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Mulher-objeto

Mulher sujeito-objeto

 Mulher sujeito que regula os regimes de troca, capaz de Impor condições e manobrar o macho em beneficio próprio.

ESPAÇO

O espaço físico retratado é o microcosmo de uma

sociedade em formação: o cortiço x sobrado. Os dois locais ressaltam o engalfinhar constante de forças econômicas e sociais.

O espaço físico é urbano, pois o proletariado e a classe média ganharam campo e a mão-de-obra –

principalmente de italianos e portugueses era muito necessária.

TEMPO

“Situa-se alguns anos antes da publicação do romance (1890).” O tempo do realista-naturalista é mesmo o agora. O enredo é linear: segue os passos do vendeiro João

Romão desde a juventude pobre até a maturidade abastada e inescrupulosa. O tempo do romance é cronológico..

LINGUAGEM

“A língua de Aluísio Azevedo em sua plurivalência de nacionalidades mostra como o Francês, o Italiano, o Português de Portugal, o falar do cortiço se mesclam, constituindo conjuntos que integralizam a língua brasileira num sentido mais amplo. Sua língua é mestiça como seus personagens e se espalha pelo simples e pelo complexo.”

Embora tenha, em vários momentos, ousado infringir as normas prescritas pela gramática normativa, no nível do narrador, a linguagem é sempre cuidada e presa aos

cânones tradicionais.

Linguagem coloquial brasileira: (alguns exemplos)

Ao apresentar-nos Estela, o narrador diz que ela era uma “mulherzinha levada da breca”, “com fumaça de nobreza.”

Miranda, ao pensar nas infidelidades de Estela, percebe que Romão progredira, sem precisar roer nenhum chifre”.

Estela se refere a Miranda como “aquele traste do senhor meu marido” , “uma besta daquela ordem!”

Ao descrever os movimentos do cortiço, o narrador nos diz que os homens “esfregavam com força as ventas e as

barbas, fossando e fungando contra as palmas da mão.”, que “as portas das latrinas não descansavam.”.

Observe os comentários que os moradores do cortiço fazem sobre Rita Baiana:

– E não é que o demo da mulata está cada vez mais sacudida?...

– Então, coisa-ruim! por onde andaste atirando esses quartos?

– Desta vez a coisa foi de esticar, hein?! [...] E a fala de Rita:

– Ora, nem me fales, coração! Sabe? Pagode de roça! Que hei de fazer? é a minha cachaça velha!...

 Com quem te esfregavas tu, sua vaca?! Bradou ele a botar os bofes pela boca.

 Vá à pata que o pôs! Exclamou ela, com a cara que era um tomate. Já lhe disse que não quero saber de você pra nada, seu bêbado!

 “Sai daí, safado! Toca lá no que quer que seja, que te arranco a pele do rabo!”.

“Eu quero saber quem lhe encheu o bandulho! E ela há de dizer quem foi ou quebro-lhe os ossos.

E, após saber que Florinda fugira, diz Rita a Marciana: “Fugiu-lhe, é bem feito! Que diabo! Ela é de carne, não é de ferro! Agora chore na cama, que é lugar quente.”

 Pula cá pra fora, perua choca, se és capaz.

 Toma pro teu tabaco! Toma, galinha podre! Toma pra não

te meteres comigo! Toma!Toma! Baiacu da praia!

“Qualquer pé-rapado”

Linguagem coloquial portuguesa. Diz Jerônimo:

 Ó filha! “Por que não experimentas tu fazer uns pitéus à moda de cá.”. ... Pede a Rita que to ensino. Os

camarões souberam-me tão bem”.

Um diálogo rápido, conciso, sugestivo e uma precisão descritiva extremamente aguda são os traços marcantes da personalidade literária de Aluísio

Questões

1. (ITA) Leia as proposições acerca de O Cortiço.

• I. Constantemente, as personagens sofrem zoomorfização, isto é, a animalização do comportamento humano, respeitando os preceitos da literatura naturalista.

