• Nenhum resultado encontrado

Um dos fotógrafos de casamentos mais conceituados do mundo, Jerry Ghionis tem um estilo glamoroso, mas

natural. Aqui, partilha connosco a razão para o seu sucesso.

JE R RY

GHIONIS

OMO é que a fotografia de casamentos entrou na sua vida?

O meu irmão Nick abraçou o mundo da fotografia e ofereceu-me a minha primeira câmara quando eu tinha 15 anos. Fiquei imediatamente obcecado e depressa entediei a minha família e os meus amigos. Entretanto fiz um curso de fotografia intensivo de quatro anos, mas desisti ao fim do primeiro ano, uma vez que me estavam a ensinar coisas que nunca colocaria em prática.

Depois de trabalhar nalgumas lojas de fotografia, aproximei-me de um estúdio no distrito italiano de Melbourne, especializado em casamentos. Ajudei a transportar sacos durante algum tempo, mas, mais tarde, comecei a ser encarado como fotógrafo. Fotografei o meu primeiro casamento com 20 anos e comecei o meu próprio negócio em 1997.

O que é que o atrai nos casamentos?

Sempre fui alguém interessado por pessoas. Gosto imenso de dar uma boa gargalhada e amo a beleza. Pensava que, como fotógrafo de casamentos, teria sempre emprego! Aos 15 anos queria ser o melhor cantor do mundo ou o fotógrafo mais icónico, e a verdade é que acabei por optar antes pela fotografia.

A fotografia de casamentos é o maior desafio para qualquer fotógrafo.

C

Há tantos géneros artísticos com os

quais tem de lidar num só dia, sob tempo e condições atmosféricas adversas, rodeado de diferentes personalidades e culturas. Não há muito que me intimide na arte fotográfica depois de ter fotografado tantos casamentos.

Qual foi o seu primeiro grande casamento?

Fotografei uma panóplia de

casamentos banais... Gregos, italianos, australianos anglo-saxónicos, asiáticos. Mas aquele que me vem mais à memória foi um casamento judeu. Eu pensava eu que os gregos festejavam a valer, mas fiquei maravilhado com a dança da cadeira e com o facto de a noiva saltar sobre grandes cordas. Eles até tinham uma ligação de satélite para os familiares que estavam em Israel.

O meu primeiro casamento da alta sociedade foi um evento de cinco dias em Roma. Todos os dias tinha um acontecimento diferente; acabei por ir para a Espanha, para os dias de galinha, antes da cerimónia real. Vindo da Austrália, foi a minha primeira experiência no que toca à grandeza europeia ou americana.

Aconteceu-lhe algum precalço significativo no início da carreira?

Uma vez, um assistente colocou numa câmara Mamiya um rolo previamente exposto, por isso acabámos por ter várias duplas exposições. De alguma forma conseguimos resolver o

problema e o casal ficou feliz. © J

er ry G hi on is ( To d as a s i m ag en s) SETEMBRO 2016 O M U N D O D A F O T O G R A F I A 81

JERRY GHIONIS

Fotógrafo de casamentos e tutor.

Nascido em 1973, Jerry Ghionis ficou no top dos cinco melhores fotógrafos de casamento do mundo, divulgado pela WPPI (Wedding & Portrait Photographers International). Jerry e a sua esposa Melissa vivem entre

Melbourne, na Austrália, e Beverly Hills, nos EUA, e trabalham para o mercado internacional. O nome de Jerry foi também incluído na primeira lista dos dez melhores fotógrafos de casamento do mundo pela American Photo Magazine. É ainda um dos embaixadores da Nikon EUA. Em 2014, recebeu o Photography Leadership Awards pela Comunidade Internacional para a Fotografia das Nações Unidas. Este autor criou ainda a Ice Society, um site de ensinamentos fotográficos; desenhou a Ice Light, um inovador cilindro de luz LED contínua; e desenvolveu também o Omega Reflector, o primeiro refletor 10-em-1 do mundo.

Atrapalhar um casamento é o pior sentimento do mundo. Na era do analógico era impossível saber se os nossos registos tinham ficado bem até fazermos a revelação. Ser capaz de visualizar as imagens no ecrã LCD de uma câmara digital é incrível.

Como descreveria o estilo de Ghiosis... e como o tem desenvolvido ao longo dos anos?

