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Este capítulo destina-se a apresentar as metodologias de investigação utilizadas para a realização desta investigação: procedimento metodológico, participantes, técnicas e instrumentos de recolha de dados.

6.1 Procedimento metodológico e tipo de estudo

Inicialmente esta investigação, como se pode constatar nos capítulos anteriores, baseou-se na leitura de livros e documentos científicos, de forma a desenvolver a fundamentação teórica relativamente ao tema em análise. Carlos Gil (2008) explica que “a leitura flutuante requer do pesquisador o contato direto e intenso com o material de campo, em que pode surgir a relação entre as hipóteses ou pressupostos iniciais, as hipóteses emergentes e as teorias relacionadas ao tema.” (p. 16) Terminada a realização do enquadramento teórico, procedeu-se à recolha de dados. Como já foi referido, o desenvolvimento deste estudo teve como principal objetivo conhecer o ponto de vista dos fotojornalistas profissionais em relação à ação dos fotógrafos amadores na internet. Para atingir esse fim, foi necessário recorrer-se a um método de investigação qualitativo, pois é o que se mostra mais apropriado. Segundo Bell (2008) “os investigadores que adoptam uma perspectiva qualitativa, estão mais interessados em compreender as percepções individuais do mundo. Procuram compreensão, em vez de análise estatística. Duvidam da existência de factos «sociais» e põem em questão a abordagem «científica», quando se trata de estudar seres humanos.” (p: 20)

O tipo de estudo presente é indutivo pois, como afirma Carmo e Ferreira (1998), nos estudos indutivos os investigadores “desenvolvem conceitos e chegam à compreensão dos fenómenos a partir de padrões provenientes de recolha de dados. Não procuram informação para procurar hipóteses. A teoria é desenvolvida de “baixo para cima” (em vez de cima para baixo), tendo como base os dados que obtiveram e estão inter-relacionados.” (p. 179) O estudo indutivo é típico das ciências sociais, enquanto o estudo dedutivo está mais direcionado para as ciências ligadas à matemática e à física.

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6.1.2 Participantes

De modo a dar resposta à problemática desta investigação, considerou-se que os participantes adequados seriam fotojornalistas profissionais portugueses, que se encontrassem a exercer a profissão. Características específicas, como idade, sexo, anos de serviço, entre outros, não foram fulcrais na escolha dos mesmos.

Foi realizada uma pesquisa na internet, com o propósito de encontrar fotojornalistas. Foram contactados cerca de vinte, mas apenas oito se mostraram disponíveis a participar no estudo.

6.1.3 Técnicas e Instrumentos de Recolha de dados

O instrumento utilizado para a recolha de dados foi a entrevista. Dentro dos vários tipos de entrevistas existentes – entrevista estruturada, entrevista não estrutura e semiestruturada – decidiu-se optar por efetuar entrevista semiestruturada. A entrevista semiestruturada caracteriza-se por ter um conjunto de perguntas básicas, relacionadas com o tema a tratar, podendo ser acrescentadas mais perguntas, dependendo do desenrolar da conversa entre o entrevistador e o entrevistado. Manzini (2004), explica que “ (…) a entrevista semiestruturada está focalizada em um assunto sobre o qual confeccionamos um roteiro com perguntas principais, complementadas por outras questões inerentes às circunstâncias momentâneas à entrevista.” (p. 2)

De acordo com Günther (2006), dentro do estudo qualitativo, uma das formas de recolha de informação, é a entrevista. Afonso (2015) define entrevista como uma “ (...) interacção verbal entre o entrevistador e o respondente, em situação de face a face ou por intermédio de telefone.” (p. 97) O principal objetivo da realização de entrevistas, neste cenário, é conhecer a opinião de fotojornalistas portugueses, face aos jornalistas cidadãos, produtores de fotografias direcionadas para a área do jornalismo. Moser e Kalton (1971), mencionados na obra Como realizar um projecto de investigação de Bell (2008), explicam que a entrevista é “uma conversa entre o entrevistador e um entrevistado que tem o objectivo de extrair determinada informação, do entrevistado.” (pp. 137-138)

