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O fortalecimento do ensino do Desenho (do século XVII até 1951)

4. Apresentação da pesquisa

1.2 A institucionalização do Desenho: da ascensão ao desaparecimento

1.2.1 O fortalecimento do ensino do Desenho (do século XVII até 1951)

A linha do tempo (Diagrama 3) tem início no ano de 1648 com “a contratação

pela Corte Portuguesa de estrangeiros, especialistas em cursos militares para virem

ao Brasil ensinar e formar pessoas capacitando para trabalhos com fortificações

militares.” (VALENTE, 1999 apud ZUIN, 2001, p. 62)

A valorização das construções geométricas no Brasil segue de perto a trajetória européia. Assistimos à solidificação desse conhecimento se tornando um saber escolar na Europa, em função da necessidade de profissionais qualificados em determinadas áreas em face da industrialização. (ZUIN, 2001, p 105)

14Elenice de Souza Londron Zuin possui graduação em Matemática e Mestrado em Educação, ambos pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e Doutorado em Educação Matemática pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo. Integra o Departamento de Matemática e Estatística e faz parte do corpo docente do Instituto de Ciências Humanas, atuando no curso de Pedagogia da PUC de Minas Gerais.

15 Terceiro capítulo da dissertação de mestrado de Zuin. Da régua ao compasso: as construções geométricas como um saber escolar no Brasil. UFMG, Belo Horizonte, 2001, p.62-111.

Diagrama

1648 • Corte Portuguesa contrata especialistas em cursos militares para ensinar a desenhar e fortificar (p. 62)

1772 • Reforma Pombalina: introduzidas disciplinas como a Geometria, Álgebra e Aritmética (p.63)

1810 • Fundada a Academia Real Militar da Corte (p.64)

1812 • Criação do curso de Desenho e Figura na Bahia. (p.64)

1816

• Missão Francesa chega ao Rio de Janeiro, a convite de D. João VI, para organizar e criar a Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios no Brasil, atual Escola de Belas Artes da UFRJ. (p.64)

1817

• Criação do curso de Desenho em Vila Rica. (p.64) • Curso de Desenho Técnico na Bahia (p.64)

1837

• Criação do Colégio [Imperial D.] Pedro II: contava com o Desenho Linear (construção de figuras geométricas) e o Desenho Figurado (baseado em cópias) na sua grade (p.66)

1845

• Academia Imperial de Belas Artes no Rio de Janeiro foi dividida em 4 seçõespor Luiz Pedreira de Couto Ferras (Ministro do Império) em: Desenho Geométrico, Desenho de Ornatos, Arquitetura e Civil (p.67)

1855

• Reforma da Academia, por Araújo Porto Alegre: “As aulas de matemática Aplicada, de Desenho Geométrico, de Esculturas de Ornatos, que fazem parte do ensino acadêmico, têm por fim também auxiliar os progressos das Artes e da Indústria Nacional (Artigo 78, título VIII) (p.67)

1882

• Reforma do Ensino Secundário e Superior por Rui Barbosa.

• Valorização do ensino do Desenho para mercado de trabalho carente em profissionais habilitados

• "É Rui Barbosa que imprime, definitivamente, o Desenho como um saber escolar necessário para o desenvolvimento industrial." (ZUIN p.70)

1889

• Proclamação da República: ensino primário reformulado, a matéria denominada "desenho linear"passa a se chamar "Desenho". (GARCIA, 2018 p.16)

1915

• Artigo 165 do Decreto n.º 11.530 instituiu que os alunos só seriam aprovados em Desenho tendo em vista, única e exclusivamente, a freqüência às aulas. (p.72)

1926

• Anisio Teixeira fez a reforma da Instrução Pública da Bahia, incluindo o ensino de Geometria e Desenho nos programas curriculares. (p. 73)

1931

• Criação do Conselho Federal de Educação (p.73) • Portaria de 30 de junho: o ensino do Desenho divide

Desenho Geométrico e Desenho Convencional (p.74)

1934 • Constituição: educação obrigatória e gratuita para todos os cidadões. (p.73)

1936

• Porgrama de Desenho Linear Geométrico para os cursos complemetantares, segundo a Portaria Ministerial, s/nº de 17/03/1936, de acordo com o artigo 10,do Decreto n.º 21.241, de 04/04/1932.

