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5.3 ESTUDO DA SOROPREVALÊNCIA DE ANTICORPOS IGG

5.4.3 Frequência da soroconversão para parvovírus humano B19 de

HIV e a concentração de hemoglobina

A contagem de linfócitos T CD4+, a carga viral do HIV e a hemoglobina

foram avaliadas em dois momentos: na UAN e FPO (Tabela 7).

a)

Frequência da soroconversão para parvovírus humano B19 de

acordo com a contagem de linfócitos T CD4

+

A contagem de linfócitos T CD4+ na UAN foi realizada em 86 (97,7%) dos

88 pacientes estudados e variou de três a 1270 células/mm³ (média: 441,7 células/mm³, mediana: 392,5 células/mm³). Nos pacientes que apresentaram

soroconversão a contagem de linfócitos T CD4+ na UAN foi avaliada em 28

indivíduos e variou entre três e 1197 células/mm³ (média: 401,0 células/mm³,

em 58 pacientes nos quais a soroconversão não foi evidenciada e variou de 49 a 1270 células/mm³ (média: 461,3 células/mm³, mediana: 415,5 células/mm³). Após a

estratificação da contagem de linfócitos T CD4+ (adaptada de BRASIL, 2008),

observou-se que a soroconversão para o B19V foi mais frequente (100,0%) nos

pacientes com linfócitos T CD4+ abaixo de 50 células/mm³. A análise estatística dos

dados demonstrou que a soroconversão para o B19V não foi influenciada pela

contagem de linfócitos T CD4+ na UAN (p= 0,3853).

Os valores de linfócitos T CD4+ também foram agrupados em três

categorias, de acordo com a classificação do CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION (1992). A soroconversão foi mais frequente (44,4%) nos

pacientes cuja contagem de linfócitos T CD4+ na UAN estava abaixo de 200

células/mm³, mas não houve significância estatística quando as três faixas de classificação estudadas foram comparadas (p=0,4755).

A contagem de linfócitos T CD4+ no FPO foi realizada em 86 (97,7%) dos

88 pacientes estudados e variou entre 20 e 1270 células/mm³ (média: 439,0 células/mm³, mediana: 410,5 células/mm³). Nos 28 pacientes que apresentaram

soroconversão a contagem de linfócitos T CD4+ no FPO variou de 20 a 906

células/mm³ (média: 392,8 células/mm³, mediana: 405,0 células/mm³). Nos 58 pacientes nos quais a soroconversão não foi evidenciada, a contagem de linfócitos T

CD4+ no FPO variou de 49 a 1270 células/mm³ (média: 461,3 células/mm³, mediana:

415,5 células/mm³). Após a estratificação da contagem de linfócitos T CD4+

(adaptada de BRASIL, 2008), observou-se que a soroconversão para o B19V foi

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Resultados

células/mm³. A análise estatística dos dados demonstrou que a soroconversão para

o B19V não foi influenciada pela contagem de linfócitos T CD4+ no FPO (p= 0,6992).

Os valores de linfócitos T CD4+ também foram agrupados em três

categorias, de acordo com a classificação do CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION (1992). A soroconversão foi mais frequente (41,7%) nos

pacientes cuja contagem de linfócitos T CD4+ no FPO estava abaixo de 200

células/mm³, mas não houve significância estatística quando as três faixas de classificação estudadas foram comparadas (p=0,7621).

b)

Frequência da soroconversão para parvovírus humano B19 de

acordo com a carga viral do HIV

A carga viral do HIV na UAN foi avaliada em 76 (86,4%) dos 88 pacientes estudados. Em 45 (59,2%) pacientes a carga viral estava indetectável, enquanto que nos outros 31 (40,8%) indivíduos variou entre 220 e 7.000.000 cópias/mL (média: 278.348 cópias/mL; mediana: 14.381 cópias/mL). Nos 28 pacientes que apresentaram soroconversão observou-se que a carga viral do HIV na UAN estava indetectável em 14 (58,3%) dos 24 indivíduos avaliados, enquanto que em 10 (41,7%) pacientes variou entre 220 e 7.000.000 cópias/mL (média: 783.534 cópias/mL; mediana: 28.000 cópias/mL). Nos 60 pacientes em que não foi evidenciada a soroconversão a carga viral do HIV na UAN estava indetectável em 31 (59,6%) dos 52 indivíduos avaliados, enquanto que em 21 (40,4%) pacientes variou entre 236 e 730.000 cópias/mL (média: 59.212 cópias/mL; mediana: 13.190 cópias/mL). A soroconversão ocorreu com maior frequência no pacientes com carga viral do HIV na UAN ≥100.000 cópias/mL (2/4 – 50,0%). A análise estatística dos

dados demonstrou que a soroconversão para o B19V não foi influenciada pela carga viral do HIV na UAN (p=0,9810).

