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Frequência e Área dos Granulomas

No documento katiabatistadoamaral (páginas 156-159)

4 CAPÍTULO 1 ESTUDO HISTOPATOLÓGICO E BIOQUÍMICO DE

4.4 DISCUSSÃO

4.4.1 Frequência e Área dos Granulomas

As análises histopatológicas dos fígados de N. squamipes infectados com o S. mansoni revelaram a ocorrência das seguintes fases evolutivas dos granulomas esquistossomóticos: uma fase pré-granulomatosa exsudativa (PE) e três fases granulomatosas: granuloma necrótico-exsudativo (NE), granuloma exsudativo- produtivo (EP) e granuloma produtivo (P). As fases evolutivas dos granulomas de N. squamipes encontradas neste trabalho já foram documentadas neste roedor por outros autores (SILVA e ANDRADE, 1989; COSTA-SILVA et al., 2002). Através das

análises das frequências das fases evolutivas dos granulomas hepáticos, observou- se que N. squamipes apresentou maior frequência de granulomas EP e P. Estes granulomas são geralmente mais prevalentes na fase crônica da esquistossomose mansônica em modelos murinos experimentais (LENZI, 1987). Porém, no presente trabalho, apenas o granuloma EP foi mais prevalente na fase crônica da infecção experimental.

Ao analisarmos a evolução da infecção no modelo experimental, observamos que na fase aguda da infecção ocorreu uma prevalência de granulomas NE. Inclusive, estes granulomas também apresentaram as maiores áreas dentre os granulomas hepáticos dos três grupos estudados. Isto pode indicar a ocorrência de exacerbação da resposta inflamatória nesta fase da infecção, já que estes granulomas são volumosos e ricos em células inflamatórias. LAMBERTTUCCI (2010) observou uma frequência de granulomas NE de até 100% nesta fase da infecção.

Neste estudo, observou-se que granulomas produtivos que estavam ausentes na fase aguda da infecção, passaram a ser encontrados na fase crônica, indicando uma evolução das lesões granulomatosas para a fase de cura por fibrose. Além disso, a frequência de granulomas NE diminuiu significativamente nesta fase.

Com a infecção em curso, novos ovos continuam a chegar ao fígado e novos granulomas são formados, porém, devido à imunomodulação, estes são menores e os já existentes evoluem para fases mais fibróticas, como as fases EP e P (LENZI et al., 1987; SILVA et al., 2000; MACHADO-SILVA et al., 2011).

Em geral, as análises histológicas realizadas em N. squamipes revelaram granulomas semelhantes aos encontrados na fase crônica dos camundongos Swiss. Estes se apresentaram pequenos, fibróticos e com escassa celularidade. Isto pode ser devido às múltiplas reinfecções que o roedor silvestre sofre durante seu tempo de vida e à subsequente imunidade adquirida. COELHO et al. (1996) realizaram um experimento no qual demonstraram que camundongos Swiss infectados e tratados, ao serem reinfectados, apresentaram granulomas típicos de fase crônica.

As análises histológicas dos intestinos delgados e grossos dos animais infectados neste estudo mostraram granulomas com poucas variações de tamanho e de fase evolutiva. LENZI et al. (1987) também encontraram resultados semelhantes ao analisar granulomas intestinais em N. squamipes e em Swiss.

Desta forma, nossos dados sugerem que os granulomas intestinais não sofreram imunomodulação tão pronunciada quanto à observada nos granulomas do fígado. Os granulomas formados ao redor dos ovos maduros do parasito, presentes nos intestinos dos animais infectados (N. squamipes e Swiss) foram predominantemente do tipo EP, com exceção dos intestinos grossos dos camundongos Swiss de fase aguda, onde foram encontrados principalmente lesões do tipo PE.

SILVA et al. (2000) investigaram o fenômeno da imunomodulação em camundongos Swiss infectados experimentalmente com o S. mansoni e concluíram que este é um fenômeno exclusivamente hepático, uma vez que granulomas intestinais, formados em torno de ovos maduros, não mudam de tamanho e aparência com tempo. A grande quantidade de componentes da matriz extracelular encontrada nos granulomas hepáticos foi a principal responsável pela mudança nos aspectos morfológicos da modulação. Segundo WEINSTOCK e BOROS (1983), granulomas intestinais podem ser considerados modulados desde o início no íleo.

4.4.2 Comprometimento Tecidual

Durante a esquistossomose, a resposta inflamatória granulomatosa é responsável tanto pela progressão do ciclo de vida do parasito quanto pela imunopatologia causada no hospedeiro. Este é um processo dinâmico, no qual os parasitos exploram a resposta imune do hospedeiro para expelir seus ovos (DOENHOFF et al., 1986; LENZI et al., 1987; BRINDLEY, 2005), enquanto a infecção provoca uma inflamação celular em torno dos ovos maduros presos nos tecidos do hospedeiro (ANDRADE, 2009).

As análises de comprometimento tecidual, realizadas nos fígados e intestinos de N. squamipes e de Swiss (fases aguda e crônica) indicaram que, no camundongo Swiss, durante os estágios iniciais da esquistossomose mansônica, a reação inflamatória direcionada ao fígado foi mais intensa (46,40 ± 4,74%, média ± EP). À medida que a infecção evoluiu, ocorreu uma modulação do sistema imune do hospedeiro, diminuindo o grau de comprometimento hepático (26,62 ± 0,15%, média ± EP).

No caso específico do N. squamipes, o menor comprometimento hepático (5,05 ± 1,19%, média ± EP) e o maior comprometimento do intestino delgado (17,72

± 0,88%, média ± EP), dentre os três grupos estudados, sugerem uma maior capacidade adaptativa ao parasitismo pelo S. mansoni. O baixo grau de comprometimento hepático encontrado poderia justificar a excelente modulação das lesões periovulares observadas no fígado deste animal (RODRIGUES-SILVA et al., 1988). Por outro lado, a intensa reação inflamatória observada no intestino delgado deste roedor explicaria porque ele elimina elevado número de ovos de S. mansoni nas fezes durante todo o seu tempo de vida, atuando como importante reservatório silvestre do parasito S. mansoni (COSTA-SILVA, 2000).

De fato, nossos resultados sugerem uma melhor modulação da resposta imune tanto em N. squamipes quanto no Swiss de fase crônica, visto que ambos intensificaram suas respostas inflamatórias no intestino delgado, ao mesmo tempo em que diminuíram a inflamação no fígado. Este “direcionamento” da resposta imune para o intestino delgado parece ser importante para que estes hospedeiros consigam lidar melhor com o parasitismo. Ao conseguir eliminar maiores quantidades de ovos do parasito, um menor número de ovos alcançaria o fígado, diminuindo as lesões decorrentes da reação inflamatória granulomatosa neste órgão (LENZI, 1987).

No documento katiabatistadoamaral (páginas 156-159)