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47 de modo que a febre ou seja aumentada com remédios apropriados, se enfraquecer, ou seja baixada, se exacerbar-se mais que o normal.

Em seguida, o progresso e o recesso da doença exigem método diferente de cura.

Por vezes a doença se desvia do tipo conhecido, e então deve ser reconduzida oportunamente ao caminho já trilhado.

Outra coisas devem ser tratadas de ordinário, pois aqui os sintomas são os mesmos que nas varíolas epidêmicas, embora mais leves.

Estas são, ilustríssimos professores, [as posições] que vos proponho e que com mais clareza devo explanar na tese maior que em breve suará sob o prelo.

FIM.

ARGUMENTARÃO

OS ILUSTRÍSSIMOS PROFESSORES DO REI.

Dr. PAUL-JOSEPH BARTHEZ, Conselheiro no sagrado Consistório, Chanceler e juiz da Universitatis.

Dr. GASPARD- JEAN RENÉ, Decano.

Dr. ANTOINE GOUAN, Pró-decano.

Dr. FRANCIS BROUSSONET.

Dr. FRANCIs VIGAROUS.

Dr. HENRI-LOUIS BRUN.

Dr. HENRI FOUQUET.

4. 2 — Aviso do Conde de Linhares ao Conde de Aguiar sobre as nomeações dos irmãos Arruda Câmara para cargos no Jardim Botânico do Pará e de Pernambuco, 26 de Abril de 1810

José M. da C. Veloso, Flora Fluminensis, Rio de Janeiro, Arquivo Nacional, 1961, p. 278.

Ilustríssimo e Excelentíssimo Senhor. Havendo o Príncipe Regente Nosso Senhor nomeado físico-mor da capitania do Pará com quatro centros mil réis de ordenado à Francisco Arruda Câmara, irmão do hábil Arruda de Pernambuco, e ele mesmo mui versado em matérias Botânicas, e havendo requerido a Sua Alteza Real o lugar de inspetor do Jardim Botânico do Pará com duzentos ou trezentos mil réis anuais, julgou o mesmo Augusto Senhor que seria muito útil ao Seu Real Serviço que se encarregasse ao suplicante este objeto e me ordenou que assim o remetesse à Vossa Excelência para seu deferimento; e por esta ocasião também vou recomendar a Vossa Excelência o outro Arruda, que se acha em Pernambuco, a quem seria justo confiar a direção do Jardim Botânico daquela capitania com o ordenado que em outro tempo já teve.

Deus guarde a Vossa Excelência Palácio do Rio de Janeiro em 26 de Abril de 1810 Conde de Linhares — Sr. Conde de Aguiar

Carta Régia ao Governador e Capitão-mor General do Pará em que Sua Alteza há por bem encarregar a Francisco de Arruda Câmara Físico Mor daquela capitania, do Jardim Botânico que ali se estabeleceu com 200$000 de ordenado por ano, tendo também a cuidar nas plantas que vierem de Caiena, e distribuí-las pelas várias capitanias.

48 4. 3 — Carta da Câmara de Goiana, ao príncipe regente [D. João], queixando-se dos procedimentos do Bispo de Pernambuco, D. José da Cunha Azeredo Coutinho, a respeito da arrematação das carnes frescas, única para toda capitania, beneficiando seu protegido Francisco de Arruda Câmara, e se opondo às determinações régias que permite que as câmaras determinem os termos destas arrematações, Goiana, 10 de Julho de 1802

AHU, Conselho Ultramarino, Pernambuco, Cx. 235, Doc. 15871.

[Anotação lateral]:

Deve informar o Governo da Capitania de Pernambuco

Infelizes Povos são os que vivem longe da vista de seus soberanos, a estes por mais que o Paterno amor aplique o remédio para beneficiar sempre acontece que os mesmos de quem se confia a regência, e boa administração estes mesmo são os que os oprimem gravemente postergando o sagrado das leis dando-lhes nocivas interpretações segundo as suas malignas e avaras intenções como agora representamos, procurando aos pés do Trono e Alta Proteção com que se felicitam os fiéis vassalos de Vossa Alteza Real. A insolência e atentado do Doutor Francisco de Arruda Câmara protegido e insuflado pelo Reverendíssimo Bispo deste continente Dom José Joaquim da Cunha de Azeredo Coutinho em desprezo nosso e em prejuízo do bem público exigem de nós o procurarmos o Grande Auxílio e Proteção de Vossa Alteza Real a fim de nos ser restituída aquela autoridade, isenção e respeito que Vossa Alteza Real nos tem concedido em atenção aos cargos que ocupamos.