As pessoas descrevem-no como glamoroso, mas natural. Combino a beleza da pose com a “naturalidade” de algo cândido. Quando tenho controlo sob o assunto – nas casas dos casais ou no local da sessão, por exemplo – procuro captar imagens que

aparentem ter sido obtidas sem esforço e com naturalidade. O lugar certo, a luz ideal, a expressão perfeita. O meu objetivo principal é fazer com que as pessoas olhem e se sentiam bonitas. O dia do seu casamento é, sem dúvida, o mais belo que eles alguma vez

contemplaram e que sentiram na sua vida. Ou seja, trata-se de evidenciar a beleza deles, não a minha. Além disso, a minha fotografia tornou-se mais sofisticada. Estou feliz com a minha vida pessoal e consigo ver mais paixão, sentimento e emoção nas minhas imagens. É um reflexo de onde estou neste exato momento da minha vida. Quando chegar aos 43 anos, saberei quem sou e não terei quaisquer desculpas.

Também ensina. Que tipo de problemas – criativos ou relacionados com negócios – têm os estudantes? Lutam contra quê?

Nós engrandecemos o nosso crescimento se começarmos no caminho certo. Pode ajudar ou tornar-se assistente de um fotógrafo, mas não aprenderá uma coisa. O seu crescimento ficará atrofiado se tentar fazer tudo sozinho, como a

contabilidade ou a edição, ou perder demasiado tempo com as redes sociais.

Ao invés de gastar quatro horas por dia a promover-se no Facebook ou esperar por um inquérito por e-mail, seja pró-ativo. Saia para a rua e promova-se a si mesmo. Destaque-se da concorrência, fazendo-se à estrada e arraste pessoas nesta onda de entusiasmo e de paixão.

E técnica?

A técnica pode ser ensinada, mas ser uma boa pessoa ou ter carisma é algo muito mais difícil de ensinar. Diria que, criativamente, o maior problema é a falta de confiança. A verdade é

Em cima Red phone box

“Adoro magens voyeurísticas e, em certa medida, uma perspectiva única de um assunto clichê.”

Em cima, à direita

Groom with tie

“Esta fotografia foi inspirada na personagem interpretada por Johnny Depp no filme Cry Baby.”

Na página oposta

Bride on ground

“Este registo [de Melissa Ghionis] foi captado no dia do nosso casamento. Foi inspirado no cartaz do icónico filme Blow Up, popularizado nos anos de 1960 (e, possivelmente, a única vez que poderia pedir a uma noiva para me segurar nas pernas no dia do seu próprio casamento!).”

>

que algumas pessoas também fotografam demasiado depressa. Conheça bem o seu equipamento e abrande.

Porque desenvolveu a Ice Light, uma fonte de luz LED constante e portátil?

Desde o início da minha carreira que usava luzes de vídeo. Eram boas, mas sempre achei que devia haver uma luz sublime, aquela luz de dia equilibrada, como a luz de uma janela, que é a minha preferida. Como as luzes LED se tornaram bastante populares há uns anos, pensei “porque não criar uma luz portátil ainda maior”? Sendo fã de A Guerra das Estrelas, decidi experimentar fazer uma luz cilíndrica, como um sabre de luz. É muito flexível e se segurar a Ice Light verticalmente, tenho um pouco mais de contraste; segurando na horizontal, obtem-

se uma iluminação mais suave. Portanto, a Ice Light dá-lhe duas qualidades ou densidades de luz. Fui para Westcott, onde achava que estavam os líderes da iluminação contínua. E resultou. Recentemente, vi David

Attenborough a segurar uma Ice Light num documentário da BBC para iluminar o seu caminho – isso assustou-me!

Acha que algum dia dará descanso à fotografia de casamentos para se focar nos seus próprios interesses comerciais, obras de caridade ou desenvolvimento de produtos?

Não, adoro fotografar. Está-me no sangue e fotografarei até ao dia em que morrer. Não promovo ativamente o meu trabalho de casamentos neste momento, mas consigo as reservas que quero. >

Em cima

Bride in car

“Com esta imagem, lutei bastante para eliminar todos os vincos no véu sobre o rosto da noiva. Finalmente decidi explorar um dos vincos, de forma a emular uma gota única de lágrima a cair.”

Em cima Couple at reception

“As luzes de DJ podem parecer perturbadoras, mas aqui proporcionam uma bela luz de fundo.”

À direita

Bride on staircase “Esta imagem foi captada na histórica mansão La Bassa, em Melbourne. A noiva é o ponto de interesse, embora ela seja, em certa parte, sugada pelo ambiente. Todas as linhas principais conduzem a ela e ela acaba por se a parte mais brilhante da imagem.”

QUESTIONÁRIO RÁPIDO! Do que sente mais falta na Austrália quando está em Los Angeles?

Ter uma competição de inteligência com a minha família no restaurante grego do meu irmão. E de Los Angeles quando está na Austrália? A cadeia de restaurantes In-n-Out Burger.

Qual é o seu lugar de eleição para casamentos? Itália. Se pudesse levar consigo para um casamento apenas uma objetiva, qual escolheria?

A Nikkor 24-120mm f/4.

Documentos relacionados