• "O programa expedido mostrava uma diferenciação entre o desenho linear geométrico e o desenho geométrico, este último exclusivo para a área de exatas." (p. 76)

1942/ 46

• Leis Orgânicas do Ensino

• Portaria Ministerial n° 555 de 14/11/1945 estabeleceu programas de Desenho para todas as series do Ginásio (p.79)

1946

• Lei Orgânica do Ensino Primário de 1946, o Desenho está incluído no curso primário elementar, complementar e primário supletivo, sendo uma das sete disciplinas válidas e obrigatórias (p.80)

1951

• Desenho Geométrico para a construção do conhecimento em Matemática pelas Portarias n.ºs 966/51 e 1045/51. (p.81)

Diagrama 3: Linha do tempo da valorização do Desenho

Corte Portuguesa contrata especialistas em cursos militares para ensinar a desenhar e fortificar (p. 62)

Reforma Pombalina: introduzidas disciplinas como a Geometria, Álgebra e Aritmética (p.63)

Fundada a Academia Real Militar da Corte (p.64)

Criação do curso de Desenho e Figura na Bahia. (p.64)

Missão Francesa chega ao Rio de Janeiro, a convite de D. João VI, para organizar e criar a Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios no Brasil, atual Escola de Belas Artes da UFRJ. (p.64)

Criação do curso de Desenho em Vila Rica. (p.64) Curso de Desenho Técnico na Bahia (p.64)

Criação do Colégio [Imperial D.] Pedro II: contava com o Desenho Linear (construção de figuras geométricas) e o Desenho Figurado (baseado em cópias) na sua grade (p.66)

Academia Imperial de Belas Artes no Rio de Janeiro foi dividida em 4 seçõespor Luiz Pedreira de Couto Ferras (Ministro do Império) em: Desenho Geométrico, Desenho de Ornatos, Arquitetura e Civil (p.67)

Reforma da Academia, por Araújo Porto Alegre: “As aulas de matemática Aplicada, de Desenho Geométrico, de Esculturas de Ornatos, que fazem parte do ensino acadêmico, têm por fim também auxiliar os progressos das Artes e da Indústria Nacional (Artigo 78, título VIII) (p.67)

Reforma do Ensino Secundário e Superior por Rui Barbosa.

Valorização do ensino do Desenho para mercado de trabalho carente em profissionais habilitados

"É Rui Barbosa que imprime, definitivamente, o Desenho como um saber escolar necessário para o desenvolvimento Proclamação da República: ensino primário reformulado, a matéria denominada "desenho linear"passa a se chamar "Desenho". (GARCIA, 2018 p.16)

Artigo 165 do Decreto n.º 11.530 instituiu que os alunos só seriam aprovados em Desenho tendo em vista, única e exclusivamente, a freqüência às aulas. (p.72)

Anisio Teixeira fez a reforma da Instrução Pública da Bahia, incluindo o ensino de Geometria e Desenho nos programas curriculares. (p. 73)

Criação do Conselho Federal de Educação (p.73)

Portaria de 30 de junho: o ensino do Desenho divide-se em quatro: Desenho do Natural, Desenho Decorativo, Desenho Geométrico e Desenho Convencional (p.74)

Constituição: educação obrigatória e gratuita para todos os cidadões. (p.73)

Porgrama de Desenho Linear Geométrico para os cursos complemetantares, segundo a Portaria Ministerial, s/nº de 17/03/1936, de acordo com o artigo 10,do Decreto n.º 21.241, de 04/04/1932.

"O programa expedido mostrava uma diferenciação entre o desenho linear geométrico e o desenho geométrico, este último exclusivo para a área de exatas." (p. 76)

Leis Orgânicas do Ensino - Reforma Gustavo Capanema (p.78)

555 de 14/11/1945 estabeleceu programas de Desenho para todas as series do Ginásio (p.79) Lei Orgânica do Ensino Primário de 1946, o Desenho está incluído no curso primário elementar, complementar e primário supletivo, sendo uma das sete disciplinas válidas e obrigatórias (p.80)

Desenho Geométrico para a construção do conhecimento em Matemática pelas Portarias n.ºs 966/51 e 1045/51.

a valorização do Desenho

Corte Portuguesa contrata especialistas em cursos militares para ensinar a desenhar e fortificar (p. 62)

Reforma Pombalina: introduzidas disciplinas como a Geometria, Álgebra e Aritmética (p.63)

