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Ao longo deste subcapítulo mencionar-se-ão as funções do fotojornalismo e do jornalismo e mostrar-se-ão as suas principais características, demonstrando que um não altera ou diminui a importância do outro.

Primeiramente, falar-se-á dos jornalistas, tendo em conta que, segundo a história do jornalismo, os primeiros jornais eram compostos apenas por texto, como referido anteriormente, e só mais tarde surgiu a necessidade da existência de fotojornalistas/repórteres, agregada ao desenvolvimento da fotografia e de todos os outros meios tecnológicos.

A função de um jornalista, explicando de um modo mais simplificado, é observar e descrever acontecimentos. (Marques, 2008) Os jornalistas dividem-se por várias áreas: uns, nos jornais, dedicam-se ao relato de notícias através da escrita – jornais tradicionais e online – e outros na divulgação de notícias, através da televisão e na rádio – oralidade. O jornalismo tem como função reconhecer informações, dar conhecimento, esclarecer e noticiar. Exige o domínio da escrita de modo a transmitir informação de forma adequada. Os jornalistas têm que pôr de lado as suas emoções e dificuldades relativamente a um determinado acontecimento; seguem um conjunto de regras deontológicas, com o objetivo de divulgar informação mediada por um meio de comunicação em massa. Para além de relatar acontecimentos, os jornais também publicam artigos de opinião e análise; colunistas ou colaboradores exprimem os seus pontos de vista relativamente a determinados factos. É importante que estes transmitam os acontecimentos com a máxima objetividade, sem demonstrar o seu ponto de vista ou pondo em causa a integridade de outrem. Tanto as notícias como os artigos de opinião são elementos importantes para o esclarecimento dos indivíduos.

33 Enquanto as notícias têm como objetivo dar novas informações, os artigos de opinião são importantes na medida em que lançam debates que têm em vista clarificar determinados temas. (Gradim, 2000)

É fundamental que as notícias possuam três características: atualidade, veracidade e interesse. Quanto à linguagem, a escrita utilizada tem de ser concisa, ritmada e precisa. Os temas são distribuídos por frases curtas, criando uma sequência lógica e clara. Igualmente importante é a pontuação, pois esta vai determinar a forma como determinada frase irá ser interpretada, não induzindo assim o leitor em dúvida ou em erro. É, sobretudo, através do jornalismo que os cidadãos têm conhecimento dos principais factos e acontecimentos que ocorrem, tanto no seu país de origem como pelo mundo. Os jornalistas têm a complicada missão de selecionar quais os eventos relevantes que dominam o interesse do público. (Gradim, 2000)

“Jornalismo é a actividade profissional que consiste em apurar, recolher e coligir informação, redigindo-a sob a forma de notícia que se destina a ser divulgada junto do público através de um meio de comunicação de massas. A esses factos que o jornalista colige e edita, apresentando-os sob a forma narrativa (“o jornalista é um contador de histórias”) dá-se genericamente o nome de notícia.” (Barbosa, 2007, p. 85)

Para avaliar se determinado acontecimento é importante ou não, os jornalistas recorrem a vários critérios, tais como: proximidade, importância, polémica, estranheza, emoção, repercussões, agressividade. Os jornais contribuem, substancialmente, para o esclarecimento dos cidadãos, divulgam factos atuais de interesse geral, de modo rigoroso e fundamentado. (Gradim, 2000)

Quanto ao fotojornalismo, a sua função também passa por transmitir e dar a conhecer factos ocorridos, utilizando a fotografia como meio para o fazer. Como refere Sousa (2002), “o fotojornalismo é uma actividade singular que usa a fotografia como um veículo de observação, de informação, de análise e de opinião sobre a vida humana e as consequências que ela traz ao Planeta.” (p. 5)

Nas palavras de Gradim (2000), as fotografias são extremamente importantes, pois “(…) as fotos e as respectivas legendas são a segunda coisa que a esmagadora maioria dos leitores atentam no jornal.” (p. 89)

Os fotojornalistas são responsáveis pelo registo fotográfico de diversos acontecimentos, permitindo que o leitor tenha um contacto mais próximo com os mesmos. (Martins,2013) Ao visualizar-se uma fotografia, o leitor tem uma melhor perceção sobre o ocorrido.

34 Segundo alguns estudos, as notícias acompanhadas por fotografias, são 50% mais propícias a serem lidas pelos utilizadores. (Lavrusik, Cameron, 2011 & Guerreiro Garcia, 2015)

As fotografias características do fotojornalismo seguem os mesmos padrões de composição, com o objetivo de permitir uma leitura clara, rápida e objetiva das mesmas, correspondendo ao registo de parcelas da realidade do mundo; são sempre referentes a diferentes temas como, por exemplo, guerra, política, ambiente, sociedade, saúde. (Martins,2013)

É fundamental que se tenha um grande conhecimento no que respeita à cultura visual, especialmente dentro da vertente fotográfica conjugada com área do jornalismo. O fotojornalista não só não pode intervir nas ações, como também na fase de edição das fotografias. A única coisa que pode ser alterada é a cor das fotografias, tendo sempre em atenção que estas não se distanciem da realidade.

Nos primórdios do fotojornalismo era apenas possível utilizar fotografias a preto e branco, características dos aparelhos da época mas, ao longo do seu desenvolvimento, surgiu a fotografia a cores. A utilização da cor depende do estilo fotográfico do fotojornalista em questão, gostos, objetivos, mensagem a transmitir, entre outros, podendo, atualmente, optar por fotografias a cores ou a preto e branco, tendo as duas formas significados e intenções diferentes.