Optou-se pela entrevista semiestruturada, em vez de outro instrumento, porque as entrevistas são adequadas, segundo Manzini (2004), “ (…) para buscar informações sobre opinião, concepções, expectativas, perceções sobre objetos ou fatos ou ainda para

57 complementar informações sobre factos ocorridos que não puderam ser observados pelo pesquisador, como acontecimentos históricos ou em pesquisa sobre história de vida, sempre lembrando que as informações coletadas são versões sobre factos ou acontecimentos.” (p: 4)

Para concretizar as entrevistas, foi criado um guião (Anexo I) que serviu de base a todas as entrevistas a realizar, podendo a ordem das questões ser alterada no decorrer da entrevista ou serem acrescentadas novas perguntas, caso seja pertinente ao tema de determinada conversa. Afonso (2005) considera que as entrevistas semiestruturadas “em geral, são conduzidas a partir de um guião que constitui o instrumento da gestão da entrevista semiestruturada. O guião deve ser construído a partir das questões de pesquisa e eixos de análise do projecto de investigação.” (p. 99)

Primeiramente, os entrevistados foram contactados via email e informados do objetivo da realização da entrevista. Posteriormente à resposta de cada participante, foi marcada a data e a hora da entrevista. Nesta fase, procedeu-se também ao pedido de autorização de captação e cedência do som (Anexo III), salvaguardando que todas a informações fornecidas seriam exclusivamente utilizadas para fins académicos, nomeadamente para compor esta dissertação. Efetuaram-se um total de 8 entrevistas. Foram realizadas via Skype ou Facebook, devido ao facto de todos os fotojornalistas residirem em diferentes locais do país. Após a conclusão de todas as entrevistas procedeu-se à análise das mesmas, com o propósito de retirar informação útil, que irá dar resposta à problemática desta investigação: “Qual a perspetiva dos fotojornalistas profissionais face ao conteúdo fotográfico, de cariz jornalístico, publicado por fotógrafos amadores, na internet?” A base deste processo de análise foca-se, sobretudo, na transcrição de cada entrevista (Anexo IV), para tornar a análise da sua informação mais clara e rigorosa. A análise às entrevistas encontram-se nas tabelas presentes no Anexo II.

“Uma centena de informações interessantes soltas não terá qualquer significado para um investigador ou para um leitor se não tiverem sido organizadas por categorias. O trabalho do investigador consiste em procurar, continuadamente semelhanças e diferenças, agrupamentos, modelos e questões de importância significativa.” (Bell, 2008, p. 183)

6.2 Caracterização dos participantes

Os fotojornalistas participantes neste estudo são de nacionalidade portuguesa e encontram-se a exercer a profissão.

58 Numa primeira fase, tentou perceber-se quais as principais diferenças geracionais entre pré e pós fotografia digital. No entanto, a dificuldade em encontrar fotojornalistas disponíveis para realizar entrevista, tornou impossível manter este perfil.

As idades dos entrevistados são bastante divergentes, não existindo uma média das mesmas. Assim, também o tempo de serviço é variável. Quanto ao género, num total de oito entrevistados, seis são do sexo masculino e dois do sexo feminino. À data da realização das respetivas entrevistas, os fotojornalistas intervenientes nesta investigação residiam na área metropolitana de Lisboa (três), Porto (três), um em Santa Maria (Açores) e outro em Leiria. Na seguinte tabela, é apresentada uma breve caracterização dos participantes.

Tabela 6.1 – Caracterização dos Fotojornalistas Entrevistados Fotojornalistas

Nome Ano de Nascimento Ano de início de carreira

Ana Brígida 1986 2007

Pepe Brix 1984 2000

Miguel Proença 1984 2011

Daniel Rodrigues 1987 2010

Pedro Pina 1986 2008

Inês Costa Monteiro 2016

Rui Miguel Pedrosa 1984 2008

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