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A FOTOGRAFIA ANALÓGICA E O DESIGN – usos

No documento USOS DA FOTOGRAFIA ANALÓGICA NO DESIGN (páginas 50-61)

“Potencial usado e exercitado pelos designers como ferramenta indispensável para as etapas de estudos experimentais, tendo em vista a concepção, o desenvolvimento do projeto, a documentação e o registro técnico para a fabricação, confecção ou elaboração do objeto” (GOMES, 2006, p. 214)

O avanço da tecnologia e das práticas de impressão possibilitou o uso da fotografia em diversos tipos de impressos, concebendo à linguagem

fotográfica em se estabelecer na arte gráfica. Antes da fotografia se manifestar, a ilustração teve muito mais espaço e atenção no campo da imagem durante o século XX, resultado do percurso de desenvolvimento da fotografia, no qual, hoje a sua utilização é componente no layout do Design.

Segundo Cardoso (2004), a atuação da Fotografia no Design dá-se, a princípio, mais em um plano conceitual do que no plano tecnológico, ela determinou também uma maneira nova de enxergar o mundo.

Nos anos que decorreram 1920 a 1930, o uso da Fotografia foi

crescente no Brasil em relação as ilustrações, que desde então, como método imagético no Design, eram usadas. Já com relação a tecnologia, promoveu-se a impressão fotográfica em larga escala, fazendo o Design enxergar um grande componente de composição e porque não, também de persuasão.

Sobre as influências que o Design sofreu, temos as vanguardas históricas, que trouxe o Dadaísmo8 de forma direta utilizando a técnica da Fotomontagem – conhecida hoje também por colagem – que se dá com a sobreposição e manipulação de fotografias já existentes, gerando uma nova imagem

.

8 Movimento artístico que teve início em Zurique, em 1916, em meio a Guerra com um grupo de

escritores e artistas plásticos. Disponível em <

http://lounge.obviousmag.org/dadaista/2012/05/dadaismo-arte-e-desordem.html> Acesso em: 18 de janeiro de 2017

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Figura 43: Raoul Haussmann, Tatlin em Casa, Colagem e guache (Fonte: ObviusMag, 2017) Figura 44: Raul Hausmann, ABCD, Retrato, 1921 (Fonte: ObviusMag, 2017)

“Durante as décadas de 20 e 30, os designers enfrentam o novo desafio representado pelo surgimento da fotografia, explorando o novo veiculo de comunicação. Eles cortavam e justapunham fotos, arrumando-as em fotomontagens e arranjavam-na nas páginas para compor uma narrativa dramática” (HOLLIS, 2001, p. 15).

Para Lászlo Moholy-Nagy, a Fotografia era uma forma de expressão artística. Em seus ensinamentos e experimentações dentro e fora da Bauhaus, tentava encontrar novos caminhos que estivessem conciliáveis com a

Figura 45: The Photograms, Moholy Nagy (Fonte: Site at get photography, 2016) Figura 46: The Photograms, Moholy Nagy (Fonte: Site at get photography, 2016)

Acredita-se que os ensinamentos de Lászlo em relação a Fotografia, deu-se pelo princípio de que a arte e a técnica fazem parte de um único

pensamento. Manuseava o fotograma9, a dupla exposição10, a montagem11 e a solarização12 e com isso, induzia outros profissionais a criar uma ligação lógica entre Fotografia e Tipografia na Comunicação Visual.

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cria-se imagens diretas, obtidas sem o auxílio da câmara, com a exposição à luz de objetos colocados sobre um papel foto-sensível. Um fotograma é a impressão direta, com todos os claros e todas as sombras, distorções e deformações provocadas por objetos colocados sobre um papel foto-sensível. Disponível em <http://www.tipografos.net/fotografia/fotograma.html> Acesso em: 18 de janeiro de 2017.

10 técnica fotográfica que consiste em expor um negativo múltiplas vezes, utilizando controles

específicos da câmera para ter como resultado imagens sobrepostas. Disponível em

<http://www.afronte.com.br/dupla-exposicao-sensibilidade-em-duas-camadas/> Acesso em: 18 de janeiro de 2017.

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é o processo (e resultado) de se fazer uma composição fotográfica ao cortar e reunir um número de outras fotografias. Disponível em <https://pt.wikipedia.org/wiki/Fotomontagem> Acesso em: 18 de janeiro de 2017.

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também conhecida como efeito Sabattier, é uma técnica fotográfica desenvolvida pelo o francês Armand Sabattier em 1862 e consiste na inversão dos valores tonais de algumas áreas da imagem fotográfica. O efeito era obtido através da rápida exposição à luz da imagem durante seu processamento. Disponível em <https://pt.wikipedia.org/wiki/Solarização> Acesso em: 18 de janeiro de 2017.