• II. A visão patológica do comportamento sexual é trabalhada por meio do rebaixamento das relações, do adultério, do lesbianismo, da prostituição etc.

• III. O meio adquire enorme importância no enredo, uma vez que determina o comportamento de todas as personagens, anulando o livre-arbítrio.

IV. O estilo de Aluísio Azevedo, dentro de O Cortiço, confirma o que se percebe também no conjunto de sua obra: o talento para retratar agrupamentos humanos.

Está(ão) correta(s) a) todas b) apenas I c) apenas I e II. d) apenas I, II e III. e) apenas III e IV.

V

2. (UFV-MG) Leia o texto abaixo, retirado de O Cortiço, e faça o

que se pede:

Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas. Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma assentada, sete horas de chumbo.

[…].

O rumor crescia, condensando-se; o zunzum de todos os dias acentuava-se; já se não destacavam vozes dispersas, mas um só ruído compacto que enchia todo o cortiço. Começavam a fazer compras na venda; ensarilhavam-se discussões e rezingas; ouviam-se gargalhadas e pragas; já se não falava, gritava-se. Sentia-se naquela fermentação sanguínea, naquela gula viçosa de plantas rasteiras que mergulham os pés vigorosos na lama preta e nutriente da vida, o prazer animal de existir, a triunfante satisfação de respirar sobre a terra.

Assinale a alternativa que NÃO corresponde a uma possível leitura do fragmento citado:

a) No texto, o narrador enfatiza a força do coletivo. Todo o cortiço é apresentado como um personagem que, aos poucos, acorda como uma colméia humana.

b) O texto apresenta um dinamismo descritivo, ao enfatizar os elementos visuais, olfativos e auditivos.

c) O discurso naturalista de Aluísio Azevedo enfatiza nos personagens de O Cortiço o aspecto animalesco, “rasteiro” do ser humano, mas também a sua vitalidade e energia naturais, oriundas do prazer de existir.

d) Através da descrição do despertar do cortiço, o narrador apresenta os elementos introspectivos dos personagens, procurando criar

correspondências entre o mundo físico e o metafísico.

e) Observa-se, no discurso de Aluísio Azevedo, pela constante

utilização de metáforas e sinestesias, uma preocupação em apresentar elementos descritivos que comprovem a sua tese determinista.

Bertoleza, que havia já feito subir o jantar dos caixeiros, estava de cócoras no chão, escamando peixe, para a ceia do seu homem, quando viu parar

defronte dela aquele grupo sinistro.

Reconheceu logo o filho mais velho do seu primitivo senhor, e um calefrio percorreu-lhe o corpo. Num relance de grande perigo compreendeu a situação: adivinhou tudo com a lucidez de quem se vê perdido para sempre. Adivinhou que tinha sido enganada; que a sua carta de alforria era uma mentira, e que o seu amante, não tendo coragem para matá-la, restituía-a ao cativeiro.

Seu primeiro impulso foi de fugir. Mal, porém, circunvagou os olhos em torno de si, procurando escapula, o senhor adiantou-se dela e segurou-lhe o ombro.

- É esta! Disse aos soldados que, com um gesto, intimaram a desgraçada a segui-los. -- Prendam-na!

É escrava minha ! A negra, imóvel, cercada de escamas e tripas de

peixe, com uma das mãos espalmada no chão e com a outra segurando a faca de cozinha, olhou aterrada para eles, sem pestanejar. Os policiais, vendo que ela se não despachava, desembainharam os sabres. Bertoleza então, erguendo-se com ímpeto de anta bravia,

recuou de um salto, e antes que alguém conseguisse alcançá- la, já de um só golpe certeiro e fundo rasgara o ventre de lado a lado.

E depois emborcou para a frente, rugindo e esfocinhando moribunda numa lameira de sangue. João Romão fugira até o canto mais escuro do armazém, tapando o rosto com as mãos.

Nesse momento parava à porta da rua uma carruagem. Era uma comissão de abolicionistas que vinha, de casaca, trazer- lhe respeitosamente o diploma de sócio benemérito. Ele mandou que os conduzissem para a sala de visitas.

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