Bauret (2012), citando Edward Weston (1953), refere que “ é idiota afirmar que a cor vai matar o preto e branco. São dois meios diferentes com objectivos diferentes. Não podem fazer concorrência um ao outro em nada.” (pp. 81-82) O mesmo autor afirma que a cor permitiu que as fotografias estivessem ainda mais ligadas ao realismo. Na imprensa a fotografia a preto e branco passou a ter outro significado, “(…) a afirmação de um ponto de vista, de um pensamento (…)” (Bauret, 2012, p.81) Não se trata do uso sistemático de fotografias a preto e branco, mas sim do seu uso excecional.

Na génese da fotografia a cores, os fotógrafos levaram algum tempo a habituar-se a esta inovação. À medida que iam adquirindo experiência (na parte técnica), iam-se libertando da visão a preto e branco, passando a fotografar a cores. Hoje em dia, é cada vez maior a “separação” dos fotógrafos que trabalham a cor e os que trabalham a preto e branco, considerando-se que trabalham de forma diferente, no que concerne aos temas, forma de pensar, linguagem, entre outros. Tanto fotógrafos amadores como profissionais, na imprensa e na área da publicidade, utilizam, maioritariamente, fotografias a cores. No meio artístico, a cor das fotografias difere das utilizadas para fins comerciais. As fotografias expostas em museus e galerias, são sobretudo a preto e branco. (Bauret, 2012, pp.83-84)

35 O jornalismo e o fotojornalismo são fundamentais para o panorama da comunicação atual; a evolução tecnológica foi de tal forma rápida que já não faria sentido existir jornalismo sem recurso à imagem fotográfica. À medida que a área da imagem se desenvolve, o jornalismo pode expandir-se mais e desenvolver-se por outras vias, sempre com recurso a estímulos visuais. O acréscimo da informação visual é uma vantagem na difusão da informação; as imagens têm a capacidade de despertar o interesse do leitor para determinada notícia, como, também, mostrar e comprovar o seu conteúdo.

A fotografia ganhou importância pois, para além de ser mais um elemento na informação, fortalece a realidade social. (Martins, 2013) A fotografia é uma prova visual, complementa as histórias dos acontecimentos, revelando-se uma informação tão ou mais importante quanto a escrita.

“ A fotografia jornalística mostra, revela, expõe, denuncia, opina. Dá informação e ajuda a credibilizar a informação textual. Pode ser usada em vários suportes, desde os jornais e revistas, às exposições e aos boletins de empresa.” (Sousa, 2002, p. 161)

É a partir dos meios de comunicação social que os indivíduos têm acesso à grande maioria dos acontecimentos relevantes que vão ocorrendo no mundo. Seja informação escrita ou visual, ambas são importantes para a transmissão de informação. Os média, sejam em formato de imagem ou de texto, são responsáveis pela reprodução da realidade. (Martins, 2013)

“A tecnologia influencia a maneira de viver da sociedade em todos os seus afazeres. Desde o princípio o homem tem uma relação estreita com a tecnologia disponível em sua época e que o auxiliava a caçar, pescar, realizar actividades diárias ou levar vantagem em disputas com outros homens. Invenções como o tipo mecânico móvel, o telégrafo, o rádio, a TV e a internet, alteraram a forma como se produz e como se consome informação e, consequentemente, a maneira de fazer e consumir jornalismo.” (Canavilhas & Satuf, 2015, p. 423)

No início da história do jornalismo não existia a necessidade de recorrer a registos visuais. Com o avançar da evolução tenológica, a fotografia tornou-se essencial na recolha de informação, para além da descrição dos factos através das palavras.

Antes do desenvolvimento da internet e da fotografia digital, era impossível difundir fotografias jornalísticas sobre um acontecimento acabado de ocorrer. (Alves & Boni, 2011)

“Nos tempos atuais, possivelmente mais do que noutros períodos históricos, é possível percebermos que a imagem fotográfica tem vindo a assumir no cotidiano das sociedades ocidentais uma importância e centralidade que assentam não apenas na quantidade e

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diversidade de imagens em que cada sujeito acede e produz, mas também nos seus diversos fins.” (Meirinho, 2016, p. 44)

O conceito de fotojornalista está ligado ao controlo e autoria da imagem fotográfica das notícias. No entanto, as características da cultura atual trouxeram novas participações o que modificou também a relação com o público. (Guerreiro Garcia, 2015)

O desenvolvimento paralelo das tecnologias da imagem com a internet, alteraram todo o panorama do mundo da comunicação.

“As ferramentas que possibilitam a produção de conteúdos e sua disponibilização tornam-se cada vez mais simplificadas e eficientes, fazendo-se acessíveis a um número crescente de cidadãos e organizações cidadãs da sociedade civil, através de políticas e ações públicas, privadas e do terceiro setor, visando a uma maior inclusão digital em todo o mundo.” (Barbosa, 2007,p: 77)

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5 Internet

A evolução da tecnologia, ao longo dos tempos, mostra que o Homem foi construindo redes de comunicação, por via terrestre, marítima e aérea. Todas estas redes contribuíram e continuam a colaborar para o desenvolvimento de estruturas sociais. A tecnologia, típica de cada época, sempre influenciou a maneira de viver da sociedade com todos os seus hábitos, sempre com o objetivo de facilitar as suas tarefas diárias. Neste sentido, a internet faz também parte das redes criadas pelo homem, ligadas ao tráfego de informação entre indivíduos. (Canavilhas & Satuf, 2015)

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