A carga viral do HIV no FPO foi avaliada em 74 (84,1%) dos 88 pacientes estudados. Em 45 (60,8%) pacientes a carga viral estava indetectável, enquanto que nos outros 29 (39,2) indivíduos variou entre 84 e 730.000 cópias/mL (média: 55.486 cópias/mL; mediana: 13.190 cópias/mL). Nos 28 pacientes que apresentaram soroconversão observou-se que a carga viral do HIV no FPO estava indetectável em 14 (63,6%) dos 22 indivíduos avaliados, enquanto que em oito (33,4%) pacientes variou entre 84 e 260.000 cópias/mL (média: 45.707 cópias/mL; mediana: 11.484 cópias/mL). Nos 60 pacientes em que não foi evidenciada a soroconversão a carga viral do HIV no FPO estava indetectável em 31 (59,6%) dos 52 indivíduos avaliados, enquanto que em 21 (40,4%) pacientes variou entre 236 e 730.000 cópias/mL (média: 59.212 cópias/mL; mediana: 13.190 cópias/mL). A soroconversão ocorreu com maior frequência no pacientes com carga viral do HIV no FPO ≥100.000

cópias/mL (1/3 – 33,3%). A análise estatística dos dados demonstrou que a

soroconversão para o B19V não foi influenciada pela carga viral do HIV no FPO (p=0,9509).

c)

Frequência da soroconversão para parvovírus humano B19 de

acordo com a concentração de hemoglobina

A concentração de hemoglobina na UAN foi avaliada em 61 (69,3%) dos 88 pacientes estudados e variou entre 10,0 e 16,3 g/dL (média: 13,3 e mediana: 13,2 g/dL). Nos casos em que houve soroconversão a média da concentração de

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Resultados

hemoglobina na UAN foi 13,2 g/dL e a mediana 13,0 g/dL entre os homens e média 12,0 g/dL e a mediana 12,2 g/dL entre as mulheres. Entre os pacientes que não apresentaram soroconversão a média da concentração de hemoglobina na UAN foi 14,5 g/dL e a mediana 14,4 g/dL entre os homens. Entre as mulheres a média foi 12,8 g/dL e a mediana 12,6 g/dL. A soroconversão ocorreu com maior frequência no

pacientes anêmicos (9/15 – 60,0%). A chance dos pacientes que apresentaram

soroconversão serem anêmicos foi igual a 5,40 vezes a chance dos pacientes que não apresentaram soroconversão [RC=5,40 (IC 95%: 1,33 – 22,93)].

A concentração de hemoglobina no FPO foi avaliada em 63 (71,6%) dos 88 pacientes estudados e variou entre 10,0 e 16,3 g/dL (média: 13,5 e mediana: 13,7 g/dL). Nos casos em que houve soroconversão a média da concentração de hemoglobina no FPO foi 14,0 g/dL e a mediana 14,4 g/dL entre os homens e média 12,3 g/dL e mediana 12,4 g/dL, entre as mulheres. Entre os pacientes que não apresentaram soroconversão a média da concentração de hemoglobina no FPO foi 14,5 g/dL e a mediana 14,4 g/dL entre os homens e a média 12,8 g/dL e a mediana 12,6 g/dL entre as mulheres. A soroconversão ocorreu com maior frequência no pacientes anêmicos (6/12 – 50,0%). A análise estatística dos dados demonstrou que não houve associação entre a soroconversão para o B19V e a concentração de hemoglobina no FPO (p=0,1321).

Tabela 7 - Soroconversão de anticorpos IgG para o parvovírus humano B19 em pacientes infectados pelo HIV. Distribuição dos casos de acordo com a contagem de

linfócitos T CD4+, a carga viral do HIV e a concentração de hemoglobina. Niterói, RJ,

2001-2008

Características Soroconversão B19V ICa 95% p-valor RCb (IC 95%)

CD4+ na UANc (células/mm³) Sim (%) Não (%) 0,3853d < 50 1 (100,0) 0 (0,0) 21,1-78,9 51-100 2 (66,7) 1 (33,3) 9,4-99,2 101-200 5 (35,7) 9 (64,3) 12,4-64,9 201-350 7 (31,8) 15 (68,2) 13,9-54,9 ≥ 350 12 (27,9) 31 (72,1) 16,3-43,7 ignorado 1 (20,0) 4 (80,0) CD4+ no FPOe 0,6992d (células/mm³) < 50 2 (66,7) 1 (33,3) 9,4-99,2 51-100 1 (50,0) 1 (50,0) 1,3-98,7 101-200 2 (28,6) 5 (71,4) 3,7-71,0 201-350 8 (34,8) 15 (65,2) 16,4-57,3 ≥ 350 15 (29,4) 36 (70,6) 17,5-43,8 ignorado 0 (0,0) 2 (100,0) Carga viral na UAN (cópias/mL) 0,9810 d < 1000 15 (31,3) 33 (68,7) 18,7-46,3 1000-9999 3 (30,0) 7 (70,0) 6,7-65,3 10.000-99.999 4 (28,6) 10 (71,4) 8,4-58,1 ≥ 100.000 2 (50,0) 2 (50,0) 6,8-93,2 ignorado 4 (33,3) 8 (66,7) Carga viral no FPO (cópias/mL) 0,9509 d < 1000 15 (31,3) 33 (68,7) 18,7-46,3 1000-9999 3 (30,0) 7 (70,0) 6,7-65,3 10.000-99.999 3 (23,1) 10 (76,9) 5,0-53,8 ≥ 100.000 1 (33,3) 2 (66,7) 0,8-90,6 ignorado 6 (42,9) 8 (57,1) Hgf na UAN 0,0081 d (1,3 5,40 ,93) 3-22 anêmico 9 (60,0) 6 (40,0) 32,3-83,7 não anêmico 10 (21,7) 36 (78,3) 11,0-36,4 ignorado 9 (33,3) 18 (66,7) Hg no FPO 0,1321 g (0,6 2,57 ,21) 0 - 11 anêmico 6 (50,0) 6 (50,0) 21,1-78,9 não anêmico 14 (28,0) 36 (72,0) 16,2-42,5 ignorado 8 (30,8) 18 (69,2) a