Missão Francesa chega ao Rio de Janeiro, a convite de D. João VI, para organizar e criar a Escola Real de Ciências,

Criação do Colégio [Imperial D.] Pedro II: contava com o Desenho Linear (construção de figuras geométricas) e o

Academia Imperial de Belas Artes no Rio de Janeiro foi dividida em 4 seçõespor Luiz Pedreira de Couto Ferras (Ministro do Império) em: Desenho Geométrico, Desenho de Ornatos, Arquitetura e Civil (p.67)

Reforma da Academia, por Araújo Porto Alegre: “As aulas de matemática Aplicada, de Desenho Geométrico, de Esculturas de Ornatos, que fazem parte do ensino acadêmico, têm por fim também auxiliar os progressos das Artes

Valorização do ensino do Desenho para mercado de trabalho carente em profissionais habilitados

"É Rui Barbosa que imprime, definitivamente, o Desenho como um saber escolar necessário para o desenvolvimento Proclamação da República: ensino primário reformulado, a matéria denominada "desenho linear"passa a se chamar

Artigo 165 do Decreto n.º 11.530 instituiu que os alunos só seriam aprovados em Desenho tendo em vista, única e

Anisio Teixeira fez a reforma da Instrução Pública da Bahia, incluindo o ensino de Geometria e Desenho nos

se em quatro: Desenho do Natural, Desenho Decorativo,

Porgrama de Desenho Linear Geométrico para os cursos complemetantares, segundo a Portaria Ministerial, s/nº de "O programa expedido mostrava uma diferenciação entre o desenho linear geométrico e o desenho geométrico, este

555 de 14/11/1945 estabeleceu programas de Desenho para todas as series do Ginásio (p.79) Lei Orgânica do Ensino Primário de 1946, o Desenho está incluído no curso primário elementar, complementar e

Em 04 de dezembro de 1810 foi criada no Rio de Janeiro a Academia Real

Militar, com curso de duração de sete anos. Segundo a Carta Régia de fundação, as

disciplinas da academia se distribuíam da seguinte forma:

1º ano - Aritmética, Álgebra, Geometria, Trigonometria, Desenho.

2º ano - Álgebra, Geometria, Geometria Analítica, Cálculo Diferencial e Integral Geometria Descritiva, Desenho

3º ano - Mecânica, Balística, Desenho.

4º ano - Trigonometria Esférica, Física, Astronomia, Geodésia, Geografia Geral, Desenho.

5º ano - Tática, Estratégia, Castrametração (arte de assentar acampamentos), Fortificação de Campanha, Reconhecimento do Terreno, Química.

6º ano - Fortificação Regular e Irregular, Ataque e Defesa de Praças, Arquitetura Civil, Estradas, Portos e Canais, Mineralogia, Desenho.

7º ano - Artilharia, Minas, História Natural (SILVA, 1998 apud ZUIN, 2001, p. 65)

Nessa mesma década foi criada a Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios

no Brasil, a atual Escola de Belas Artes da UFRJ. Destaca-se também a

inauguração do Colégio Pedro II, em 1837. Este seria um modelo a ser seguido

pelas demais escolas e, em sua grade curricular constavam o Desenho Linear e o

Desenho Figurado, sendo o primeiro o que tratava da construção de figuras

geométricas, enquanto o segundo, era pautado em cópias de outros desenhos. O

Colégio Pedro II, é um dos poucos colégios da esfera pública que ainda mantêm o

Desenho em sua grade curricular até os dias atuais (ano de 2020), sendo lecionado

nos quatro anos do segundo ciclo do ensino fundamental – Construções

Geométricas - e nos três anos do Ensino Médio – Geometria Descritiva. O Colégio

Pedro II, além de acreditar na importância do ensino do Desenho, luta por sua

valorização, conforme foi exposto no evento bienal organizado pelo colégio citado no

ano de 2019: Graphica Rio 2019 – XIII International Conference on Graphics

Engineering for Arts and Design.