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Figura 47: Fotograma, William Fox Henry Talbot (Fonte: Site Focus Foto, 2017)

Figura 48: Dupla exposição, Smena 8m, Agreste (Fonte: Autoria Própria, 2017)

Figura 49: Montagem, Olly and Dolly Sisters, Lászlo Moholy Nagy (Fonte: Site Getty, 2017)

54 “Decidi então tomar como guia de minha nova análise a atração que eu sentia por certas fotos. Pois pelo menos dessa atração eu estava certo. Como chamá-la? Fascinação? Não, tal fotografia que destaco e de que gosto não tem nada de ponto brilhante que balança diante dos olhos e que faz a cabeça oscilar; o que ela produz em mim é

exatamente o contrário do estupor; antes uma agitação interior, uma festa, um trabalho também, a pressão de indizível que quer se dizer. Então? Interesse? Isso é insuficiente; não tenho necessidade de interrogar minha comoção para enumerar as diferentes razões que temos para nos interessarmos por uma foto; podemos: seja deseja o objeto, a paisagem, o corpo que ela representa; seja amar ou ter amado o ser que ela nos dá a reconhecer; seja espantarmo-nos com o que vemos; seja admirar ou discutir o desempenho do fotógrafo, etc.; mas esses interesses são frouxos, heterogêneos; tal foto pode satisfazer a um deles e me interessar pouco; e se tal outra me interessa muito, eu gostaria de saber o que, nessa foto, me dá o estalo. Assim parecia-me a palavra mais adequada para designar (provisoriamente) a atração que sobre mim exercem certas fotos era aventura. Tal foto me advém, tal outra não.” (BARTHES, ANO 1984, p. 35)

O Alemão Max Burchartz (1817-1861) condensava tipografia e imagem fotográfica criando metáforas visuais e verbais. Segundo Hollis (2001), a estética organizacional de Max era de total responsabilidade para que houvesse a eficácia na comunicação. Com o Jan Tschihold (1902-1974), a fotografia era mais destacada, em razão de promover o seu uso em seus trabalhos, como por exemplo o cartaz de uma exposição no qual utilizou-se uma fotografia em negativo.

Figura 51: Tanzfestspiele, Max Burchartz (Fonte: xxxx, 2016)

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Figura 53: Der Berufsphotograph, Jan Tschihold (Fonte: xxxx, 2016)

O aumento do uso da fotografia no Design ofertou uma ideia de realidade no qual aquele momento da foto, realmente aconteceu, o que era contrário na ilustração, que passava a ideia de imaginada e criada pelas mãos do artista. Dentro desse contexto, temos outro designer que ajudou na

promoção e na usabilidade da fotografia analógica, o Hebert Matter (1907- 1984) que agrupava a tipografia, a fotografia e a perspectiva e planos para criar impacto visual. “Um plano pode ser paralelo à superfície da imagem ou inclinar- se e recuar no espaço. Tetos, paredes, pisos e janelas, são planos físicos. Um plano pode ser opaco ou transparente, rugoso ou liso.” (LUPTON; PHILLIPS, 2014, p. 18).

Figura 55: Herbert Matter (Fonte: xxxx, 2016)

Para Hollis (2001), a Fotografia com a sua realidade promove a apresentação de produtos com simpatia. Algo desinteressante, torna-se

58 agradável, intrigante. O resultado do uso de imagens em um projeto de Design é persuasivo e desse modo convence o espectador.

Figura 56: Capa de Revista, Herbert Matter (Fonte: Pinterest, 2016) Figura 57: Arquivo pessoal, Herbert Matter (Fonte: Pnterest, 2016)

De modo progressivo a Fotografia foi sendo inserida e apenas “(...) nos primórdios do século XX que o pleno impacto da fotografia sobre a

comunicação se tornou realidade” (DONDIS apud GOLDSMITH, 2007, p.213) consolidando-se e tornando-se elemento fundamental para a comunicação.

Com todas as mudanças sociais e culturais a fotografia leva consigo as técnicas para criar uma comunicação como imagem, o design apropria-se das imagens pelos recursos que são possibilitados com seu uso como as formas, a fragmentação de imagens, colagens e uso de camadas com ou sem a

tipografia, promovendo um engrandecimento na linguagem visual, transmitindo uma ideia principal. Design e fotografia, dois campos visuais que com o olhar

transformam o mundo ao redor em informação, apropriando-se do uso dos elementos que compõe de cada universo.

O ponto de partida é compreender a natureza técnica do ato fotográfico, a sua característica de marca luminosa, daí a idéia de indício, de resíduo da realidade sensível impressa na imagem fotográfica. Em virtude deste princípio, a fotografia é considerada como testemunho: atesta a existência de uma realidade. Como corolário13 deste momento de inscrição do mundo na superfície sensível, seguem-se as convenções e opções culturais

historicamente realizadas. (...) é compreender que entre o objeto e a sua representação fotográfica interpõe-se uma série de ações convencionalizadas, tanto cultural como historicamente. Afinal de contas, existe uma diferença bastante significativa entre uma carte de visite e um instantâneo fotográfico de hoje. Por fim, há que se

considerar a fotografia como uma determinada escolha realizada num conjunto de escolhas possíveis, guardando esta atitude uma relação estreita entre a visão de mundo daquele que aperta o botão e faz ‘clic’. (MAUAD, 1996, p.4)

13 Ação de continuar um pensamento; ato de prosseguir um raciocínio. Disponível em

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No documento USOS DA FOTOGRAFIA ANALÓGICA NO DESIGN (páginas 50-61)

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