: IC - intervalo de confiança; b: RC - razão de chances; c: UAN - última amostra negativa; d: qui- quadrado de Pearson; e: FPO - final do período de observação; f: Hg – hemoglobina; g: teste exato de Fisher

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Resultados

Considerando que a anemia foi o único fator que apresentou associação significativa com a soroconversão para o B19V, foi avaliada a presença de outras condições na ocasião da coleta da UAN que pudessem causar anemia, tais como medicamentos, infecções ou outras doenças. As condições observadas foram: uso de zidovudina (35 pacientes), uso de zidovudina e gestação (uma paciente), uso de zidovudina e de sulfametoxazol/trimetoprim (quatro pacientes), uso de zidovudina e linfoma (um paciente), uso de sulfametoxazol/trimetoprim (um paciente), insuficiência renal crônica (dois pacientes) e hepatite B crônica (um paciente). A análise estatística demonstrou que não houve associação entre a ocorrência de anemia e a presença de outra causa de anemia além da infecção pelo B19V (p=0,0819) (Tabela 8).

Tabela 8 - Soroconversão de anticorpos IgG para o parvovírus humano B19 em pacientes infectados pelo HIV. Distribuição dos casos com anemia na última amostra negativa para IgG anti-parvovírus humano B19 de acordo com a presença de outras condições que pudessem cursar anemia além da infecção pelo parvovírus humano

B19. Niterói, RJ, 2001-2008 a

Características Anemia IC b 95% p-valor

Presença de outras causas de

anemiad 0,0819

c

a

: Não foram incluídos nos cálculos os 27 casos cuja a concentração da hemoglobina na última amostra negativa para IgG anti-B19V era ignorada; b: IC – intervalo de confiança; c: qui-quadrado de Pearson; d: zidovudina (28 pacientes), zidovudina e sulfametoxazol/trimetoprim (2 pacientes), zidovudina e gestação (1 paciente), zidovudina e linfoma (1 paciente), sulfametoxazol/trimetoprim (1 paciente), insuficiência renal crônica (1 paciente), hepatite B crônica (1 paciente).

Sim (%) Não (%)

sim 12 (34,3) 23 (65,7) 19,1-52,2 não 3 (11,5) 23 (88,5) 2,5-30,2

O intervalo entre a coleta da UAN e da PAP variou entre dois e 18 meses (média: oito meses; mediana: sete meses). Comparando os pacientes anêmicos com os não anêmicos observa-se que o intervalo entre as coletas foi semelhante nos dois grupos (p = 0,5700) (Tabela 9).

Tabela 9 – Soroconversão de anticorpos para o parvovírus humano B19 em

pacientes infectados pelo HIV. Distribuição dos casos de acordo com o intervalo

entre as amostras sanguíneas. Niterói, RJ, 2001-2008a

Intervalo entre UANb Anemia ICd 95% p-valor e PAPc (meses)

a

: Não foram incluídos nos cálculos os nove casos cuja a concentração da hemoglobina na última amostra negativa para IgG anti-B19V era ignorada; b: UAN - última amostra negativa; c: PAP- primeira amostra positiva; d: IC – intervalo de confiança; e

: qui-quadrado de Pearson

Também foi avaliada a frequência da soroconversão para o B19V de

acordo com o percentual de linfócitos T CD4+, o percentual de linfócitos T CD8+ e a

relação CD4+/CD8+ na UAN e no FPO, mas a análise estatística dos dados

demonstrou que não houve associação entre a soroconversão para o B19V e essas variáveis (Apêndice 5).

Sim (%) Não(%) 0,5700e

≤ 6 3 (48,9) 4 (57,1) 9,9 – 81,6 > 6 6 (50,0) 6 (50,0) 21,1-78,9

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Resultados

5.5 IDENTIFICAÇÃO DA OCORRÊNCIA DE ANEMIA PROLONGADA