Concordo com Zuin, ao falar do lugar privilegiado que a educação ocupa no

período de passagem do Império para República, entre 1887 e 1896, quando houve

a intenção de alfabetizar a população e ampliar a rede escolar por diversos fatores

que vieram reafirmar a importância do ensino do Desenho, seja este como uma

ferramenta militar de defesa, ou para atender o crescente mercado de trabalho,

manual e indústrial. A abolição da escravidão, o crescimento das lavouras de café,

as redes de transporte e a urbanização, bem como a industrialização trouxeram a

necessidade de trabalhadores qualificados. Neste contexto, o Desenho se firmou

como saber escolar, sendo necessário nas formações técnica e especializada dos

engenheiros, arquitetos, guardas-marinha etc.

Com a abolição da escravatura e o aumento da população urbana, o início de um processo de industrialização, nas últimas décadas do século XIX, vai exigir um maior investimento na educação técnica, que já existia precariamente no Brasil (GAMA, 1986). Isto vem nos mostrar que o Desenho se reafirma como disciplina escolar, como linguagem da técnica e linguagem da ciência, devido a uma necessidade político-econômica (ZUIN, 2001, p. 69)

Em 15 de novembro 1889, se dá a proclamação da República. Durante o

“período de 1896 a 1910, acontece um retrocesso, tendo a educação voltado a ser

palco de discussões e reformas nas décadas de 1910 e 1920.” (ZUIN, 2001, p. 71)

Entretanto, com a crescente industrialização na década de 1920, o Desenho, por ser

um saber voltado para a técnica, conquista uma valorização nos currículos

escolares. Uma vez que, mesmo com a união das matemáticas, esse configurava

uma disciplina própria, não ocorrendo a inclusão de seus conteúdos na parte de

Geometria da Matemática.

O Desenho passou a ser dividido em quatro modalidades, pela Portaria de 30

de junho de 1931, que lidava com os conteúdos do curso fundamental do ensino

secundário, a partir da qual pode-se observar um aumento dado à sua importância:

 Desenho do Natural – desenho de observação, feito à mão livre, com estudo da luz, sombra e perspectiva.

 Desenho Decorativo – estudo dos elementos e das regras da composição visual.

 Desenho Geométrico – estudo das construções da geometria euclidiana plana, com o propósito de resolver os problemas do plano bidimensional, com utilização dos instrumentos de desenho.

 Desenho Convencional – inclui a geometria descritiva, ramificações do desenho técnico e desenho esquemáticos. (ZUIN, 2001, p. 74)

Nas cinco séries do ciclo fundamental, apresentava-se distribuído conforme o

Quadro 1.

Quadro 1: Desenho no Ciclo Fundamental

CICLO FUNDAMENTAL

Modalidades / séries 1ª série 2ª série 3ª série 4ª série 5ª série

Desenho do natural X X X X

Desenho decorativo X X

Desenho convencional X X X

Desenho projetivo e do natural X

Neste quadro, embora o Desenho Geométrico não figure como modalidade

em nenhuma das séries do primeiro ciclo, pode-se observar seus conteúdos

inseridos no programa elaborado para o Desenho Convencional:

 na 2ª série: projeções ortogonais, projeções cotadas, representação da superfície terrestre, mapas, convenções cartográficas;

 na 3ª série: representação da superfície terrestre, projeções cartográficas eixos e coordenadas;

 na 4ª série: projeções em um e dois planos, épura de cubo e pirâmide apoiados no plano horizontal, verdadeira grandeza de uma reta inclinada, épura de corpos de revolução, desenho de plantas, elevações, cortes e perfis, mapas, convenções cartográficas. (ZUIN, 2001, p. 75)

Tal portaria, de 30 de junho de 1931, ao dar maior notoriedade ao desenho,

estimulou a formação dos cursos de formação dos professores secundários, sendo o

curso da Escola de Belas Artes da UFRJ, o primeiro curso criado para a formação de

professores secundários de Desenho, no ano de 1943.

O Curso de Formação de Professores Secundários de Desenho pela Escola de Belas Artes da então Universidade do Brasil, responsável pela formação do conteúdo específico, em parceria com a Faculdade Nacional de Filosofia, responsável pela complementação pedagógica. Este curso incluía uma gama variada de disciplinas voltada para as artes visuais, dando ao egresso uma sólida formação artística, mas possuía, principalmente, uma formação consolidada em desenho de precisão de fundamentação matemática. Embora não fosse comum existir professor de artes no curso secundário, a presença do professor de desenho ocorria com bastante frequência. (DELMÁS, 2012, p.48)

