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5.6 Edução das Preferências e Resultados do Modelo de Manutenção

5.6.1 Função Consequência

A Função Consequência, definida no item 5.3.6, indica a aquisição de um bem em função da linha de ação tomada pelo decisor, dado que a natureza encontra-se em um determinado estado pertencente a Θ . Para o presente caso prático, as consequências das ações tomadas pelos especialistas foram normalizadas a partir do somatório das observações medidas diretamente na rede ao longo dos seis anos que compuseram o período de análise dessa pesquisa. Ao todo foram coletadas, ainda de forma manual, 2.508 medições para estudar o caso de deslocamento do núcleo ótico no cabo OPGW CABELTE. Nesse momento é interessante ressaltar, face à peculiaridade do problema observado nessa rede, a ausência de uma estatística semelhante a que foi aqui levantada. De forma exaustiva, as buscas realizadas tanto nos meios acadêmicos como nos meios comerciais de intercâmbio entre as operadoras do sistema elétrico nacional, não lograram êxito em achar caso próximo do observado na rede da CHESF. É muito provável que haja problemas similares nas demais empresas que se utilizam de redes de cabos OPGW, no entanto como a CHESF é a única que realiza um acompanhamento periódico, ficou mais fácil a visualização dos problemas apresentados. Com base na estatística dos casos aqui apontados, chegou-se aos valores apresentados na Tabela 5.6.

Tabela 5.6: Função consequência para o caso prático da CHESF.

θiaj p1 p2 p3

θ0 a0 0,010 0,070 0,920

θ0 a1 0,010 0,495 0,495

θ1 a0 0,140 0,510 0,350

θ1 a1 0,010 0,310 0,680

Fonte: Dados da pesquisa.

A função consequência acima obtida traz algumas peculiaridades que merecem ser destacadas. Antes de analisar os resultados, apenas para que se entenda melhor o que irá ser tratado, é

interessante lembrar o significado dos conjuntos Θ e A: θ0 = Não há deslocamento de núcleo ótico;

θ1 = Há deslocamento de núcleo ótico;

a0 = Não há a ação corretiva abertura de CEO;

a1 = Há a ação corretiva abertura de CEO.

a) A linha θ0 a0 da Tabela 5.6 informa o seguinte: dado que não houve deslocamento de

núcleo ótico e não houve nenhuma ação tomada, a consequência obtida é que a rede esteja em seu estado disponível na grande maioria dos casos. A interpretação que se extrai dessa afirmativa

já era esperada, visto que, sabendo que a natureza não escolha deslocar o núcleo ótico do cabo, o payoff disponível corre em quase sua totalidade dos casos. Sob o ponto de vista do mantenedor e do proprietário da rede é a melhor situação que pode ocorrer. Essa é a linha de ação que contempla o maior numero de casos e concentra 86,57% das medições realizadas.

b) A linha θ0 a1 informa, por sua vez, informa: dado que não houve deslocamento de núcleo

ótico e houve uma ação tomada, a consequência obtida é que a rede esteja em seu estado disponível e degradado em iguais proporções. Duas interpretações podem ser extraídas dessa afirmativa,

pelo menos. A primeira, e mais clara, é que parece não ser um bom negócio (apostar em) tomar alguma ação corretiva quando não há deslocamento de núcleo ótico. De acordo com os dados obtidos da função consequência, uma ação de intervenção leva à introdução de degradação ao sistema ótico. Isso faz sentido, pois a ação de manutenção envolve o manuseio da emenda e de todas as fibras que compõe o cabo, mesmo que nem todas tenham demandado uma intervenção. Já a leitura que se faz do valor 0,01 do payoff p1 merece uma observação. Sua interpretação

direta traduz que 1% dos casos dessa linha sofreram indisponibilidade após a ação corretiva. Na verdade, não houve um único caso que resultou em indisponibilidade após tal ação corretiva. Isso ocorreu devida a pequena quantidade de amostras que compõem a linha θ0 a1. Numa

grande amostragem é possível que ocorra um pequeno percentual de bens p1. Resolveu-se, então,

arbitrar como percentual de p1 nesta linha o mesmo valor encontrado para a linha anterior,

na qual tornou a estimativa de p1 mais consistente. Nas linhas subsequentes, observa-se que a

execução de uma ação de manutenção minimiza a probabilidade de p1. Os bens p2e p3 aparecem

em iguais proporções somando o total de todos os casos que ocorrem nessa linha. Foram, apenas, seis eventos o que representa 0,24% de todas as observações realizadas.

uma ação tomada, a consequência obtida é que a rede fique predominantemente degradada, com elevação de tendência para o estado indisponível. Mais uma vez é o que se espera. Na prática,

foi verificado que quanto maior o tempo entre a detecção de deslocamento de núcleo ótico e a ação corretiva, maior será a chance da rede migrar para o estado de indisponibilidade p1. O

tempo decorrido contribui para o crescimento da indisponibilidade da rede, mas ainda não se tem uma medida do quantum. Um estudo preliminar foi iniciado para que se determine a taxa do crescimento da atenuação, a qual é obtida pela derivada da atenuação em função do tempo. No entanto, a análise desses resultados ainda não é conclusiva. Sabe-se, até o momento, que o tempo de deriva é função do trecho de cabo, havendo uns mais críticos do que outros. Esses casos representam 8,53% do total.

d) Finalmente, a linha θ1 a1 indica: dado que houve deslocamento de núcleo ótico e houve

uma ação tomada, a consequência obtida é que a rede fique predominantemente no seu estado disponível. Isso traduz que a ação corretiva leva a rede ao seu estado de disponibilidade. O valor

de 0,31 para o payoff p2 pode comportar duas interpretações: uma pessimista e outra otimista.

A interpretação pessimista induz a pensar que, mais uma vez, nem todas as ações corretivas surtiram o efeito desejado em sua plenitude, pois 31% das observações realizadas após a tomada de uma ação insistiram em resultar no bem degradado. A interpretação otimista, por sua vez, lembra que muitos dos casos obtidos no atual payoff degradado outrora constavam como sendo indisponíveis. Outra observação relevante diz respeito ao payoff p1 que, nesse caso, também não

registrou evento, sendo esse 1% resultante das mesmas considerações já mencionada na alínea b. Esses casos representam 4,66% do total.