuneração.

Nas eleições de Conselho de Administração/Diretorias e Conselhos Fiscais há recorrência de chapas únicas.

Há recorrência também na maioria de não ocorrer a separação entre componentes de cargos executivos e estratégicos.

Os sistemas cooperativos demonstram sensíveis ganhos de governança comparado com cooperativas independentes.

Foi detectado também que há baixa eficácia de funções executadas pelos Conselhos Fiscais, auditorias e cooperados e Direção Executiva, assimetrias de informações, problemas de comunicação e baixa proatividade do administrador.

Com esses resultados apresentados adaptados de BACEN (2014, p. 42) percebe-se que já existe mecanismos de governança corporativa nas cooperativas, porém, eles ainda podem ser melhores aproveitados e adaptados de acordo com suas especificidades. Destaca ainda que um passo importante para se atingir níveis cada vez maiores de governança deve-se investir em educação do corpo cooperativista, entretanto é essencial que tenha apoio e interesse dos dirigentes para promover as soluções de governança. BACEN (2014, p. 43) finaliza pontuando que “a governança adequada de uma instituição é a estrutura necessária para o melhor cumprimento possível de seu objeto social, ao longo do tempo”.

Comparando os trabalhos de 2014 e 2009 do Banco Central do Brasil sobre a governança corporativa nas cooperativas de crédito percebe-se que em relação a participação das cooperativas sem regime de delegação se manteve baixo, assim como a maioria das cooperativas de crédito não registraram a inclusão de pontos na pauta da Assembleia Geral.

Houve a recorrência também de chapa única nas eleições de Conselho de Administração e Conselhos Fiscais.

Esse novo trabalho do Banco Central do Brasil veio complementar o trabalho anterior (BACEN, 2009), voltando ao campo de pesquisa para verificar, após algumas alterações em relação ao primeiro trabalho principalmente em relação as dimensões que foram analisadas. Algumas recomendações finais desse trabalho é de se investir na atração e educação dos cooperados, buscando transparência e mitigação de conflitos de interesse e pelo desejo dos membros dos altos escalões das organizações. Além disso as organizações devem estar atentas para suas especificidades e características para adequar as políticas de governança, mas com atenção especial para uma adequada segregação entre funções estratégicas e executivas, assim como reforça para a atenção para a participação do associado e a qualidade dos canais de comunicação, capacitação dos cooperados, regularização das politicas de sucessão e remuneração, transparência e divulgação das prestações de contas, atuação do conselho fiscal e a atuação das auditorias internas e externas. A governança

adequada de uma instituição é a estrutura necessária para o melhor cumprimento possível de seu objeto social, ao longo do tempo. (BACEN, 2014, p. 43).