A Reforma Capanema, ou seja, o conjunto das Leis Orgânicas do Ensino

decretado entre 1942 e 1946, organizou os ensinos primário e secundário, além dos

ensinos: industrial, comercial, normal e agrícola. O 1º ciclo do ensino fundamental

passou a ser designado ginasial, durando quatro anos, enquanto o 2º ciclo ficou

especificado em clássico ou científico, tendo três anos cada. O aprendizado de

Desenho perpassava por todas as séries tanto do curso ginasial como do científico,

sendo utilizados instrumentos como régua e compasso desde a 1ª série ginasial,

segundo a distribuição apresentada nos Quadro 2 e Quadro 3 a seguir. (ZUIN, 2001,

p. 78)

Quadro 2: Desenho no Ciclo Ginasial pela Portaria Ministerial nº 555 de 14 de novembro de 1945

CURSO GINASIAL

Modalidades / séries 1ª série 2ª série 3ª série 4ª série

Desenho do natural X X X X

Desenho decorativo X X X X

Desenho Geométrico X X

Desenho Geométrico e projetivo X

Noções sobre perspectiva linear e traçado

das sombras X

Fonte: ZUIN, 2001, p. 78

Quadro 3: Desenho no Ciclo Científico pela Portaria Ministerial nº 555 de 14 de novembro de 1945

CURSO CIENTÍFICO

Modalidades / séries 1ª série 2ª série 3ª série

Desenho do natural X X X

Desenho Geométrico e projetivo X X X

Desenho decorativo X X

Desenho convencional X

Desenho técnico

Fonte: ZUIN, 2001, p. 80

Segundo Garcia, a Lei Orgânica de 1946 foi a primeira lei nacional dirigida ao

ensino primário, indicando que “O ensino primário compreenderia duas categorias

de ensino: a) o ensino primário fundamental, destinado às crianças de sete a doze

anos de idade; b) o ensino primário supletivo, destinado a adolescentes e adultos.”

(2018, p. 35) A autora destaca ainda que

Nos dizeres da Lei Orgânica de 1946, o Desenho assume a rubrica de mesmo nome Desenho e Trabalhos Manuais para o curso primário elementar. Entretanto, quanto ao curso primário complementar, os trabalhos manuais constituirão outra disciplina, agregando práticas educativas referentes às atividades econômicas da região. (GARCIA, 2018, p. 36)

Garcia, com base nessa legislação, afirma “que o ensino primário

fundamental deveria atender aos interesses da criança, considerando seus dotes e

suas aspirações”, apresentando o quadro com a distribuição horária desta disciplina.

(Quadro 4)

Quadro 4: Desenho no Curso Primário pela Lei Orgânica do Ensino Primário de 1946 Primário

Elementar Desenho e Trab. Manuais Primário complementar Desenho Supletivo Desenho

1ª série X 1ª série X 1ª série X

2ª série X 2ª série X

3ª série X

4ª série X

Fonte: GARCIA, 2018 p.26 37

Garcia ressalta, ainda, que o Desenho é incluído dentro dos saberes

escolares, tendo seus conteúdos trabalhados dentro das disciplinas – língua pátria,

aritmética, história, geografia, ciências e higiene – de forma a contribuir para a

compreensão destas, isto é, “o desenho estava presente em todas as modalidades e

séries do ensino primário.” (GARCIA, 2018, p. 37) Fica evidente que esta autora, ao

relatar a inserção do Desenho nas outras disciplinas, já o considera um saber

transdisciplinar.

A linha do tempo é finalizada com a inclusão da Portarias n. 966 de 02 de

outubro de 1951 e a n. 1045 de 14 de dezembro de 1951, definindo, esta última, a

iniciação do desenho à mão livre no traçado de linhas retas e figuras geométricas,

tendo por finalidade auxiliar no ensino da Matemática ao configurar um conteúdo da

Geometria. Estas portarias estabeleceram que o Desenho Geométrico

tem uma finalidade mais instrutiva do que mesmo educativa, visando a aquisição de conhecimentos indispensáveis para o estudo da Matemática, do qual se deve tornar um auxiliar imediato... O Desenho Geométrico terá assim, um desenvolvimento mais acentuado, permitindo-lhe a aquisição de conhecimentos técnicos que mais tarde poderão ser ampliados. (ZUIN, 2001, p. 81)

1.2.2 O DECLÍNIO DO ENSINO DESENHO