Projetou o reverendíssimo Bispo contra a vigorosa determinação de Vossa Alteza Real no Código Legal do Livro 1º parágrafo 66 § 8º que prescreve às Câmaras fazer em seus respetivos termos as arrematações das carnes frescas, inventar [fazer] uma arrematação geral do dito gênero em toda a capitania sendo um só arrematante e uma só câmara de Olinda, que arrogando a si uma preeminência sobre nós e as demais Câmaras, conveio procedeu e excitou [realizou] em nome de todas semelhante arrematação e de facto foi unicamente admitido com exclusão de outro qualquer arrematante o dito Francisco de Arruda da Câmara e seu sogro António Rodrigues Chaves e sócios do arrematante irmão o Doutor Manoel de Arruda Câmara como se demonstra da documentação nº 1º: Imediatamente nos fez a câmara da cidade de Olinda um oficio dando-nos parte daquela arrematação e quase querendo obrigar-nos a condescender com ela em atenção ao plano do Reverendíssimo Bispo e Governador Interino que nos enviou juntamente e se faz ver do documento nº 2º cujo procedimento bem longe desaprovamos o estranhamos amargamente pela resposta nº 3º não por outra razão senão pela transgressão das leis de Vossa Alteza Real pela usurpação de nossa jurisdição e pelo prejuízo dos povos principalmente os da nossa inspeção como logo se experimentou não sem dor nossa. Com efeito não aceitamos semelhante arrematação, e estando de acordo a por em praça a marehanteria [m.q. marchanteria] das carnes pertencente a esta vila e seu termo na forma de nosso dever e regimento o não podemos executar justamente [ilegível] das ameaças do Reverendíssimo Bispo e mais sócios do Governo não são contra nós senão a outro qualquer que remataste por cuja razão não havia quem quisesse lançar e parecia inútil a nossa diligência. Daqui principiou a intriga malevolência orgulho e desenfreio do Doutor Francisco de Arruda Câmara

49 contra nós, e com o calor e proteção do Reverendíssimo Bispo a tanto se atrevia manifestando, como era público, que por ser o mesmo Reverendíssimo Bispo e seu irmão o Tenente-Coronel Domingos da Cunha de Azeredo Coutinho e seu sobrinho o secretário Manoel da Cunha de Azeredo Coutinho Sousa Chichorro interessados no mesmo contrato e arrematação não a temia e menos fazia conta da nossa inspeção e da nossa autoridade e desta sorte não deixava de afrontar-nos nas assembleias mais públicas e em particulares carregando-nos de mil impropérios, que a sua maledicência lhe subministrava e[riscado] chegou a tanto e excesso seu ódio que intentou privar a esta vila da fornecimento de carnes de açougue como fez por algum tempo, por que apresentando-se na feira dos gados como único e singular comprador e senhor deles ou os fazia conduzir fora desta vila para outros termos ou os revendia a negociantes e compradores para os talhar aos míseros povos desta vila e seu termo pelo preço que quisessem acima da taxa a que se tinha obrigado nas sua cavilosa[?] arrematação e da que tinha decorrido nos anos antecedentes. Que barbaridade, que insolência. Semelhante menosprezo e vexame na face dos Tribunais se fazia inda mais ofensivo cruel e escandaloso, pelo clamor público dos povos desta vila ao qual atendendo-nos por obrigação dos nossos cargos dirigimos ao nosso juiz presidente António Máximo de Souza o ofício que se mostra no princípio da devassa para conhecer criminalmente dissemelhante monopólio e travessia de gados a fim de evitar a necessidade pública a que fizemos na conformidade do nosso regimento legal da ordem [ilegível] no livro 1º parágrafo 66 in. pr[?]. Assim cumpriu o nosso juiz presidente e saiu culpado o mesmo Doutor Francisco de Arruda Câmara pelo que foi capturado na forma da lei de Vossa Alteza Real contra os delinquentes para punição e emenda de seu delito donde requerendo homenagem pelo seu grau lhe foi concedido pelo dito juiz em sua casa conforme pedia. Então mais arrogante continuou a improperar as nossas pessoas e desatender-nos com a maior insolência afetando o asilo e proteção do Reverendíssimo Bispo, e na verdade por esta foi solto com maior escândalo e despotismo por virtude de uma portaria enviada ao capitão-mor desta vila, que o foi soltar sem atenção ao crime de que se não tinha ainda expurgado[.] E com este calor procede na sua malevolência e vingança contra nós protestando que com suas pulhas representações a Vossa Alteza Real encaminhada pelo Reverendíssimo Bispo há de conseguir um pleno triunfo e desforço contra nós. Que aquela arrematação foi injusta decide a lei do Vossa Alteza Real supracitada. Que o dito Doutor Arruda arrematante procedeu monopoliativamente nas suas compras, revendas de gados se prova a devassa nº 4º que a nosso ofício tirou o juiz presidente, e enviamos a Vossa Alteza Real. Que os povos não só desta vila como de todo este continente experimentaram fartura e abundância de gados depois que eles foram expulsados [sic] de semelhante arrematação e contrato se demonstra dos emolumentos e atestações [ilegível] juntas nº 3º et seq., e que finalmente nós tudo quanto temos obrado foi em cumprimento das leis de Vossa Alteza Real e por zelo do bem público é assaz evidente, e assim ficamos certos que Vossa Alteza Real há de comprovar o nosso procedimento e castigar a insolência e desenfreio do dito Doutor Francisco de Arruda Câmara, que não cessa de nos atacar no mais respeitoso de nosso decoro por sermos zelosos das leis de Vossa Alteza Real e na inspeção do bem público de que estamos encarregados. Portanto, vamos procurar a muito Alta Proteção de Vossa Alteza Real para nos fazer restituir os nossos direitos postergados dando um justo

50 castigo de exemplo e temor aos inconfidentes que nos insultam em desprezo das leis, e desabono da autoridade pública, e prejuízo do bem comum dos povos.

[ilegível] A Vossa Alteza Real para felicidade dos fiéis vassalos.

Goiana em Câmara de 10 de Julho de 1802

António Máximo de Souza Inácio Francisco do Amaral José Alves Souza Manoel de Gouveia Moniz José Correia de Sá

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